domingo, 5 de junho de 2022

A história e a geopolítica do expansionismo norte-americano na Eurásia

#Traduzido em português do Brasil

Shane Quinn* | Geostrategy | Global Research

Em 1994, o Departamento de Energia dos EUA (DOE) estimou que existem colossais reservas de petróleo e gás natural na região do Cáspio. O Mar Cáspio, o maior corpo de água interior do mundo, faz fronteira com a Rússia e o Irã, juntamente com as ex-repúblicas soviéticas do Cazaquistão, Turcomenistão e Azerbaijão.

Esperava-se que as fontes de combustíveis fósseis do Cáspio em Washington reduzissem a dependência dos Estados Unidos do Oriente Médio, uma área que as elites ocidentais tradicionalmente têm uma grande fixação por seus incomparáveis ​​campos de petróleo e gás; mas uma região que se tornou volátil e instável neste século, em grande parte como resultado das guerras lideradas pelos EUA no Oriente Médio.

Garantir o controle da área do Cáspio ajudaria ainda mais Washington, permitindo que o governo dos EUA diversificasse as fontes de importação e lhe desse mais opções e controle. Esses objetivos guiaram Washington na expansão de sua influência sobre a Ásia Central, situada não muito longe do Mar Cáspio. A Ásia Central se estende por cerca de 1,5 milhão de quilômetros quadrados e inclui Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão. Esses países contêm recursos naturais significativos e estão cercados pela Rússia, China, Sul da Ásia e Oriente Médio.

O colapso da União Soviética, em 1991, permitiu que Washington continuasse com seu objetivo de estender a hegemonia estadunidense, penetrando no coração da Eurásia. Ao fazê-lo, os americanos esperavam que sua política imperialista deixasse a Rússia e o Irã em uma condição enfraquecida. No entanto, a Rússia, o Irã e os estados da Ásia Central juntos contêm 15% ou mais das reservas mundiais de petróleo e até 50% de todas as fontes de gás conhecidas.

Especialmente na década de 1990, os americanos, sob a presidência de Bill Clinton, atuaram internacionalmente como a única superpotência hegemônica, o centro de influência mundial, ditando seu virulento estilo neoliberal de capitalismo como caminho para o "desenvolvimento econômico". Uma das principais prioridades geopolíticas dos Estados Unidos na era pós-soviética foi trazer o espaço da Ásia Central e do Cáucaso sob o guarda-chuva da OTAN, por meio da participação militar e mudança de regime, instalando ou apoiando regimes que aceitassem a economia do livre mercado, abrindo o comércio ao investimento americano e europeu, permitindo ao mesmo tempo a supremacia do Ocidente sobre os depósitos minerais da Eurásia.

Por meio de persuasão militar e econômica, os Estados Unidos visaram especialmente o Cazaquistão, o Uzbequistão, o Tadjiquistão e o Turcomenistão, países que se separaram da União Soviética. Esses estados ainda não haviam sido integrados ao sistema globalista liderado pelos EUA. Em sua época, eles estavam entre as repúblicas soviéticas menos ricas. Apesar disso, eles possuem quantidades impressionantes de petróleo bruto e, juntos, possuem uma quantidade de petróleo igual ou superior à da Arábia Saudita, que contém as segundas maiores reservas de petróleo do mundo.

Juntamente com o Azerbaijão, três dos cinco países da Ásia Central (Turquemenistão, Uzbequistão e Cazaquistão) possuem uma das maiores reservas de gás natural do mundo. O Cazaquistão tem a segunda maior reserva de petróleo dos países da antiga União Soviética e a décima segunda do planeta. O Cazaquistão também contém quantidades consideráveis ​​de gás e suas reservas de hidrocarbonetos (petróleo e gás) estão avaliadas em 8,7 bilhões de dólares.

A Força-Tarefa de Energia liderada por Dick Cheney, vice-presidente de George W. Bush de 2001 a 2009, estimou que as fontes comprovadas de petróleo no Cazaquistão e no Uzbequistão, juntamente com partes do Mar Cáspio, somam 20 bilhões de barris. Isso é equivalente a mais petróleo do que está presente no Mar do Norte.

Todas as reservas de petróleo das regiões da Ásia Central e do Mar Cáspio podem totalizar mais de 60 bilhões de barris e até 200 bilhões de barris de petróleo, segundo John J. Maresca, ex-funcionário do governo dos EUA com conexões com a indústria de combustíveis fósseis. As corporações ocidentais de energia se alinharam. Eles tinham os meios para aumentar a produção de petróleo na Eurásia central em mais de 500%, de modestos 870.000 barris em 1995 para 4,5 milhões em 2010, o equivalente a 5% da produção global de petróleo bruto.

