sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Angola | A ARMA DO VOTO E AS ARMAS DA VIOLÊNCIA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

As autoridades informam que a campanha eleitoral decorre sem problemas. Pelos vistos foi ouvido o apelo da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) no sentido de nenhum partido concorrente, individualmente ou em coligação, divulgar mensagens ou protagonizar acções que conduzam à violência. A UNITA só está a cumprir na aparência. Porque na prática a situação é bem diferente e o partido só ainda não pôs Angola e ferro e fogo porque as forças de segurança estão atentas e não permitem que a agenda da violência e do caos seja cumprida.

Tal como em 1992, nas primeiras eleições multipartidárias, que o MPLA ganhou com maioria absoluta, nesta campanha eleitoral também existe muitíssima violência, protagonizada pela UNITA, mas por interpostas instituições ou pessoas, sedentas do dinheiro dos diamantes de sangue. Quem estiver atento, capta os sinais desta realidade, sem dificuldades. 

Hoje, o Novo Jornal, de sobrinhos e madalenos, dá espaço a um “investigador” da Universidade Agostinho Neto, Cláudio Fortuna, onde organizações conhecidas pela violência física e verbal são endeusadas. As suas acções violentas e insultuosas são apresentadas como “arte”. Aas redes sociais, onde circula o mais abjecto lixo mediático, onde se mente, manipula, insulta, agride verbalmente, são apresentadas pelo agente galináceo como a expressão máxima da liberdade e da intervenção cívica! Chega ao desvario mental de comparar as manifestações dessas organizações ao golpe de estado militar de 27 de Maio de 1977.

O “investigador” Fortuna nomeia e elogia várias organizações da “sociedade civil” que não são mais do que comités de acção da UNITA, pagas pela UNITA e financiadores estrangeiros do Galo Negro. Esqueceu-se de nomear o Movimento Levas no Focinho (MLF) que tem no seu programa o combate à somalização de Angola. Cuidado, galináceos! Esses activistas não brincam em serviço. Angola não é a Jamba nem um bantustão dos racistas sul-africanos. Muito menos o quintalão dos gringos. Ainda que alguém os tenha convencido de que já são os donos do bocado.

Três senadores democratas ultrapassaram tudo o que é admissível. Nem Al Capone, o gangster que ajudou a fundar o estado terrorista mais perigoso do mundo, ia tão longe no desvario. O senador Bob Mendendez, presidente do Comité de Relações Exteriores do Senado, Chris van Hollen e Bem Cardin, presidente do sub comité para África e Saúde Global, apresentaram ao Senado um “projecto de resolução” sobre as eleições em Angola! No texto, os três comilões dos diamantes de sangue da UNITA afirmam que Angola é um país “não livre”. Garantem que o MPLA intimida os jornalistas e controla os Media.

O documento exige às autoridades angolanas que permitam “a participação sem restrições de monitores eleitorais independentes”. Os três seguidores de Al Capone exigem também às autoridades angolanas para “anularem a proibição de sondagens durante as eleições”.

O projecto de resolução pede (aqui os subscritores não exigem) ao governo dos Estados Unidos da América “para responsabilizar as entidades oficiais angolanas por quaisquer tentativas de subverter o processo eleitoral”. Os gringos exigem que as autoridades angolanas convidem a União Europeia para “monitorizar” as eleições, nestes precisos termos: “Os senadores exigem que as eleições gerais de Angola tenham a presença de monitorização independente. Por isso devem ser feitos convites à União Europeia para enviar observadores, tal como o bloco europeu está pronto a fazer”.

Os bolsos dos três senadores pingam o sangue dos diamantes roubados pela UNITA ao Povo Angolano. O Fortuna, coitado, comparado com os seguidores de Al Capone não passa de um pobre ratoneiro de botijas de gás ou salteador de zungueiras. 

O N’Kilumbu, candidato a deputado nas listas da UNITA, também mostra uns pingos de sangue. Ele afirma que Angola não é um grande produtor de cereais mas já foi”. Mentira. Nunca foi. No tempo do colonialismo, porque as autoridades fascistas e colonialistas de Lisboa não deixavam produzir cereais. A política oficial impunha que as colónias importassem de Portugal todos os cerais. Depois da Independência Nacional era impossível cultivar fosse o que fosse. Angola foi invadida por exércitos estrangeiros e mercenários, em todas as suas fronteiras. A guerra durou até 2002. As províncias do interior eram campos de batalha. Milhões de camponeses e suas famílias fugiram para o Litoral e sobretudo Luanda. Muitos milhares foram assassinados pela UNITA e as tropas estrangeiras. Os racistas sul-africanos mataram dezenas de milhares de civis, sobretudo no Sul, Sueste e Sudoeste de Angola.

O sanguinolento N´ kilumbu descobriu isto: “ Não temos um olhar forte para a questão da agricultura. Desde que Angola se tornou independente, nunca o Orçamento de Estado apostou na agricultura acima dos três por cento”. Mais um galináceo descabeçado. Um manipulador irresponsável que quer ser deputado! Com uma guerra generalizada a todo o país, era impossível investir na Agricultura. Ainda hoje existem milhões de minas implantadas em áreas agrícolas. Ainda hoje temos equipas de desminagem. E ainda hoje temos uma acentuada desertificação humana nas províncias do interior. Anda hoje as angolanas e os angolanos sofrem os problemas da interioridade. Nestas circunstâncias, investir três por cento do Orçamento Geral do Estado na Agricultura é de aplaudir, nunca de condenar ou criticar.

Um tal Santos Verde, apresentado como “investigador” da Universidade de Oxford (aquilo está muito mal frequentado!) foi pago para recriar o ambiente político de 1992. Nessa época, de Washington vinham as ameaças dos lobistas da UNITA que dominavam a cena política dos EUA. Os jornalistas avençados, alguns deles criados do Mário Soares, diziam nos Media portugueses que o MPLA só tinha apoios no mundo rural e a UNITA dominava as cidades. 

O Santos Verde está a construir a mesma aldrabice. Leiam o que disse a um jornal português ligado a madalenos e sobrinhos:  “A percepção que tenho é que nas cidades a UNITA se está a reforçar, mas no campo o MPLA ainda é muito forte”. Quando os resultados eleitorais forem divulgados, as redes sociais, os artistas da “sociedade à civil” do Fortuna e os matadores do Abílio Camalata Numa entram em acção.

Alerta! Adalberto da Costa Júnior, no final de Fevereiro de 2002 ainda era o rosto e a voz dos belicistas da UNITA. Sofreu sanções da ONU, ele e a sua família. Só Portugal lhe deu guarida porque é português. A UNITA é um perigo para a existência de Angola livre e independente. A resposta só pode sere uma: Mobilização geral contra o Galo Negro e seus acessórios!  

*Jornalista

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