terça-feira, 20 de setembro de 2022

ALERTA! ALERTA! ALERTA! -- Chris Hedges

Chris Hedges* | ScheerPost.com |em Consortium News

A classe dominante global está determinada a impedir que os protestos crescentes contra a desigualdade social empreguem a arma que pode derrubá-los.

#Traduzido em português do Brasil

Os oligarcas governantes estão apavorados que, para dezenas de milhões de pessoas, o deslocamento econômico causado pela inflação, salários estagnados, austeridade, pandemia e crise energética esteja se tornando insuportável. Eles  alertam , como Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), e o secretário da OTAN, Genera Jens Stoltenberg,  fizeram , sobre o potencial de agitação social, especialmente à medida que nos aproximamos do inverno.

Agitação social é um código para greves – a única arma que os trabalhadores possuem que pode paralisar e destruir o poder econômico e político da classe bilionária. As greves são o que os oligarcas globais mais temem.

Por meio dos tribunais e da intervenção policial, eles tentarão impedir que os trabalhadores fechem a economia. Esta batalha iminente é crucial. Se começarmos a reduzir o poder corporativo por meio de greves, a maioria das quais provavelmente serão greves selvagens que desafiam a liderança sindical e as leis antissindicais, podemos começar a recuperar a agência sobre nossas vidas.

Os oligarcas passaram décadas abolindo ou domesticando os sindicatos, transformando  os poucos sindicatos que restam - apenas 10,7% da força de trabalho dos EUA é sindicalizada - em parceiros subalternos obsequiosos do sistema capitalista. Em janeiro de 2022, a sindicalização do setor privado atingiu  seu ponto mais baixo desde a aprovação da Lei Nacional de Relações Trabalhistas de 1935. E, no entanto, 48% dos trabalhadores dos EUA dizem que gostariam de pertencer a um sindicato.

Como resultado das  condições esmagadoras às  quais os trabalhadores foram  submetidos  por anos, o país  está enfrentando  sua primeira grande greve ferroviária desde a década de 1990. A indústria de transporte, da qual a maioria dos trabalhadores ferroviários  faz parte , tem uma densidade sindical acima da média  em comparação  com outras partes do setor privado. Uma greve ferroviária pode significar uma perda na produção econômica de US$ 2 bilhões por dia,  de acordo  com um grupo comercial que representa as empresas ferroviárias. 

Foi  anunciado na quinta-feira pela Casa Branca de Biden, que espera evitar a ótica de forçar os trabalhadores em greve a voltar ao trabalho, que os líderes da Irmandade de Engenheiros e Treinadores de Locomotivas (BLET), Associação Internacional de Chapas Metálicas, Aéreas, Ferroviárias e Transportation Workers Transportation Division (SMART-TD) e Brotherhood of Railroad Signalmen (BRS), entre outros, chegaram a um acordo provisório com grandes empresas de frete, incluindo Burlington Northern and Santa Fe Railway (BNSF) e Union Pacific. O acordo provisório foi feito em meio a intensa  pressão  do governo  Biden .

Autoridades sindicais  enfatizaram  que a redação do acordo ainda não foi finalizada e os trabalhadores  podem não ver  os detalhes do acordo por três a quatro semanas, após o que os membros de base sindicais ainda terão que  votar  no acordo proposto.

O Site Socialista Mundial  (WSWS) e  o The Real News  fizeram relatórios detalhados sobre as negociações do contrato.                                  

A BNSF  anunciou  um lucro líquido de quase US$ 6 bilhões em 2021, um aumento de 16% em relação ao ano anterior. A Union Pacific  reportou um lucro  líquido de US$ 6,5 bilhões, também 16% superior a 2020. A CSX Transportation e a Norfolk Southern Railway   também  registraram  grandes ganhos. 