O governo Clinton estimou em 1999, por meio de sua Estratégia de Segurança Nacional, que na bacia do Mar Cáspio existem depósitos de petróleo totalizando 160 bilhões de barris, quantidade superior à presente no Iraque. Essas reservas teriam um papel fundamental no atendimento da crescente demanda por energia. Portanto, não é de surpreender que Cheney tenha dito: "Não consigo pensar em uma época em que uma região tenha emergido tão repentinamente para se tornar tão estrategicamente importante quanto o Cáspio".

A crescente influência da China na Ásia Central e no Oriente Médio causará um declínio ainda maior dos EUA.

Para aumentar seu controle e garantir as rotas de transporte de petróleo e gás, Washington começou a militarizar uma zona terrestre do Mediterrâneo oriental até aos limites das fronteiras ocidentais da China. Eles colocarão cerca de 100.000 soldados americanos nessas áreas.

Kremlin nega culpa por crise alimentar enquanto Putin se reúne com líderes da UA

#Traduzido em português do Brasil

O Kremlin disse que o presidente russo, Vladimir Putin, que está se reunindo com líderes da União Africana, vai dizer a eles que Moscou não é culpada pela crescente crise alimentar que afeta seu continente.

A TV estatal mostrou Putin cumprimentando o presidente senegalês Macky Sall, presidente da UA, e Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da UA, no início das negociações no resort de Sochi, no sul da Rússia, na sexta-feira.

O exército da Rússia tomou grande parte da costa sul da Ucrânia no decorrer de sua guerra de 100 dias e seus navios de guerra controlam o acesso aos portos do Mar Negro do país. Mas continua a culpar a Ucrânia e o Ocidente pela interrupção resultante nas exportações de grãos ucranianos.

"Com um alto grau de probabilidade e confiança, posso supor que o presidente dará explicações exaustivas de sua visão da situação com os grãos ucranianos", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres.

“O presidente dirá aos nossos amigos africanos o estado real das coisas”, disse Peskov. “Ele explicará mais uma vez o que está acontecendo lá, quem explorou os portos, o que é necessário para o transporte de grãos, que ninguém do lado russo está bloqueando esses portos”.

Os países africanos são fortemente afetados pela crescente crise, que elevou os preços de grãos, óleos de cozinha, combustíveis e fertilizantes.

Moçambique | Reposição de serviços públicos em zonas recuperadas aos terroristas

O governo está a trabalhar para a reposição dos serviços públicos e infra-estruturas destruídas pelos terroristas nos distritos de Mocímboa da Praia, Quissanga, Muidume, Nangade e Macomia, na província de Cabo Delgado.

A informação foi partilhada ontem pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, na reunião que manteve com a comunidade moçambicana residente na Guiné Equatorial.

O Chefe do Estado, que cumpre hoje o terceiro e último dia da visita de Estado a este país da África Ocidental, assegurou que o fornecimento de energia eléctrica, água e telefonia móvel está a ser reposto e a população está a regressar às suas casas gradualmente.

Explicou que os ataques terroristas, que iniciaram em 2017, estão a ser controlados com o apoio das tropas ruandesas e da Missão Militar da SADC (SAMIM).

“As populações já estão a retornar às suas zonas de origem, embora de forma tímida. Eles estão a retornar de forma livre devido à normalização da situação. Estamos a reforçar a segurança para repelir as incursões terroristas”, disse.

Sobre a situação na região centro do país, Nyusi garantiu que o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração das forças residuais da Renamo está a decorrer conforme o planificado, faltando apenas quatro das 16 bases para a sua conclusão.

Ana Rita Tene, em Riaba | Jornal Notícias (mz)

Moçambique | Aumentos: Massa salarial sobe entre 13% e 19% este mês

O ministro da Economia e Finanças revelou que a massa salarial no Aparelho do Estado vai aumentar entre 13% e 19%, a partir do próximo dia 15. Max Tonela assegurou que o Governo está preparado para cumprir a promessa.

Um mês depois de o Governo ter garantido, numa sessão do Conselho de Ministros, que Tabela Salarial Única no Estado entra em vigor neste mês de Junho, o ministro da Economia e Finanças, Max Tonela, veio assegurar, à margem da 8ª Conferência e Exposição de Mineração, Petróleo, Gás e Energia de Moçambique, que a promessa será cumprida.

“Nós teremos um incremento da componente salarial na ordem de cerca de 13% a 19% este ano e, para o próximo ano, mais um aumento, comparativamente a 2022. Todas as projecções que temos estabelecem medidas, para criar um espaço fiscal para permitir que o Estado possa pagar como previsto”, revelou Max Tonela, ministro da Economia e Finanças.

Max Tonela acrescentou que a medida vai começar a surtir efeito nas contas dos funcionários do aparelho do Estado a partir de Julho próximo.

“O Plano Económico e Social e Orçamento do Estado aprovado para este ano contempla recursos para este fim e, portanto, o Estado estará em condições de cumprir o que está previsto no plano de 2022. A nossa perspectiva é trabalhar no sentido de haver uma estabilização do peso do incremento, de modo a permitir que o Estado tenha mais folga fiscal para promover investimentos”, salientou Max Tonela, ministro da Economia e Finanças.

