quinta-feira, 19 de maio de 2022

Ramos-Horta toma posse como PR e garante o seu empenho no combate pela paz

TIMOR-LESTE

José Ramos-Horta tomou esta quinta-feira posse como Presidente da República de Timor-Leste. No dia em que se assinalam 20 anos da restauração da independência do país, Ramos-Horta reafirmou o seu empenho “no combate pela paz, pela fraternidade humana a nível nacional, regional e internacional”. O presidente eleito diz que “Timor-Leste é hoje um oásis da paz” e que vivem numa “democracia imperfeita mas pacífica”.

Dez anos depois, José Ramos-Horta volta a assumir a chefia de Estado de Timor-Leste. Às 00h00 horas locais, perante as delegações de mais de 30 países e as principais individualidades do Estado timorense, Ramos-Horta prestou juramento numa sessão solene de investidura do Parlamento Nacional, mas que decorreu num recinto aberto em Tasi Tolu.

"Juro
, por Deus, pelo povo e por minha honra, cumprir com lealdade as funções em que sou investido, cumprir e fazer cumprir a Constituição e as leis e dedicar todas as minhas energias e capacidades à defesa e consolidação da independência e da unidade nacionais", disse José Ramos-Horta no recinto de Tasi Tolu.

O juramento marcou o fim do mandato de Francisco Guterres Lú-Olo que, simbolicamente, cedeu a sua cadeira de honra a Ramos-Horta, eleito para um mandato de cinco anos. No dia em que se assinalam 20 anos da restauração da independência do país, Ramos-Horta reafirmou o seu empenho “no combate pela paz, pela fraternidade humana a nível nacional, regional e internacional”.

"Tenho a honra de tomar posse num aniversário pleno de significado para a nossa história nacional. Passados vinte anos, é importante relembrar o extraordinário exemplo de unidade e comunhão do povo timorense e dos seus líderes durante o período da Luta pela Independência", afirmou.

No seu discurso de tomada de posse, em português, inglês e tétum, o presidente eleito afirmou que “Timor-Leste é hoje um oásis da paz”. “Vivemos numa democracia imperfeita mas pacífica, sem registo de qualquer violência política, étnica ou religiosa”, acrescentou.

“A partir deste oásis e tranquilidade reafirmo o meu empenho no combate pela paz, pela fraternidade humana a nível nacional, regional e internacional, independentemente de ideologias, religião ou organização social”, garantiu Ramos-Horta. O chefe de Estado de Timor-Leste agradeceu a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, destacando que “Portugal tem sido um verdadeiro amigo solidário, generoso, persistente em todos os momentos difíceis” do país.

“É no quadro do multilateralismo e da promoção do respeito e da amizade entre países soberanos que eu proponho o desenvolvimento da política externa de Timor-Leste”, afirmou.

Erradicar a pobreza e a fome

O novo presidente do país estabeleceu a erradicação da pobreza e da fome como prioridades para os próximos cinco anos.

No discurso desta quinta-feira, José Ramos-Horta pediu um esforço conjunto "nos próximos cinco a dez anos" nas "prioridades nacionais incontornáveis", como educação e saúde.

Ramos-Horta destacou ainda a necessidade de medidas em áreas-chave como agricultura, segurança alimentar, nutrição e água potável, considerando que as sucessivas crises alimentares "deviam ter já provocado uma reflexão profunda e decisões céleres sobre a extrema importância de maior investimento neste setor", para garantir a "soberania total", defendeu.

Entre outros aspetos, destacou a criação de um Fundo do Café, culturas e criação de pequenos animais e aquacultura "que garantam a segurança alimentar" e com a paralela promoção do turismo comunitário nessas regiões, bem como a captação de água para evitar secas prolongadas.

José Ramos-Horta foi primeiro-ministro de Timor-Leste entre 2006 e 2007 e, depois, chefe de Estado entre 2007 e 2012. A 19 de abril deste ano, foi então eleito Presidente da República pela segunda vez, com 62,09% dos votos, derrotando o atual chefe de Estado, Francisco Guterres Lú-Olo, numa repetição do que ocorreu em 2007.

Em 1996, Ramos-Horta foi laureado com o Nobel da Paz, juntamente com o então administrador apostólico de Díli, Ximenes Belo, pelos seus contributos no esforço para terminar com a opressão vigente em Timor-Leste. Ramos-Horta foi o rosto da diplomacia timorense junto das instituições internacionais na autodeterminação do povo de Timor-Leste. 

RTP | Lusa | Imagem: António Cotrim/Lusa

"Contra todos os argumentos" Timor-Leste "resistiu, persistiu e venceu" -- Marcelo

Marcelo Rebelo de Sousa está, esta quinta-feira, em Timor-Leste, para assinalar as comemorações da restauração.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa está, na manhã desta quinta-feira, em Timor-Leste, onde recorda a luta timorense e visita o cemitério de Santa Cruz, em Díli, palco do massacre de 12 de novembro de 1991, onde o povo se refugiou durante a guerra e rezou em português.

Marcelo frisou que "contra todos os argumentos da geopolítica, localização geográfica e de estar em condições, para muitos, de isolamento do mundo", Timor-Leste, "apesar disso tudo, resistiu, persistiu e venceu".

O Presidente acredita que caso as imagens não tivessem circulado para fora do país, a história teria sido "certamente outra", no entanto, essa divulgação permitiu dar a conhecer "uma mistura que é muito identitária de história, de cultura, de tradição nacional e de componente religiosa e, naturalmente, de afirmação da língua portuguesa que era uma maneira de rejeitar a língua do invasor". 

Defendeu que "com o que sabemos hoje do povo timorense sabemos que chegaria sempre à independência" o que, nas suas palavras, poderia levar mais algum tempo sendo que demorou oito anos até ao referendo e 11 até à independência e "não seria necessário a resistência, mortes, sacrifícios, prisões, ignorância e dominação sobre uma cultura e uma identidade nacional muito forte”.

