quinta-feira, 8 de abril de 2021

Joe Biden recruta aliados

#Publicado em português do Brasil

Manlio Dinucci*

A reorganização dos exércitos do “Império Americano” começou. Aliados franceses e poloneses já foram promovidos para comandar as forças americanas. Na realidade, eles próprios serão colocados sob o comando dos EUA e serão meras forças de apoio dos Estados Unidos.

Joe Biden havia anunciado em sua plataforma eleitoral: “Como o presidente Trump abandonou aliados e parceiros e abdicou da liderança americana, como presidente eu imediatamente daria passos para renovar as alianças dos Estados Unidos, para que os Estados Unidos, mais uma vez, liderassem o mundo ”[ 1 ]. Promessa mantida. O porta-aviões Dwight D. Eisenhowere o seu grupo de batalha, composto por 5 unidades de mísseis, “atacou desde as posições do Mediterrâneo Oriental do Estado Islâmico na Síria e no Iraque” porque este último “assumiu a responsabilidade pelo ataque a Palma em Moçambique”. Foi o que a Marinha dos Estados Unidos comunicou oficialmente em 31 de março de 2021, sem explicar como o Daesh, derrotado na Síria e em outros lugares, especialmente após a intervenção russa, agora reaparece ameaçadoramente com surpreendente pontualidade.

Depois de lançar o ataque ao Mediterrâneo Oriental - ar das Forças Navais do Comando Europeu dos Estados Unidos, com sede em Nápoles-Capodichino - o porta-aviões Eisenhower cruzou o recém-reaberto Canal de Suez em 2 de abril, entrando nos Estados Unidos Área do Comando Central que inclui o Golfo Pérsico. Ele então se juntou ao porta-aviões francês Charles-de-Gaulleque, a pedido de Washington, em 31 de março assumiu o comando da Força-Tarefa 50 do Comando Central dos Estados Unidos, desdobrada não contra o Daesh, mas na realidade contra o Irã. O fato de Washington ter pedido a Paris para liderar uma força naval dos Estados Unidos com sua nau capitânia faz parte da política da presidência de Biden, que em todo caso mantém o controle da cadeia de comando, já que a Força Tarefa 50 depende do Comando Central dos Estados Unidos.

CEP – A união belicista europeia

António Filipe* | Plataforma | opinião

Longe dos holofotes mediáticos por razões compreensíveis, dado que os problemas relacionados com a pandemia estão no centro das preocupações de todos, o Parlamento Português debateu esta semana a participação de Portugal no mecanismo criado no âmbito da política de segurança e defesa da União Europeia designado por Cooperação Estruturada Permanente que visa a criação de um exército comum na União Europeia e o reforço da sua capacidade militar enquanto pilar europeu da NATO.

A ideia amplamente difundida de que a União Europeia é um modelo de paz e que tem sido essencial para a defesa da paz no continente Europeu não passa de uma falsidade. Bastaria lembrar o sinistro papel da União Europeia na guerra que forçou o desmembramento da Jugoslávia em 1999 para demonstrar com toda a clareza que o dito projeto europeu não hesita em usar a força militar quando se trata de impor à “lei da bala” os interesses das grandes potências da NATO e da União Europeia. 

E mais recentemente, foram os mesmos Estado Unidos e os seus fiéis aliados do “pilar europeu” que exportaram pela força das armas o seu conceito de democracia ao Iraque, que semearam o mais absoluto caos na Líbia e que lançaram a guerra contra a Síria, promovendo, armando e financiando criminosos grupos terroristas responsáveis pelos maiores crimes e atrocidades contra as populações locais.

Os resultados são indesmentíveis. Centenas de milhares de mortos, uma inaudita destruição, miséria e fome, uma crise humanitária nas fronteiras da Europa, com milhares de refugiados e um número incontável de seres humanos a encontrar a morte nas águas do Mediterrâneo.