Angola | MPLA propõe Esperança da Costa para Vice-Presidente da República

João Lourenço confirmado como o cabeça de lista do partido para as eleições de Agosto e duas mulheres indicadas aos cargos de Vice-Presidente da República e presidente da Assembleia Nacional. A lista foi aprovada pelos membros do Comité Central com 580 votos a favor, correspondentes a 94.5 por cento, 23 votos contra e 11 abstenções

O Comité Central do MPLA, reunido, ontem, em sessão extraordinária orientada pelo líder do partido, João Lourenço, aprovou a lista geral de candidatos a deputados à Assembleia Nacional, para o quinquénio 2022/2027, onde indica, igualmente, Esperança Maria Eduardo Francisco da Costa, actual secretária de Estado das Pescas, para o cargo de Vice-Presidente da República, e Carolina Cerqueira, para o de presidente da Assembleia Nacional.

A lista, que confirma João Lourenço como o cabeça o cabela de lista e as duas mulheres no segundo e terceiro lugares, foi aprovada com 580 votos a favor, correspondentes a 94.5 por cento, 23 votos contra e 11 abstenções. Na eventualidade de o MPLA sair vitorioso das próximas eleições gerais, fará história, tendo em conta que será a primeira vez, desde a independência, que duas mulheres vão desempenhar altas funções de Estado, nomeadamente nos cargos de Vice-Presidente da República e de presidente da Assembleia Nacional.

Ao discursar na abertura da reunião, João Lourenço esclareceu que a não indicação de Bornito de Sousa para o mesmo cargo deve-se ao facto de o mesmo ter manifestado esta intenção, logo no princípio do actual mandato, decisão que disse respeitar. Ao referir-se à lista de candidatos do partido a deputados à Assembleia Nacional, o presidente do MPLA referiu que a mesma respeita o necessário equilíbrio do género e uma representação significativa de quadros jovens em fase de serem lançados para novas responsabilidades e desafios, o que, sublinhou, "só vem confirmar a aposta que o MPLA sempre fez na juventude angolana".

Os membros do Comité Central foram, ainda, informados sobre o projecto de programa de Governo e do manifesto eleitoral do MPLA, cuja aprovação foi remetida para a próxima sessão ex-traordinária, a realizar-se no dia dois de Junho. Em relação à proposta de programa de Governo e do manifesto eleitoral, João Lourenço fez saber que assentam no compromisso da contínua luta contra a corrupção e a impunidade, criação de ambiente de negócios, atracção de investimento privado directo, diversificação da economia, aumento da produção interna, na necessidade imperiosa da redução das importações e do aumento das exportações.

O presidente do MPLA disse que esta proposta de programa presta uma atenção particular à necessidade de se continuar a melhorar as infra-estruturas, a qualidade de vida dos angolanos, através do  investimento contínuo na formação do homem, no acesso à educação, aos cuidados de saúde, à habitação, bem como uma maior oferta de água potável, energia eléctrica e criação de maior oferta de postos de trabalho.

"Embora o mundo esteja a viver uma situação de crise económica, sem fim à vista, o nosso programa de Governo está focado em assegurar o crescimento e o desenvolvimento económico e social do país, nos próximos anos", assegurou o presidente do MPLA.

TEMAS E INTERROGAÇÕES PARA UM DEBATE – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O melhor que podia acontecer às relações entre o Povo Angolano e o Povo Português era que fosse possível apagar os séculos de esclavagismo, os séculos de colonialismo e sobretudo a guerra que começou nos Dembos (1872-1919) e acabou em 22 de Outubro de 1974, com períodos de alta, altíssima e também baixa intensidade. Impossível. Era bom que face a essa impossibilidade, ninguém passasse a vida a meter pedregulhos na engrenagem das boas relações e não envenenassem permanentemente os dois povos, com as excrescências de uma mentalidade colonial que persiste nas elites portuguesas corruptas e ignorantes, mas também nos retornados desenraizados, ressabiados e sobretudo envenenados pelo ódio à liberdade.

José Eduardo Agualusa só é escritor porque se presta a vomitar ódio e ressentimento para cima de Agostinho Neto, o MPLA e a Angola independente. É um portuguesito analfabeto. Se nunca tivesse passado por Angola, era um ratoneiro de bairro social, um vigarista menor, um burlão de velhos reformados, um desempregado de longa duração, quando muito um caixa de supermercado, depois de levar umas ensaboadelas de tabuada para não se enganar nos trocos. Viu um filme onde um sinédrio de canalhas vomita ódio e ressentimento contra Angola, Agostinho Neto e o MPLA. Diz o solípede albardado de escritor angolano que aquilo é bom, muito bom. Porque Agostinho Neto foi “merecidamente carbonizado”.

