Artur Queiroz*, Luanda
O Joca Luandense fazia um muzongé com patas de galinha que era um luxo. Quando estava bem bebido sentava-se ao meu lado e ordenava: Escreve aí! Eu abria a minha hermes baby e escrevia o que ele despachava. Grandes crónicas! Únicas. Inigualáveis. Tudo se perdeu na precariedade da nossa vida de leões sem garras nem juba, escorraçados de todas as anharas. Muitos anos mais tarde conheci um repórter espantoso que usava mais ou menos a mesma táctica. Sentava-se ao meu lado e dizia: escreve aí mano! Grandes reportagens. Jornalismo de luxo. Pereira Dinis, um dos maiores repórteres angolanos de todos os tempos.
A sorte do repórter também é
isto, conhecer profissionais de grande categoria. Na Emissora Oficial de Angola,
uma redactora dava erros de ortografia muito graves. Um dia pedi-lhe para me
consultar quando tivesse dúvidas sobre a forma de escrever determinadas
palavras. Ela recusou. Eu tinha de perceber que as palavras se escrevem como
cada um quer: És um quadrado, não mereces ser chefe! Ela depois fez carreira
como jornalista
No Jornal de Angola criei quatro categorias de profissionais com os quais trabalhava todos os dias. Os que eram muito bons. Os que faziam grandes reportagens mas depois escreviam mal e organizavam a informação ainda pior. Os que escreviam bem mas não sabiam o que estavam a, escrever. E os que nem escreviam bem nem sabiam o que queriam escrever. Estes exigiam mais cuidados, consumiam mais tempo e atenção.
Depois ainda existiam os excepcionais. Não sabiam escrever, não queriam saber e alinhavam as palavras por alturas. Alguns eram colunistas de grande sucesso. E continuam alegremente a massacrar quem tem de tornar os seus textos publicáveis.
Dito isto, li no Jornal de Angola uma peça assinada por Adebayo Vunge com um título na interrogativa, o que atropela as normas básicas do texto jornalístico: “E se o problema na TAAG for dos trabalhadores?” Mas isso nem se pergunta! Claro que se uma empresa tem pessoal a mais, a culpa é dos trabalhadores. Se a administração não respeita os recursos humanos da empresa, a culpa é dos trabalhadores. Se os salários são rastejantes, a culpa é dos trabalhadores. Se a gestão é abaixo de péssima, a culpa só pode ser mesmo dos trabalhadores. Se compram aviões como quem compra grades de cerveja, a culpa só pode ser dos trabalhadores.
Já sabia, meu caro Adebayo Vunge, que tu ias longe! Eu fiquei pelo caminho. Cansei-me de dar pérolas a porcos. Porque os suínos são cada vez mais e tenho cada vez menos pérolas para oferecer. Que alguém tenha sucesso na vida, nem que seja a escrever alegremente disparates como quem faz sexo oral ao filho do Cacau e à dona Ana Major.
Aproveito para revelar que no meu tempo do Jornal de Angola, existiam grandes colunistas: Luís Alberto Ferreira, Arnaldo Santos, Fernando Costa Andrade (Ndunduma), Belarmino Van-Dúnem, Mário Pinto de Andrade, Filipe Zau, José Goulão. Todos excelentes. E depois tínhamos uma constelação de estrelas que escreviam com os pés e por sons. Mas nunca deixámos de publicar os seus hieróglifos. Ganhava a vida com o suor do meu rosto!
De repente as colaborações de alta qualidade desapareceram. Ficaram apenas os que tinham afinidades gramaticais com João Melo e o seu secretário de estado Celso Malavoloneke. Se eu tivesse juízo, no dia em que este energúmeno tomou posse, tinha o dever de romper com tudo o que cheirasse a poder do MPLA, enquanto ele estivesse no governo. Não tive coragem.
O Celso lançou sobre mim asquerosos ataques racistas no Semanário Angolense, quando o testa-de-ferro do pasquim era um bêbado da valeta, Graça Campos. O atacante racista era um produto acabado da UNITA, mas mais repugnante do que os galos negros originais.
O edifício do Ministério da
Comunicação Social tem sete andares e dois elevadores de serviço, Trabalham lá
quase 300 funcionários. A medida mais importante que a dupla João Melo-Celso
Malavoloneke tomou enquanto não foi corrida do poder foi esta: Um dos
elevadores do edifício só podia ser utilizado pelo ministro e pelo secretário
de estado. O outro era para o povo
Um esclarecimento em nome da verdade toda. O João Melo sofre de claustrofobia, por isso ia para o gabinete pelas escadas. Portanto, o galo da UNITA tinha um elevador só para ele. Atenção. Estou a falar de um ministério do Executivo apoiado pela maioria parlamentar do MPLA. O racista desavergonhado, hoje é membro do comité central do partido. E faz figura de ideólogo.
Faltas de respeito para com os trabalhadores, arrogância sem nome, ultrapassagem à UNITA pela direita, recrutamento de biltres como o Celso Malavoloneke e mesmo assim ganharam as eleições. É obra.
Hoje a TPA Notícias esteve quase uma hora a entrevistar um “perito” sobre a guerra na Ucrânia. A dona Úrsula von der Leyen quer um tribunal especial parra julgar os crimes de guerra cometidos pela Rússia. Como é? E o entrevistado. Pois é. Vem aí o holocausto nuclear. O presidente Biden avisou. A ponte da Crimeia a arder não justifica tanta violência dos russos. O Presidente João Lourenço falou ao telefone com o nazi Zekensky.
Amigos, amigos, mas no fim ficamos ao lado do estado terrorista mais perigoso do mundo! Será que o MPLA ainda existe mesmo? Cá para mim é apenas um pesadelo
*Jornalista
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