A NATO e a União Europeia não são organizações que promovam a paz no mundo. São instrumentos de domínio imperial dos Estados Unidos, do Reino Unido e dos Estados mais poderosos da União Europeia. A Cooperação Estruturada Permanente constitui uma afirmação sem precedentes de militarização e de reforço do caráter belicista desta organização que estão nas antípodas da defesa da Paz e da resolução pacífica dos conflitos.

A barbárie do reino saudita que o neoliberalismo do ocidente apoia e defende

As violações dos Direitos Humanos que os EUA e a União Europeia criticam aqui e ali, conforme politica e economicamente lhes convém, caem no silêncio quando são praticadas por países amigos e reinos criminosos, antidemocráticos e terrivelmente ditatoriais. É aquilo que se vislumbra amiúde relativamente ao regime do reino saudita. Os crimes somam-se e ressoam pelo mundo inteiro mas no ocidente políticos, organizações e reis guardam silêncio e, quem sabe, até alguma admiração. Que democráticos, tão democráticos e humanistas! -- PG

Tribunal saudita condena ativista a 20 anos de prisão por opinar no Twitter

Detenção de Abdulrahman al-Sadhan estará relacionada com as suas atividades pacíficas no Twitter.

Um tribunal saudita condenou um ativista dos direitos humanos a 20 anos de prisão por expressar suas opiniões sobre assuntos públicos na rede social Twitter, disse esta quinta-feira uma organização não-governamental (ONG) num comunicado.

Segundo o Centro do Golfo para os Direitos Humanos (CGDH), citado pela agência EFE, a sentença contra o saudita Abdulrahman al-Sadhan foi proferida no dia 5 de abril, pelo Tribunal Penal Especializado de Riade.

Este tribunal foi "criado em 2008 para julgar membros de grupos terroristas", mas, segundo o CGDH, "tem sido usada para deter ativistas e defensores dos direitos humanos".

Sem especificar as acusações, o CGDH assinalou que estas "estão relacionadas com as suas atividades pacíficas no Twitter", que o ativista utilizou para "expressar os seus pontos de vista sobre assuntos públicos dos cidadãos".

A ONG referiu que Abdulrahman al-Sadhan tem 30 dias para recorrer da sentença.

Governo timorense declara situação de calamidade na capital

Díli, 08 abr 2021 (Lusa) – O Governo timorense declarou hoje “situação de calamidade” durante um período de 30 dias em Díli, devido ao impacto das inundações que assolaram a capital no fim de semana, anunciou um membro do executivo.

“O Governo decidiu declarar a situação de calamidade em Díli durante um período de 30 dias, devido ao impacto das cheias”, anunciou Fidelis Magalhães, ministro da Presidência do Conselho de Ministros.

A situação de calamidade não se aplica aos restantes municípios do país igualmente afetados pelo mau tempo, mas onde o executivo não considerar haver situação de calamidade.

Neste quadro, o Governo decidiu também “mobilizar apoio internacional para reunir esforços para a recuperação das inundações de 04 de abril”, explicou.

“Hoje o MNEC [Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação] vai coordenar com os vários países para mobilizar o apoio internacional possível para apoiar Timor-Leste no seu esforço de recuperação”, disse.

Moçambique | Palma: Doze decapitados durante ataque em março

Pelo menos doze estrangeiros foram decapitados por terroristas no ataque a Palma, em Cabo Delgado. A informação foi avançada pela imprensa moçambicana, que cita fonte da polícia. 

Em entrevista à Televisão de Moçambique (TVM), esta quinta-feira (08.04), um oficial da polícia não soube precisar a nacionalidade dos decapitados, mas acreditava que eram estrangeiros.

"Eram brancas, 12 pessoas de raça branca. Eram todos estrangeiros, não sei, não posso dizer as nacionalidades", afirmou Pedro da Silva, citado pelo jornal "O País".

Os corpos foram enterrados recentemente no distrito de Palma, no mesmo local onde terá ocorrido a decapitação, nas proximidades do Hotel Amarula Lodge, avançou.