A fossa de longa-metragem é mais um pedregulho colocado na engrenagem das relações ente os povos Angolano e Português. Um montão de aldrabices, invenções, manipulações. Até as imagens da Fortaleza do Penedo (Casa de Reclusão) são manipuladas. Aquilo é lixo infecto. Uma agressão a Angola e aos Angolanos. Agualusa exulta. E recomenda aquela porcaria às angolanas e angolanos. Como se não nos bastasse a UNITA. Também sugere um debate! Vamos ao princípio, que ainda não é o verbo.

Agualusa saiu de Angola ainda criança, na ponte aérea que a CIA e Mário Soares montaram a partir do Huambo para deixarem Angola sem gente, sem estruturas, sem circuitos de produção e distribuição, sem nada. Assim era mais fácil derrotar o Povo Angolano. Falharam. Mas o rapazito que fugiu para Portugal nunca mais voltou. Podia regressar quando atingiu a maioridade, para defender o seu país da agressão dos sul-africanos e dos seus aliados da UNITA. Não voltou. Em 1992, regressou à boleia do Savimbi e arranjou um papel que lhe chama angolano. Nada fez por Angola, Nada. A não ser roubar aqui e ali umas frases completas e depois publicar aquelas porcarias.

Ainda não vamos ao debate. Falemos de Sita Vales, apresentada pela porcina Margarida Cardoso como uma heroína angolana. Angolana? Vamos a factos. Um dia foi estudar para Portugal. O filme diz que ela era militante da União dos Estudantes Comunistas (UEC). Verdade. Mas quando chegou a Portugal existiam células clandestinas do MPLA. Se era patriota angolana, por que razão não entrou nessas estruturas? Eis um bom tema para o debate.

Sita Vales estava em Lisboa e preso pelos fascistas, o padre Joaquim Pinto de Andrade. Alguma vez foi visitá-lo à cadeia, sendo ele presidente de honra do MPLA? Nunca. Às ordens do mesmo processo da PIDE estavam na prisão estudantes universitários, acusados de serem militantes do MPLA: Álvaro Santos, Raúl Feio, estudante de Medicina na mesma Faculdade da Sita Vales), Coelho da Cruz, Maria José da Silva, Diana Andringa, Garcia Neto, Rui Ramos, António Ferreira Neto (finalista de Medicina na mesmo Faculdade da Sita Vales). Alguma vez Sita Vales os foi visitar? Colaborou com a Comissão de Socorro aos Presos Políticos? Nunca.

Portugal | Manifestação a 7 de Julho por uma vida digna -- CGTP-IN

A Inter anunciou hoje a realização de uma manifestação nacional em Lisboa, a 7 de Julho, após mais de um mês de luta pelo desagravamento das condições de vida, pelo aumento dos salários e das pensões.

A manifestação, que decorrerá entre o Marquês de Pombal e a Assembleia da República, conclui a Acção de Luta Nacional, que decorre desde 27 de Março, sob o lema «Pelo aumento dos salários e pensões! Contra o aumento do custo de vida e o ataque aos direitos».

Nesse dia, em que foi votado o Orçamento do Estado para 2022, a Intersindical realizou uma concentração na Assembleia da República, dando assim início a uma acção nacional que se desenvolve ao longo do mês de Junho, com concentrações, desfiles e manifestações, plenários e greves em vários sectores em empresas.

A Docapesca, a Transtejo, a Soflusa, a CP e os CTT são algumas das empresas com acções de luta marcadas. Hoje, estão em greve os trabalhadores da Worten da Azambuja, da Eurest, concretamente das cantinas das escolas do primeiro ciclo, e da PREH. Também hoje, os trabalhadores da CP arrancaram com uma greve ao trabalho extraordinário, em dia de descanso e a partir da oitava hora. 

Face ao brutal aumento dos preços de bens e serviços, a central sindical exige medidas imediatas para a reposição do poder de compra. Numa conferência de imprensa ao final desta manhã, onde anunciou a manifestação nacional de 7 de Julho, Isabel Camarinha evidenciou a necessidade de se adoptarem medidas capazes de travar a especulação que impulsiona muitas das subidas dos preços, exigindo o aumento do poder de compra dos trabalhadores, reformados e pensionistas.

A dirigente salientou que o momento que atravessamos, ainda sob os efeitos da pandemia e de «todo o aproveitamento» por parte dos grandes grupos económicos, mas também da guerra e das sanções, leva a um agravamento das desigualdades no nosso país, «fruto de décadas de políticas que levaram a este modelo de baixos salários, precariedade, horários longos e desregulados», e de desinvestimento nas funções sociais do Estado e na produção nacional. E que, acrescentou Isabel Camarinha, afecta «de forma violenta os trabalhadores, os reformados e as camadas mais desfavorecidas da população».

