domingo, 22 de agosto de 2021

'Todos os afegãos' devem sentir-se seguros sob o Taleban

'Todos os afegãos' devem sentir-se seguros sob o Taleban, diz o chefe de segurança

# Publicado em português do Brasil 

Ali M Latifi | Aljazeera

Haqqani disse à Al Jazeera que os afegãos não deveriam temer o Taleban, mas muitas pessoas continuam céticas de que sua segurança será garantida.

Cabul, Afeganistão - Khalil Ur-Rahman Haqqani, uma importante figura do Taleban atualmente responsável pela segurança de Cabul, fez eco às afirmações do grupo de que "todos os afegãos" deveriam se sentir seguros sob seu emirado islâmico e que uma "anistia geral" foi concedida nas 34 províncias do país.

Em declarações à Al Jazeera no domingo, Haqqani, cujos associados também estão desempenhando um papel de liderança no estabelecimento da segurança na capital, disse que o Taleban está trabalhando para restaurar a ordem e a segurança em uma nação que vive mais de quatro décadas de guerra.

“Se pudermos derrotar superpotências, certamente poderemos fornecer segurança ao povo afegão”, disse Haqqani, que também é um veterano da guerra afegã-soviética.

Muitos afegãos estão céticos de que um líder da Rede Haqqani, conhecido por ser o grupo mais brutal e violento associado ao Talibã, trará segurança ao Afeganistão após 40 anos de guerra e violência - especialmente como relatos de buscas de casa em casa e a violência supostamente cometida pelo Taleban continua a ocorrer, inclusive em Cabul.

Haqqani ainda é rotulado de “terrorista global” pelos Estados Unidos, com uma recompensa de US $ 5 milhões por ele emitida pelo Departamento do Tesouro dos EUA em fevereiro de 2011, e ele continua na lista de terroristas das Nações Unidas.

A declaração de Haqqani também ocorre no momento em que milhares de pessoas continuam tentando entrar no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, onde o Talibã, as forças de inteligência e os soldados americanos estão tentando impedir que as multidões que tentam desesperadamente fugir do país entrem nas instalações.

Consequências geopolíticas do fracasso EUA-Afeganistão

Outro morde a poeira ...

# Publicado em português do Brasil

Strategic Culture Foundation | editorial |Imagem: © SCF

O império americano e seus lacaios estão caindo, como já mencionamos várias vezes. O Afeganistão é outro prego no caixão.

Cada dia pode ser considerado um marco histórico. Mas esta semana viu um evento divisor de águas com enormes ramificações históricas: o colapso final da ocupação militar do Afeganistão pelos Estados Unidos e pela OTAN.

A guerra mais longa da América chegou ao fim após 20 anos de lutas inúteis, destruição e sofrimento. Os militantes do Taleban expulsos pelos Estados Unidos em uma invasão em outubro de 2001 estão agora de volta como o poder governante no Afeganistão. E um regime que Washington sustentou com bilhões de dólares dobrados como um castelo de cartas quando o Talibã assumiu o controle da capital, Cabul, em 15 de agosto.

Esta semana, os novos governantes declararam o Emirado Islâmico do Afeganistão. O projeto declarado de estrela da América de “construção da nação” e “democracia ao estilo ocidental” está em ruínas. Apropriadamente, esta semana também marca o centenário da libertação do Afeganistão do domínio colonial britânico em 1919. Outro morde o pó.

As cenas desesperadoras e caóticas da evacuação dos EUA e de seus aliados da OTAN do Afeganistão falam por si. As pretensões de Washington e seus parceiros ocidentais caíram na Terra com um estrondo - como os corpos de pobres afegãos que se agarraram a aviões de carga militares dos EUA enquanto decolavam do aeroporto de Cabul. O que o mundo testemunhou foi o fim vergonhoso e diabólico de uma ocupação criminosa de duas décadas do Afeganistão que não causou nada além de destruição e dor. E o povo afegão foi abandonado à própria sorte.

