Martinho Júnior, Luanda
A PROPAGANDA COMO UMA SUPOSTA ARMA DE INTELIGÊNCIA
01- A Ucrânia não é um dos maiores produtores de alimentos e mesmo em relação ao trigo é apontada como o 5º produtor mundial, pelo que a massiva propaganda de fome no mundo por causa desse país não conseguir exportar seus produtos através dos portos do Mar Negro, é pura propaganda, que tenta esconder outros factos e outros propósitos!
Em relação à produção de trigo o quadro em 2019 é esclarecedor:
. A Rússia é o primeiro produtor mundial de trigo com uma fatia equivalente a 16,42% do bolo global;
. Os Estados Unidos, com 16,39% seguem-se-lhe;
. O Canadá é o 3º, com 13,46%;
. A França produziu 10,66%;
. A Ucrânia, finalmente, atingiu a produção de 9,36% e nesse ano foi o 5º produtor mundial.
De 2019 para cá a Rússia incrementou em cerca de 20% a sua produção alimentar, por causa duma combinação de factores favoráveis, uns em função do aquecimento global (que no imenso espaço territorial russo propicia um aumento exponencial de terras aráveis), outros em função da utilização de cada vez mais tecnologias modernas aplicáveis à agricultura e criação de gado e outros ainda dada a produção de fertilizantes em grande escala (a Rússia responde por 15,6% da exportação global de fertilizantes, ou seja é o primeiro exportador mundial).
Quando o “ocidente” sancionou a Rússia, as exportações de grãos produzidos na Federação decresceu, tal como a exportação de fertilizantes e afectou os consumidores, entre os quais se encontram os países africanos.
O decréscimo resulta das sanções muito mais do que por causa do alegado “bloqueio naval aos portos ucranianos”, de facto inactivos por causa da disseminação de minas ucranianas por todo o Mar Negro e até por que, sendo a Ucrânia um menor produtor, não podia por si suprir a escassez.
As sanções à Rússia aplicaram-se aos portos e transportes marítimos e não directamente aos grãos, pelo que a escassez é razão directa das tomadas de decisão do “ocidente” de mentalidade colonial e neocolonial quando disseminou sanções sem olhar a consequências!
Por outro lado e de facto, a
Ucrânia tem tido a oportunidade de exportar os seus grãos por terra, para a
Roménia e a Polónia, pelo que uma parte de seus silos esvaziaram-se dessa
maneira e não por via do “bloqueio” autoinfligido a seus portos no Mar Negro (