Opções do Governo aquém dos interesses dos trabalhadores

Para a CGTP-IN, o aumento dos salários e das pensões é uma «emergência nacional», tal como a reposição de direitos laborais, matéria em que o Governo do PS mantém a opção de não dar resposta. Esta quinta-feira, foi aprovada em Conselho de Ministros uma proposta de lei que integra as alterações à legislação laboral identificadas na chamada Agenda do Trabalho Digno, em consonância, muitas delas, com o que foram as reivindicações dos patrões.

Neste sentido, o Executivo de António Costa adia para o acordo de rendimentos, que se prevê finalizado em Outubro, o reforço do pagamento suplementar a partir da 120 horas anuais, optando por manter a caducidade da contratação colectiva, agravada em 2019 pela pela mão de PS, PSD e CDS-PP, através da possibilidade de uma associação patronal poder deliberar a sua extinção e assim desvincular as empresas do contrato colectivo e dos direitos aí contidos.

O Governo escuda-se na arbitragem que pode ser requerida pelas partes, sendo que este passo é posterior ao da caducidade e só joga a favor dos patrões. Ao AbrilAbril, Ana Pires, da Comissão Executiva da CGTP-IN, lamenta que matérias como a redução do horário de trabalho e o fim dos vínculos precários não constem do documento que será apreciado pela Assembleia da República, onde se propõe que a renovação dos contratos de trabalho temporário não vá além das quatro renovações.

Entre as medidas paliativas apresentadas pelo Governo, que tornam evidente a falta de vontade em erradicar a precariedade, está a do impedimento «temporário» das empresas recorrerem a outsourcing após um despedimento colectivo ou por extinção do posto de trabalho. A esta junta-se, por exemplo, «prever a introdução de um requisito de uma percentagem dos trabalhadores das empresas de trabalho temporário terem vínculos mais estáveis».

Igualmente negativo, no entender de Ana Pires, é o facto de a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) deixar de poder suspender despedimentos com indícios de ilicitude, ficando reservada ao papel de notificar o empregador «para regularizar a situação ou, na sua falta, participar os factos aos serviços do Ministério Público». 

AbrilAbril | Imagem: António Pedro Santos / Lusa

Portugal é um país? A Cara Laroca é Ministra? Na realidade existem portugueses?

Ana Mendes Godinho, agora ministra do governo em funções e autodeclarado socialista (PS). É? Não se sente. Antes pelo contrário. Também a dita ministra (na Imagem Escolhida de hoje) a que chamam cara laroca e mencionam ser Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social não demonstra ser nada disso. Então, Portugal aparenta ter um governo socialista que afinal não o é. Portugal tem também uma ministra alegadamente da pasta mencionada que não é nada disso… Portugal é um país de faz de conta, de barrigudos (Costa) e de caras larocas (Ana)? Aaah! Então é por isso que estamos como estamos. Não estamos. Vai na volta até nem existimos… Ilusoriamente julgamos que sim? Não? Por favor, avisem os portugueses! (PG)

DAVOS É UMA INICIATIVA LIBERAL E O GOVERNO PORTUGUÊS TAMBÉM

João Rodrigues* | opinião

Num país que assistiu a um aumento do risco de pobreza sem precedentes durante a pandemia, o Orçamento do Estado de 2022 incluiu um  irrisório pagamento único de sessenta euros aos mais pobres, que assim continuarão a empobrecer. Ao mesmo tempo, garante uma transferência, superior à dos tempos da troika, de rendimentos do trabalho para o capital.

O Fórum Económico Mundial, que se reuniu uma vez mais em Davos, na Suíça, é um ponto de encontro da oligarquia internacional. Foi aí que a Oxfam decidiu apresentar um breve diagnóstico do capitalismo realmente existente – “lucrar com o sofrimento” –, acompanhado de algumas recomendações políticas.

A Oxfam conclui que os “bilionários de Davos têm muito que celebrar”, já que as suas fortunas cresceram mais nos últimos 24 meses do que nos últimos 23 anos. Em particular nos setores da energia, da alimentação ou da distribuição, onde os preços estão a aumentar e as fortunas estão a acumular-se a um ritmo alucinante, agravando o já brutal sofrimento das classes populares.

Modestamente, a Oxfam alinha com organizações internacionais insuspeitas de simpatias social-democratas, como o FMI ou a OCDE, propondo um imposto temporário sobre os lucros, caídos do céu, obtidos pelas empresas da fileira energética, dos combustíveis à eletricidade. Alguns governos, da Hungria ao Reino Unido, passando pela Itália, têm adotado medidas fiscais compensatórias desta natureza, embora não com a ambição da Oxfam, que não deve ter tido muita sorte com a proposta naquele sítio.

