segunda-feira, 19 de julho de 2021

Um olhar sobre a «Declaração de Luanda» assinada na XIII Cimeira da CPLP

M. Azancot de Menezes*

No âmbito da XIII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, realizada há dias em Angola, foi assinada a «Declaração de Luanda». Sem prejuízo do empenho de todos os países da CPLP, Angola e Timor-Leste, parceiros de longa data, em contexto de globalização económica e de covid-19, têm agora responsabilidades acrescidas.

O Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, foi eleito como Presidente da Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, para o biénio 2021-2023, e Zacarias da Costa, em representação de Timor-Leste, será o novo Secretário-Executivo.

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), após 25 anos de alguma letargia no que diz respeito a realizações com grande impacto visível no domínio geoestratégico, económico, científico e político, na Conferência de Luanda os Chefes de Estado e de Governo decidiram assumir vários compromissos estratégicos para fazer face aos inúmeros problemas e desafios que apoquentam os países e os povos lusófonos.

Os  dignatários da CPLP estabeleceram objectivos estratégicos e projectos de âmbito muito ambicioso, criando no seio de milhões de lusófonos a enorme expectativa de que nada será como antes, na medida em que haverá muito diálogo político e cooperação para o desenvolvimento de todas as áreas:

“Os Chefes de Estado e de Governo da CPLP saudaram a escolha do lema “Construir e Fortalecer um Futuro Comum e Sustentável” para a XIII Conferência de Chefes de Estado e de Governo e comprometeram-se a promover o diálogo político, a troca de experiências e a cooperação com vista a elevar as realizações da CPLP em todas as áreas.

PGR: Cidadãos investigados em Angola com contas congeladas no estrangeiro

Os cidadãos investigados no país estão com as contas congeladas no estrangeiro. Em causa estão mais de mil milhões de dólares, informou esta segunda-feira (19), em Luanda, a Procuradoria-Geral da República.

De acordo com Hélder Pita Grós, que falava durante a assinatura de um acordo entre as procuradorias-gerais de Angola e Suíça os valores cativos no estrangeiro à ordem de Angola "seguem ainda os procedimentos necessários para que o montante fique à disposição do Governo angolano”.

O Procurador-Geral da República esclareceu que "a partir de agora, aquilo que era feito de boa vontade e por solidariedade passa a ter uma base legal de forma mais eficiente”.

Hélder Pita Grós explicou em declarações à Rádio Nacional de Angola, que com base no memorando rubricado com a Suíça será possível o acesso a mais informações de outros países.

Na mesma ocasião, o embaixador da Suíça em Angola avançou que estão em causa milhões de dólares ilicitamente depositados naquele Estado europeu e que devem ser devolvidos ao povo angolano. 

Xavier António* | Jornal de Angola

*Jornalista

Partidos impugnam nomeação do MPLA para a Comissão Eleitoral do Kwanza-Sul

Vários partidos estão contra a nomeação de Cristina Ndembi do MPLA para a Comissão Eleitoral do Kwanza-Sul. Oposição angolana acusa o partido no poder de violar a lei, promete protestar nas ruas e recorrer aos tribunais.

FNLA, UNITA, PRS e CASA-CE apresentaram na quarta-feira (14.07) um pedido de impugnação na secretaria do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ), em Luanda, contra a nomeação de Maria Cristina Ndembi, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) para a Comissão Provincial Eleitoral do Kwanza-Sul.

Em conferência de imprensa, Nelson Custódio, 2º secretário da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) no Kwanza-Sul, apresentou as razões da impugnação: "Desde logo porque ela não é magistrada e não reside na nossa província há cerca de três anos. Se o Tribunal Supremo não se pronunciar nos termos e prazos da lei, vamos partir para o contencioso, nem que tenhamos de parar no Tribunal Constitucional por causa desta questão", frisou.

O secretário provincial da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Adriano Viegas, acusou diretamente o MPLA de ser o mentor deste regresso de Maria Cristina Ndembi à Comissão Provincial Eleitoral.

"O MPLA está consciente de que está a violar gravemente a lei, mas mesmo assim nomeia alguém que já está reformada'', criticou.

Eleições em STP: Carlos Vila Nova e Posser da Costa disputam segunda volta

Carlos Vila Nova e Guilherme Posser da Costa passaram à segunda volta das presidenciais em São Tomé e Príncipe, que deverá realizar-se a 8 de agosto, após o pleito de domingo (18.07). Delfim Neves vai impugnar sufrágio.