Portugal | Sem escrúpulos nem remorsos

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião

Se for vítima de um crime, quem lhe garante que não lhe calhará um juiz corrupto? Pelos vistos, ninguém. Vejamos: Vaz das Neves, ex-presidente do tribunal da relação de Lisboa, acusado de corrupção e abuso de poder, repudia qualquer processo disciplinar. Primeiro porque não sabia que estando jubilado não podia realizar uma arbitragem privada (e nas próprias instalações desse tribunal), depois porque conselheiros do Supremo e desembargadores de "reconhecido mérito" sempre o fizeram, disse.

Eis quem presidiu a um tribunal de segunda instância uma década a justificar a sua própria transgressão com um "ignorava a lei", inadmissível para qualquer cidadão (princípio geral do direito desde os romanos), grotesco na boca de um actor judicial. A sério? Desconhecia? E um cirurgião operar num hospital público um doente do privado, cobrando -lhe com essa tabela? Que achará? Já alegar que também todos faziam (sobretudo "os de mérito", como se patente fosse via verde) é não apenas infantilóide como muito desadequado face à beca. 

Covid pt | Segunda fase da "libertação" chega na segunda-feira

O que muda?

Na próxima segunda-feira (amanhã) o desconfinamento dá um novo passo. Situação estável da pandemia, ainda que em "planalto", e sobretudo o acelerar da vacinação abrem caminho à segunda fase da "libertação". Próximo ano letivo começa com "adaptações residuais".

Transportes sem limites de lotação, grupos maiores nos restaurantes, espetáculos culturais, casamentos e batizados com limite de 75% da lotação. As medidas de desconfinamento previstas para 5 de setembro vão entrar em vigor na próxima segunda-feira, 23 de agosto, com o país já em situação de contingência e não de calamidade, um patamar intermédio nos três graus de alerta definidos na Lei de Bases da Proteção Civil. À luz deste novo enquadramento já não podem ser determinados, por exemplo, quaisquer limites à circulação.

Com a vacinação a atingir os 70% da população antes da data prevista, o Conselho de Ministros decidiu ontem dar um passo em frente no desconfinamento. "Chegou o momento de passar à próxima fase", afirmou a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, no final da reunião extraordinária do Governo, que decorreu por vídeo conferência.

Portugal | O empurrão de Costa

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

Agosto aproxima-se do fim e António Costa deu, em entrevista ao "Expresso", o tiro de partida para a discussão que aí vem sobre o Orçamento do Estado, que será feita com bloquistas e comunistas.

Para o cidadão comum são boas notícias: haverá um aumento "significativo" no abono de família; bem como uma redução no IRS (seja por via do aumento do número de escalões; seja por via do aumento das deduções às famílias com filhos). Mas há mais. Todos os ministérios terão um aumento dos seus orçamentos na ordem dos 1,2% (ou seja, haverá mais dinheiro disponível, uma vez que a inflação deverá rondar os 0,8%). E no caso da Ciência, Saúde, Educação e Administração Interna, o primeiro-ministro promete ser ainda mais generoso. Finalmente (e mesmo sem abrir muito o jogo), fica claro que haverá aumentos para a Função Pública (com uma preocupação especial em valorizar os técnicos superiores). Nem parece ano de pandemia. Muito menos de vacas magras. Talvez de vacas voadoras impulsionadas pela "bazuca" europeia.

Manda a prudência que é melhor esperar para ver a versão final do OE 2022. Como é melhor esperar para ver se, ainda em 2022 (menos provável), ou só em 2023 (mais provável), passada que esteja a flexibilidade justificada pelos estragos causados pela pandemia, a União Europeia não imporá novas restrições orçamentais (convém lembrar, a propósito, que a dívida pública atingiu um novo máximo em final de junho: 350 mil milhões de euros). Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe, diz o provérbio, antigo mas capaz de resistir à passagem do tempo. Seja como for, e enquanto o rumo não se define, o líder socialista deu mais um empurrãozinho às hipóteses do seu partido nas próximas eleições autárquicas. Sempre fica mais longe a hipótese de um voto de castigo. No curto prazo, António Costa já ganhou. Se os portugueses também ganham alguma coisa com isso, o tempo dirá.