Em Portugal, o Governo declarou não querer “hostilizar”, expressão do Ministro da Economia, as grandes empresas. Afinal de contas, décadas de privatização e de liberalização na fileira energética criaram um capitalismo fóssil e de herdeiros, também dedicado ao luxo, onde se destaca um apelido e uma empresa: Amorim e Galp. A energia é o poder deles, sem freios nem contrapesos. Se o Governo recusa assumir um modesto poder compensatório de natureza fiscal, o que dizer do controlo urgente de margens e de preços, e da necessária alteração das relações de propriedade?

Há quarenta anos, no início da contrarrevolução neoliberal que aumentou o poder das grandes empresas, um economista social-democrata norte-americano, John Kenneth Galbraith, resumia com fina ironia o credo ainda hoje hegemónico: “Os pobres não trabalham porque têm demasiados rendimentos; os ricos não trabalham porque não têm rendimentos suficientes. Expande-se e revitaliza-se a economia dando menos aos pobres e mais aos ricos.”

Num país que assistiu a um aumento do risco de pobreza sem precedentes durante a pandemia, dada a insuficiente resposta orçamental por parte de um Governo fiel às suspensas regras orçamentais europeias, o Orçamento do Estado de 2022 incluiu um aviltante, porque irrisório, pagamento único de sessenta euros aos mais pobres, que assim continuarão a empobrecer. Ao mesmo tempo, garante uma transferência, superior à registada nos tempos da troika, de rendimentos do trabalho para o capital, à boleia da erosão do poder de compra dos salários num contexto de subida da produtividade.

Em Portugal também se lucra com o sofrimento. Até quando?

*João Rodrigues | Ladrões de Bicicletas | em Setenta e Quatro

Ler em Setenta e Quatro:

O QUE DIZ O RASI 2021 SOBRE A EXTREMA-DIREITA: UMA LEITURA À LUPA -- Ricardo Cabral Fernandes

Terrorismo: SENHOR, AJUDAI OS EUA A LIVRAR-SE DO MAL

COITADOS DOS CIDADÃOS DOS EUA QUE ESTÃO A SER VÍTIMAS DO “VENENO” CRIADO PELOS SEUS PRÓPRIOS LIDERES POLÍTICOS AO SERVIÇO DE CRIMINOSAS E PODEROSAS CORPORAÇÕES

Mais um tiroteio nos EUA, está quase sempre a acontecer. Atiradores isolados matam e ferem indiscriminadamente transeuntes nas ruas das cidades, nas escolas, supermercados e onde mais aprouverem. Homens, mulheres, crianças têm sido as vítimas. A polícia não tem mãos a medir nem bolas de cristal para prever onde irá surgir mais um novo assassino tresloucado que até parecem cidadãos normais e pacíficos antes de demonstrarem que “bebem” do “veneno” da violência e da posse de armas que adquirem com a facilidade semelhante ao adquirirem uma pasta dentrifica, legislação que data desde tempos imemoriais dos cowboys bons ou maus. Justos ou injustos. Os cidadãos do país das guerras que os EUA levam a curso por todo o planeta andam tresloucados, envenenados pelos seus próprios governos, pela legisladores gizada por criminosos legisladores que em vez de defenderem direitos dos cidadãos preferm defender e representarem intersses inimigos das populações de todo o país e dos países e povos do mundo. Os dirigentes dos EUA não são bom exemplo para ninguém nem para país nenhum. Possuem internamente violência e estão constantemente a arquitetar exportá-la para onde os seus sindicatos do crime considerem mais conveniente para as suas contas bancárias e os seus bolsos. Há muito que está demonstrado que a mentalidade Al Capone invadiu as altas esferas da liderança dos EUA. Resta aos próprios cidadãos dos EUA resolver tão terrífica questão e situação para retomarem a vivência em paz, justiça, e democracia, com a abolição da violência que criminosos líderes facultam em defesa dos lobies que representam. As populações dos EUA têm de ser mais uma vez corajosas como se crêem e propalam ser. Devem recusar a continuidade de serem vítimas de políticos e corporações criminosas e sem escrúpulos. Assim. devem rejeitar e lutar contra os crimes de terrorismo de estado impostos pelo Pentágono, pela Casa Branca e corporações cúmplices e similares. Um grande povo têm todo o direito a viver em paz num grande país livre e civilizado. Realmente civilizado e democrático. Não numa democracia fraudulenta e criminosa. Isso nada tem que ver com democracia nem com humanismo, nem com liberdade. Tem que ver sim com mortes internas e de outros países e povos, aos milhões.

De tanto dó daquele povo, daquele país e dos países que destrói para que sejam à imagem das suas conveniências gananciosas e avaras, até dá para nos convertermos e apelarmos: Senhor, ajudai os EUA a livrar-se do mal.

A seguir, as desumanas cowboyadas de quase todos os dias nos EUA. Um país de luto permanente que enluta permanentemente outros países e povos.

No Diário de Notícias podemos inteirar-nos de mais uma triste cena de terrorismo interno made in USA. Infelizmente. (PG)


Mais um tiroteio. Três mortos e 11 feridos em Filadélfia

As autoridades informaram que foram disparados tiros contra uma multidão no centro da cidade e que um policia disparou contra o atacante, mas não foi ainda esclarecido se este foi atingido.