O chefe de Estado português revelou sentir "uma emoção muito forte" no cemitério onde o povo timorense se refugiou, visto que "é ver o local onde tudo se passou" e pode imaginar-se até "como se terá passado". Marcelo relembrou que este foi "o último refúgio contra os invasores", mais precisamente a capela onde se esconderam.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visita pela primeira vez Timor-Leste entre hoje e domingo, por ocasião dos 20 anos da restauração da independência e da posse de Ramos-Horta como chefe de Estado timorense.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou a Díli acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho. Em Díli encontra-se também, em representação do parlamento português, a vice-presidente Edite Estrela, deputada do PS.

Durante a visita oficial, centrada na capital, Díli, Marcelo Rebelo de Sousa irá também inaugurar a nova Embaixada de Portugal e encontrar-se com a comunidade portuguesa.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Getty Imagens

Zakharova alerta que os EUA preparam provocação apocalíptica na Ucrânia

Maria Zakharova acusa os EUA de manipular a opinião pública, estabelecendo as bases da informação para ataques de bandeira falsa.

A diretora do Departamento de Informação e Imprensa do Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa, Maria Zakharova, alertou que os EUA estão preparando a opinião pública e mobilizando-a para aceitar que a Rússia vai lançar uma bomba nuclear.

Zakharova havia avisado por meio de seu canal Telegram que três publicações americanas especularam simultaneamente sobre como, quando e por que a Rússia lançaria uma bomba nuclear. Isso, de acordo com Zakharova, são os EUA estabelecendo as bases de informações necessárias para lançar uma provocação em grande escala, resultando no lançamento de armas nucleares. Em suas próprias palavras, a diplomata qualificou a possível provocação como “apocalíptica”.

 Esta não é a primeira vez que a Rússia comenta a possibilidade de uma provocação de bandeira falsa . No início de março de 2022, o Ministério da Defesa russo alertou, em várias ocasiões, que os militares e grupos nacionalistas ucranianos estão planejando graves provocações para culpar Moscou. Até agora, o Ocidente ignorou as preocupações e advertências da Rússia. 

A Rússia também divulgou documentos que pretendem demonstrar que os Estados Unidos estavam patrocinando pesquisas de armas biológicas em muitas instituições ucranianas. As autoridades americanas chamaram as alegações de Moscou de "desinformação", embora tenham reconhecido a existência das instalações , e o governo dos EUA admitiu trabalhar com a Ucrânia para "consolidar e salvaguardar doenças e venenos de importância para a segurança".

Igor Kirillov, chefe da defesa contra radiação, química e biológica das forças armadas russas, informou que as forças russas encontraram 30 laboratórios biológicos na Ucrânia , possivelmente usados ​​para desenvolver armas biológicas.

Existem três áreas principais em que o trabalho nos laboratórios está sendo realizado. De acordo com o Pentágono, os laboratórios monitoram a situação biológica em áreas propostas para implantação da OTAN, coletam e exportam cepas de microorganismos perigosos para os Estados Unidos e realizam trabalhos de pesquisa sobre potenciais agentes de armas biológicas específicas para regiões específicas com focos naturais e podem ser transmitida aos humanos, observou Kirillov.

Mais tarde, em março, Washington e seus aliados acusaram Moscou de se preparar para implantar armas químicas na Ucrânia, mas a Rússia negou as alegações e sugeriu que Kiev pode estar organizando um ataque de "bandeira falsa" para colocar a Rússia a provocar a intervenção da Otan. 

Os Estados Unidos já haviam usado o método de bandeiras falsas em Douma, na Síria. Mais tarde, em abril, fez o mesmo ao culpar os russos pelo massacre de Bucha. O presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou relatos da descoberta de centenas de corpos de civis na cidade de Bucha, nos arredores da capital ucraniana, Kiev, após a retirada das tropas russas.

Putin comparou as acusações com as do suposto uso de armas químicas na Síria.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, disse que a Rússia tentou convocar o Conselho de Segurança da ONU sobre as provocações em Bucha, destacando que o órgão recusou a convocação de Moscou para uma sessão. "A segunda tentativa de Moscou de convocar o Conselho de Segurança da ONU [sobre Bucha] falhou."

"Deixe-me lembrá-lo que exigimos uma reunião do Conselho de Segurança da ONU ontem. Nossos colegas britânicos, que agora presidem o Conselho de Segurança, se recusaram a fazer isso. Nossa tentativa de hoje também não teve sucesso", disse ele em entrevista coletiva com a Liga Árabe. Grupo de contato sobre a Ucrânia em Moscou. 

Zakharova disse, na quinta-feira, que “são pensamentos, e não palavras, atribuídos aos representantes da Rússia” pelas agências de notícias ocidentais.

Al Mayadeen com agências

Leia mais em Al Mayadeen:

Congressista dos EUA acusa colegas de fazer guerra por procuração contra a Rússia

OBSERVADORES DOS CRIMES DE GUERRA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O senhor presidente Biden anunciou solenemente que os EUA vão criar um “observatório “ para apurar os crimes de guerra da Federação Russa na Ucrânia. É, seguramente, o único país com credibilidade e autoridade para tal tarefa. O seu braço armado, OTAN (ou NATO), teve um desempenho muito competente na Jugoslávia, matando 140.000 civis e provocando quatro milhões de refugiados ou desalojados. É muita experiência na prática de crimes de guerra.

Nesta matéria sou um incompetente. Por isso não sei como qualificar os voos secretos da CIA que serviram para transferir ilegalmente milhares de cidadãos inocentes, torturá-los, escondê-los em prisões secretas e matá-los. O esquema era muito simples. As forças repressivas do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) prendiam cidadãos, de preferência árabes, metiam-nos em aviões não identificados e levavam-nos para cárceres secretos em países peritos em matar e torturar prisioneiros. 

Eis os nomes desses países com democracias acima de qualquer suspeita: Reino Unido, Alemanha, Polónia, Canadá, Jordânia, Iémen, Portugal e Finlândia. Lisboa e Helsínquia apenas reconheceram ter autorizado o uso do espaço aéreo e aeroportos para os voos secretos da CIA. A coroa de glória dos EUA é o Iraque. A coligação militar que liderou, causou mais de um milhão de mortos e três milhões deslocados ou refugiados. Mais a prisão de Abu Ghraib, uma pequena cidade prisional construída em 1960 pelos colonialistas britânicos. Naquela prisão aconteceram torturas e execuções sumárias. Em 2004, tinha mais de 7.000 prisioneiros suspeitos de terrorismo. Um relatório da Cruz Vermelha Internacional diz que “90 por cento das pessoas mantidas presas em Abu Ghraib não são culpadas de nada e muitas foram presas sem motivos, pelas patrulhas norte-americanas”.