O brigadeiro Chongo Vidigal, porta-voz do Teatro Operacional Norte, também em entrevista à TVM e citado pelo "País", disse que uma equipa de médicos legistas será mobilizada com caráter de "urgência" para o reconhecimento dos corpos.

Jihad avança em Moçambique

Um relatório de uma organização internacional especializada no estudo da relação do crime com o terrorismo (A iniciativa global de combate ao crime organizado transnacional, que usa o acrónimo em língua inglesa de GIATOC) publicado em Outubro de 2018 previa já uma evolução da Jihad em Moçambique muito próxima da que se tem vindo a verificar.

Paulo Casaca, em Bruxelas* | Jornal Tornado

De acordo com um despacho de 3 de Abril do canal público francês France 24 a petrolífera francesa Total tomou a decisão de abandonar todas as suas instalações na península de Fungi nos arredores de Palma perante o avanço das forças jihadistas, sendo pouco claro como poderão ser evacuadas as cerca de 15.000 pessoas que aí se tinham refugiado e fazendo temer o pior.

De acordo com o canal francês, ao longo dos últimos cinco anos, Moçambique sofreu centenas de ataques, milhares de mortos e centenas de milhares de fugitivos no que se perfila como um dos maiores teatros do assalto jihadista à escala mundial.

O desmoronamento de um investimento de 20 biliões de dólares, o maior de sempre em África, terá enormes consequências para interesses franceses que dominavam o projecto e constitui um sério revês quer para as autoridades moçambicanas quer europeias.

Um relatório de uma organização internacional especializada no estudo da relação do crime com o terrorismo (A iniciativa global de combate ao crime organizado transnacional, que usa o acrónimo em língua inglesa de GIATOC) publicado em Outubro de 2018 previa já uma evolução da Jihad em Moçambique muito próxima da que se tem vindo a verificar.

O saque dos recursos naturais – especialmente madeira contrabandeada para a China, mas também o marfim de elefantes ilegalmente chacinados e diamantes – o tráfico de droga e de refugiados que floresciam já antes do início da Jihad foram terreno propício para o financiamento da rede jihadista.

A doutrinação ideológica começou com a chegada dos refugiados somalis da Jihad a partir de 2006, data em que os jihadistas deixam de controlar directamente Mogadíscio. Os jihadistas conhecidos como ‘Al Sabaab’ – a Juventude – na Somália são também conhecidos pelo mesmo nome em Moçambique e são assim designados, por exemplo, pelo relatório de Outubro de 2018 a que fazemos referência acima.

Tribunal europeu dá aval a vacinação obrigatória

#Publicado em português do Brasil

Corte de direitos humanos diz que medida pode ser necessária em sociedades democráticas e abre precedente no combate à covid-19. Tribunal julgava ação de famílias tchecas que se recusaram a vacinar os filhos.

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos decidiu nesta quinta-feira (08/04) que a vacinação obrigatória não é ilegal e afirmou que a obrigatoriedade pode ser necessária em sociedades democráticas. A Corte julgava uma ação movida por famílias da República Tcheca quer eram contrárias à imunização compulsória de crianças.

"A medida pode ser considerada necessária em uma sociedade democrática", afirma o veredito, acrescentando que a política de saúde tcheca é consistente com o "melhor interesse" das crianças. "O objetivo tem que ser a proteção de toda criança contra doenças graves por meio da vacinação ou da imunidade de rebanho", destacou.

O tribunal com sede em Estrasburgo considerou que a obrigatoriedade da vacinação não viola o Artigo 8 da Convenção Europeia de Direitos Humanos, que estipula o direito ao respeito à vida privada.

A ação foi movida por famílias tchecas que haviam sido multadas ou cujas crianças tiveram o acesso negado a creches por não terem vacinado os filhos. A legislação do país determina a vacinação obrigatória de criança contra nove doenças, entre elas, difteria, tétano e sarampo.

A UE é bem-vinda na nova 'Grande Parceria Eurasiana' apoiada pela Rússia, diz Moscou ...

