Os novos inquisidores já acenderam as tochas com que pretendem incendiar as piras da purificação político-partidária da sociedade portuguesa.
A revista Visão interessou-se pela filiação política de Bruno Amaral de Carvalho e publicou a “novidade” de que ele foi eleito deputado municipal na Amadora, pela lista da CDU.
A Visão estabelece uma relação entre o jornalista, o PCP e o facto de Bruno ser o único jornalista português a reportar nos territórios ocupados pelo exército russo e as tropas separatistas da região do Donbass.
Sem assumir a intenção, o escriba da Visão faz alusões a “teses” alegadamente defendidas pelo jornalista e dá destaque às opiniões já expressas por figuras de alguma importância mediática que criticam o trabalho deste repórter, casos de Ana Gomes (comentadora na SIC) e de João Galamba (membro do atual governo). Tudo isto resulta numa tentativa de diminuir a qualidade jornalística do trabalho de Bruno Amaral de Carvalho. Mas é evidente que esta publicação da Visão transporta um processo de intenções.
O ativismo político de Bruno Amaral de Carvalho é um direito dele. Pode exercê-lo sem nenhum problema de incompatibilidade, à luz do regulamento da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista. De resto, muitos jornalistas têm assumido as suas opções políticas e partidárias e nunca, até hoje, isso veio à baila, como está a acontecer agora.
Lembramos, a título de exemplo, o caso do jornalista Hernâni Carvalho (atualmente na SIC), cabeça-de-lista do PSD em eleições autárquicas em Odivelas e eleito vereador. A situação de Hernâni foi bastante mais delicada, uma vez que em cargos políticos executivos já existe incompatibilidade com o exercício da profissão de jornalista. Mas, não tendo sido eleito, a questão não se colocou.
E lembramos, ainda, a relação familiar existente entre o jornalista Vítor Gonçalves e Manuel Dias Loureiro, um dos mais destacados dirigentes do PSD até ter caído na desgraça da corrupção. Nunca essa proximidade familiar entre tio e sobrinho foi argumento para criticar o desempenho profissional de Vítor Gonçalves, nem mesmo quando ele assumiu igualmente a proximidade política com o partido do tio. Vítor Gonçalves escreveu “A Agenda de Cavaco Silva”, livro justificativo da candidatura de Cavaco à Presidência da República.
Nem Hernâni nem Vítor foram alguma vez “caçados” pelas respetivas opções políticas.
Carlos Narciso | Duas Linhas
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