Isto acabou mal. Janis Karpinski, a responsável por todas as instalações prisionais no Iraque ocupado, foi despromovida a coronel. Mas quase todos os soldados e oficiais envolvidos não foram sequer acusados. Em 2004, George W Bush Bush pediu desculpas públicas pelos crimes dos EUA na prisão de Abu Ghraib, garantindo que essas práticas são proibidas nos EUA.

Pior a emenda do que o soneto. Porque todos conhecemos os “Manuais KUBARK”, nome oficial dos chamados "Manuais de Tortura" usados pela CIA  e as forças militares norte-americanas no mundo. O cardápio até inclui experiências médicas em  seres humanos prisioneiros, como faziam os nazis no campos de extermínio.  

Os Manuais recomendam que as pessoas sejam detidas s de madrugada. Apanhadas desprevenidas, ficam em choque. Assim submetem-se facilmente aos torturadores.  No momento da detenção, as vítimas são imediatamente vendadas e despidas até ficarem, completamente nuas. Depois são colocadas em isolamento total e impedidas de dormir. Os manuais da CIA recomendam que as salas de interrogatório não tenham janelas, sejam à prova de som, muito escuras e sem instalações sanitárias. Os torturadores devem aplicar aos prisioneiros dor física (o mais possível), hipnose e uso de drogas alucinógenas.

O antigo vice presidente Dick Cheney  guardou para si cópias dos manuais de tortura, que foram preparados pela CIA e o Exército. Praticamente todos os países da América do Sul e Latina enviaram pessoal para formação na chamada Escola de Assassinos, dirigida pela CIA. O observatório de crimes de guerra da Federação Russa na Ucrânia está em boas mãos. O Poder Judicial, naquele país, como foi denunciado por Antony Blinken, recebe ordens do poder político que é de raiz nazi. Tudio se conjuga para o “observatório” ter êxito. 

O primeiro-ministro português, António Costa vai ao beija-mão de Zelensky. Só não se sabe quando. O presidente da Assembleia da República, Santos Silva, também vai. Hoje falou demoradamente com o seu homólogo ucraniano. Um dos temas tratados foi a adesão da Ucrânia à União Europeia. É já amanhã. Não posso afiançar nada mas devem ter falado de um episódio macabro, que aconteceu no passado dia 17 de Maio. Vyacheslav Shevchuk, um oficial do Serviço de Segurança da Ucrânia (a PIDE do Zelensky) abateu seis militantes do partido maioritário (Servo do Povo), sem julgamento nem investigação, apenas porque defenderam a necessidade de negociar a paz!

Hoje o jornalismo português subiu imensos furos na  sua credibilidade. Um repórter da CNN Portugal deu a notícia do século. Numa cidade ucraniana que esteve ocupada pelas forças russas, foi encontrada uma vala comum com três corpos. Disse o repórter prémio nobel do jornalismo: “os três cadáveres apresentavam sinais do que foram mortos a sangue frio pelos russos”. As tropas da Federação Russa retiraram há mais de um mês e os corpos ainda mostram sinais de que foram mortos a sangue frio. Uma pergunta ingénua: na TVI já não há jornalistas? E se há, admitem estas falsificações da profissão? Ou está todo o mundo à rasca para pagar o gás e o petróleo russo em rublos? 

Hoje vou dar notícias de fontes seguras e credíveis sobre as rendições em Mariupol. Primeira notícia. Ninguém do governo ucraniano tem a ver com o assunto. A Cruz Vermelha e a ONU nada têm a ver com o processo, é ´uma questão entre militares. Até à hora em que escrevo, renderam-se em Azovstal, desde 16 de Maio, “um  total de 969 soldados e oficiais, dos quais 80 feridos, sendo  55 graves”. Os principais comandantes nazis ainda não se renderam. Esta informação é do comandante da Brigada Vostok, Alexander Khodakovsky. Também revelou que já foram capturados 1.750 nazis. E nas catacumbas de Azovstal, segundo revelaram prisioneiros, ainda estão  2.500 membros do Batalhão de Azov.

A região de Donbass está cheia de cadáveres das Forças Armadas da Ucrânia. Militares ucranianos capturados andam a recolher os corpos dos colegas mortos. Serviço cívico e humanitário.

O presidente Milanovic da Croácia informou hoje que o seu país vai seguir “o exemplo da Turquia” e bloquear os pedidos de adesão à OTAN (ou NATO) da Suécia e da Finlândia. Confiem. A notícia é da Associated Press, braço noticioso da CIA.

*Jornalista

FINLÂNDIA E SUÉCIA PÕEM EM CAUSA A SUA TRADICIONAL NEUTRALIDADE

Recorde-se que, entre 1973 e 1975, se realizou em Helsínquia (Finlândia) a Conferência sobre Segurança e Cooperação na Europa, cuja Acta Final consagra os princípios da sua segurança e cooperação.

AbrilAbril | editorial

A confirmação da adesão da Finlândia e da Suécia à NATO significará uma viragem na política externa destes países e colocará em causa a sua tradicional neutralidade.

O anunciado alargamento da NATO à Finlândia e à Suécia, por um lado, representa um sério agravamento da tensão na Europa e na situação internacional. Por outro, a concretização da adesão destes países nórdicos significará um salto qualitativo no processo de alargamento da NATO e da sua presença junto às fronteiras da Rússia o que, aliás, constitui um dos factores que está na origem da actual guerra na Ucrânia.

Os cinco alargamentos da NATO verificados desde 1999 não só contrariam compromissos assumidos desde a reunificação alemã, em 1990, como também têm sido acompanhados da promoção de forças hostis à Rússia, nomeadamente através da instalação de equipamentos e de provocações militares cada vez mais próximas das suas fronteiras.

O alargamento da NATO à Finlândia e à Suécia não é uma questão nova, nem é determinada pela segurança destes países. Pelo contrário, dá continuidade a um processo que se iniciou em 1994, quando a Finlândia e a Suécia aderiram à chamada Parceria para a Paz da NATO. Como sublinha a própria Aliança Atlântica, ambos os países têm sido «dos mais activos parceiros» deste bloco político-militar, participando, inclusive, nas ocupações nos Balcãs, no Afeganistão ou no Iraque.