#Publicado em português do Brasil

Se Bruxelas enxergar valor em se voltar para o Leste

Uma nova coalizão de nações promovida pelo presidente russo, Vladimir Putin, poderia correr da costa atlântica da Europa até o mar do Japão, depois que Moscou declarou que estaria aberta para qualquer país da Eurásia que desejasse participar.

Em declarações à rede paquistanesa News International na quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, disse que o grupo estaria longe de ser um clube exclusivo. Em vez disso, “a iniciativa do presidente Putin de criar uma grande parceria euro-asiática consiste em colocar a unificação na agenda”.

O principal diplomata de Moscou disse que a participação será "aberta a todos os estados do continente", incluindo membros da União Econômica da Eurásia, da Associação das Nações do Sudeste Asiático e, "desde que tenham interesse, da União Europeia".

Por que a Ucrânia quer a guerra?

#Publicado em português do Brasil

AndrewKorybko* | OneWorld

A Ucrânia quer guerra com a Rússia devido a uma combinação de fatores domésticos e internacionais, mas tal cenário seria desastroso para o país do Leste Europeu e serviria apenas aos interesses de alguns membros da elite política e seus patronos estrangeiros.

O mundo inteiro está assistindo com a respiração suspensa para ver se a Ucrânia e a Rússia entrarão em guerra pelo Donbass, como muitos temem estar prestes a acontecer devido aos eventos recentes. Eu perguntei no início desta semana se “As vacinas são a verdadeira força motriz por trás da última desestabilização do Donbass ”, apontando o grande interesse estratégico que os EUA têm em provocar uma crise que colocaria pressão política sem precedentes sobre a UE para não comprar o Sputnik V da Rússia como os principais membros do bloco estão supostamente considerando no momento, mas há mais do que apenas nos níveis estratégicos comparativamente mais baixos.

A Ucrânia quer guerra com a Rússia devido a uma combinação de fatores domésticos e internacionais, incluindo o desejo de sua elite governante de se distrair de uma série de crises domésticas. Isso inclui seus esforços para acabar com a oposição cada vez mais popular por meio de uma série de caça às bruxas , atrair ajuda financeira emergencial do Ocidente para facilitar a recuperação da economia em dificuldades e talvez se tornar importante o suficiente para o Ocidente para que eles possam finalmente receber as vacinas tão necessárias para sua população que até agora foram negados por razões inexplicáveis. Além disso, a poderosa influência das milícias ultranacionalistas (fascistas) também não pode ser descartada.

O pacto China-Irã pavimenta alternativas a Suez | Pepe Escobar

#Publicado em português do Brasil

Pepe Escobar* | Dossier Sul

A extraordinária confluência entre a assinatura do acordo de parceria estratégica Irã-China e a saga do “Ever Given” no Canal de Suez está destinada a fomentar um novo impulso para a Iniciativa Cinturão e Rota e para todos os corredores interligados de integração da Eurásia.  

Este é o desenvolvimento geoeconômico mais importante do sudoeste asiático em muito tempo – ainda mais crucial do que o apoio geopolítico e militar a Damasco pela Rússia desde 2015.

Vários corredores ferroviários terrestres através da Eurásia com trens de carga lotados – o mais emblemático deles é indiscutivelmente a Chongqing-Duisburg – são um elemento-chave do Cinturão e Rota. Dentro de alguns anos, tudo isso será conduzido sobre trilhos de alta velocidade.

O principal corredor terrestre é Xinjiang-Kazakhstan – que depois seguirá para a Rússia e além. Outra rota atravessa a Ásia Central e o Irã, até a Turquia, os Bálcãs e a Europa Oriental. Pode levar tempo – em termos de volume – para competir com as rotas marítimas, mas a redução substancial do tempo de navegação já está impulsionando um enorme aumento de carga.    

A conexão estratégica Irã-China deve acelerar todos os corredores interconectados que conduzem e cruzam o sudoeste da Ásia.

Crucialmente, os corredores de conectividade múltipla do Cinturão e Rota estão ligados ao estabelecimento de alternativas para as rotas de petróleo e gás controladas ou “supervisionadas” pelo hegêmona desde 1945: Suez, Malacca, Hormuz, Bab al Mandeb.