*Diretor-adjunto

Casas mais baratas ‘empurram’ portugueses para Espanha

Morar em Espanha a metade dos valores praticados em Portugal. As zonas de Ayamonte, junto a Vila Real de Santo António, e de Ciudad Rodrigo, perto de Vilar Formoso, estão entras as zonas de Espanha mais procuradas pelos portugueses

A falta de oferta de habitação e a inflação de preços no mercado imobiliário nacional está a empurrar os portugueses que trabalham na raia, a linha de fronteira que separa a Península Ibérica, a optarem por residir em Espanha e trabalhar em Portugal.

Enquanto na zona de fronteira algarvia o arrendamento atinge os €600, ou mais, do lado espanhol a pujança imobiliária, alimentada pela conclusão de dezenas de edifícios cuja construção tinha ficado suspensa com a crise económica, está a atrair cada vez mais nacionais, que ali arrendam apartamentos por metade do preço. Apartamentos e vivendas, em condomínio fechado, com piscina e mobilados, e a escassos quilómetros de Portugal e do trabalho.

Amadeu Araújo | Expresso

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O terrorismo em Moçambique é "emblemático do Daesh" - ONU

Cabo Delgado é emblemático da influência do Daesh em África, diz Guterres

A ONU declarou a província de Cabo Delgado uma "área de trânsito fácil para os combatentes do Daesh" e mostra-se preocupada de alguns dos afiliados mais eficazes "espalharem influência e atividades".

A província moçambicana de Cabo Delgado tornou-se “emblemática da influência do Daesh em África” e exige prioridade na abordagem antiterrorista regional, considera o secretário-geral das Nações Unidas num relatório esta quinta-feira sob consulta no Conselho de Segurança.

“No norte de Moçambique, a província de Cabo Delgado tornou-se em março de 2021 emblemática da influência do Daesh na África, na sequência da breve ocupação de Palma por um grupo afiliado, perto de um grande projeto de gás liderado por uma empresa multinacional”, pode ler-se no relatório sobre atividades do Estado Islâmico (EI), que está esta quinta-feira no centro de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.

O documento acrescenta que “as autoridades locais não conseguiram defender a cidade e fornecer segurança, como também foi o caso em Mocímboa da Praia, mais a sul em Cabo Delgado, que tem sido ocupada por afiliados do Daesh desde agosto de 2020″.

O relatório do secretário-geral da ONU, António Guterres, foi concluído a 27 de julho e foi esta quinta-feira apresentado no Conselho de Segurança pelo secretário-geral adjunto e chefe do Escritório das Nações Unidas para o Contraterrorismo, Vladimir Voronkov.

Parem de confundir produtores de informação com Jornalistas

ANGOLA

Associações angolanas de jornalistas consideraram hoje que a classe (não afecta à máquina de propaganda do regime do MPLA) está numa situação de “quase mendicidade”, apontando a “falta de união e de solidariedade entre os profissionais, baixos salários e a má gestão dos órgãos” como as principais barreiras.

A “preocupante” condição socioeconómica dos jornalistas angolanos foi abordada, em Luanda, durante uma mesa redonda sobre a “Situação Socioeconómica dos Jornalistas Angolanos”.

Sara Fialho, jornalista, lamentou no encontro a “falta de solidariedade entre os profissionais”, apontando esta como uma das situações que concorre para a “quase indigência em que se encontram muitos jornalistas” em Angola.

Para a também presidente da Cooperativa dos Jornalistas Angolanos (CJA), apesar de os profissionais manifestarem disposição em estarem filiados nas associações socioprofissionais, “não gostam de pagar quotas”.

“É preciso que nós jornalistas tenhamos consciência de que se nós não fizermos nada por nós, ninguém fará, e vamos ficar a vida inteira a reclamar, a exigir protecção e apoio e daí não vamos sair”, exortou Sara Fialho.