Segundo os resultados provisórios, anunciados esta segunda-feira (19.07) pela Comissão Eleitoral Nacional (CEN), Carlos Vila Nova, apoiado pela Ação Democrática Independente (ADI, oposição) foi o candidato mais votado, com 39,47% (32.022 votos), seguido de Guilherme Posser da Costa (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata, no poder), com 20,75% (16.829 votos).

Os dados foram hoje anunciados pelo presidente da CEN, Fernando Maquengo, na sede deste organismo, na capital são-tomense, numa declaração em que se limitou a indicar os resultados de cada um dos 19 candidatos às presidenciais deste domingo, sem direito a perguntas da imprensa.

Em terceiro lugar ficou Delfim Neves, presidente da Assembleia Nacional e apoiado pelo Partido da Convergência Democrática (no poder), com 16,88% (13.691 votos), que já anunciou que vai contestar os resultados por "fraude massiva”.

REDUZIR NUMERO DE DEPUTADOS OU ALTERAR O SISTEMA LEGISLATIVO

Octávio Serrano* | opinião

O Dr. Rui Rio, veio recentemente defender que a ideia da redução da quantidade dos deputados; juntou-se assim a uma certa direita extremista, que tem feito disso “cavalo de batalha”; claro que para essa direita, um parlamento é um orgão politico desnecessário; o autoritarismo não necessita de decisão soberana de um parlamento eleito; bastar-lhes-ia a decisão autocrática do supra-sumo mental de um seu dirigente máximo, coadjuvado por aqueles que o rodeiem; esta é a visão de fundo de quem assim pensa; não terá a ver com a redução de custos, diga-se que meramente simbólica. Logo, a bandeira da redução de deputados tem muito de demagógica, pois no fundo não resolveria nada; antes pelo contrário, afunilava a nossa democracia representativa, retirando-lhe a pluralidade que ainda a caracteriza.

Se esses arautos de “credos vazios” respeitassem a nossa democracia, fariam outro género de propostas; propostas que implicassem aumento de qualidade do nosso sistema democrático.

E a primeira questão que se coloca é a seguinte; para escolher um parlamento deve-se votar em listas de candidatos propostas por partidos, ou deve-se votar directamente em pessoas, propostas ou não pelos partidos? No actual sistema votamos em listas de pessoas designadas pelos partidos e da sua confiança; num sistema de democracia avançada votar-se-ia em pessoas propostas ou não pelos partidos; e isto faz uma grande diferença; uma coisa é um parlamento ser formado por deputados com legitimação directa de quem os elegeu; outra muito diferente é um parlamento composto por parlamentares autómatos agradecidos pelo lugar, aos seus “queridos” dirigentes!

Covid-19 deve duplicar até agosto em Portugal, mas na Europa será ainda pior

Mortalidade e incidência da pandemia vão aumentar nas próximas semanas em Portugal. Espanha, aqui ao lado, arrisca-se a ter mais de dois mil casos por 100 mil habitantes na primeira semana de agosto.

A incidência da Covid-19 arrisca-se a quase duplicar nas próximas semanas em Portugal, até ao início de agosto. A previsão é do Centro Europeu para o Controlo de Doenças (ECDC) que também estima um aumento da mortalidade provocada pelo SARS-CoV-2.

As projeções são feitas no último balanço da pandemia publicado no final da última semana onde, como foi noticiado na altura, o ECDC antecipa um forte aumento do número de casos nas próximas semanas na União Europeia (UE).

O documento, consultado pela TSF, tem, igualmente, previsões por país e é aí que se podem ver os dados concretos sobre Portugal que, apesar da subida, não fica tão mal na fotografia como a maioria dos países europeus.

Na média da UE, a incidência da covid deverá quadruplicar entre as semanas de 12 a 18 de julho e 2 a 8 de agosto - de 144 novos para 622 casos por 100 mil habitantes.
Em Portugal a incidência atual do coronavírus está em 355,5 casos, segundo os números da Direção-Geral da Saúde (DGS), com a previsão do ECDC a indicar para uma subida contínua até 643,4 na semana de 2 a 8 de agosto, não se vendo, nesta análise - que acaba a 8 de agosto -, sinal do pico da chamada quarta vaga.