Conversas informais com comerciantes do Golfo Pérsico revelaram um enorme ceticismo sobre a principal razão da saga do navio Ever Given. Os pilotos da marinha mercante concordam que os ventos em uma tempestade no deserto não são suficientes para assediar um navio mega-container de última geração equipado com sistemas de navegação muito complexos. O cenário de erro do piloto está sendo seriamente considerado.

Os comerciantes do Golfo Pérsico, em “segredo”, ao imaginarem um papel israelense no acontecimento, também deixam pistas sobre o projeto para que Haifa se torne eventualmente o principal porto da região, em estreita cooperação com os Emirados Árabes Unidos através de uma ferrovia a ser construída entre Jabal Ali, em Dubai, e Haifa, contornando Suez.

EUA movem 50 terroristas do Daesh de sua base em Shaddadi, a leste de Deir Ezzor

Hasakeh, SANA -- Investindo em terrorismo para prolongar a guerra contra a Síria, as forças de ocupação dos EUA realocaram um novo grupo de terroristas do Daesh de sua base na cidade de Shaddadi, no sul da província de Hasakeh, para áreas rurais no leste de Deir Ezzor.

Ativistas locais informaram a SANA que 50 terroristas do Daesh foram transportados por helicóptero das forças de ocupação dos EUA para o campo de petróleo Al-Omar, em preparação para reutilização em operações terroristas dentro dos territórios sírios.

Indicaram que a transferência desses terroristas ocorreu após serem submetidos a cursos de treinamento pelas forças de ocupação norte-americanas na base de Al-Shaddadi para integrá-los ao chamado “Exército Tribal” comandado pelo terrorista “Ahmed Al-Khebeel”. "Abu Khawla".

fm / ed

Bombardeio de ocupação turca mata 5 civis no norte de Aleppo

Aleppo, SANA -- Cinco civis perderam a vida e outros seis ficaram feridos, incluindo duas crianças, em um ataque com dezenas de foguetes e projéteis de artilharia realizado pelo ocupante turco e seus mercenários contra áreas residenciais nas cidades de Tal Rifaat e Afrin, no norte de Aleppo.

Ativistas locais informaram ao SANA que as tropas turcas e seus mercenários dispararam 200 foguetes e projéteis de artilharia nas casas dos residentes nas áreas de Tel Rifaat e Afrin, e nas aldeias de Abyan, Jalbal, Deir Jamal, Kashtar, Kafrnaya e Sheikh. Hilal.

Indicaram que os bombardeios também causaram danos materiais às casas e propriedades de civis e à infraestrutura de serviços.

Desde o início de sua agressão aos territórios sírios, as forças de ocupação turcas e seus mercenários atacam repetidamente as aldeias.

fm / rr 

Rússia e China não criarão bloco militar oriental para rivalizar com a Otan

#Publicado em português do Brasil

Clubes exclusivos são 'contraproducentes', diz FM Lavrov

Katehon -- Quinta-feira, 8 de abril de 2021

Apesar de Moscou e Pequim formarem uma parceria cada vez mais estreita, os dois não veem benefícios potenciais no estabelecimento de uma aliança formal para enfrentar o bloco militar da OTAN liderado pelos EUA, anunciou o principal diplomata da Rússia.

Falando em uma entrevista coletiva na terça-feira com seu homólogo indiano, o ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, disse a repórteres que "as relações russo-chinesas atingiram o melhor nível da história". No entanto, disse ele, “essas relações não nos levarão a perseguir o objetivo de criar uma aliança das forças armadas”.

Ele criticou “conversas sobre projetos para criar uma 'OTAN do Oriente Médio'”, observando que “recentemente as pessoas estão até discutindo se uma 'OTAN asiática' poderia ser formada”.