“E há quem faça o caminho subterrâneo para se dar bem, venda a alma, mas temos que ser nós a lutar de forma organizada e unida”, acrescentou.

A actual situação socioprofissional dos jornalistas angolanos foi também deplorada pela presidente do Fórum de Mulheres Jornalistas para a Igualdade de Género (FMJIG), admitindo a existência de uma “cobardia” no seio dos profissionais.

“Nós somos os últimos da cadeia alimentar, somos cobardes, somos preguiçosos, somos frustrados, porque nós é que não nos valorizamos. Porque não pararmos só um dia? O país existe porque nós existimos”, afirmou Josefa Lamberga.

Segundo a presidente do FMJIG, os jornalistas angolanos necessitam de “estar unidos, falar a mesma linguagem” para fazer valer o poder que têm: “Se não acreditarmos que a nossa saída está no cooperativismo ou em lutar por nós mesmos não vai dar nada”.

Já o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, considerou que o fenómeno de “entrada sem critérios” de pessoas nos meios de comunicação social, “sobretudo públicos, veio desvalorizar a profissão”.

“Há um outro fenómeno de má gestão das empresas públicas, todos os administradores entram lá e saem de Lexus e continua o processo de entrada de pessoas sem critérios e com salários até superiores aos dos jornalistas”, afirmou.

O sindicalista deu conta que as empresas públicas de comunicação social, particularmente a Televisão Pública de Angola (TPA) e a Rádio Nacional de Angola (RNA) continuam a desrespeitar pontos dos cadernos reivindicativos sobre a entrada de pessoal.

“Porque dentro dos cadernos reivindicativos que apresentamos à TPA e à RNA, já lá constavam que o critério de ingresso nas empresas devesse ser o concurso público e não estão a respeitar isso”, frisou.

Os conselhos de administração desses órgãos, prosseguiu, “continuam a admitir pessoas e a atribuir salários superiores e há inclusive pessoas que mesmo nos ministérios continuam na folha de salários”.

“É isso que eu qualifico de má gestão, aliás não há gestão nas empresas de comunicação social públicas, salvo raríssimas excepções, porque quando você não tem carreiras como é que você estimula, promove ou retém profissionais? Não há qualificador ocupacional”, apontou.

Para o líder sindical, a ausência de carreiras nas empresas de comunicação, públicas ou privadas, concorre para a “actual mendicidade” dos profissionais.

Teixeira Cândido lamentou igualmente as condições laborais e salariais dos órgãos privados de informação em Angola, sobretudo rádios, apontando a união e o cooperativismo como saídas para a actual situação.

“Temos de nos mobilizar para dizer que ou nos pagam à dimensão dos riscos da nossa actividade, ou seja, estamos a correr riscos absolutamente desnecessários, porque consentimos fazer um jornalismo que não nos dignifica nem profissionalmente e nem socialmente”, atirou o secretário-geral do SJA.

A mesa redonda, que decorreu na capital angolana, foi promovida pelo Instituto para a Comunicação Social da África Austral (Misa, na sigla em inglês) Angola em parceria com o Projecto Debate na Comunidade.

Luanda: Manifestantes protestam por alternância política

Pela segunda vez, a sociedade civil angolana protestou contra aquilo que considera ser uma perseguição política à oposição liderada por Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA.

Os promotores do protesto afirmam em manifesto que a alternância política em Angola vai se tornar uma realidade caso haja uma "corrente de apoio" de toda a sociedade para com os líderes partidários que dão rosto à Frente Patriótica Unida (FPU), Adalberto Costa Júnior, Abel Chivukuvuku e Filomeno Vieira Lopes.

O protesto foi marcado depois de ser noticiado que o Ministério Público terá anuído junto ao Tribunal Constitucional o processo de impugnação do Congresso da UNITA que elegeu Costa Júnior.