Aquilo que parece muito não será, contudo, assim tanto quando comparado com mais sete países que terão - a confirmarem-se as previsões do ECDC - mais casos que Portugal no início de agosto.

No topo, Chipre terá, nessa altura, quase 7 mil casos ativos por 100 mil habitantes. Seguem-se a Holanda com cerca de 6 mil, a Espanha com mais de 2 mil e a Grécia e a Eslovénia com mais de mil.

Portugal é, aliás, apenas um dos 20 países europeus onde se prevê um aumento de infeções nas próximas semanas e um dos nove que terão uma subida de mortes.

A previsão do ECDC diz que Portugal tinha, na semana que agora acabou, 9,2 mortos com Covid-19 por cada milhão de habitantes, número que se arrisca a aumentar para 16,7 na primeira semana de agosto.

Nuno Guedes | TSF

LEIA AQUI TUDO SOBRE A PANDEMIA DE COVID-19 – em TSF

Portugal | Bem prega frei Tomás

Paula Ferreira* | Jornal de Notícias | opinião

Circular em excesso de velocidade constitui uma infração grave. Por colocar em risco vidas de terceiros, alheios a esse procedimento perigoso, e a vida dos próprios.

Nem por isso, porém, os limites de velocidade são cumpridos nas nossas estradas. O acidente envolvendo o carro onde seguia o ministro da Administração Interna, de que resultou a morte de um trabalhador, veio mostrar, se alguma dúvida houvesse, a prática dessa conduta irresponsável por titulares de cargos públicos. Algo conhecido de todos, tido até como normal, justificado pela necessidade de cumprir agendas carregadas e apertadas.

Ainda não tinha assentado a poeira a envolver Eduardo Cabrita e eis que o automóvel onde seguia o ministro do Ambiente foi apanhado na autoestrada a 200 quilómetros/hora, onde a velocidade máxima não pode exceder os 120. E ainda mais surpreendente: o velocímetro registaria 160 quilómetros/hora na estrada nacional de acesso à via rápida, onde não deveria ultrapassar os 90.

Não há agenda a justificar tal desrespeitos pelas regras. Este comportamento reprovável apenas revela quão distantes se sentem estas pessoas dos cidadãos que representam, como se as regras mais elementares não lhes fossem aplicadas. Ou, para sermos mais claros, estão acima da lei - uma vez que a lei é clara.

No caso do ministro do Ambiente, aplica-se com propriedade a expressão popular "bem prega frei Tomás". Havemos de descobrir qual a dramaturgia que Matos Fernandes anda a representar dia após dia, sessão pública após sessão pública. O ministro da descarbonização, o homem que trabalha para o país se libertar paulatinamente dos combustíveis fósseis, é conduzido num BMW a gasóleo. É caso para dizer: podia recorrer ao fundo ambiental e investir num veículo elétrico ou, pelo menos, híbrido.

* Editora-executiva-adjunta

Imagem extraída do vídeo reportagem TVI em Autoportal (ver vídeo)

Portugal | PORQUE HÁ OLÍMPICOS CENTROS DE SAÚDE QUE REJEITAM CONSULTAS?

Os Jogos Olímpicos no Expresso Curto. Boa. Quantos mais contágios covid-19 irá proporcionar? Esperemos que não causem muitas sobras para Portugal. Por cá andamos no pico dos casos, graças a populações imprevidentes a um governo que acredita em milagres e na inconstância das medidas anti-covid e nos sábios cientistas e médicos que têm demonstrado que continuam sem perceber nada do que está a acontecer e a tramar os portugueses, preferindo fazerem gincana com as medidas que num dia são assim, para no outros dia serem categóricas na porta aberta aos contágios.

Dito isso acrescente-se que há Centros de Saúde da ARS (Lisboa e arredores) que empurram os doentes que ali acorrem para hospitais e aglomerações de gente noutros serviços (nem atendem telefones). Vai daí recusam consultas presenciais porque sim e sem justificação plausível… Que eles têm medo de serem contagiados, dizem. Que eles são apologistas de aproveitarem tempo livre por causa do covid. Que eles são extremistas da gestão financeira da ARS.. Mas, eles são ou não são médicos? Certo é que há Centros de Saúde que andam ao deus-dará e que cada um faz o que quer, aproveitando o facto de o covid-19 ter as costas largas. Desculpas que não colhem e que entretanto proporciona agravamento de doenças e até mortes que não por covid. Iremos aprofundar logo que recolhamos os dados necessários e substantivos. Calma. Para já sabe-se que no Oriente de Lisboa acontece tais práticas. E há mais, a saber.

