segunda-feira, 13 de junho de 2022

CRITÉRIOS DE COPENHAGA E OS OSSOS DO HERÓI -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Cara amiga e camarada. Eu não sou homem que leve desaforos para casa. Por isso, hoje vou de novo partir a barraca e a loiça toda. Dona Úrsula von der Leyen chegou a Kiev e fez uma declaração mentirosa. Isso não é muito grave. Ainda ontem me ameaçaram de morte e isso é mentira porque cão que ladra não morde. Apenas quiseram intimidar-me o que é normal. Se um fabiano dissesse de mim o que escrevo sobre eles, era capaz de partir para a acção directa. Cala-te boca que não sabes o que dizes.

A mentira da presidente da Comissão Europeia é hedionda porque se destina a prolongar o novo paradigma de guerra inventada pelo estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA), a OTAN (ou NATO) e a União Europeia. Os senhores da guerra entram com as armas, munições e dinheiro. Os desgraçados (ucranianos) pagam a conta do sangue e das vidas. Guerras por procuração passada aos lacaios de serviço.

Úrsula von der Leyen foi a Kiev dizer que a Ucrânia vai aderir à União Europeia e o único critério da adesão “é o mérito”. Ela bem sabe que está a mentir. E a mentira hedionda serve apenas para convencer os pobres ucranianos continuarem a pagar a conta do sangue e das vidas. Não posso silenciar este desaforo sem partir a barraca e a loiça toda. 

Na União Europeia todas as decisões exigem unanimidade. E é óbvio que a adesão da Ucrânia só é possível se aquele país cumprir os Critérios de Copenhaga. Mesmo assim, se não existirem vozes contra. Gastar votos contra para quê? A Ucrânia nem daqui a cem anos cumpre as exigências do cartel sedeado em Bruxelas.

O Tratado da União Europeia define os princípios (artigo 6º número 1) e as condições de adesão (artigo 49º). Não prevê qualquer excepção. Os países candidatos têm de cumprir os Critérios de Copenhaga, aprovados pelo Conselho Europeu de Copenhaga em 1993 e reforçados pelo Conselho Europeu de Madrid, em 1995. 

Eis o que tem de ser cumprido, sem excepção: Estabilidade das instituições que garantem a democracia, o Estado de Direito, os direitos humanos e o respeito pelas minorias e a sua protecção. Economia de mercado que funcione efetivamente mais a capacidade de fazer face à pressão concorrencial e às forças de mercado do cartel. Capacidade para assumir as obrigações decorrentes da adesão, incluindo a capacidade de aplicar eficazmente as regras, normas e políticas que compõem o corpo legislativo da UE (todo o acervo) e a adesão aos objetivos de união política, económica e monetária.

A Ucrânia introduziu as milícias nazis (Sector Direita, Bandera e Azov) nas forças de defesa e segurança nacionais, nazificando o Estado. A Ucrânia baniu os partidos comunistas e outras forças de esquerda. Zelensky prendeu o líder da oposição e ilegalizou o seu partido. Os patrões de Zelensky dominam as mafias de Leste e lideram a corrupção. Segundo o relatório dos direitos humanos no mundo, publicado recentemente pelo Departamento de Estado dos EUA, na Ucrânia o Poder Judicial obedece às ordens do Poder Político. A tortura está institucionalizada. O sistema prisional é uma arma de terror contra os cidadãos. A Oposição foi banida, antes de 24 de Fevereiro passado.

Os direitos humanos na Ucrânia são gravemente espezinhados e, segundo a ONU, as forças armadas nazificadas cometiam um autêntico genocídio no Leste do país, até 24 de Fevereiro. 

Zelensky e a sua quadrilha de nazis não respeitam as minorias e em vez de as protegerem, prendem, torturam e matam. Os ucranianos russos até foram impedidos de votar. A Ucrânia não cumpre um único princípio nem critério. Está a anos-luz dos Critérios de Copenhaga. Úrsula von der Leyen é mentirosa. Apenas quer mais sangue e vidas dos ucranianos para “enfraquecer a Federação Russa”. Para nada! E ainda bem. Porque quando alguém se sente fraco e encurralado, pode reagir de uma forma irracional. Cutucar a maior potência nuclear do mundo pode ser má ideia. 

Desaforos para casa, não levo. Vamos partir a loiça! A guerra da OTAN (ou NATOI) do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) e da União Europeia contra a Federação Russa por procuração passada a Zelensky e à sua quadrilha nazi, serve também para erguer uma barreira humana aos negros e asiáticos refugiados dos países onde as potências ocidentais roubam petróleo, gás e outras matérias-primas valiosas. Os milhões de ucranianos que não conseguem fugir, são carne para canhão e figurantes para a ficção dos Media ocidentais. Os refugiados são mão-de-obra barata, para substituir negros e asiáticos. Com loiras e loiros de olhos azuis, os senhores da guerra ficam mais confortáveis. Racismo!

Para desviar as atenções, dizem que estão preocupados com a fome em África. Eles que são os donos da fome, os ladrões, os corruptos, os salteadores, os esclavagistas, os colonialistas. Eu não esqueço! Vim do mato, sei o que é a escravatura, o racismo, a arrogância dos ocupantes. Deus, acostumado ao banditismo, perdoa-vos. Eu nunca, jamais em tempo algum.

Desaforos, não levo e nunca levarei para casa, querida amiga e camarada. De repente, os falsificadores da História, dos Direitos Humanos e da Justiça atiraram-nos à cara com as ossadas de Ilídio Ramalhete. Misturadas com o perónio de Monstro Imortal e o cóccix de Nito Alves. Procurei logo saber como, tantos anos depois, apareceu esta nova personagem na direcção política e militar dos golpistas assassinos. Descobri.

Ilídio Ramalhete foi um dos operacionais da DISA que nos primeiros momentos do golpe tomou de assalto a sede da segurança nacional. Era especialista em vigilância visual, escutas e criptografia. O seu chefe directo era Zé Mingas, o mais alto quadro da DISA na direcção política e militar do golpe de estado. Ramalhete foi um dos que forneceu informações sobre os dirigentes do MPLA, altas figuras do Estado e das FAPLA a eliminar ou neutralizar durante a execução do golpe. Assassino de primeira! A sorte dos comandantes das FAPLA, do ministro Saidy Mingas e dos altos funcionários do Estado assassinados, é que os familiares dos golpistas já lhes perdoaram. Caso contrário, seriam assassinados todos os anos, pelo menos enquanto Francisco Queiroz for ministro.

As angolanas e os angolanos que enfrentaram os golpistas e os derrotaram também foram perdoados. Mesmo assim, cuidado! Está aberta a caça às Heroínas e Heróis Nacionais, vivos ou mortos. Nunca fiar. 

*Jornalista

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