A desregulamentação econômica dos transportadores ferroviários de carga da Classe 1 na década de 1980 viu o número de transportadores de carga cair de 40 para sete, um número que deve cair para seis em breve. A força  de trabalho encolheu  de quase 540.000 em 1980 para cerca de 130.000. O serviço nas ferrovias do país, juntamente com as condições de trabalho e os salários, declinaram à medida que Wall Street espremia os grandes conglomerados ferroviários em busca de lucros.

Parece que o contrato proposto atenderá  a algumas das principais demandas dos ferroviários,  incluindo a reparação de anos de salários em declínio, a necessidade de ajustes no custo de vida para lidar com a inflação, o fim das políticas onerosas de atendimento, folga garantida e dias de doença , demissões em massa que pressionaram tremendamente os trabalhadores ferroviários remanescentes e o fim da prática de tripulações de um homem só. 

Ferrovia movimenta cerca  de dois quintos do frete americano de longa distância  e um terço das exportações. Está no centro de uma complexa cadeia de suprimentos global que inclui navios de carga, trens e caminhões. É quase certo que a Casa Branca de Biden interviria para evitar uma greve ferroviária nacional, o que seria um golpe na cadeia de suprimentos cambaleante e na economia instável do país.

Portugal | A INFLAÇÃO NÃO É IGUAL PARA TODOS

Na economia não há buracos negros. Se uns perdem, outros ganham na proporção inversa e a inflação não é exceção.

Miguel Viegas | AbrilAbril | opinião

A inflação está na ordem do dia. Na União Europeia e em Portugal, ouvem-se mais uma vez os burocratas de serviço, travestidos de peritos em ciência económica, a clamar por uma contenção salarial. O argumento falacioso assenta basicamente na guerra da Ucrânia e no seu caráter temporário. Mais cedo ou mais tarde, a coisa volta à normalidade, com a inflação nos 2% como manda o BCE, e, nos entretantos, os trabalhadores perdem mais uma boa fatia do seu rendimento.

Sucede que na economia, não há buracos negros. Se uns perdem, outros ganham na proporção inversa. E a inflação não é exceção. Do lado dos que ganham, temos as grandes empresas que beneficiam da alta de preços mantendo os custos de produção, e acumulando assim os tais lucros anormais de que se fala. Outro ganhador é o Estado, que beneficia com receitas fiscais acrescidas, designadamente a partir do IVA que incide sobre os preços inflacionados. Fala-se num acréscimo de 10 mil milhões de euros a mais relativamente ao que estava orçamentado. Este número estará um pouco acima dos dados da OCDE que atribuem um acréscimo de receita de 0,6% por cada ponto percentual de inflação acima do previsto. Mas a inflação (não compensada) beneficia igualmente o estado por via da dívida pública. Voltaremos a este ganho que é significativo num próximo artigo.

Os perdedores são, no fundamental, os trabalhadores e suas famílias. Mas mesmo deste lado, a inflação não atinge todas as famílias por igual. Como iremos ver, as médias tanto do lado da inflação como do lado do rendimento, escondem um padrão de desigualdade que não pode ser desvalorizado. Com base nos dados do INE, vamos decompor o cabaz de preços que serve de referência para o cálculo da inflação e verificar que nem todos os produtos evoluem da mesma maneira. Vamos ver depois que a composição do cabaz de consumo varia dos agregados mais ricos para os agregados mais pobres. Cruzando os dados, vamos verificar que a perda de poder de compra que decorre da inflação é mais pesada junto dos agregados mais pobres.

Neste primeiro quadro colocámos em evidência o peso relativo das três principais categorias de bens essenciais que mais pesam no orçamento das famílias. Como seria de esperar, os produtos alimentares e os custos de habitação representam uma parcela maior nas famílias do primeiro quintil, que são as mais pobres.1

Podemos igualmente ver, na última coluna, que a inflação não foi a mesma nas várias categorias de bens. Apesar de termos uma inflação média homóloga em agosto de 8,94%, os preços dos bens alimentares, que representam uma maior proporção da despesa dos agregados mais pobres, aumentou bastante mais, tal como os custos associados à habitação.