Bem aplicado é o dito: É fartar vilanagem. Ou serão somente baratas tontas?

Por aqui basta de entrada para o Curto de hoje. Fique interessado em ler já agora defenda-se usando a sua própria cabeça, meditando e não embarcando em loas que cada vez mais são escarrapachadas nos jornais e outra informação que nos chega e cheira a podre.

Bom dia e boa semana, se conseguirem. Sejam livres. Pensem.

MM | PG

Afeganistão | E o império foge pela calada da noite

A retirada norte-americana e da NATO simbolizada em Bagram, sob o signo da missão cumprida, deixa o Afeganistão como um país dilacerado e mergulhado na guerra civil.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

Um telegrama da insuspeita Associated Press, assinado por Kathy Gannon, testemunha o seguinte: em 2 de Julho «os Estados Unidos deixaram a base aérea de Bagram no Afeganistão ao cabo de quase 20 anos apagando as luzes e fugindo durante a noite sem notificarem o novo comandante afegão da base, que deu pela partida dos norte-americanos mais de duas horas depois, segundo fontes afegãs».

O império e o seu aparelho de guerra, a NATO, escapuliram-se de fininho pela calada da noite tentando evitar a repetição das imagens de 1975 em Saigão, quando chefes militares e diplomatas norte-americanos treparam apressadamente para helicópteros na altura em que os patriotas vietnamitas estavam a entrar na cidade. O secretismo cobarde da operação não esconde nem disfarça, porém, mais uma derrota militar dos Estados Unidos e dos aliados – entre os quais Portugal – desta feita na sua guerra mais longa, que duplicou o tempo de envolvimento no Vietname.

Para trás ficaram mais centenas de milhar de baixas – o número real provavelmente jamais será conhecido – biliões de dólares queimados, um país em guerra e completamente destruído. Mais um, a juntar ao Iraque, à Síria e à Líbia, para citar apenas os casos mais recentes.

Missão cumprida, proclamou o comandante em chefe de turno da «civilização ocidental», Joseph Biden. «Os Estados Unidos fizeram o que vieram fazer… apanhar os terroristas que nos atacaram em 11 de Setembro; agora é hora de voltar para casa». Assim se escreve a história, falsificando-a, contando com a memória cada vez mais curta das opiniões públicas trabalhadas por uma comunicação social agindo em modo de propaganda. Segundo a narrativa oficial, o suposto responsável pelos atentados de 11 de Setembro, Osama bin Laden, foi assassinado por forças especiais norte-americanas em 2 de Maio de 2011, há dez anos: a «hora de voltar para casa» está, portanto, uma década atrasada. É verdade que também não pode ter-se a certeza sobre a morte de bin Laden nessa data, porque os matadores se apressaram a lançar o cadáver aos peixes. A operação serviu principalmente para honra e glória do presidente dos Estados Unidos que, até ao momento, terá cometido mais execuções extrajudiciais: Barack Obama. De quem Biden foi vice-presidente.

E não é necessário fazer uma grande pesquisa de documentação para concluir que os objectivos oficiais declarados da invasão do Afeganistão, iniciada no Outono de 2001, prometiam um país reconstruido, democrático e estável, livre de terroristas uma vez derrotados os Talibã e os seus protegidos. Ora os Talibã controlam hoje 80% do Afeganistão – apenas menos 5% do que em 2001 –, em Cabul (e pouco mais) reinam um presidente e uma classe política corrupta, as eleições, quando as há, são exemplos de falsificação; e, segundo as notícias mais recentes, os ex-ocupantes e os seus homens de mão estão a ressuscitar as milícias terroristas fundadas pela CIA nos anos oitenta e que foram exterminadas pelos Talibã entre 1992 e 1996.

Bagram era um símbolo

A fuga imperial de Bagram é um episódio que marca, como nenhum outro, a derrota dos Estados Unidos e da NATO no Afeganistão. A base de Bagram era um símbolo e um centro operacional da ocupação. Situada apenas a 60 quilómetros de Cabul, era também o principal ponto de apoio militar ao regime instalado na capital e que nunca conseguiu estender a sua acção muito para lá do perímetro da principal cidade do país.