"Os proponentes da Frente Patriótica Unida em conjunto com a sociedade civil, movimentos de pressão, uma Comissão Nacional Eleitoral (CNE) autónoma nas suas decisões, sem conivência com quaisquer orientação política (....) sim, vamos vencer as eleições gerais de 2022", vaticinam os manifestantes no documento lido por Adilson Manuel, porta-voz da manifestação convocada pela associação União dos Povos de Angola (UPA).

Para os organizadores do protesto, "quem não está com a FPU está com o MPLA".

Eles entendem que, em 2022, não haverá outra organização partidária capaz de derrotar o partido no poder.

"A união e coesão fazem a força e garantem a vitória, isto é, a UNITA, o Bloco Democrático, o PRA-JA Servir Angola e a sociedade civil. O resto está a cooperar com o regime", acusam ainda no manifesto.

Violência e discriminação contra mulheres na Guiné Equatorial

Organizações denunciam violência e discriminação contra mulheres na Guiné Equatorial

Várias organizações humanitárias denunciaram casos graves de violência e discriminação de que são vítimas as mulheres na Guiné Equatorial e apelaram à criação de leis e mecanismos judiciais que punam a violação dos direitos humanos com base no género.

Violência e discriminação no ambiente familiar e por instituições, casos de violência e discriminação contra mulheres com deficiência e situações de violência e discriminação com base na orientação sexual são relatados num documento elaborado por várias organizações, com o apoio do Projeto de Apoio e Proteção da Sociedade Civil da Guiné Equatorial, financiado pela União Europeia (Aprofort), e enviado à ONU Mulheres.

Com esta iniciativa, a Comissão Equato-Guineense de Juristas, a EG Justice, a Somos Parte del Mundo, a Associação Africana de Educação para o Desenvolvimento e a Associação de Apoio às Mulheres Africanas esperam que as autoridades da Guiné Equatorial tomem medidas para proteger as mulheres, bem como medidas para eliminar as várias formas de discriminação de que são vítimas.

Uma das situações denunciada é "a imposição de multas ilegais - denominadas `direitos de célula` - a mulheres detidas, o que constitui um caso de corrupção", segundo a Aprofort.

General Indjai "não é um foragido" e vive na Guiné-Bissau

O analista político guineense Rui Jorge Semedo afirmou hoje que o general António Indjai "não é um foragido" e considerou exagerado o anúncio dos Estados Unidos de dar cinco milhões de dólares pela sua captura.

"Estamos perante um ato que mais uma vez coloca em causa a imagem da Guiné-Bissau, mas, sobretudo, um exagero por parte dos Estados Unidos da América, porque a Guiné-Bissau independentemente de ser um país frágil, tem um Governo que os próprios Estados Unidos reconhecem e com quem tem estabelecido contactos", afirmou, aos jornalistas, o analista político.

Para Rui Jorge Semedo, os Estado Unidos devem colaborar com o Governo da Guiné-Bissau, salientando que "num primeiro momento" o assunto deveria ter sido tratado ao nível dos Estados ou dos governos e só se houvesse falta de colaboração se justificaria este tipo de posicionamento.

O Departamento de Estados dos EUA anunciou quinta-feira uma recompensa de cinco milhões de dólares por informações que levem à detenção ou condenação de António Indjai, antigo chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau.

EUA oferecem 5 milhões USD pela detenção de António Indjai

O Departamento de Estado dos EUA anunciou uma recompensa de cinco milhões de dólares por informações que levem à detenção ou condenação de António Indjai, antigo chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau.

O Departamento de Estado norte-americano anunciou esta quinta-feira (19.08) uma recompensa de cinco milhões de dólares por informações que levem à detenção ou condenação de António Indjai, antigo chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau.

O general está desde maio de 2012, na sequência de um golpe de Estado ocorrido em abril do mesmo ano na Guiné-Bissau, sujeito a sanções impostas pelas Nações Unidas, que o impedem de viajar.