Com estes dados, usámos os valores da despesa dos agregados nos diferentes quintis e aplicámos os valores da inflação homóloga da Tabela 1 para calcular as perdas de rendimento em euros e depois calcular as perdas relativas de cada estrato. Só à conta daquelas três categorias de bens essenciais, as famílias mais pobres perdem cerca de 970 euros anuais. As famílias com maiores rendimentos perdem mais em valor absoluto, mas são menos penalizadas em termos relativos. Conforme pode ser visto no gráfico, as quebras de rendimento real em termos relativos são de 8,14% nas famílias do primeiro quartil. No lado oposto, verificamos que a quebra é de 6,04%.

Confirmam-se aqui três coisas. Em primeiro lugar, as perdas de rendimentos são significativas. Note-se que aqui apenas contabilizamos três categorias de bens. Associando as outras, as perdas são ainda maiores. Em segundo lugar, as perdas de rendimento causadas pela inflação afetam de forma mais severa as famílias mais pobres porque os bens essenciais são aqueles onde a subida de preços é maior. Em terceiro lugar, confirma-se que as medidas propostas pelo governo ficam muito aquém do necessário para compensar as perdas dos trabalhadores e das famílias. Três boas razões para participar nas manifestações da CGTP, em Lisboa e no Porto, no próximo dia 15 de outubro!

*O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

Nota: 1. Os quintis são obtidos dividindo as famílias em cinco fatias iguais e ordenadas das mais pobres às mais ricas. Os primeiros 20% são os mais pobres, o segundo grupo de 20% são mais remediados, e assim até aos últimos 20% que são as famílias mais ricas

Portugal | McDonald’s: um McMenu de exploração e ataque aos direitos laborais

Trabalhadores do McDonald's de Vila Real foram impedidos de participar numa reunião convocada pelo Sindicato de Hotelaria do Norte (SHN/CGTP-IN), em flagrante desrespeito pela Lei e Constituição portuguesa.

A reunião de trabalhadores da sociedade Regiseis, Lda., que explora o restaurante de Vila Real da cadeia de fast food McDonald’s, estava agendada para o dia de amanhã, às 16h30, no local de trabalho, cumprindo todos os preceitos dispostos na Lei da República portuguesa.

Ignorando a constituição, a empresa decidiu proibir, sem razão, a reunião de trabalhadores. De acordo com o Código do Trabalho (Artigo 461), «os trabalhadores podem reunir-se no local de trabalho mediante convocação por um terço ou 50 trabalhadores do estabelecimento, ou pela comissão sindical ou intersindical».

A ilegalidade da acção destes patrões do sector da restauração é evidente: «O empregador que proíba reunião de trabalhadores no local de trabalho ou o acesso de membro de direcção de associação sindical a instalações de empresa onde decorra reunião de trabalhadores comete contraordenação muito grave».

Em comunicado, o sindicato afirma já ter dirigido um protesto contra a administração da empresa, garantindo que «tudo fará para que os trabalhadores da McDonald’s discutam os seus problemas e encontrem soluções para os mesmos».

AbrilAbril | Imagem: McDonald’s de Vila Real Créditos/ waymarking

“ADEUS LENINE” – Mário Tomé

Num recente artigo saído no Esquerda.net o camarada Alberto Matos pergunta se ficamos com Lenine ou com o império. Isto depois de um rápido vol d’oiseau pela relação atribulada da Rússia com a Ucrânia que transporta, a propósito, para a actual relação…bélica.

Mário Tomé* | opinião

Alerta para o facto de a Rússia de Putin nada ter a ver com a URSS, alerta esse desnecessário porque ninguém minimamente informado cairia nessa clamorosa confusão a não ser pelo apego a soluções políticas ditatoriais que irmanam Stalin e Putin.

