terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Angola | ASSALTO AO SINDICATO E O INTESTINO GROSSO DA UNITA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A UNITA tem um problema insanável com a democracia e os seus dirigentes não querem aprender a viver segundo as regras democráticas. Ao longo da sua existência, o partido tem estado sempre do lado das ditaduras mais ferozes, desde a salazarista até ao nazismo de Pretória. Para isso teve que se apetrechar no mercado do terrorismo. 

Os dirigentes da organização são especialistas em terrorismo urbano e desde 1975 que demonstram as suas habilidades matando o Povo Angolano e destruindo tudo o que lhe aparece pela frente.

Para atingir os seus fins, a sua direcção nunca hesitou em aliar-se a ditadores africanos da estirpe de Mobutu. Ao mesmo tempo que se opôs de armas na mão aos que lutavam pela liberdade, os arautos do Galo Negro enchiam a boca com a democracia, numa mistificação grosseira da realidade política. Na frente legal e nos intervalos dos ataques armados à Pátria Angolana, usavam a arma insidiosa da mentira, que passou a fazer parte essencial do seu discurso político.

Se os dirigentes da UNITA quisessem viver em democracia já há muito tinham aprendido. Mas o que verificamos é um êxodo permanente de militantes e altos dirigentes, alguns fundadores da organização, exactamente porque perderam a esperança de algum dia existir no seu seio um clima democrático. 

Não vale a pena enumerar os altos dirigentes da UNITA que se afastaram da organização, porque perderam a esperança de algum dia verem instauradas no seu seio as regras da democracia. Mas alguns tinham tal valor que deixaram o partido na penúria absoluta. Só ficou quem não tem qualquer perspectiva de futuro na política. E esse é um grande problema para Angola. 

O regime democrático precisa de partidos bem estruturados e com uma base social de apoio sólida. Não é com mentiras que isso se consegue e muito menos com o seu aparecimento na cena política, apenas quando há eleições. A UNITA entrou nesse caminho. Na Assembleia Nacional apenas existe na folha de salários dos deputados. Nos círculos eleitorais prima pela ausência. 

Nenhum dirigente da UNITA aparece junto dos seus apoiantes ou votantes quando é preciso. Pelo contrário. Contados os votos, o partido fecha as portas. E para não desaparecer por completo, a sua direcção vai manipulando os jovens para manifestações e acções assumidamente de subversão da ordem democrática. Daqui a cinco anos, estão de volta para prometer um salário mínimo milionário, um poço de petróleo e uma mina de diamantes a cada angolano. Com uma oposição assim, a democracia angolana fica amputada de uma parte essencial da qual brota a alternância. Quem desaparece do diálogo e do combate democrático, jamais pode ser alternativa. 

A actividade política da UNITA enquanto partido que lidera a Oposição resume-se a financiar golpadas ridículas e declarações desmioladas do seu líder, Adalberto da Costa Júnior, um ser raro com cabeça mínima e o resto são tripas. É o intestino grosso do Galo Negro, de alta produção. Tem futuro garantido no circo como em tempos tinham os anões, as mulheres de barbas e burros de duas cabeças. 

Adalberto e os outros sicários da direcção do Galo Negro estão por trás do grande acontecimento literário que foi o lançamento do lixo da Luzia Moniz em Lisboa e do “assalto” do Teixeira Cândido ao Sindicato dos Jornalistas. O chefe da UNITA disse, sem se rir, que Angola é um Estado Terrorista. Imitou Zelensky mas sem voz grossa, deformada pelo kaporroto. Burro é burro, mesmo que seja eleito deputado e os maninhos lhe chamem chefe.

A UNITA fez tudo para impedir as eleições de Agosto. Começou por sabotar o processo do registo eleitoral. Lançou sobre um movimento cívico e participativo o anátema da fraude. A direcção do partido só percebeu que cometeu um erro grave quando verificou os resultados finais dos primeiros registos. Se tivesse aderido ao sistema e colaborado como se lhe exigia, os resultados tinham sido ainda melhores.

Perdida a “batalha” do registo eleitoral, a UNITA fez tudo para impedir a realização do acto eleitoral. E como sempre, lançou sobre as eleições a suspeita da fraude. Em vez de entrar no combate político, a direcção do partido elegeu a Comissão Nacional Eleitoral como sua principal adversária. A meio da campanha eleitoral ameaçou não ir a votos. Nas vésperas das eleições anunciou a impugnação dos resultados eleitorais que desconhecia em absoluto. A fraude continua a ser o único argumento capaz de esgrimir, agora que são conhecidos os resultados.

A UNITA conseguiu muito mais votos do que merece. Pelo trabalho realizado na mobilização dos eleitores, poucos ou nenhuns devia ter. A direcção do partido fez tudo para que o seu eleitorado não fosse votar. Temos de convir que é uma estranha forma de participar em eleições e ainda mais estranha concepção de democracia. 

O “apartheid” ruiu fragorosamente, mas a direcção da UNITA continua agarrada à velha máxima que lhe foi ensinada pelos nazis de Pretória: Se ganharmos as eleições, elas são livres e justas. Se perdermos, houve fraude. Os dirigentes da UNITA até agora não felicitaram os vencedores das eleições. Por isso, não assumem a derrota, ainda que tenham subido a votação e elegido 90 deputados. Para que servem, é outra conversa. Mas vou adiantando que se limitam a usufruir das mordomias milionárias e traficam os cargos. Espero que não se juntem aos deputados do MPLA para uma revisão constitucional que garanta um terceiro mandato ao Presidente João Lourenço. 

Quem serviu o regime fascista e colonialista de Lisboa, jamais conseguirá o respeito e o apoio do Povo Angolano. Quem serviu o regime de “apartheid” e não é capaz de pedir desculpas aos angolanos e ao mundo por isso, também não é capaz de aceitar as regras do jogo democrático. Mas de uma coisa a direcção da UNITA é capaz: Dizer que houve fraude eleitoral e ao mesmo tempo ir para a Assembleia Nacional usufruir dos salários e mordomias milionárias que competem aos deputados eleitos. 

Oportunismo mais rasteiro é impossível. Isto sim é uma imensa fraude. O partido bem merece o livro da Luzia Moniz, a apresentação da Francisca Van-Dúnem e o assalto do Teixeira Cândido ao sindicato que alguns jornalistas lhe confiaram. Tanto lixo só pode dar lixeira.

* Jornalista

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