O enviado de Moscou disse que “trocamos opiniões sobre este assunto. Compartilhamos uma posição comum com nossos amigos indianos de que isso seria contraproducente. ” Em vez disso, Lavrov disse: “estamos interessados ​​em que a cooperação seja inclusiva e a favor de algo, não contra outra pessoa”.

Boaventura: os três cavaleiros da nova peste

O colonialismo europeu (e dos EUA) despreza os conhecimentos de outros povos. O capital bloqueia toda a produção de vacinas que não rende lucros à Big Pharma. E governantes genocidas veem a chance de eliminar grupos sociais “indesejáveis”

Boaventura de Sousa Santos* | Outras Palavras

É hoje consensual que a atual pandemia vai ficar conosco muito tempo. Vamos entrar num período de pandemia intermitente, cujas características precisas ainda estão por definir. O jogo entre o nosso sistema imunitário e as mutações do vírus não tem regras muito claras. Teremos de viver com a insegurança, por mais dramáticos que sejam os avanços das ciências bio-médicas contemporâneas. Sabemos poucas coisas com alguma certeza.

Sabemos que a recorrência de pandemias está relacionada com o modelo de desenvolvimento e de consumo dominantes, com as mudanças climáticas que lhe estão associadas, com a contaminação dos mares e dos rios e com o desmatamento das florestas. Sabemos que a fase aguda desta pandemia (possibilidade de contaminação grave) só terminará quando entre 60% e 70% da população mundial estiver imunizada. Sabemos que esta tarefa é dificultada pelo agravamento das desigualdades sociais dentro de cada país e entre países, combinado com o fato de a grande indústria farmacêutica (Big Pharma) não querer abdicar dos direitos de patente sobre as vacinas. As vacinas são já hoje consideradas o novo ouro líquido, sucedendo ao ouro líquido do século XX, o petróleo.

Sabemos que as políticas de Estado, a coesão política em torno da pandemia e o comportamento dos cidadãos são decisivos. O maior ou menor êxito depende da combinação entre vigilância epidemiológica, redução do contágio por via de confinamentos, eficácia da retaguarda hospitalar, melhor conhecimento público sobre a pandemia e atenção às vulnerabilidades especiais. Os erros, as negligências e até os propósitos necrofílicos por parte de alguns dirigentes políticos têm resultado em formas de políticas de morte por via sanitária que designamos por darwinismo social: a eliminação de grupos sociais descartáveis por serem velhos, por serem pobres ou discriminados por razões étnico-raciais ou religiosas.

Portugal | Várias pessoas recusaram levar vacina da AstraZeneca em Oeiras

Utentes garantem que tinham sido informados de que iriam ser inoculados com outras vacinas que não a da AstraZeneca.

Vários utentes recusaram, esta quarta-feira, receber a vacina da AstraZeneca no centro de vacinação em Oeiras.

De acordo com a TVI, várias pessoas que tinham sido contactadas para tomar a vacina contra o novo vírus foram informadas que levariam outras vacinas. 

"Fui contactado ontem para vir tomar a vacina, concordei, perguntei qual era a vacina que iria tomar e disseram-me que era a da Pfizer, mas quando cheguei hoje aqui disseram-me que era a da AstraZeneca e decidi recusar", explicou um utente à porta do centro. 

Em declarações ao canal da estação, também junto do centro, outra mulher contou a mesma situação: "Cheguei aqui e não era a Pfizer, era a outra. Era a AstraZeneca e esta não vou tomar porque o meu médico aconselhou-me a não tomar". 

Vacinas. AstraZeneca? Vaxzevria? Sim, não, talvez, antes pelo contrário...

Paulo Lopes Machado* | Diário de Notícias | opinião

Já lá vão 30 anos quando iniciei a minha actividade profissional na Parke Davis, empresa farmacêutica que mais tarde foi comprada pela Pfizer. Durante os anos em que lá trabalhei tive oportunidade de conhecer o centro de pesquisa e desenvolvimento nos EUA e de apreender o processo de aprovação da responsabilidade da FDA (Food and Drug Administration).

Gostaria de pedir ao leitor que retivesse duas importantes palavras TEMPO e PROCESSO e, dentro desta, a credibilidade.