O que acontece com certa facilidade entre aqueles que, munidos das melhores intenções, sentem necessidade de pulsos fortes e da segurança que lhes dá viverem em protectorado.

Alberto Matos acusa Putin de invocar a “descomunização” da Ucrânia para justificar a invasão. Não é que isso importe muito, mas a alegação de Putin é a de “desnazificação da Ucrânia” o que não deixa de ser irónico.

Mas tem uma base histórica que Alberto Matos esquece na sua passagem pela II Guerra Mundial e a luta dos povos soviéticos contra os “hunos” de Hitler: o apoio significativo dos ucranianos aos invasores nazis recebidos como libertadores.

Este apoio tem, contudo, uma razão objectiva importante: o “Holodomor” ou genocídio ucraniano consequência da política stalinista de industrialização apoiada numa colectivização forçada e controlo e extorsão da produção agrícola que provocou milhões de mortos pela fome.

Quando os nazis mantiveram o mesmo quadro de feroz repressão, a mesma organização da produção no campo de “matar pela” fome e uma política de deportação e genocídio dos judeus, os ucranianos tornaram-se determinados combatentes pela libertação da URSS sob a orientação… de Stalin; não sem que tivessem ficado sementes que frutificaram no batalhão Azov e outras como os devotos do nazi Stephan Bandera.

Na história não se pode fazer analogias mas apenas comparações, como sublinhou Eric Hobsbawm; este um bom aviso para aqueles que, como nós, se servem da história para abordar o mundo e as contradições políticas e sociais com que nos defrontamos.

Angola | UMA MANCHA NO CENTENÁRIO -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A memória é uma traidora. Quando menos esperamos, lá está ela a trair-nos escandalosamente. Podia e devia começar melhor, porque vou falar do caderno especial do Jornal de Angola dedicado ao centenário do nascimento de Agostinho Neto. Finalmente, um produto à altura do Fundador da Nação. Ficou salva a honra dos Media públicos. Não estou admirado porque sei que na Redacção Central do jornal e nas Redacções Provinciais estão as e os melhores profissionais do Jornalismo Angolano. Cumpriram.

A memória traiu Rui Ramos, que no suplemento especial púbica um texto intitulado “Os Meus Primeiros Tempos com Neto” com incorrecções graves e outras nem tanto. A idade não perdoa. Eu próprio, há dias que olho o espelho e digo: Mas quem é este velho sacana? Depois penso melhor e acabo por reconhecer que o velho sou eu mesmo. O jovem que quero ver já não existe, faz tempo.

Rui Ramos escreve que conheceu Agostinho Neto no dia 4 de Fevereiro de 1975. Foi esperá-lo ao aeroporto com um grupo de vizinhos. Não seria com a malta do Comité Amílcar Cabral, os maoistas de faca na boca? Pensa bem, Rui. isso pouco interessa. Mas é falso quando ele escreve que ao chegar à capital, o líder do MPLA instalou-se “no Futungo, numa residência que lhe foi cedida pelo médico Zeferino Cruz, onde ele governava e onde concedia audiências”.

Não é verdade. Agostinho Neto ficou instalado numa vivenda do Bairro de Saneamento, ao lado da Imprensa Nacional e por trás do Palácio da Cidade Alta. Sei disso porque ia todos os dias levar-lhe os despachos das agências noticiosas estrangeiras, que o Zé Mena Abrantes traduzia na Emissora Oficial de Angola (RNA). Ele fazia a selecção e depois eu escrevia um resumo. Na presença de Neto fazia um relato sobre o que aconteceu no mundo e respondia a dúvidas. Depois vinha uma garrafa de uísque verdadeiro e um copo. Era o sacrifício do dia. Eu bebia, com grande esforço, um copinho. O uísque verdadeiro sabe a medicamento e faz-me azia. Só gosto do falsificado.