Bagram era também um dos principais centros de tortura que caracterizam as guerras eternas impostas pelos Estados Unidos e aliados como sustentáculos de uma ordem mundial unipolar assente no imperialismo e no colonialismo militar da NATO ao serviço da globalização do regime único neoliberal.

Embora a fuga de Bagram marque o fim de 20 anos de invasão e ocupação do Afeganistão pela NATO, a intervenção norte-americana no país iniciou-se muito antes, há 42 anos, ainda na administração do presidente democrata James Carter e do seu chefe do Conselho de Segurança Nacional, o estratego Zbigniew Brzezinski.

Foi nessa altura que os Estados Unidos, por intermédio da CIA e também do Paquistão, França, Reino Unido e Arábia Saudita criaram a malha de terrorismo de fachada islâmica para combaterem indirectamente a presença militar da União Soviética no apoio ao governo progressista de Cabul. É impossível ter a noção do que seria hoje o Afeganistão sob a acção continuada dos governos da República Democrática – designadamente em áreas como a educação, a saúde, as vias de comunicação, o abastecimento de água e energia e os direitos das mulheres – se a sua actividade não tivesse sido sabotada pelo terrorismo disseminado pelos Estados Unidos e que deu origem a aberrações como Bin Laden, a al-Qaeda e os gangues de criminosos conhecidos como Mujahidines.

É importante recordar que a República Democrática do Afeganistão sobreviveu três anos à retirada militar soviética, em 1989, e apenas foi derrotada quando a Rússia do inqualificável Boris Ieltsin e da sua corte de «reformadores» lhe retirou apoio, dando assim alento às várias facções terroristas, que não tardaram em entrar numa destruidora guerra civil.

Por outro lado, ao contrário da narrativa oficial consumida no Ocidente, a retirada soviética não foi descoordenada, nem desordenada, nem um caos, muito menos uma debandada pela calada da noite.

Escreve o analista Lester W. Grau na publicação Slavic Militay Studies: «Há uma narrativa e uma percepção comum de que os soviéticos foram derrotados e expulsos do Afeganistão. Isso não é verdade. Quando os soviéticos deixaram o Afeganistão em 1989 fizeram-no de forma coordenada, deliberada e profissional, deixando para trás um governo a funcionar, uma situação militar melhorada e um esforço consultivo e económico que garantiu a viabilidade e a continuidade do governo. A retirada foi baseada num plano diplomático, económico e militar coordenado, permitindo que as forças soviéticas se retirassem em boa ordem e que o governo afegão sobrevivesse».

Pelo contrário, a acção norte-americana baseada nos grupos terroristas islâmicos com mentalidade medieval, que hoje funcionam como braços supletivos da NATO, por exemplo nas guerras eternas na Síria e no Iraque, tal como aconteceu na Líbia, foi o princípio do fim da experiência modernizadora do Afeganistão, afundando o país num caos ingovernável só travado transitória e parcialmente pelos Talibã em 1996.

Da mesma maneira, a retirada norte-americana e da NATO simbolizada em Bagram, sob o signo da missão cumprida, deixa o Afeganistão como um país dilacerado e mergulhado na guerra civil.

Mas a partida da guarnição da base pela calada da noite significa uma retirada de facto ou uma transição para a continuação da influência norte-americana agora sob o formato de guerra híbrida, tal como acontece na Síria e em grande parte do Iraque? Muitos indícios apontam para esta metamorfose da ocupação, mas os Talibã, progredindo no terreno sobre a ineficácia e o desmoronamento das forças de segurança montadas pelos ocupantes, têm muito a dizer quanto às próximas etapas no país.

Citando a Alemanha nazi chefe militar dos EUA elogia o novo comando da OTAN

Batalha do Atlântico: citando a Alemanha nazista como modelo, o chefe militar dos EUA elogia o novo comando da OTAN nos EUA

# Publicado em português do Brasil

RickRozoff | Anti-Bellum

O general Mark Milley, presidente da Junta de Chefes de Estado-Maior, esteve em Norfolk, Virgínia, em 15 de julho, para marcar o segundo comando da OTAN nos Estados Unidos a atingir capacidade operacional plena. O Comando da Força Conjunta da OTAN - Norfolk (JFC-Norfolk) juntou-se ao Comando Aliado da Transformação (ACT) da OTAN na mesma cidade que os únicos comandos da OTAN fora da Europa.

O ACT, cujo site é intitulado Allied Command Transformation: OTAN's Warfare Development Command , foi inaugurado em 2003.

