segunda-feira, 28 de março de 2022

A SAÚDE DOS ESCRIBAS E SEUS MAFUCAS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Direito à inviolabilidade pessoal. Já falei tanto disto que corro o risco de ser repetitivo. Mas os crimes de abuso de liberdade de imprensa são cada vez mais graves e tenho mesmo que repetir. Porque temos um Sindicato dos Jornalistas que está reduzido a correia de transmissão da UNITA à moda do engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior. Face a gravíssimos atropelos do código ético e deontológico, a estrutura sindical só sabe dizer mal dos órgãos públicos da comunicação social.

Hoje temos a Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana (ERCA). O seu papel é regular o exercício do Jornalismo. Mas como a instituição está infiltrada por um bêbado da valeta, pouco ou nada se vê.

Angola tem uma Comissão da Carteira Profissional e Ética. Uma vitória importantíssima dos jornalistas. Mas os crimes de abuso de liberdade de imprensa são cada vez mais graves e nada acontece aos infractores. Pelo contrário, a UNITA mete-lhes mais dinheiro nos bolsos e as “embaixadas amigas” compram-nos cada vez mais barato. 

A projecção vital do Direito à Inviolabilidade Pessoal abrange a esfera privada, a esfera pessoal, a esfera do segredo e a história pessoal. Todos os cidadãos são protegidos, mesmo as figuras públicas. A saúde de cada pessoa não está disponível para os jornalistas, nunca. Porque se trata de um tema da esfera pessoal, do segredo ou da história pessoal. José Gama está infectado com Sida? Não se pode fazer disso uma notícia. William Tinet violou uma menina menor nas escadas do prédio e infectou-a com HIV? A violação foi notícia. Mas a infecção não pode.

Barbosa Francisco, Massano Jorge, Juca Manuel, Noel Pedro, Marcos Miguel, Júlio Beto, Simão Manuel ou Juca Fernandes são sidosos e leprosos? Provavelmente sim. Mas isso não pode ser tema de notícia. Adalberto da Costa Júnior contaminou a namorada com uma blenorragia? Só pode. Mas um esquentamento não é notícia nunca. Abílio Camalata Numa tem piolhos do púbis e diverte-se passando a piolhice às meninas que nele confiam? Capaz disso é ele, mas não pode ser notícia até porque já não há DDT para matar a bicheza.

O Club K, arma de guerra da Irmandade Africâner e da UNITA, publica uma matéria sobre a saúde do Presidente João Lourenço, as consultas que faz, os médicos que o assistem. Não pode. Proibido. Mas ignoraram o direito à inviolabilidade pessoal e puseram a saúde do Chefe de Estado no pasquim. O Sindicato dos Jornalistas remeteu-se ao silêncio. A ERCA ainda está a gozar a ponte do 8 de Março. A Comissão da Carteira Profissional e Ética nem uma palavra.

Volto a repetir. A saúde seja de quem for está indisponível para os jornalistas. E o Presidente da República, figura pública, é certo, não é o Miradouro da Lua que todos podem frequentar e olhar à volta. A saúde é com ele. Os médicos que consulta, os exames que faz, os locais onde procura assistência, são das sua esfera pessoal, da sua esfera do segredo, da sua história pessoal. Só ele pode permitir que os jornalistas entrem bessa matéria. Pelos vistos, ninguém se preocupa com tão graves abusos de liberdade de imprensa. Porque em Angola, o único problema que estamos com ele, são os órgãos públicos de comunicação social. 

Olhem para as últimas guerras n, desencadeadas pelo estado terrorista mais perigoso do mundo. 

Guerra na Líbia. Os EUA e a OTAN (ou NATO) mataram mais de 50 mil civis destruíram as estruturas da Revolução Verde (terras roubadas ao deserto) e assassinaram o Presidente Kadhafi. A guerra ainda continua enquanto os “grupos rebeldes” trocam petróleo por armas. França, Reino Unido, Itália e EUA roubaram os fundos soberanos.

Guerra na Síria. EUA e OTAN (ou NATO) destruíram o país e continuam a destruir. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, instituição que vive à sombra dos serviços secretos britânicos, diz que até agora morreram 500 mil pessoas, 70 por cento das quais, civis. A ONU diz que oito em cada dez pessoas na Síria vivem abaixo do limar da pobreza e mais de 12 milhões de sírios necessitam de assistência humanitária. 

A guerra imposta pelo estado terrorista mais perigoso do mundo e pela OTAN (ou NATO) já fez 5,6 milhões de refugiados. Outros seis milhões são deslocados internos. O número de crianças mortas ultrapassa as 70 mil. Além das inúmeras vidas perdidas, a Síria viu o seu património histórico e cultural reduzido a cinzas. Em 2016, o Enviado das Nações Unidas e da Liga Árabe à Síria, Staffan de Mistura, comunicou que, desde 2011, a guerra na Síria já tinha feito 400 mil mortos ou dois por cento da população

Guerra no Afeganistão. Um estudo da Universidade Brown (EUA) revela que até abril de 2021, 174.000 pessoas morreram na guerra no Afeganistão e entre elas, 47.245 eram civis. Os números verdadeiros são terríveis. Mais de 250 mil civis foram mortos pelas tropas do estado terrorista mais perigoso do mundo e da OTAN (ou NATO). 

Guerra na Ucrânia. Em 2014 forças nazis deram um golpe de estado que desencadeou uma guerra civil no Leste do país. O conflito no Leste Ucraniano afeta 5,2 milhões de pessoas. Desse total, 3,5 milhões necessitam de ajuda humanitária para sobreviver. 

Em 2015, apenas um ano após o início do conflito em Donbass, 925.500 pessoas fugiram para países vizinhos, segundo um relatório oficial da ONU. Os deslocados internos são quase dois milhões. Segundo o último relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), divulgado em 12 de março de 2020, o conflito já causou a morte 13,2 mil pessoas, das quais 3,350 mil civis. Grupos nazis levam a cabo “uma limpeza étnica” no Leste da Ucrânia, visando cidadãos russos.

Para acabar com a limpeza étnica, desnazificar a Ucrânia e desarmar um país que quer ser base militar da OTAN (ou NATO) com armas nucleares, decorre uma operação militar especial. O “mundo livre” arroja-se aos pés dos nazis e ataca os desnazificadores. Aí está o golpe de teatro. Hitler foi babado em Berlim pelo Exército Vermelho. O IIII Reich foi derrotado na Frente Oriental pelo Exército Vermelho. Os campos de concentração nazis foram libertados pelo Exército Vermelho. E hoje eis que as teses hitlerianas conseguiram um consenso entre os Aliados e o estado terrorista mais perigoso do mundo. É o triunfo de Hitler à boleia da Ucrânia.

*Jornalista

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