Agostinho Nerto foi viver na casa do médico dentista Zeferino Cruz mais tarde. Para mal dos seus pecados. Não gostou nada de ser encafuado no condomínio dos ricaços, construído no tempo do governador Rebocho Vaz. 

Outra falsidade, esta ainda mais grave. Rui Ramos diz que “a ANGOP estava em formação com jovens militantes, na garagem do DIP, lá ao fundo à direita”. Aqui temos um problema muito sério. A ANGOP nasceu como vou contar. 

Angola | Ministro admite "maior abertura à crítica" na comunicação social pública

Novo Ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social angolano admitiu "maior abertura à crítica" nos órgãos de comunicação social, sobretudo públicos, acusados de "falta de equilíbrio".

Mário de Oliveira, que falava após ser empossado no cargo pelo recém-eleito Presidente angolano, na segunda-feira (19.09), afirmou: "[a crítica] é uma atividade que não nos assusta, ele nos ajuda a melhorar e quando construtiva para o progresso é sempre uma atividade salutar".

"Mas é preciso termos em atenção que não vai ser a comunicação social que vai organizar e produzir atividades para serem difundidas, as organizações, de natureza política ou social, precisam de produzir atos que façam com que haja cobertura dos órgãos", respondeu à Lusa, quando questionado sobre alegada falta de contraditório nos órgãos públicos.

"E, então, neste sentido nós não temos qualquer questão, e dizer que a comunicação social continuará a ser uma comunicação para todos", assegurou.

Em declarações no Palácio Presidencial, em Luanda, onde foi empossado o novo Governo (2022-2027), Mário de Oliveira recordou que Angola teve, no mandato anterior, "subida significativa" no ranking da transparência na comunicação social. "E essa subida é consequência da abertura que foi havendo durante a legislatura anterior, que é para continuar", prometeu.

Angola | AGOSTINHO NETO E A DIMENSÃO DA LIBERDADE -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O alicerce do pilar da liberdade dos povos é a Bíblia Sagrada, disse um líder religioso no culto ecuménico em homenagem ao primeiro centenário do nascimento de Agostinho Neto. A verdade é tudo em que acreditamos mesmo que seja mentira ou apenas uma quimera vestida de fogo-fátuo, que não aquece nem arrefece. 

A minha verdade é diferente. O alicerce da liberdade do Povo Angolano é Agostinho Neto. E esse pilar gigantesco, que vai do deserto do Namibe à estratosfera, foi erguido com uma argamassa preciosa, feita com a carne e o sangue dos nossos Heróis que fizeram a luta armada de libertação nacional. Que se bateram pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Esta é a minha verdade e gosto muito dela. Estou pronto a sacrificar tudo por ela.

“Num quadro mais vasto da Cultura e da actividade cultural, é necessário desenvolver a Arte em todos os seus aspectos, escolher os elementos possíveis da nossa Literatura Oral e Escrita. É necessário recontar a História de Angola, de modo a fazer conhecer o longo caminho percorrido entre o passado e o presente”. Estas palavras são de Agostinho Neto. Foram proferidas na União dos Escritores Angolanos, em 1976. Tantos anos passaram e pouco aconteceu. Alguns recontaram a nossa História Contemporânea, mentindo, deturpando, falsificando, sem respeito pela Ciência e pela Humanidade.

Na arte fizemos tão pouco desde que Neto deu a táctica! Na Literatura Oral e Escrita ainda menos. Apareceram uns subprodutos coloniais que fizeram de simulacros da Literatura Abngolana uma espécie de abre-te sésamo do dinheiro fácil e da fama circense.

Não temos, nunca mais tivemos, cientistas como os padres Carlos Estermann , António da Silva Maia, Albino Alves. Ou Óscar Ribas, cada qual no seu espaço do fabuloso Mosaico Cultural Angolano. António Fonseca nos nossos dias chegou tão longe como os mestres do passado, na literatura oral Bakongo. Pouco mais.

