terça-feira, 14 de junho de 2022

Afinal, polícia brasileira continua a procurar ativista e jornalista na Amazónia

A polícia brasileira informou que continua as buscas pelo ativista brasileiro e o jornalista britânico desaparecidos na Amazónia, após familiares de uma das vítimas relatarem terem sido informados sobre o alegado encontro de seus corpos, facto depois desmentido.

"O comité de crise, coordenado pela Polícia Federal do Amazonas, informa que as buscas do Sr. Bruno [Araújo] Pereira e do Sr. Dom Phillips foram realizadas até às 18:00 (horário de Brasília) de hoje, mas nada foi encontrado", disse em comunicado a Polícia Federal brasileira.

"Além dos esforços concentrados no referido local, as buscas continuaram em outras áreas do rio Itaquaí e as investigações continuam sendo realizadas de forma técnica, sem que esforços materiais e humanos sejam poupados para a completa elucidação dos factos", acrescentou.

Citando sobre pistas encontradas nas buscas no domingo, a polícia brasileira reforçou que "quanto ao material orgânico aparentemente humano e as amostras de sangue anteriormente coletados, informa-se que a perícia está sendo realizada e o resultado deverá sair no decorrer dessa semana".

No início da manhã, a mulher do jornalista Dom Phillips, Alessandra Sampaio, relatou a um jornalista da TV Globo ter sido informada sobre o encontro de dois corpos na área de buscas por autoridades brasileiras, que contactaram familiares do jornalista no Reino Unido.

O jornal The Guardian também publicou uma reportagem com depoimento do cunhado de Phillips, Paul Sherwood, que relatou ter sido procurado pela embaixada brasileira no Reino Unido, que lhe passou a informação sobre o alegado encontro de dois corpos nas áreas das buscas.

Na sequência da divulgação destas informações nos 'media' locais e do Reino Unido, a Polícia Federal brasileira divulgou uma nota ressaltando que "não procedem as informações que estão sendo divulgadas a respeito de terem sido encontrados os corpos do Sr. Bruno Pereira e do Sr. Dom Phillips."

"Conforme já divulgado, foram encontrados materiais biológicos que estão sendo periciados [examinados] e os pertences pessoais dos desaparecidos. Tão logo haja o encontro, a família e os veículos de comunicação serão imediatamente informados", acrescentou a autoridade policial brasileira.

A embaixada brasileira no Reino Unido, por sua vez, ao ser questionada sobre as informações relatadas pelo cunhado de Phillips confirmou em nota que tem mantido contactos com a família do jornalista britânico, negando-se a relatar o conteúdo destas conversas.

"A embaixada não se pronunciará sobre o conteúdo desses contactos. Informações atualizadas sobre o caso devem ser solicitadas às autoridades responsáveis, no Brasil", acrescentou a nota da embaixada brasileira no Reino Unido.

Dom Phillips, jornalista e colaborador do jornal The Guardian, e Bruno Araújo Pereira, ativista que militava em favor dos direitos dos indígenas, estão desaparecidos desde 05 de junho, no Vale do Javari, região remota e de selva na Amazónia brasileira perto da fronteira com Peru e Colômbia, onde realizavam uma investigação sobre ameaças de invasores e criminosos contra os indígenas.

No domingo, o Comité de Gestão de Crise, criado para coordenar as buscas e chefiado pela Polícia Federal brasileira, informou que o Corpo de Bombeiros havia encontrado uma mochila com um computador e outros itens pessoais dos desaparecidos.

A mochila, que está sob investigação policial, foi amarrada a uma árvore numa área das margens do rio, cujo nível subiu nos últimos dias devido às chuvas, num local próximo à casa de Amarildo da Costa de Oliveira, mais conhecido como "Pelado".

Até agora, Oliveira, o único suspeito nos desaparecimentos, foi preso na sexta-feira depois que as autoridades encontraram vestígios de sangue num de seus barcos.

O suspeito foi visto no dia dos desaparecimentos atrás do barco em que viajavam o jornalista e o ativista.

O Vale do Javarí, segunda maior reserva indígena do Brasil, é conhecido por ser palco de conflitos dominados pelo narcotráfico, roubo de madeira e mineração ilegal.

Jornal de Notícias / agências / Imagem: Foto: Gianella Espinosa / EPA

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