Talvez, por isso, Vladimir Putin tenha assegurado esta semana que a adesão à NATO da Finlândia e da Suécia – países com tradições democráticas e sem os efeitos de movimentos neonazis, como acontece na Ucrânia – não será um problema para a Rússia, a não ser que seja acompanhada da colocação de armas e de instalações militares naqueles países.

Entretanto, também os dois países nórdicos parecem querer pôr água na fervura, com o parlamento finlandês, ao mesmo tempo que aprova a adesão à NATO, a assumir que quer manter um relacionamento equilibrado com a Federação Russa. Quanto à Suécia, fala na recusa em aceitar no seu território a instalação de armas e bases militares.

Imagem: Shutterstock

PEQUENA CRÓNICA DE UM GRANDE BANDIDO DOS EUA, GEORGE W. BUSH


Imagem escolhida neste Página Global desta quinta-feira, 19 de maio. Começamos pelo convite a verem o vídeo mostrado no Jornal de Notícia neste link . Tem prosa que melhor esclarece. 

O protagonista é George W. Bush, ex-presidente dos EUA. Filho de outro Bush ex-presidente de má memória, mas nesses anos do Bush pai presidente, o filho Bush júnior queria era andar drogado e bêbado a fazer disparates, alguns muito graves. Tendencialmente criminosos (viu-se que filho de presidente safa-se). É desse, na foto e vídeo, que trazemos uma "gafe" e a explanação textualizada correspondente. Salientamos, para os que não têm paciência para ver/ouvir tal bandido, aldrabão e provavelmente ainda bêbado e drogado, o seguinte:

Fugiu-lhe a consciência e a boca para a verdade

“O 43.º presidente norte-americano condenou, durante um discurso em Dallas, nos EUA, a invasão russa à Ucrânia, mas na hora H trocou os países e disse Iraque. "A decisão de um homem lançar uma invasão completamente injustificada e brutal no Iraque", afirmou George W. Bush, antes de se corrigir rapidamente. A idade, 75 anos, foi usado como justificação para a gafe.”

Refere ainda o texto no JN:

“Duas décadas depois de ordenar uma operação militar no Iraque, Bush continua a receber duras críticas por ter invadido o país asiático em 2003. Há mesmo até quem considere o antigo presidente um criminoso de guerra - o mesmo rótulo que alguns deram a Putin após a invasão da Ucrânia no início deste ano, que foi considerada pela comunidade internacional como ilegal e desumana.”

Pois. Finalmente, o Bush bêbado e drogado (ex ou ainda atual, não sabemos) conseguiu dizer uma grande verdade, E exatamente por tudo de mau e mal que se passou no Iraque (sorte para o lambe-botas Durão Barroso), pela trama e pelos crimes evidentes, Bush filho, aos 75 anos, consegue livrar-se de ser criminalmente julgado pelas ações e mentiras de que foi autor moral durante a sua presidência dos EUA. Safa-se até agora como anteriormente mais jovem e filho do tenebroso papá se safou...

Mais palavras para quê? Basta definir como “quem sai aos seus não degenera”. Para o bem e para o mal. No caso da família Bush tem sido para o mal… E de tantas outras, como provado exaustivamente.

Bom dia e boa Imagem Escolhida.

Redação PG

Desenvolvimento de armas biológicas dos EUA na Ucrânia pode ser um erro fatal

#Traduzido em português do Brasil

James ONeill*

O que agora está emergindo em plena vista é o desenvolvimento de armas biológicas na Ucrânia pelos americanos. Este programa existe há vários anos, organizado pela liderança do Partido Democrata, que por sua vez se beneficiou de doações de empresas dos principais organizadores do programa. Essas empresas incluem Pfizer, Moderna, Merch e Gilead, todas com conexões estreitas com o Pentágono e doadoras substanciais do Partido Democrata.

O que os americanos têm feito é testar novas drogas na Ucrânia, toda essa ação sendo não apenas em segredo, mas também em violação às normas internacionais de segurança. Evidências em apoio a essas alegações foram recentemente apresentadas por Igor Kirillov em seu papel como chefe da Força Russa de Proteção contra Radiação, Química e Biológica. As evidências apresentadas por Kirillov demonstram que o uso da Ucrânia não apenas oferece oportunidades de sigilo, mas também tem um custo menor e, portanto, oferece mais vantagens competitivas.

De acordo com as evidências apresentadas por Kirillov (New Eastern Outlook , 14 de maio de 2022), as empresas farmacêuticas dos Estados Unidos trabalharam em conjunto com o Pentágono “ocultando atividades ilegais, realizando ensaios clínicos e de campo e fornecendo o biomaterial necessário”

O objetivo da pesquisa não foi apenas fornecer uso militar para as duas atividades técnicas, mas também realizar ensaios clínicos sobre o uso do biomaterial. A pesquisa, segundo Kirillov, reuniu informações sobre a resistência a antibióticos a certas doenças em diferentes regiões da Ucrânia e também permitiu que a pesquisa fosse realizada fora do controle da comunidade internacional, que há muito se opõe à pesquisa nessa área.

O que também está ficando mais claro é que o programa de armas biológicas dos Estados Unidos em andamento na Ucrânia foi uma das principais razões para o lançamento da ofensiva russa em fevereiro deste ano contra as forças ucranianas reunidas no Donbass. É claro que as forças ucranianas estavam prestes a lançar ataques maciços ao Donbass, apesar dos protestos em contrário do presidente da Ucrânia.

As mentiras e enganos dos ucranianos são a principal razão pela qual os russos se recusaram a se envolver em novas negociações com eles. As partes chegaram a um nível de acordo nas negociações que foram realizadas em Istambul no início deste ano. O acordo ucraniano durou apenas até o presidente retornar à Ucrânia. Ele obviamente foi pressionado pelos americanos que não estão interessados ​​em um acordo de paz. Isso ficou muito claro em declarações do secretário de Defesa dos Estados Unidos, que expressou seu desejo de ver os russos derrotados.