Três pessoas morreram e pelo menos outras 11 ficaram feridas num tiroteio na noite de sábado em Filadélfia, nos Estados Unidos da América, segundo dados atualizados pelas autoridades.

O Departamento de Polícia da Filadélfia respondeu aos disparos de uma pessoa armada entre uma grande multidão.

O agente da polícia D.F. Pace, numa entrevista citada pela agência Associated Press, informou terem sido disparados tiros contra uma multidão no centro da cidade e que um policia disparou contra o atacante, mas não foi ainda esclarecido se este foi atingido.

"Podem imaginar que estavam centenas de pessoas em South Street, como fazem todos os fins de semana, quando o tiroteio começou", adiantou o agente.

As condições daqueles que foram feridos no tiroteio permanecem desconhecidas.

As autoridades dizem que não foi efetuada nenhuma prisão, mas que foram recuperadas duas armas.

Numa mensagem divulgada na rede social Twitter, a polícia apelou a que se evitasse a área e deu conta que várias pessoas ficaram feridas no tiroteio.

Diário de Notícias | Lusa

PROTEGER A DEMOCRACIA DAS NOTÍCIAS

#Traduzido em português do Brasil

Por mais orwelliano que seja o Conselho de Governação da Desinformação, não é nem mesmo a ameaça mais imediata à nossa liberdade de expressão, escreve John Kiriakou. 

John Kiriakou*  | Original para ScheerPost | em Consortium News

O mês passado foi marcado por golpes contra a liberdade de expressão dos meios de comunicação independentes e, de fato, de todos os americanos. Não estou sendo hiperbólico aqui. Existem ameaças reais à nossa liberdade de expressão contra as quais devemos nos mobilizar. 

Primeiro, o governo Biden nomeou algo chamado “Conselho de Governação da Desinformação”, sediado no Departamento de Segurança Interna, cujo trabalho supostamente será “padronizar o tratamento da desinformação pelas agências que supervisiona”. Isso significa que o governo será o árbitro final do que é a desinformação. Ele vai decidir o que podemos e não podemos ler. Pelo menos esse é o plano. (Agora está em espera após uma reação furiosa.)

Os republicanos ficaram furiosos com o anúncio, com o senador Mitt Romney (R-UT) dizendo ao secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, em uma audiência no Senado no mês passado: “Esta é uma ideia horrível, e você deveria desmantelá-la”.

Vinte procuradores-gerais estaduais já ameaçaram processar o governo Biden e estão pedindo que ele “dissolva imediatamente” o conselho e “cesse todos os esforços para policiar o discurso protegido dos americanos”. 

Por sua parte, Mayorkas, naquela audiência no Senado, disse que o Conselho de Governança da Desinformação protegeria o país da desinformação estrangeira ligada a desastres naturais, atos de terrorismo e guerra.

Quando ficou claro que os senadores não estavam comprando isso, ele disse que o conselho ajudaria a combater o tráfico de pessoas, um non-sequitur do qual ele rapidamente recuou.

O senador James Lankford (R-OK) disse: “Não temos uma definição para o que é o conselho. Não temos limites para o que ele faz. Por que não devemos ter suspeitas sobre isso?” E quando ficou óbvio que Mayorkas não estava recebendo nenhum amor nem mesmo dos democratas, ele admitiu que o conselho não tinha carta nem declaração de missão. 

Mayorkas nunca se preocupou em levantar a nomeação de Nina Jankowicz como presidente do Conselho de Governança da Desinformação. Ela é a autora hiperpartidária de dois livros, How to Be a Woman Online: Surviving Abuse and Harassment e How to Lose the Information War: Russia, Fake News, and the Future of Conflict , uma ex-estudiosa da Fulbright-Clinton que supervisionou programas para Rússia e Bielorrússia para o Instituto Democrático Nacional. (Ela agora deixou o cargo de presidente do conselho de desinformação).

Ela também gerou polêmica com suas postagens nas redes sociais, dizendo anteriormente que o laptop Hunter Biden era “um produto da campanha de Trump”. Isso era patentemente falso e era, de fato, uma desinformação promovida pelo Comitê Nacional Democrata.

Ela também endossou uma aparição no podcast de Christopher Steele, o autor desacreditado do chamado Steele Dossier, alegando conluio russo com a campanha de Trump.

E comentando sobre a recente compra do Twitter por Elon Musk, ela disse:

“Eu estremeço ao pensar, se os absolutistas da liberdade de expressão estivessem assumindo mais plataformas, como isso seria para as comunidades marginalizadas em todo o mundo, que já estão sofrendo tantos abusos, quantidades desproporcionais de abuso.”

Então, a desinformação não conta quando corresponde à sua própria agenda política, enquanto a liberdade de expressão é realmente uma coisa ruim? 