Angola | LUSO CIRCO

Kuma | Tribuna de Angola

Ontem já foi longe demais, hoje já é uma agressão inadmissível, amanhã passa a ser uma intromissão terrorista concertada contra um alvo definido.

São demasiados palhaços que por falta de público se aplaudem uns aos outros, é uma seita trágica que enlameiam sociedades, comprometem países, e destroçam a liberdade de expressão.

Concertam estratégias, são vesgos, a Rádio Observador que inicialmente primou independência, é hoje um antro de promiscuidade, arrasta-se na sobrevivência no lodaçal da UNITA/FPU, cola-se ao pântano de ACJ, e vai cantando e rindo na marcha desafiadora de um Estado de Direito democrático, assente na visão de um mentiroso compulsivo e cúmplice de um evidente saudosismo neocolonial.

Colam-se-lhes gurus mestrados amestrados bem falantes, não os ignominiosos guardiões da propaganda transfronteiriça, como o idiota útil Sebastião Bogalho, que para valorizar os seus fretes e disfarçar a sua indigência, cita terceiros como a Time ou Financial Times, que melhor que ninguém sabem negociar opinião.

Angola | CRIMES DE ÓDIO CONTRA A DEMOCRACIA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O ambiente político no primeiro dia da legislatura já está envenenado, irrespirável e asfixia a democracia. A UNITA entrou a matar. Nos primeiros minutos abandonou a Assembleia Nacional. Política de cadeiras vazias tão do agrado dos inimigos jurados do regime democrático. Inaceitável. A liberdade de expressão tem limites. A impunidade tem limites. A imunidade dos deputados não pode ser usada para soltar os cães aos calcanhares dos órgãos de soberania e seus titulares.

Ao mesmo tempo que os 90 inúteis da UNITA abandonavam a Assembleia Nacional, o criminoso de guerra Abílio Camalata Numa publicava no Clube Kwacha (Club K) um arrazoado que não pode passar sem resposta por parte do Poder Judicial. Na política não vale tudo e muito menos vale o insulto gratuito, a ofensa soez, crimes de ódio como o racismo e a xenofobia. Abílio Camalata Numa atacou o general Francisco Furtado, com todo esse arsenal de crimes.

O general Francisco Furtado é ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República. É oficial general das Forças Armadas Angolanas. É membro do Executivo. É um cidadão angolano. 

Abílio Camalata Numa afirmou que nas eleições de 24 de Agosto “houve um golpe de estado constitucional articulado e sustentado pelo General Francisco Furtado que não respeitou a terra e os seus povos que o acolheram em tenra idade. É facto que a História de Angola vai registar para sempre. As ordens de perseguições aos angolanos que pensam diferente, assim como a perseguição a dirigentes, os sustos a crianças e idosos são o testemunho desse centurião mercenário com formação ruim de um sargentismo da bazuka que pisa na Lei Magna de Angola em desrespeito por todos quantos morreram pela dignificação da soberania nacional”.

Tratar desta forma um cidadão angolano, seja quem for, é intolerável. Dizer que o General Francisco Furtado “não respeitou a terra e os seus povos que o acolheram em tenra idade” é um ataque racista e xenófobo que como todos os crimes de ódio, não precisam de queixa para a Procuradoria-Geral da República intervir. O crime é mais grave porque a vítima é um servidor público, logo está mais exposto. Numa é como todos os dirigentes da UNITA. Sempre foram racistas. E quanto a respeitar os estrangeiros, só mesmo os colonialistas e os racistas de Pretória que eles serviram décadas.

A impunidade de Numa é para continuar? Os crimes de ódio em Angola vão tornar-se inócuos, dada a sua repetição pelos sicários da UNITA? A resposta é urgente. Muito urgente. Desta vez o servente dos racistas sul-africanos não pode ficar impune.

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