Os americanos também deixaram claro que a mudança de regime era uma alta prioridade para eles, embora seja difícil ver a lógica disso. Se Putin for removido do cargo de líder da Rússia, é muito provável que seu sucessor seja ainda menos tolerante com o comportamento dos Estados Unidos na região. Os russos estão bem cientes do que aconteceu na década de 1990 e não desejam ver qualquer repetição desse período.

Os russos, por sua vez, separados da ofensiva lançada no Donbass, exigiram uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas para apresentar mais provas do uso de laboratórios biológicos dos Estados Unidos na Ucrânia. Essa evidência será apresentada pelos russos, independentemente de qualquer tentativa dos Estados Unidos ou da Grã-Bretanha de frustrá-la.

É improvável que o desmascaramento russo da pesquisa de armas biológicas dos Estados Unidos na Ucrânia detenha os americanos. Isso é óbvio a partir dos movimentos anti-Rússia orquestrados pelos Estados Unidos que foram introduzidos após o envolvimento de fevereiro de 2022 na guerra pela Rússia. A orquestração dos europeus na postura anti-Rússia só se tornou mais difícil com a Ucrânia bloqueando o trânsito de gás russo através da Ucrânia para a Alemanha. Isso pode revelar-se um enorme erro de julgamento por parte dos ucranianos. A Europa não consegue sobreviver sem o gás russo, que fornece 40% de suas necessidades, incluindo aquecimento doméstico e funcionamento de suas fábricas.

Há pouca dúvida de que o movimento ucraniano foi instigado pelos americanos. É difícil entender a lógica do movimento. A redução do gás ucraniano terá efeitos terríveis sobre os europeus, que provavelmente não apreciarão os movimentos dos Estados Unidos que obviamente os prejudicam. Os europeus carecem de uma alternativa viável ao abastecimento de energia russo e serão forçados a negociar com os russos, apesar das propostas terrivelmente autodestrutivas da Comissão Europeia, liderada pela fanaticamente anti-russa Ursula van der Leyen.

Ironicamente, uma das consequências do movimento ucraniano pode ser mais negociações sobre a abertura do Nord Stream 2, atualmente em estado congelado graças à intransigência alemã. Pode ser tarde demais. Os russos estão obviamente cansados ​​do jogo europeu e estão fazendo grandes movimentos para enviar o gás Eastwood para os braços acolhedores, entre outros, da China e da Índia.

É um caso clássico de nações europeias com tiros no próprio pé. Suas refinarias são projetadas para tratar o gás russo. Mesmo que houvesse fontes alternativas de abastecimento, que não existem, sua capacidade de processar esses suprimentos é severamente limitada. Os europeus têm apenas a si mesmos para culpar. A realidade está finalmente penetrando nos cérebros de alguns líderes nacionais europeus e um número crescente está se recusando a cumprir os ditames de Bruxelas.

A guerra na Ucrânia também não está indo bem para os ucranianos, apesar das tentativas desesperadas da mídia ocidental de retratar as retiradas táticas russas como uma “derrota”. A exposição dos Estados Unidos pela Rússia – A tentativa da Ucrânia de introduzir armas biológicas também está se mostrando um grande erro tático. Os europeus estão bem cientes de que sua proximidade também os coloca em grave risco de contaminação.

A tentativa dos Estados Unidos de introduzir armas biológicas no Donbass é uma saga que ainda tem algum caminho a percorrer. Pode muito bem vir a ser o seu maior erro.

*Internationalista 36º

*James O'Neill é um ex-advogado sediado na Austrália.

Leia em Página Global:

'PESQUISA COVID-19' na Ucrânia 3 meses antes do COVID-19 existir

 O DOD (Departamento de Defesa) dos Estados Unidos emitiu um contrato para 'PESQUISA COVID-19' na Ucrânia 3 meses antes do COVID-19 existir oficialmente

O mundo começou a ouvir falar de um novo coronavírus no início de janeiro de 2020, com relatos de uma suposta nova doença semelhante à pneumonia se espalhando por Wuhan, na China. No entanto, o mundo não sabia do Covid-19 até fevereiro de 2020, porque foi apenas no dia 11 daquele mês que a Organização Mundial da Saúde nomeou oficialmente a doença do novo coronavírus Covid-19.

DIÁRIO OCIDENTAL DA GUERRA POR PROCURAÇÃO DOS EUA À UCRÂNIA NAZI

Rússia diz que 1730 soldados ucranianos se renderam em Azovstal desde segunda-feira

A embaixada dos Estados Unidos em Kiev reabriu esta quinta-feira depois de ter fechado no início da guerra, há quase três meses. Isto num dia em que os EUA anunciam mais 205 milhões de euros em ajuda alimentar para Kiev. A Ucrânia diz que a Rússia falhou objetivos militares no leste do país

MILHARES DE RATAZANAS UKRONAZIS ESTÃO A SAIR DA TOCA AZOVSTAL*

Cruz Vermelha registou centenas de prisioneiros de guerra saídos de Azovstal

A Cruz Vermelha internacional revelou hoje que registou centenas de prisioneiros de guerra ucranianos que deixaram o complexo metalúrgico de Azovstal, em Mariupol.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha disse que os registos de prisioneiros de guerra ucranianos, que incluíam combatentes feridos, começaram na terça-feira, sob um acordo entre a Rússia e a Ucrânia.

Adiantou, contudo, que a equipa da agência humanitária com sede em Genebra, que tem experiência em lidar com prisioneiros de guerra e trocas de prisioneiros, não os transportou para "os locais onde estão detidos", não especificando.

A Cruz Vermelha citou regras das Convenções de Genebra que devem permitir que a organização entreviste prisioneiros de guerra "sem testemunhas" e que os encontros não sejam "indevidamente restringidas". A organização não especificou quantos prisioneiros de guerra estavam envolvidos.

Lusa

UCRÂNIA NAZI FAZ-SE SEMPRE DE VÍTIMA… MAS QUER A GUERRA*

Ucrânia queixa-se de "tratamento de segunda classe" por parte de alguns países da União Europeia

O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, criticou o que entende ser "tratamento de segunda classe" à Ucrânia por alguns países da União Europeia nesta quinta-feira, depois de o chanceler alemão Olaf Scholz ter afirmado que a tentativa do país devastado pela guerra se juntar ao bloco não pode ser acelerada.

