segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

António Costa: "A ESCOLHA É ENTRE MIM E RUI RIO"

Costa bipolariza e defende que só o PS "livra o país da direita"

No primeiro debate antes das legislativas, o secretário-geral do PS debateu com o Livre, que pede convergências à esquerda. Costa admite que "uma maioria não significa governar sozinho".

António Costa diz que a única forma de Portugal ter estabilidade é com uma maioria no Partido Socialista, e bipolariza o voto entre o secretário-geral do PS e o presidente do PSD, Rui Rio. No debate frente ao cabeça de lista do Livre por Lisboa, Rui Tavares, o secretário-geral do PS afirmou que o país não pode estar dependente "do humor" de outros partidos.

Na entrada para o debate, António Costa e Rui Tavares, cabeça de lista do Livre por Lisboa, mostraram uma posição comum: as eleições não são desejáveis. Ainda assim, divergem na solução de Governo.

Rui Tavares começou por dizer que o país já experimentou "maiorias absolutas e blocos centrais no passado, que seriam indesejáveis". António Costa, no entanto, entende que "uma solução estável e progressista só é possível com uma maioria do Partido Socialista".

O candidato do Livre respondeu: "No país do 25 de Abril, que é o meu, o povo é quem mais ordena, e o povo há de escolher a maioria".

O atual primeiro-ministro disse depois que "a única forma de uma maioria progressista em Portugal, que não dependa dos liberais e da extrema-direita, é com uma maioria do PS". Mas Rui Tavares lembra que "não há letras miudinhas no boletim de voto", e cada português "vai enviar uma mensagem".

E essa mensagem, no que depender de Costa, será uma maioria absoluta no PS, porque o país não pode estar na "dependência dos humores dos outros partidos". O líder socialista admitiu, no entanto, que "uma maioria não significa governar sozinho", lembrando os tempos na câmara de Lisboa, onde governou "com e sem maioria".

"Não podemos correr o risco de voltar a acontecer o que aconteceu neste Orçamento", em que em plena crise, a esquerda chumbou o documento e levou o Presidente da República a dissolver o Parlamento.

Rui Tavares lembrou que "não estava lá", e "António Costa apresenta-se como vítima de uma situação de que é responsável, porque não quis fazer um acordo multilateral e multipartidário por escrito".

"Estava numa posição em que podia dizer que era preciso fazer mais do que a geringonça 1.0", atirou, pedindo um acordo por escrito num futuro Governo à esquerda.

O salário mínimo foi uma das divergências que deitou por terra o Orçamento do Estado, e Rui Tavares pede um salário mínimo de mil euros nos próximos quatro anos "com um aumento de seis por cento por cada ano até ao final da legislatura".

António Costa assume que, nesta altura, os socialistas defendem "mais do que o salário mínimo, porque é fundamental fazer subir o salário médio para convergir os salários", e aproveitou para deixar um reparo ao PSD "que nem o salário mínimo aumenta, quanto mais o salário médio".

Nos instantes finais do debate, António Costa defendeu que para "impedir que o Rui Rio e o PSD sejam Governo, só o PS". E acrescentou: "Um voto no Livre não nos livra da direita, o que nos livra da direita é o voto no PS".

Este domingo, numa publicação nas redes sociais, António Costa defendeu um "Governo estável para os próximos quatro anos" e afirmou que "é tempo de virar a página da pandemia", já depois de Marcelo Rebelo de Sousa defender a mesma ideia na mensagem de Ano Novo.

Este foi o primeiro de 30 debates televisivos, antes das legislativas. Eram para ser 36 debates, mas o PCP recusou debater nos canais por cabo, deitando por terra um frente-a-frente entre Jerónimo de Sousa e Catarina Martins, que estava marcado para segunda-feira.

Francisco Nascimento | TSF

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