O novo comando foi inicialmente lançado pouco depois de o Comando Conjunto de Apoio e Capacitação da OTAN ter estado em Ulm, Alemanha, no final de 2019. Ambos os comandos alcançaram a capacidade operacional inicial (ou capacidade operacional inicial). Comando da Força Conjunta - Norfolk é projetado para acelerar o envio de tropas e blindados através do Atlântico; A missão do Comando de Capacitação e Apoio Conjunto é “ acelerar, coordenar e salvaguardar o movimento de blindados e infantaria aliados através das fronteiras europeias”. Os dois estão, portanto, integralmente conectados.

O objetivo conjunto é transportar pessoal militar e equipamento dos Estados Unidos através do Oceano Atlântico e, em seguida, de portos europeus no continente para a fronteira russa. O recente DEFENDER Europe-21, o maior desde a Guerra Fria com 31.000 soldados de 27 nações, ativou o novo sistema para acelerar o trânsito de grandes militares, incluindo unidades blindadas, dos Estados Unidos à fronteira ocidental da Rússia.

Em 15 de julho, o General Milley dirigiu-se ao que o Departamento de Defesa descreveu como dignitários reunidos a bordo do navio de assalto anfíbio USS Kearsarge e foi acompanhado pelo novo Comando da Força Conjunta - comandante de Norfolk, vice-almirante Andrew Lewis. Lewis também é o comandante da Segunda Frota dos Estados Unidos. Tal como acontece com outros comandos da OTAN, o seu comandante é simultaneamente responsável por um comando dos EUA, bem como com o Comando Europeu dos EUA / Comandante Supremo Aliado da Europa, a Sexta Frota da Marinha dos EUA / Forças de Apoio e Ataque Naval da OTAN e as Forças Aéreas dos EUA na Europa - Forças Aéreas África / Comando Aéreo Aliado da OTAN.

Como a história do Pentágono sobre o evento afirma no início e sem equívocos, “Se a dissuasão falhar, a missão do comando é lutar e vencer a Batalha do Atlântico”.

Em uma linguagem que evoca a época, se não o apocalíptico, Milley disse: "Na minha opinião, o mundo está entrando em um período de instabilidade potencial, pois algumas nações ... e claramente grupos terroristas e talvez alguns atores desonestos, estão tentando minar e desafiar o ordem internacional. Procuram enfraquecer o sistema de cooperação e segurança coletiva que existe há algum tempo. A natureza dinâmica do ambiente atual é contrabalançada por uma ordem que foi colocada em vigor há 76 anos, no final da Segunda Guerra Mundial. ”

Revela-se a política de Biden sobre Cuba

# Publicado em português do Brasil

Ramona Wadi* | Strategic Culture Foundation

A suposição de que uma intervenção militar consertaria Cuba apenas ilustra como os interesses dos dissidentes de Miami estão alinhados com os dos Estados Unidos

Enquanto os protestos irrompiam em Cuba por causa da escassez de produtos básicos, o bloqueio ilegal dos Estados Unidos a Cuba, que durou décadas, não fazia mais parte das narrativas da grande mídia. Em 2020, o foco da mídia foi a contribuição cubana na luta contra a Covid19 e como, apesar do bloqueio, Cuba ainda conseguiu sua abordagem internacionalista, ao mesmo tempo que fabricava suas próprias vacinas. Por um breve período, falar sobre o levantamento do bloqueio ilegal a Cuba também fez parte da narrativa internacional, mesmo com as brigadas médicas sendo nomeadas para o Prêmio Nobel da Paz.

Enquanto isso, devido ao bloqueio e à Covid19, a economia de Cuba se contraiu ainda mais. Sem vacilar, o governo dos Estados Unidos também continuou a financiar grupos antigovernamentais. Apenas as intenções dos EUA não são democráticas, apesar do que a propaganda convencional divulga.

Em abril de 1960, um memorando sob o título "O Declínio e a Queda de Castro" afirmava parcialmente: "O único meio previsível de alienar o apoio interno é por meio do desencanto e do descontentamento com base na insatisfação econômica e nas dificuldades." Apelando à privação económica, o memorando defendia ainda medidas que, “embora tão astutas e discretas quanto possível, façam as maiores incursões na negação de dinheiro e suprimentos a Cuba, para diminuir os salários reais e monetários, para provocar a fome, o desespero e a derrubada de governo."

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