"A ambiguidade estratégica sobre a perspectiva europeia da Ucrânia praticada por algumas capitais da UE nos últimos anos falhou e deve acabar", escreveu Kuleba no Twitter, referindo que isso "apenas encorajou" o presidente russo, Vladimir Putin.

FALÁCIAS DOS AMIGOS DOS EUA E INIMIGOS DO POVO UCRANIANO*

Ucrânia diz que Rússia falhou objetivos militares no leste do país

O Estado Maior das Forças Armadas da Ucrânia disse hoje que as forças russas falharam nas últimas horas objetivos militares, especialmente no leste do país, onde concentram a atual ofensiva.

"As forças de ocupação russas empreenderam operações ofensivas e de assalto em quatro frente orientais e não tiveram êxito", disse o Estado Maior das Forças Armadas de Kiev numa nota publicada hoje na plataforma digital Facebook e citada pela imprensa local.

O "comando russo" que atua nas zonas ocupadas de Donetsk pretende mobilizar estudantes universitários para que participem em ações de combate devido à falta de outros reservistas, referem os responsáveis militares ucranianos.

Em Donetsk e na região de Lugansk, as Forças Armadas da Ucrânia reclamam ter neutralizado 16 ataques russos e destruído oito tanques, 16 veículos blindados especiais e seis carros de transporte de tropas.

Lusa

A IMPORTÂNCIA DA GUERRA PARA A NATO É O DOMINIO DOS POVOS E DO MUNDO*

NATO destaca que a guerra mostra a importância da moral das tropas

O presidente do Comité Militar da NATO, almirante Rob Bauer, destacou hoje que a guerra na Ucrânia mostrou que a importância da moral das tropas nunca deve ser "subestimada".

A baixa moral do exército russo e a alta motivação dos soldados ucranianos, que defendem o seu país da invasão do Kremlin, foram fundamentais para a Ucrânia resistir e o fracassar em alguns dos ataques e planos militares de Moscovo.

"Se há uma coisa que a guerra na Ucrânia nos ensinou, é que nunca devemos subestimar a importância da moral. Os 3,2 milhões de homens e mulheres que servem esta aliança sabem exatamente pelo que estão a lutar: a proteção da nossa liberdade e democracia", declarou Rob Bauer no início da reunião hoje em Bruxelas dos chefes de Defesa da Aliança.

Rob Bauer sublinhou que a NATO adaptou-se "às novas realidades da parceria euro-atlântica e ao ambiente de segurança".

Lusa

UKRONAZIS VICIADOS NA SENDA DO ÁLCOOL E DA MORTE DE CIVIS*

Forças ucranianas acusadas de matar pelo menos um civil numa vila russa

O governador regional da região russa de Kursk acusou as forças ucranianas de terem bombardeado uma vila russa perto da fronteira entre os dois países durante a madrugada de quinta-feira.

O ataque terá abatido pelo menos um civil, anunciou Roman Starovoit no Telegram, dando conta de que os projéteis terão atingido uma fábrica de álcool na vila de Tyotkino.

Segundo informações preliminares, a vítima mortal é um motorista de pesados que fazia entregas a uma destilaria local que foi atingida "repetidamente", acrescentou Starovoyt.

O governador acrescentou que outras pessoas ficaram feridas e estariam a receber tratamento médico.

DRIBLES, ATAQUES, DEFESA E CONTRA-ATAQUES - A NOVELA DA GUERRA*

Ataques russos em Luhansk e Donetsk na útima noite

O governador de Luhansk, Serhiy Haidai, deu conta de ataques aéreos na última noite que atingiu áreas civis em Loskutivka, Katerynivka e Orikhove, tendo ainda cortado a energia em Lysychansk.

"16 ataques inimigos foram repelidos em Luhansk e Donetsk na noite passada. Oito tanques, 17 unidades de veículos blindados de combate, quatro veículos blindados especiais e seis veículos inimigos convencionais foram destruídos. As unidades de defesa aérea derrubaram um caça-bombardeiro Su-34 inimigo", escreveu no Telegram.

A ONU QUER SOL NA EIRA E CHUVA NO NABAL…*

ONU pede que Rússia permita exportações de cereais ucranianos e que alimentos e fertilizantes russos cheguem aos mercados mundiais

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu esta quarta-feira que a Rússia permita as exportações de cereais ucranianos, e ao Ocidente, que permita o acesso dos mercados mundiais aos fertilizantes russos, para combater de forma eficaz a crise alimentar mundial.

Guterres alertou que a crise gerada pela invasão russa à Ucrânia, que se soma às mudanças climáticas, à pandemia e às desigualdades crescentes entre os países, poderá durar anos. "Se não alimentamos as pessoas, alimentamos os conflitos", disse Guterres numa reunião convocada pelos Estados Unidos na ONU para analisar a segurança alimentar global.

"A Rússia deve permitir a exportação segura de cereais armazenados nos portos ucranianos", disse o secretário, afirmando que "podem ser exploradas" vias de "transporte alternativas" para a saída marítima dos cereais armazenados em particular nos silos de Odessa, "embora saibamos que não será suficiente para resolver o problema". Ao mesmo tempo, "os alimentos e os fertilizantes russos devem ter acesso completo e sem restrições aos mercados mundiais", pediu o chefe da ONU.

AFP

David Pereira | Diário de Notícias

* Subtítulos assinalados de autoria PG

OS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO PARA REFUGIADOS DO OCIDENTE

#Publicado em português do Brasil

EUA, Reino Unido e Austrália mantêm verdadeiros currais humanos, para prevenir imigração em seus territórios. As vítimas do capitalismo global vivem aos milhares em Estados apátridas, sob dependência e incerteza extremas

Graham Harrison na Jacobin Brasil | em Outras Palavras | Tradução: Fabio Minervini

Desde o início dos anos 1990, vem emergindo um arquipélago transnacional de gulags onde migrantes têm sido escanteados forçadamente em campos e centros no mundo pós-colonial. Estes centros são parcialmente financiados por Estados ocidentais com o objetivo de restringir o movimento em direção ao Ocidente de pessoas que tiveram suas vidas destruídas. Fundamentalmente baseado em uma lógica de segurança, o efeito deste financiamento é a militarização das políticas migratórias e a desvalorização dos direitos humanos. E o mais surpreendente, criou-se um mundo onde milhões de pessoas existem em um Estado apátrida, com dependência e incerteza radicais. É difícil de imaginar um Estado de existência mais desesperador.

