sexta-feira, 24 de junho de 2022

TURQUIA AINDA FECHA A PORTA À ENTRADA DOS ESCANDINAVOS NA NATO

Conferência da NATO em Madrid não vai trazer boas notícias para os escandinavos: Turquia volta a dizer que não aceita adesão

Há "espaço para negociar", há "reuniões bilaterais" agendadas, e não há "limite de tempo para concluir uma adesão". Foi com estas expressões que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia deixou claro, esta quinta-feira, que as propostas da Suécia e da Finlândia para responder às preocupações de segurança da Turquia com os curdos ainda não são suficientes para que Ancara dê luz verde às entradas na NATO

O governo turco não está a ponderar levantar o bloqueio à entrada da Finlândia e da Suécia na NATO, pelo menos não a tempo da reunião dos líderes da Aliança Atlântica, marcada para os dias 29 e 30 de junho, em Madrid.

Não existe uma data para a conclusão de um processo de entrada de novo membro, pelo que ainda há espaço para discussão. No entanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlüt Çavuşoğlu, já furou o balão das expectativas para a conferência de Madrid ao dizer esta quinta-feira, em conferência de imprensa, que as propostas dos dois países escandinavos não convenceram o Governo turco a mudar de posição.

"As delegações da Suécia e da Finlândia estiveram na Turquia, nós partilhámos as nossas preocupações e expectativas por escrito e, em resposta, os dois países entregaram-nos um documento com as suas propostas. Ainda não nos pareceram suficientes”, disse Çavuşoğlu, citado pela agência de notícias EFE, ao lado da sua homóloga britânica, Liz Truss, que reforçou a posição contrária dizendo que apoia a 100% a entrada dos dois países na NATO.

A Turquia considera que tanto a Suécia como a Finlândia apoiam as reivindicações do povo curdo por mais direitos e mais autonomia dentro do país, sendo que autonomia não têm nenhuma e, no que respeita aos direitos cívicos, de liberdade de religião e expressão, de utilização da própria língua, de educação e mesmo de identidade, têm enormes limitações. Mas a Turquia defende-se, dizendo que as milícias curdas como o PKK, organização considerada terrorista não só pela Turquia como também pela União Europeia, provocam violência e instabilidade no país - e por isso Ancara não vê com bons olhos o facto de que ativistas pela causa curda tenham um palco livre para comunicarem com o mundo, a partir da Escandinávia.

Ancara exige que tanto a Finlândia quanto a Suécia aceitem extraditar determinadas pessoas, incluindo vários jornalistas curdos; e eliminar um embargo informal à venda de armas à Turquia, imposto após a invasão da Turquia no norte da Síria, em 2019.

"Mesmo que o protocolo de adesão tenha sido assinado, haverá um processo de ratificação pelos países membros da Aliança. Os nossos aliados estão a envidar todos os esforços para chegar a uma solução deste processo", sublinhou o ministro turco, sem no entanto deixar de reforçar, como já tinha feito outras vezes, que não há votos mais importantes que outros na NATO, nem preocupações mais urgentes do que outras.

“Se estes dois países querem ser membros devem cumprir certas coisas. Entendemos as suas preocupações de segurança, mas, se querem ser membros da NATO, as preocupações dos Estados-membros também têm de ser atendidas”, acrescentou o ministro. “Na cimeira de Madrid, estes assuntos serão discutidos e analisados ​​em reuniões bilaterais e em outras plataformas”, disse Çavuşoğlu.

O Presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, admitiu na terça-feira, numa conferência de imprensa com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, ser “pouco provável” que a questão esteja resolvida antes da próxima cúpula de líderes da NATO, pelo que é também pouco provável que a adesão finlandesa se conclua em setembro, com chegou a ser previsto - e o mesmo se pode dizer da Suécia. Niinistö acrescentou, porém, que houve "progresso" nas negociações, que continuam, e deixou a porta aberta a discussões mas profundas durante os dias da conferência.

A frustração dos finlandeses é grande, pelo menos do tamanho dos 1000 quilómetros de fronteira com a Rússia. O que ainda está por explicar é a razão que levou o Presidente turco, Recep Erdogan, a dar o 'sim', pelo telefone, logo após a invasão de 24 de fevereiro, a Sauli Niinisto - isto segundo o próprio Presidente finlandês. 

Expresso

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