Artur Queiroz*, Luanda
Confesso que em alguns momentos de aperto senti uma pontinha de inveja dos oligarcas angolanos, sobretudo aquelas e aqueles que conhecia bem graças a relações de amizade e camaradagem. Nunca imaginei ser amigo de ricaços, mas a vida dá tantas voltas que acabei por conviver com gente muito, muito, muito rica. E não senti nenhuma diferença com as minhas amizades desfavorecidas, malta que anda a contar os tostões e olha para os preços como se fossem a cruz que faz fugir diabos. Amizade é amizade e não muda em função das contas bancárias.
Vou directo ao assunto. Não sou oligarca porque me falta nervo financeiro e não tenho jeito para açambarcar dinheiro. Os políticos ocidentais, criados dos ricaços, só conhecem a palavra sansões, sanções, sanções. Eu que sou um misto de oriental, ocidental e matumbo da Kapopa só sei gastar, gastar, gastar. Assim ninguém chega a rico. É preciso roubar, roubar, roubar. À mão armada, pela surra ou através de sanções, sanções, sanções. Irremediavelmente pobre.
Desde que começou a guerra na
Ucrânia nem quero ouvir falar
Vladimir Putin está a desnazificar a Ucrânia. Na operação militar especial já morreram muitos jovens russos. Morrem para que o nazismo seja banido do mundo. Os beneficiários, em vez de lhe agradecerem, sanções, sanções, sanções. Está decidido. O mundo só pode viver no regime de “democracia liberal”. Tudo o resto está excluído.
Sabem o que é democracia liberal? O nazismo engravatado com as Gestapo na sombra e os campos de concentração disfarçados de bairros residenciais, de preferência suburbanos. É o fascismo sem Mussolini, Franco e Salazar. É um mundo que caminha perenemente para a fórmula os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. É o mundo nas mãos do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) e seus valetes de quarto. Mas todos falidos!
Na Europa é o Partido Popular Europeu, marcadamente nazi como se vê pelo exemplo dos governos da Hungria, Polónia, Roménia. A Espanha com governos regionais nas mãos dos nazis do Vox. Os parlamentos dos países membros da União Europeia estão cheios de nazis que fazem gala das suas posições racistas e xenófobas. Isto é a “democracia liberal”.
O sistema que estamos com ele faliu nos EUA, em 2008. E se faliu o estado terrorista mais perigoso do mundo, os seus aliados ficaram também falidos. Desde então deitam mão de todos os argumentos para roubarem os países que não se submetem. Roubaram os fundos soberanos do Iraque e roubam o seu petróleo. Roubaram os fundos soberanos da Líbia e roubam o seu petróleo. Roubaram os fundos soberanos da Venezuela mas miraculosamente não conseguem roubar o seu petróleo. Roubaram os fundos soberanos do Irão e tentaram roubar o seu petróleo. Desconseguiram.
Agora roubam os fundos soberanos da Federação Russa e vão fazer tudo para roubar também petróleo e gás. Obviamente não conseguirão. É mesmo o fim e não fingimento ou ameaça de revolta. Lá se foi o Ocidente esclavagista, colonialista, racista e xenófobo.
E Angola? Um dia também vão
roubar os fundos soberanos angolanos. Já começaram a roubar os “oligarcas” do
lado errado. Já fizeram duas guerras sangrentas para roubarem o nosso petróleo.
Foram derrotados. Mas não haja ilusões. Eles não desistem porque não podem. O
seu estilo de vida é o esbanjamento, o espectáculo, o desperdício.
Para darem um impulso às suas indústrias bélicas resolveram fazer da OTAN (ou NATO) a sua agente de vendas. Vai daí, o bloco militar ao serviço do estado terrorista mais perigoso do mundo já destruiu o Iraque, o Afeganistão, a Jugoslávia, a Líbia, a Síria, o Iémen e outros estados soberanos, transformados em escombros ou riscados do mapa. Ate agora ninguém os travou. Ninguém os segurou. A ideologia nazi alimenta-os e engorda os seus cofres.
A federação Russa decidiu desnazificar a Ucrânia. Pode ser o início de uma nova era. Pode ser que a Humanidade, finalmente, derrote definitivamente os que sempre viveram vendendo os outros, explorando os outros, roubando os outros, matando os outros em massa, subjugando os outros. Se cada país seguir o exemplo da Federação Russa o nazismo será banido.
Pode ser que estejamos a viver os últimos tempos da rapina, da força brutal, dos genocídios. Quando acabarem os oligarcas vão roubar os olicratas, seus donos. E é o fim. Um dia vi um banco no espaço da velha Paris, na Baixa de Luanda. Fiquei furioso e roguei uma praga: Ainda hei-de ver abrir cafés, pastelarias e cervejarias no sítio onde existiam bancos! Já está a acontecer. Ainda verei o fim do lixo da civilização ocidental e da sua criadagem? Tenho a certeza de que os nossos filhos e netos merecem essa alegria.
* Jornalista
Sem comentários:
Enviar um comentário