ONU - Guterres desistiu de qualquer pretensão de neutralidade em relação à Rússia

# Publicado em português do Brasil

Andrew Korybko* | One World

O diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Ghebreyesus, já profanou sua posição de prestígio ao abusar dela para promover a destrutiva agenda de dividir para governar do TPLF, designada terrorista, contra sua pátria, mas é ainda pior quando o próprio secretário-geral da ONU macula sua posição, indo abertamente contra um membro do Conselho de Segurança como Antonio Guterres acabou de fazer.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov lamentou que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, “se tenha mostrado suscetível à pressão do Ocidente e recentemente fez várias declarações incompatíveis com seu status e sua autoridade sob a Carta da ONU”. A resposta do principal diplomata foi motivada por Guterres condenando o reconhecimento da Rússia às Repúblicas do Donbass e a aprovação do presidente Putin de uma missão de paz para impedir o genocídio em andamento de Kiev contra o povo russo nativo de lá.

O líder da organização política mais importante do mundo se comportou de maneira partidária ao descrever os movimentos de Moscou como “uma violação da integridade territorial e da soberania da Ucrânia e inconsistente com os princípios da Carta das Nações Unidas”. Ele também deu a entender que a missão de manutenção da paz planejada pela Rússia era ilegítima porque “quando as tropas de um país entram no território de outro país sem o seu consentimento, elas não são mantenedoras da paz imparciais”. De forma bastante evidente, porém, ele nunca encorajou Kiev a implementar os Acordos de Minsk , que Lavrov disse ser “triste”.

O que tudo isso prova é que Guterres desistiu de qualquer pretensão de neutralidade em relação à Rússia. Não está claro se ele sempre foi assim, mas não há mais dúvidas de que esse é seu viés atual, o que corrói ainda mais a reputação já em declínio da ONU aos olhos do mundo como um ator neutro. O Conselho de Segurança nem sempre funciona de forma eficaz devido ao armamento do Ocidente liderado pelos EUA nesta plataforma, mas Guterres, por seu papel como Secretário-Geral da ONU, deveria se apresentar como uma figura apartidária que tenta orientar pragmaticamente todos para compromissos mútuos.

A perda de tal legitimidade da própria figura de proa da organização política mais importante do mundo levanta questões muito mais sérias sobre a profundidade da infiltração do Ocidente liderado pelos EUA nesse corpo global. O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Dr. Tedros Ghebreyesus, já profanou sua posição de prestígio ao abusar dela para promover a destrutiva agenda de dividir para governar doTPLF, designada terrorista, contra sua pátria, mas é ainda pior quando o próprio secretário-geral da ONU corrompe sua posição indo abertamente contra um membro do Conselho de Segurança como Guterres acabou de fazer.

Esses desenvolvimentos factuais objetivamente existentes e facilmente verificáveis ​​da má conduta da ONU nos níveis mais altos dessa organização global dão credibilidade a seus críticos que não a consideram mais como o órgão neutro que deveria ser de acordo com sua própria carta. Lamentavelmente, a ONU não pode ser considerada uma plataforma imparcial para resolver problemas internacionais, sejam eles de natureza epidemiológica, militar ou política. Em vez disso, foi sequestrado pelo Ocidente liderado pelos EUA e transformado em uma arma de guerra híbrida para uso contra os países que não cumprem as demandas hegemônicas unipolares dos EUA.

A própria ONU não pode prejudicar a Rússia, mas pode contribuir para legitimar políticas hostis implementadas unilateralmente por outros aos olhos do público ingênuo que erroneamente ainda assume que esse órgão global é verdadeiramente neutro e imparcial. Dito de outra forma, o uso contemporâneo da ONU não é uma plataforma de pacificação, mas uma ferramenta de propaganda para manipular as percepções das pessoas. Indivíduos que não entendem, muito menos estão cientes, da não declarada crise de mísseis provocada pelos EUA na Europa , na qual a Guerra Civil Ucraniana está se desenrolando, podem ser enganados por Guterres ao pensar que a Rússia está errada.

A realidade é oposta, já que o reconhecimento da Rússia das Repúblicas do Donbass foi antes de tudo destinado a impedir Kiev de continuar com seus ataques genocidas contra o povo russo nativo da região depois que a ofensiva do último fim de semana provocou um grande êxodo de refugiados. O objetivo secundário por trás dessa decisão é levar os EUA a considerar sinceramente negociar com a Rússia sobre seus pedidos de garantia de segurança para resolver diplomaticamente a crise de mísseis que os EUA provocaram ao longo de sua campanha de décadas para minar as capacidades de segundo ataque nuclear da Rússia.

Guterres, como pode ser esperado de uma pessoa que está sob a influência – se não sob controle, inclusive via chantagem especulativa – do Ocidente, não fez nenhuma menção sobre essa dimensão de mísseis da crise atual, assim como ele evitou encorajar Kiev a implementar os Acordos de Minsk. Ele claramente não pode ser considerado um partido neutro ou imparcial, o que, por sua vez, reduz a legitimidade geral da ONU. Portanto, não é à toa que muitos em todo o mundo estão questionando cada vez mais o propósito desse órgão global além de simplesmente servir como o clube da conversa em que praticamente já se transformou. Sem reformas de cima para baixo abrangentes e significativas, a ONU corre o risco de se tornar irrelevante.

* AndrewKorybko -- analista político americano