Segundo um comunicado divulgado pelo porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, António Indjai "liderou uma organização criminosa que participou ativamente no tráfico de droga na Guiné-Bissau e na região durante muitos anos, mesmo enquanto chefiava as Forças Armadas guineenses".

"António Indjai era visto como uma das mais poderosas figuras desestabilizadoras da Guiné-Bissau, operando livremente em toda a África Ocidental, usando as receitas ilegais para corromper e desestabilizar outros governos estrangeiros e minar o Estado de Direito em toda a região”, refere ainda o comunicado.

O Departamento de Estado salienta que, segundo uma acusação feita em janeiro de 2013, no verão de 2012 fontes da DEA (Drug Enforcemente Adminitration, agência norte-americana anti-narcotráfico) iniciaram contactos com António Indjai e associados na Guiné-Bissau.

A nova ameaça dos EUA a Assange

# Publicado em português do Brasil

Justiça britânica cede a Washington e pode extraditar jornalista que revelou crimes de guerra no Afeganistão e Iraque. O que a decisão bizarra revela sobre um império que não reflete sobre suas derrotas, nem desiste de perseguir seus dissidentes

Chip Gibbons | na Jacobin | em Outras Palavras | Tradução: Gabriela Leite

Na manhã de 11 de agosto de 2021, a Suprema Corte do Reino Unido ampliou o escopo das questões nas quais os Estados Unidos poderiam recorrer da decisão de uma juíza britânica de bloquear um pedido de extradição de Julian Assange.

Washington solicitou a deportação do jornalista australiano com base em 17 acusações de violação da Lei de Espionagem e uma acusação de “conspiração para cometer invasão de computador”. As acusações da Lei de Espionagem vêm da publicação, pelo WikiLeaks, de telegramas do Departamento de Estado, das Regras de Engajamento do Iraque e dos resumos de avaliação de detentos da Baía de Guantánamo. É um marco: a primeira vez que alguém que publica informações verdadeiras é indiciado sob a Lei de Espionagem.

O caso é ainda mais preocupante pelo fato de Assange ser um cidadão australiano que opera fora dos Estados Unidos. Washington não está apenas afirmando que pode processar jornalistas por exporem seus crimes de guerra, mas que perseguirá qualquer jornalista em qualquer lugar do mundo por isso.

Em janeiro de 2021, Vanessa Baraitser, juíza distrital do Reino Unido, bloqueou o pedido de extradição feito pelos EUA. Não o fez com base nos argumentos que diziam que a extradição de Assange ameaçava a liberdade de imprensa. Em vez disso, baseou sua decisão apenas em argumentos que questionavam as condições das prisões norte-americanas e a saúde mental de Assange. Ela acreditava que a extradição seria opressiva para o jornalista e que ele corria alto risco de cometer suicídio em uma prisão dos EUA.

O caso deveria ter terminado aí. Os Estados Unidos obteriam uma vitória técnica jurídica por sua alegação de que podem acusar de espionagem jornalistas de qualquer parte do mundo, ao mesmo tempo em que seriam aliviados do fardo de ter de prosseguir com uma perseguição política repulsiva e escancarada a um jornalista.

Mas insistiram. Washington recorreu da decisão da juiza Baraitser com base em cinco motivos. Lhes foi inicialmente concedido o direito de apelar em apenas três deles. Poderiam recorrer tendo como base o fato de que a juíza deveria ter notificado o país de suas decisões preliminares sobre o efeito das condições carcerárias dos EUA e sobre a saúde mental de Assange, para que pudessem oferecer garantias em suas condições de confinamento. Também lhes foi permitido recorrer com base nessas garantias, inclusive com alegações de que os Estados Unidos permitiriam que Assange cumprisse sua pena na Austrália.

Os Estados Unidos foram, no entanto, impedidos de recorrer das conclusões da juíza em relação às evidências médicas apresentadas no julgamento. Especificamente, Washington argumentava que as provas de uma das testemunhas de defesa deveriam ter sido consideradas inadmissíveis ou pouco valorizadas, e que a juíza cometeu um erro ao avaliar o risco de suicídio de Assange. Após a última decisão da corte inglesa, os promotores poderão reftar também essas questões. Uma audiência de apelação está agendada para 27 de outubro e levará dois dias.