Tudo isto vem a propósito daquilo que parece ter-se tornado num "campeonato mundial da vacinação" contra a covid e que se iniciou no final do ano de 2020.

Talvez, pela primeira vez na história farmacêutica, estejamos perante um cenário conflituante entre "rapidez", "pressão" e "desespero" com que os governos querem mostrar que estão a "resolver" o problema da pandemia e o "tempo" e o "processo" dos quais não se pode abdicar no desenvolvimento, na aprovação e na produção de qualquer produto farmacêutico.

O que aconteceu com a suspensão da vacina da AstraZeneca mostra bem o risco dessa abordagem. Num curtíssimo espaço de tempo passou-se da certeza quase absoluta para a dúvida quase absoluta.

Os governos que pressionavam para se vacinar rapidamente, e em força, foram os mesmos que suspenderam a vacinação e que depois decidiram "suspender a suspensão", sem que tenham explicado o que de facto aconteceu.

Portugal | Agruras da vida aumentam, esperança de vida sofre redução de oito meses

Esperança de vida recua em quase todos os Estados-membros em 2020. Em Portugal, o retrocesso foi de 8 meses

Dados provisórios do Eurostat indicam que em Portugal a esperança de vida à nascença recuou oito meses em 2020 face a 2019, ou seja dos 81,9 anos para os 81,1.

A esperança de vida à nascença estagnou ou recuou na maioria dos Estados-membros da União Europeia (UE), de 2019 para 2020, segundo dados provisórios do Eurostat, que indicam que em Portugal o retrocesso foi de oito meses.

Sem calcular uma média para a UE, o gabinete estatístico europeu destaca que, em 2020, a pandemia da covid-19 fez recuar a esperança de vida à nascença na maioria dos Estados-membros, com a exceção da Dinamarca e da Finlândia, onde subiu ligeiramente.

As maiores quebras na esperança de vida à nascença de 2019 para 2020 registaram-se em Espanha (-1,6 anos), na Bulgária (-1,5), na Lituânia, Polónia e Roménia (-1,4 cada).

Em Portugal, o indicador recuou -0,8 anos em 2020 face a 2019 dos 81,9 anos para os 81,1.

A esperança de vida à nascença tem aumentado durante a última década na UE, sendo que as estatísticas oficiais revelam que a esperança de vida aumentou, em média, em mais de dois anos por década desde os anos 1960.

ERA BOMBÁSTICO MAS NÃO FAZIA MAL A UMA MOSCA

Curto do Expresso com o assinalar da morte de Jorge Coelho, um conquistador de amizades que por vezes era mais que um afável bruto no dizer. Até mesmo na Assembleia da República, nas suas intervenções, demos por isso. Mas conviver com ele, conhecê-lo, representava uma agradável surpresa, um prazer, uma honra. Um homem com H maiúsculo, dos que são cada vez mais raros na vida e na política.

O Curto abre com aquela perda da família, de Portugal e da humanidade. Ricardo Costa traz o infortúnio ocorrido a Jorge Coelho à prosa. Deixemos as suas palavras explanarem-se na ténue recordação do homem que inesperadamente baqueou num acidente de viação. Abalou cedo. Ficamos tristes.

MM | PG

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Hoje, o título só podia ser este: Como vai o meu caro amigo?

Ricardo Costa | Expresso

Jorge Coelho ficará conhecido como o grande bulldozer do PS, o melhor organizador político, o ministro que se demitiu para dar o exemplo, o comentador televisivo, o empresário que investiu na sua terra, entre muitas outras coisas de uma vida intensa na política e na gestão. Tudo isso é bastante evidente. Menos óbvio é que alguém que nunca foi um grande orador ou um grande mestre das ideias políticas seja recordado pelas suas frases. Mas poucas horas depois da sua inesperada morte, as frases de Jorge Coelho andam de boca em boca.

