Frequentam instituições de ensino superior quase 70 mil alunos de nacionalidade estrangeira. Uma subida de mais de 10 mil estudantes relativamente ao ano passado.
São 69.965 os estudantes
estrangeiros que frequentam o ensino superior
Filomena Soares, vice-reitora da Universidade do Minho (UM), explica ao DN que os números revelam "uma subida de mais de 10 mil estudantes relativamente ao ano passado (período em que a pandemia teve reflexos significativos)". "Olhando para o período pré-pandemia, onde o número total era de 65.196 estudantes, podemos afirmar que voltou a verificar-se uma subida considerável. Esta é uma tendência que se tem verificado na última década. No que diz respeito às nacionalidades, continuamos a verificar uma subida acentuada dos estudantes originários dos PALOP, ainda que seja o Brasil que mais estudantes "envia" para o nosso país", avança.
Há 10 anos (ano letivo de
2012-2013) havia pouco mais de 31 mil estudantes estrangeiros a frequentar o
ensino superior
Estes dados foram apresentados na conferência "Será o nosso Ensino Superior inclusivo?", que decorreu na UM, em Braga, numa iniciativa conjunta de promoção internacional das 16 instituições de ensino superior membros do CRUP (Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas). Filomena Soares avança que o objetivo do encontro foi "perceber qual o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas universidades no que diz respeito ao processo de inclusão dos estudantes estrangeiros que escolhem fazer a sua formação superior em Portugal". "Para apoiarmos a inclusão destes alunos nas universidades portuguesas, elaborámos um programa onde colocamos as universidades a falar entre si. Temos consciência de que, como em qualquer processo evolutivo, há sempre espaço para melhoria e esta lógica faz ainda mais sentido no seio das universidades, que se assumem, por excelência, como espaços de mudança e implementação de práticas inovadoras", sublinha.
Na conferência foi também apresentado o estudo O Impacto Económico e Sociocultural dos Estudantes Internacionais em Portugal, que reflete as perceções de alguns estudantes internacionais em Portugal em relação ao seu sentimento de pertença ao país. O estudo conclui que "os estudantes, em geral, não têm os contactos que desejariam com a cultura e com os habitantes portugueses" e "identifica que a maior parte dos seus amigos em Portugal são outros estudantes internacionais", revelando, assim, a existência de "uma barreira entre os estudantes locais e os internacionais". Os estudantes inquiridos sentem "a necessidade de fomentar mais ligações afetivas com os locais, para melhorarem a sua experiência". Foram apontadas ainda outras dificuldades na partilha de culturas entre estes estudantes e os habitantes portugueses. Contudo, quando questionados se recomendariam a pessoas do seu país fazerem um programa de mobilidade em Portugal, a resposta foi positiva.
Escolas de medicina acolhem estudantes refugiados
Portugal tem também sido destino de muitos alunos refugiados. O acolhimento destes estudantes, explica Filomena Soares, tem por base "indicações gerais da tutela", mas "cada universidade, de forma autónoma, define os seus procedimentos internos". "Em qualquer caso, o estudante tem de apresentar previamente às instituições a Autorização de Residência ao Abrigo do Regime de Proteção Temporária. Não havendo uma contabilização conjunta das instituições de ensino superior em Portugal, pode ser destacada uma área em particular, que é a da medicina, onde as escolas a nível nacional se envolveram numa iniciativa conjunta e deram, face aos muitos pedidos registados, uma resposta de forma concertada, distribuindo os estudantes pelas diferentes faculdades", conta.
Cynthia Valente | Diário de Notícias
Imagem: O Brasil é o país de onde vêm para Portugal mais jovens para estudar. © Pedro Granadeiro/Global Imagens
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