Graças ao tratado de extradição EUA-Reino Unido de 2003, os Estados Unidos são representados pelos promotores ingleses, e a conta é paga pelo povo britânico. Isso se soma aos milhões que o Reino Unido gastou vigiando a embaixada do Equador, onde Assange buscou refúgio por sete anos.

O sadismo tornou-se um símbolo dos Estados Unidos (2)

Chris Hedges [*]

A classe dominante dedica enormes recursos para mascarar o sadismo social e o assassinato. Controla as narrativas na imprensa. Inunda os nossos ecrãs com imagens e propaganda amigáveis e alegres, aperfeiçoadas pelas empresas de publicidade e relações públicas. Essas alucinações eletrónicas distraem-nos das limitações das nossas próprias vidas. Ofuscam a natureza fundamental do capitalismo corporativo. Atacam a nossa auto-estima e suscitam uma tomada de consciência embaraçosa sobre a nossa aparência, posição social e funções corporais. Falsificam a ciência e os dados, como fizeram as indústrias de combustíveis fósseis, pecuária e tabaco durante décadas.

Ler: "O sadismo tornou-se um símbolo dos Estados Unidos" (1)

Criam, como escreve Guy Debord , a "espetacular sociedade mercantil" que é um substituto sedutor para a democracia participativa. Essa tirania empresarial reduz a escolha política às prescrições sádicas fornecidas pelo poder corporativo. Isso cria uma sociedade onde há uma ausência de quase todas as construções sociais e políticas positivas. Mesmo a mudança social, reduzida a políticas de identidade e multiculturalismo, foi efetivamente castrada pela propaganda corporativa. O sentimento de agir, poder pessoal e estatuto social veem quase exclusivamente, como Nietzsche previu, a servir à máquina sádica.

Intermediários de energia da Enron, num diálogo que poderia ter vindo de qualquer grande corporação, gravado em 2000, discutindo como "roubar" a Califórnia. Identificados como Kevin e Bob, rejeitaram os pedidos dos reguladores da Califórnia de reembolsos por causa da constante manipulação de preços da empresa:

Kevin: Então o que está sendo dito é verdade? Esses filhos da puta vão tirar todo o dinheiro de vocês? Todo aquele dinheiro que vocês roubaram daquelas pobres avós na Califórnia?

Bob: Sim, caro. Mas foram elas que não souberam votar com essa porra do voto automático.

Kevin: Sim, agora querem a porra do dinheiro de volta por toda a eletricidade que você cobrou a 250 dólares o megawatt-hora.

Bob: Você sabe, você sabe, você sabe… mas isso é aquilo por que Al Gore está lutando, já viu?

Mais tarde, na mesma conversa, Kevin e Bob menosprezam os californianos:

Kevin: Oh, a melhor coisa que pode acontecer é a porra de um terremoto, deixe essa coisa flutuar no Pacífico e coloque velas neles.

Bob: Eu sei. Esses tipos, você só precisa demiti-los.

Kevin: Eles estão tão metidos na merda e tão, como posso dizer...

Bob: Eles estão tão fodidos

A obscena avareza dos muito ricos agora supera o hedonismo e os excessos dos déspotas mais hediondos e dos capitalistas mais ricos do passado. Em 2015, pouco antes de sua morte, a [revista] Forbes estimou que o património líquido de David Rockefeller era de 3 mil milhões. O Xá do Irão roubou cerca de mil milhões ao seu país. Ferdinand e Imelda Marcos acumularam entre 5 e 10 mil milhões. O ex-presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, valia cerca de mil milhões. Jeff Bezos e Elon Musk valem cada um 180 mil milhões. Sim, o decoro da presidência de Biden difere da presidência de Trump. Mas a exploração mercenária subjacente e o sadismo da sociedade americana permanecem intactos.

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