É claro que a pouco subtil “quem se mete com o PS, leva!” não deixará de ficar na história. Ou a do dia em que, frente a uma multidão viseense, decretou ali mesmo e sem a ajuda do médico-legista “a morte do Cavaquistão!”. A lista é grande e será desfiada nos próximos dias, quase sempre com frases encerradas por uma exclamação. Mas seja por que ponta se pegue desse novelo, lá estará, à frente de todas, aquela com que arrancava todos os telefonemas:

“Como vai o meu caro amigo?”

Parece pouco para falar de alguém que acabou de desaparecer, ao fim de tantos anos na vida pública. Mas não é, porque como bem lembrou ontem António Lobo Xavier, a principal característica de Jorge Coelho é a de ter sido sempre um beirão. Enquanto militante, dirigente, ministro, ex-ministro, comentador, gestor, empresário, nunca procurou apagar essas raízes, que eram o seu cartão de visita, melhor e mais genuíno que qualquer página do Linkedin.

Talvez por isso, uma das suas últimas batalhas tenha sido a de um movimento de defesa do Interior e o seu grande desafio profissional fosse a queijaria industrial que fundou em Mangualde, seu concelho natal. Fosse em São Bento, num gabinete empresarial, num qualquer corredor ou no local mais recôndito do distrito de Viseu, lá vinha sempre o “Como vai o meu caro amigo?”, muitas vezes seguido do “que manda?” ou na variação "Então o que manda o meu caro amigo?”

Parece pouco? Leia estes dois textos que assinalo de seguida e logo tirará as dúvidas

Jorge Coelho, o ‘bulldozer’ socialista que foi radical e moderado e amigo do seu amigo (e até dos adversários), um excelente retrato de Vítor Matos.

“Ora Viva!, Jorge Coelho”, um texto em que Ângela Silva explica porque era um político raro

Portugal | Mais produção com a quebra da patente da vacina contra covid-19

Mais de 80 personalidades portuguesas alegam “catástrofe” e pedem quebra da patente para aumentar produção de vacinas

Os subscritores da mensagem - em que se incluem com o antigo presidente do Infarmed, José Aranda da Silva, bem como Ana Gomes e Marisa Matias - notam que "é urgente que os cidadãos portugueses tomem uma posição firme sobre uma matéria tão significativa para o presente e futuro dos europeus", num momento em que o país exerce a presidência rotativa da União Europeia

Mais de 80 personalidades da sociedade portuguesa lançam esta quinta-feira um apelo público para que as vacinas contra a covid-19 sejam consideradas um bem de interesse comum e para que a Europa não submeta este processo às leis de mercado.

No 'manifesto' a que a Lusa teve acesso - que conta com o antigo presidente do Infarmed, José Aranda da Silva, como principal impulsionador e subscritores tão diversos como as ex-candidatas à Presidência da República Ana Gomes e Marisa Matias, o antigo diretor-geral da Saúde, Constantino Sakellarides, ou o bispo Januário Torgal Ferreira -, alerta-se para a necessidade urgente de aumentar a velocidade do processo de vacinação a nível europeu.

"É incompreensível a falta de vacinas hoje observadas em Portugal e na Europa, que colocaram os cidadãos europeus em situação de subalternidade em relação aos produtores de vacinas. Os argumentos avançados pela Comissão Europeia relativamente à natureza dos contratos, à capacidade de produção existente e aos preços acordados não são aceitáveis", refere o apelo.

Assinalando os quase três milhões de mortes devido à covid-19, esta iniciativa exige uma postura distinta da Comissão Europeia para "demonstrar cabalmente e definitivamente a sua capacidade de superar os interesses financeiros e industriais" junto das farmacêuticas, além de recordar as possibilidades jurídicas ao dispor das instituições comunitárias.

"Em casos tipificados como de 'catástrofe', a legislação europeia e nacional permite que os Estados-membros invoquem "motivos de interesse público" e de "primordial importância para a saúde pública ou para a defesa nacional" para adotarem medidas que obriguem à produção de vacinas em locais que não sejam as fábricas detentoras da patente", pode ler-se na nota.

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