É um processo que se estende por todo o Ocidente. O órgão da União Europeia responsável por propor políticas migratórias, o EU Partnership Framework on Migration, conecta a ajuda europeia a medidas legais e logísticas em países parceiros. O objetivo é manter migrantes dentro das fronteiras do Sahel em vez de permitir que se movam através dos arriscados e complexos caminhos trans saarianos que conduzem à costa do Mediterrâneo e, possivelmente, à União Europeia. Em 2017, Níger foi o país que mais recebeu essa ajuda per capita no mundo. Esses recursos foram utilizados para a introdução de restrições legais de movimento, aumento de fiscalização nas fronteiras, programas de retorno de migrantes e material para serviços de segurança. Antes de seu fechamento, o complexo de campos de refugiados de Dadaab recebeu mais de 450 mil pessoas, principalmente somalis em condição de expatriação suspensa.

Desde 2001 (com um pequeno intervalo enquanto estes centros estiveram fechados) a Austrália direcionou refugiados vindos por mar para os “centros de processamento regionais” na ilha de Nauru, onde pessoas permaneciam por até cinco anos. O país mantinha apoio financeiro ao governo de Nauru que legislou efetivamente na direção da suspensão de movimento de refugiados e requerentes de asilo a caminho da Austrália. Em 2018, o governo dos Estados Unidos se ofereceu para receber alguns desses refugiados e, para isso, se utilizou de estruturas remotas de sua Polícia de Fronteira (US Border Patrol) estabelecidas no Iraque, Jordânia, Afeganistão, Colômbia, Haiti, Peru, Panamá, Belize, México, Quênia, Costa Rica, Ucrânia, Kosovo, Argentina, Honduras, Equador, Armênia, Tadjiquistão e Guatemala.

Descobrimos na semana passada que o Reino Unido assinou um acordo com Ruanda para redirecionamento de refugiados. Boris Johnson disse que os termos envolveriam potencialmente dezenas de milhares de pessoas incluindo o deslocamento de requerentes de asilo. O anúncio – feito pelo Primeiro Ministro e pelo Secretário de Estado de maneira profundamente ambígua – é parte da estratégia global de escanteamento descrita acima. Assim como na Austrália, nos Estados Unidos e na União Europeia, auxílios e outros financiamentos são alocados em um país remoto em troca do estabelecimento de estruturas nesses países para receber centenas de milhares de pessoas deslocadas e submetê-las a um Estado permanente de insegurança securitizada. E, mais importante, mantê-las longe das fronteiras do Ocidente.

JOGOS DE GUERRA NA TV SOBRE TAIWAN -- Caitlin Johnstone

#Publicado em português do Brasil

A NBC se uniu abertamente a um think tank financiado pelo Pentágono para começar a normalizar a ideia de uma guerra quente dos EUA com a China.

Caitlin Johnstone* | Consortium News

O Meet the Press da N BCacaba de transmitir um  segmento absolutamente bizarro  no qual a influente empresa de gerenciamento de narrativas Center for a New American Security (CNAS) executou jogos de guerra simulando uma guerra direta dos EUA com a China.

O CNAS  é financiado  pelo Pentágono e pelas corporações do complexo militar-industrial Northrop Grumman, Raytheon e Lockheed Martin, bem como pelo Escritório de Representação Econômica e Cultural de Taipei, que, como observa Dave DeCamp  , do Antiwar,  é a embaixada de fato de Taiwan nos EUA.

O jogo de guerra simula um conflito sobre Taiwan que, segundo nos informa, se passa no ano de 2027, no qual a China lança ataques aos militares dos EUA para abrir caminho para uma invasão da ilha. Não nos dizem por que precisa haver um ano específico inserido na consciência americana dominante sobre quando podemos esperar tal conflito, mas também não nos dizem por que a NBC está colocando em plataforma uma simulação de um think tank de máquina de guerra de um conflito militar com a China em tudo.

Acontece que o Centro para uma Nova Segurança Americana foi a casa do homem designado pelo governo Biden para  liderar a força-tarefa do Pentágono  responsável por reavaliar a postura do governo em relação à China. Esse homem, Ely Ratner,  está registrado  dizendo que o governo Trump foi insuficientemente agressivo em relação à China. Ratner  é agora  o secretário assistente de defesa para Assuntos de Segurança do Indo-Pacífico no governo Biden.

Acontece também que o Center for a New American Security  se gabou abertamente  de muitos de seus outros “especialistas e ex-alunos” que assumiram cargos de liderança sênior no governo Biden.

Acontece também que a  cofundadora do CNAS,  Michele Flournoy, que apareceu no segmento de jogos de guerra Meet the Press e já foi um  grande favorito  para se tornar o chefe do Pentágono de Biden, escreveu um  artigo de opinião de Relações Exteriores  em 2020 argumentando que os EUA precisavam desenvolver “a capacidade de ameaçar de forma crível afundar todos os navios militares, submarinos e navios mercantes da China no Mar da China Meridional em 72 horas”.

Acontece também que o CEO do CNAS, Richard Fontaine, foi destaque em toda a mídia de massa empurrando narrativas do império sobre a Rússia e a China,  dizendo à Bloomberg  outro dia que a guerra na Ucrânia poderia servir aos interesses de longo prazo do império contra a China.

“A guerra na Ucrânia pode acabar sendo ruim para o pivô no curto prazo, mas boa no longo prazo”, disse Fontaine. “Se a Rússia emergir desse conflito como uma versão enfraquecida de si mesma e a Alemanha cumprir suas promessas de gastos com defesa, ambas as tendências podem permitir que os EUA se concentrem mais no Indo-Pacífico a longo prazo.”

Acontece também que o CNAS é rotineiramente citado pelos meios de comunicação de massa como uma fonte autorizada sobre todas as coisas da China e da Rússia, sem nenhuma menção ao conflito de interesses decorrente do financiamento de suas máquinas de guerra.

