sexta-feira, 5 de agosto de 2022

VAMOS MESMO PARA A TERCEIRA GUERRA MUNDIAL?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

Daqui a um mês, quando voltar de férias, poderei estar a escrever sobre a Terceira Guerra Mundial. Daqui a um mês, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão, Europa da NATO e outros satélites poderão estar a combater, simultaneamente, a Rússia, a China e respetivos aliados. Daqui a um mês, o maior potencial destruidor do planeta Terra pode estar a ser utilizado, em frenesim, num combate descontrolado entre todas as potências militares do mundo.

É este medo que a visita de Nancy Pelosi a Taiwan me coloca.

O sinal que dá esta viagem da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA a um território autónomo que a China reivindica como seu (e a ONU concorda) é terrível: depois das autoridades chinesas (em nome de três posições anteriores de reconhecimento da soberania chinesa sobre Taiwan, assinadas pelos líderes dos dois países) terem exigido que essa viagem não acontecesse, depois de tudo o que se passou e se passa na Ucrânia, que conclusão poderemos tirar?...

A resposta parece óbvia: é mesmo do interesse da maior potência do mundo encontrar uma desculpa para lançar a guerra generalizada no planeta, talvez convencida de que essa é a única maneira de manter a sua hegemonia.

A análise da liderança norte-americana, no seu egoísmo nacionalista (semelhante aos egoísmos imperialistas que levaram à I Guerra Mundial), pode até estar certa, mas a sua possível consequência custará milhões de vidas, uma destruição enorme, uma miséria descomunal e o fim da liberdade nas democracias - já declaradamente limitada desde que começou a guerra na Ucrânia.

Não é aceitável.

O paulatino esticar da corda da conflitualidade por parte dos norte-americanos (que entretanto deslocaram para a região mais quatro navios de guerra, incluindo um porta-aviões), na esperança de conseguir uma resposta militar do lado contrário que dê um pretexto "legitimador" para o combate - tática que resultou com Putin - deixa apenas uma esperança: que algum bom senso de última hora dos envolvidos alivie a tensão.

O problema é que o bom senso está a morrer, pois defronta a fúria aniquiladora dos predadores económicos que competem entre si, atrás das lideranças políticas das grandes potencias mundiais.

Esse agentes cercam o raro bom senso com o insulto da traição à pátria e a demagogia de uma hipócrita defesa de superiores valores morais, decorada com apelos subliminares à xenofobia e ao racismo. É o que temos visto, esfuziantemente, desde 24 de fevereiro...

A irracionalidade estúpida que este ambiente de conflito mundial instalou atinge já as coisas mais pequenas e corriqueiras, como se vê em três exemplos de debates públicos, nas últimas semanas, ocorridos no burgo lusitano:

- Um presidente da Assembleia da República que diz palavras sensatas e, até, entusiasmantes (aplaudo de pé) contra o racismo e a xenofobia num dos poucos momentos em que não podia estar a dizê-las: precisamente quando arbitra a discussão de uma proposta do Chega sobre o tema, no parlamento que deveria dirigir com imparcialidade.

- Um governo que critica publicamente (e bem) a ingerência da embaixada russa ao atacar um exercício legítimo da liberdade de expressão do cantor Pedro Abrunhosa. Só que não fez o mesmo quando houve um pedido de ilegalização do PCP feito pelo presidente da Associação de Refugiados Ucranianos, nem quando a embaixadora ucraniana da altura acusou os comunistas de participarem "numa campanha de desinformação russa". Isso não foi um atentado à liberdade de expressão e uma ingerência na vida interna do país? Porquê esta dualidade de critérios?

- E os mesmos furiosos defensores da liberdade de expressão de Pedro Abrunhosa, que usou esse direito para surfar a onda gigantesca anti-Putin, lançaram um debate arrepelado contra o exercício da liberdade dos artistas que decidiram ir à Festa do "Avante!" deste ano, um local onde a onda, bem mais pequena, é a dos que acreditam que ser anti-Putin até é razoável, mas é também terrivelmente insuficiente para chegarmos a uma paz justa e sustentável. Com defensores destes da liberdade de expressão, o futuro desta não é nada promissor...

Vou de férias. Volto em setembro, depois da Festa do "Avante!", se esses que tentam dominar a seu gosto a liberdade de expressão ainda deixarem.

*Jornalista

1 comentário:

mensagensnanett disse...

Depois de Napoleão, de Hitler, o patife Ocidental também vai cair na Russia.
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CONDIÇÃO DE PAZ N°1:
- discutir a devolução de riquezas a povos autóctones que reivindicam a liberdade de explorar as suas riquezas naturais através de empresas autóctones... e que foram impedidos de tal devido às SABOTAGENS SOCIOLÓGICAS PROMOVIDAS PELO PATIFE OCIDENTAL: sim, durante décadas o patife Ocidental fabricou situações de caos (guerras, revoluções, golpes, manipulação de campanhas eleitorais) em várias regiões do planeta -> aonde existiam governos não interessados em vender as suas riquezas...
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CONDIÇÃO DE PAZ N°2:
- discutir a criação de condições para que os povos não interessados em vender as suas riquezas a multinacionais... possam viver em segurança no planeta.
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Sim:
-> O PATIFE OCIDENTAL ESTÁ A INVESTIR NO SAQUE DA RUSSIA.
[um território imenso com apenas 140 milhões de habitantes]
--->>> armas da NATO para a Ucrânia e sansões económicas à Russia: o patife Ocidental espera, assim, colocar a Russia ao nível do tempo de Ieltsin: um caos.
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A 'barriga de aluguer' (vulgo mercenários de Zelensky) da guerra por procuração têm a Ucrânia controlada:
- milícias neonazis silenciam opositores: nomeadamente aqueles que defendem negociações de paz.
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Inúmeros focos de tensão (Iraque, Líbia, etc) fabricados pelo Ocidente XX-XXI... culminaram exactamente, inevitavelmente, fatalmente, no mesmo resultado: no caos... a exploração de riquezas passou a ficar na posse de multinacionais Ocidentais.
Mais,
o cidadão da NATO sonha com uma Russia ao nível do Iraque, Líbia, etc, isto é, sonha com uma Russia no caos... e... multinacionais Ocidentais a fazerem compras...
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Um foco de tensão criado pelos gurus da NATO em conluio com os mercenários de Zelensky:
- a ameaça de, via Ucrânia, estrangular a economia russa, leia-se: cortar o acesso da Russia ao oceano Atlântico.
[nota: depressa inventaram um pretexto para bloquear o transporte doméstico de mercadorias Russia <-> Kaliningrado]
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Mais:
- a 'barriga de aluguer' (vulgo, mercenários de Zelensky) do patife Ocidental, inspirados em Sun Tsu (dizem os 'políticos' ucraniânos), diz que os acordos de Minsk não eram para cumprir... destinavam-se apenas a ganhar tempo no sentido de tornar o exército ucrâniano mais poderoso.

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