Eu não ficaria surpreso se o Conselho de Governança da Desinformação nunca mais voltasse de sua suspensão. Mas também não acho que seja a ameaça mais imediata à nossa liberdade de expressão. Isso vem de empresas supostamente privadas que pegam dinheiro do governo, nomeiam antigos figurões do governo para seus conselhos e depois, fingindo independência, reprimem a mídia alternativa que não divulga a narrativa do governo. Estou falando de uma nova organização perigosa chamada NewsGuard. 

VALORES UNIVERSAIS E SEU RASTRO DE ATROCIDADES -- Boaventura

Deus-cristão, liberdade, democracia… Há séculos, Ocidente usa catálogo colonial para justificar guerras insanas. Sua lógica é sacrificial: violar para proteger. Sua cegueira, seletiva. Despreza mundo multipolar. Mas pode colher tempestades

Boaventura de Sousa Santos* | em Outras Palavras

Uma das características do pensamento dominante consiste em contrastar os princípios que subscreve com as práticas dos que se lhe opõem. Na época moderna, tudo começou com a expansão colonial do século XV e XVI pela mão dos portugueses e dos espanhóis sob a tutela do Vaticano. Missionários, descobridores, conquistadores anunciavam a “boa nova” de uma religião tida por única e a única verdadeira, cujos princípios garantiam a igual dignidade de todo o ser humano perante a criação divina e o direito de todos a libertarem-se da superstição e a abraçarem a nova civilização, e a aceitar todos os benefícios que dela decorriam. A suposta qualidade universal dos valores de que eram portadores era tão saliente quanto evidente era o contraste entre eles e as práticas das populações nativas, práticas consideradas selvagens, bárbaras, primitivas, canibais, pecadoras, cuja erradicação justificava a “missão civilizadora”. Uma linha abissal separava de tal modo os princípios e os valores europeus dessas práticas que as populações nativas não podiam ser sequer consideradas plenamente humanas. Por isso, não tratar as populações segundo esses princípios não só não era contraditório como era a única solução lógica. Se eram sub-humanos, não fazia sentido aplicar-lhes os princípios e valores próprios de seres plenamente humanos. A universalidade dos princípios era afirmada ao ser negada a sua aplicação a seres sub-humanos. Em relação a estes, o importante era evangelizá-los, levá-los a abandonar as práticas selvagens, o que se tornou mais fácil e convincente depois que o Papa Paulo III reconheceu em bula de 1537 que os índios tinham alma.

Este dispositivo colonizador realizava duas operações cruciais: impedia o reconhecimento de princípios e valores diferentes dos europeus; impedia contrastar os princípios e valores europeus com as práticas dos europeus. Tratava-se de uma nova versão de universalidade feita de duas ressalvas que a negavam, mas cuja negação era eficazmente invisibilizada. Basta ler a Brevísima relación de la destrucción de las Indias de Bartolomé de Las Casas, publicada em Sevilha em 1552, para termos uma ideia de como este dispositivo operou, e os crimes, atrocidades, destruições e pilhagens que ele justificou. Las Casas mostra de modo eloquente as duas verdades ocultadas pelo dispositivo colonial. Por um lado, o contraste chocante entre os princípios proclamados pelos conquistadores europeus e as suas próprias práticas; por outro lado, o retrato falso ou parcial das práticas indígenas e a recusa dos europeus em reconhecer que esses povos tinham princípios e valores que rivalizavam, por vezes com vantagem, com os europeus. Tanto o escândalo da obra de Las Casas ao tempo em que foi publicada como o sucesso que veio a ter no século seguinte mostram em que medida o dispositivo colonial próprio do pensamento dominante europeu, apesar de desmascarado, continuou a vigorar como que animado por uma hipocrisia estrutural que, em vez de o enfraquecer, se transformou em sua fonte de vida. Até hoje.

Do ponto de vista da sua génese, os princípios e valores universais europeus (mais recentemente também ditos ocidentais) são uma contradição nos termos porque, se são europeus, não podem ser considerados universais e, se são universais, não são europeus. Mas esta contradição é provavelmente própria de outros princípios e valores não europeus. E o mesmo pode dizer-se da hipocrisia ou duplicidade estrutural que habita quaisquer conjuntos de princípios e valores formulados em abstrato. O que distingue os princípios europeus é o domínio político, econômico e cultural do conjunto de países que desde o século XV-XVI se arrogaram o direito de os reclamar como seus e de os impor aos outros sob o pretexto de serem universais. Esse conjunto variou ao longo dos séculos. Começou por ser ibérico, depois foi europeu, e é euro-norte-americano desde o fim da Primeira Guerra Mundial. Merecem, pois, uma reflexão específica. São muitos os dispositivos que asseguram a duplicidade e a põem ao serviço dos interesses da potência hegemónica.

Mais lidas da semana