Artur Queiroz*, Luanda
O Balsemão pagava a dois porquinhos para soltarem grunhidos e disparates numa coisa chamada Quadratura do Círculo. Um dia, a pocilga mudou para a TVI e os porquinhos passaram a fazer chiqueiro na Circulatura do Quadrado. Quando o barqueiro do Douro apareceu como testa de ferro dos compradores da TVI, aquilo mudou para CNN (serviço da CIA) e agora a kibanga tem o nome de Princípio da Incerteza. Ali está uma amostra fidedigna das elites corruptas e ignorantes que dominam Portugal.
Esta noite o guarda da pocilga perguntou ao Pacheco Pereira como vê José Eduardo dos Santos. E o porquinho vomitou ódio em vez de grunhir. Disse aldrabices em vez de se calar. Manipulou com ar de dono da verdade. Insultou como quem não quer a coisa. Não vou repetir os insultos da alimária mas dar-lhe uma pista, para que na próxima não seja tão estupidamente racista. E ressabiado. Em Portugal, as elites ignorantes e corruptas jamais perdoarão ao MPLA ter desmantelado o império colonial português.
A guerra na Ucrânia leva quatro meses. A Europa já está de pantanas. Os europeus pagam os bens essenciais ao preço do ouro. A inflação enlouqueceu. Os bancos dizem que precisam de ser capitalizados. O Boris Johnson vai mandar as ossadas políticas para o negócio do Francisco Queiroz. O couro cabeludo vai pra o museu da rainha, até o neto chegar a rei e usa aquela beleza como chinó. O Macron está de joelhos ante os gaulistas e outros istas que tresandam a alho e mostarda de dijon. O Pedro de Madrid mata emigrantes. O Tio Célito e o Costa andam agarrados às mangueiras apagando os fogos que grassam desde o mato ao governo da nação.
A guerra da Ucrânia deu uma chicotada tão grande no Sri Lanka (Ceilão) que o povo invadiu o palácio de Belém e o palácio de São Bento lá do sítio. Presidente e o primeiro-ministro fugiram a sete pés. A guerra continua e a Alemanha não consegue reparar o motor gripado. Guerra é guerra.
Em Angola a guerra dos Dembos, às portas de Luanda, começou em 1872 e terminou em 1919. Mas desde essa data sucederam-se as revoltas em toda a colónia. Guerra de baixa intensidade. Em 1926, os portugueses acordaram com os belgas uma troca de territórios da qual resultou o mapa que hoje temos. A guerra de baixa intensidade continuou. Em 1961 começou a guerra colonial. Nesse ano, a taxa de analfabetismo era superior a 98 por cento. Até os colonos eram analfabetos! O meu pai ensinou alguns a escrever o nome. Eu escrevi-lhes cartas para a família. Alguns choravam quando me ditavam recomendações aos filhos.
Em 11 de Novembro de 1975, os portugueses regressaram a Portugal e deixaram-nos uma guerra sem quartel. Mário Soares e a CIA organizaram pontes aéreas em Luanda e Huambo para Lisboa levando todos os quadros, todos os técnicos, todos os operários especializados, todos o que sabiam fazer alguma coisa. Exércitos estrangeiros (Zaire e África do Sul, nazis do Exército e Libertação de Portugal-ELP capitaneados pelo coronel comando Santos e Castro), operacionais da CIA e matilhas de mercenários puseram a República Popular de Angola a ferro e fogo.
Os analfabetos, em vez de irem para as escolas, tiveram de defender o solo sagrado da Pátria Angolana. E ainda ficámos com mais analfabetos. No Triângulo do Tumpo derrotámos o regime de apartheid da África do Sul e obrigámos os nazis a capitular. Daí resultaram os Acordos de Nova Iorque.