Nos últimos dias, aqui está uma  entrevista recente da NPR  sobre a expansão da OTAN com o colega sênior do CNAS Andrea Kendall-Taylor, uma  citação do Washington Post  do colega do CNAS Jacob Stokes sobre a ameaça chinesa a Taiwan, uma  citação do Financial Times  do CNAS “Especialista do Indo-Pacífico ” Lisa Curtis (que  eu notei anteriormente  foi citada pela mídia de massa por sua oposição “especializada” à retirada dos EUA do Afeganistão), e uma  citação da Política Externa do mencionado Richard Fontaine dizendo: “O objetivo da política dos EUA em relação à China deve garantir que Pequim não queira ou seja incapaz de derrubar a ordem regional e global”.

Como  discutimos anteriormente , citar think tanks financiados por máquinas de guerra como análise de especialistas sem nem mesmo divulgar seu conflito de interesse financeiro é claramente má prática jornalística. Mas acontece o tempo todo nos meios de comunicação de massa de qualquer maneira, porque os meios de comunicação de massa existem para circular propaganda, não jornalismo.

Isso está ficando tão, tão louco. O fato de a mídia de massa estar agora se unindo abertamente a think tanks de máquinas de guerra para começar a semear a normalização de uma guerra quente com a China nas mentes do público indica que a campanha de propaganda para fabricar consentimento para a  última Ave Maria do império centralizado nos EUA a dominação unipolar  está aumentando ainda mais. A manipulação psicológica em grande escala está ficando cada vez mais aberta e cada vez mais sem vergonha.

Isso está indo para algum lugar muito, muito ruim. Espero que a humanidade acorde a tempo de impedir que esses lunáticos nos afastem de um precipício do qual não há retorno.

*Caitlin Johnstone é uma jornalista desonesta, poetisa e prepper de utopias que publica regularmente  no Medium . Seu trabalho é  totalmente suportado pelo leitor , então se você gostou desta peça, considere compartilhá-la, curtindo-a no  Facebook , seguindo suas travessuras no  Twitter , verificando seu podcast no  Youtube ,  soundcloud ,  podcasts da Apple  ou  Spotify , seguindo-a no  Steemit , jogando algum dinheiro em seu pote de gorjetas no Patreon  ou  Paypal , comprando algumas de suas  mercadorias doces , comprando seus livros  Notes From The Edge Of The Narrative Matriz ,  Rogue Nation: Psychonautical Adventures With Caitlin Johnstone  e Woke: A Field Guide for Utopia Preppers.

Este artigo é de CaitlinJohnstone.com e republicado com permissão.

TURQUIA TRAVA INICIO DA ADESÃO DA SUÉCIA E FINLÂNDIA NA OTAN

#Publicado em português do Brasil

Alex Berry | Deutsche Welle

Horas depois de finlandeses e suecos anunciarem pedidos oficiais de adesão, governo turco usa seu poder para bloquear início das negociações. Diplomatas afirmam que Erdogan pretende arrancar concessões dos candidatos

Motivadas pela invasão russa na Ucrânia, Finlândia e Suécia apresentaram na manhã desta quarta-feira (18/05) um pedido conjunto formal de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). No entanto, horas depois da solicitação, a Turquia barrou o início negociações, conforme informou uma fonte diplomática à correspondente da DW em Bruxelas, Teri Schultz, sob condição de anonimato.

O ingresso de novos membros só é possível com a aprovação unânime dos estados que já fazem parte da Otan, o que é o caso da Turquia desde 1952. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, já havia indicado a provável resistência de seu governo.

Todos os outros estados-membros da Otan estariam prontos para apoiar a adesão de Finlândia e Suécia à aliança. A Turquia, no entanto, se opôs ao fazer exigências e também devido a divergências com os dois países nórdicos.

Fontes diplomáticas que conversaram com a DW disseram que era claro que o impasse não seria resolvido diretamente por embaixadores da Otan, isto é, um nível mais alto de oficiais terá de chegar a um acordo.

Negociações entre Finlândia, Suécia e Turquia são esperadas para que se chegue a um consenso. A esperança dos países aliados, conforme os diplomatas, é de que Helsinque e Estocolmo obtenham o chamado status de convidados da Otan até a cúpula de Madri, que ocorrerá no final de junho.

O status de convidado permite que representantes desses países – no caso, Finlândia e Suécia – participem como observadores nas reuniões da Otan.

Por que a Turquia é contra

Na segunda-feira, Erdogan já havia afirmado que iria se opor à candidatura dos países nórdicos por considerar que eles não apresentam uma posição clara contra grupos que a Turquia considera terroristas.

Nos últimos cinco anos, a Suécia e a Finlândia negaram 33 pedidos de extradição feitos pela Turquia, segundo informaram fontes do Ministério da Justiça turca à agência oficial de notícias Anadolu.

A agência informou que a Turquia quer a extradição de indivíduos acusados de terem ligações com separatistas curdos ou pertencentes ao movimento liderado por Fethullah Gülen, responsabilizado por Erdogan por uma tentativa de golpe de Estado em 2016.

A Turquia repreendeu a Suécia em particular por tratar de forma definida por Ancara como leniente o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que tem conduzido uma insurgência violenta contra o Estado turco desde 1984. A Suécia também suspendeu as vendas de armas à Turquia em 2019 por causa da operação militar de Ancara na Síria.

Analistas especulam que Erdogan não teria a intenção efetiva de barrar a Finlândia e a Suécia, mas que seu plano seria arrancar concessões desses dois países em troca do seu aval. A opinião também é compartilhada por diplomatas ocidentais.

"Estou confiante de que seremos capazes de abordar as preocupações que a Turquia expressou de uma maneira que não atrase a adesão", disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, no domingo.

Nesta quarta-feira, Erdogan repetiu suas queixas dizendo que "não podemos dizer sim" à adesão de Finlândia e Suécia à Otan até que esses países devolvam "terroristas" à Turquia.

Apesar da resistência de Ancara, os outros membros da aliança permanecem otimistas quanto à possibilidade de superar as objeções turcas. A intenção é completar o processo em seis meses, em vez dos 12 meses habituais.

Imagem: Pedido de adesão de Suécia e Finlândia à Otan foi feito na manhã desta quarta-feira ao secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg.Foto: Johanna Geron/AP Photo/picture alliance

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