segunda-feira, 7 de novembro de 2022

O caos da "democraCIA" deu à costa em Luanda .. Martinho Júnior


“Viemos, vimos e ele morreu” – Hillary Clinton sobre Kadafi – https://www.youtube.com/watch?v=F9_G1ikow1k; https://www.thewrap.com/hillary-clinton-gaddafi-we-came-we-saw-he-died-video-32058/

O caos em nome da “segurança da democraCIA”

Martinho Júnior, Luanda 

Com a Estratégia de Segurança Nacional, decisão “straussiana” colocada nas mãos do autómato que dá pelo nome de Joe Biden, as afirmações de Hillary Clinton sobre o assassinato de Kadafi e a de Victoria Nuland a propósito da Europa tendo como referência a “obra” ukronazi do golpe na praça EuroMaidan em Kiev, ganharam outra sonoridade e fôlego, numa nova conjuntura e contexto em África.

Onze anos depois do assassinato de Kadafi, o “hegemon” pende sobre África o cacete que fez abater sobre a Jamairia Líbia, alegando a “concorrência” da Rússia e da China e como se os africanos fossem seu dilecto capim, que se quer pronto para espezinhar como um vulgar inerte!

Tudo isso é feito numa altura em que Pentágono e CIA disseminam “guerras secretas” que, segundo o Intercept, são escondidas de outras instituições e do eleitorado estado-unidense!

No seguimento do documento assinado por Joe Biden, os Comandos do Pentágono sob a batuta das implantações “straussianas” no Departamento de Estado, multiplicaram-se nas novas “aplicações” (algumas delas secretas) contra a Rússia e a China e a própria Casa Branca agilizou propósitos a condizer, tentando adoçar a pílula com seus estafados cantos de sereia!

Uma atenção muito especial recaiu sobre o Sahel no seguimento das vias humanas da destruição da Jamairia Líbia e da neutralização da própria Líbia, sujeita à desagregação.

Depois dos golpes do “hegemon” de 2011 na Líbia e de 2014 na Ucrânia, Nuland veio para o Sahel carregada de regras que, neste momento indicam que não podem haver mais golpes por aquelas paragens… uma autêntica “bomba suja” que contradiz o afã de Nuland no golpe EuroMaidan em Kiev!

Assim como Victoria Nuland foi muito importante para a aplicação das “revoluções coloridas”, sobressaindo conjuntamente com o “ultraconservador” John McCainna na praça EuroMaidan, (que simultaneamente foi um golpe de estado para a tomada do poder na Ucrânia a fim de atiçar o regime fantoche resultante das redes “stay behind” que repescaram os seguidores de Stepan Bandera), assim ela, agora nas vestes de Subsecretária de Estado para os Assuntos Políticos, está a ser a “pedra de toque” para África, conforme sua recente incursão por quatro países do Sahel: Mauritânia, Mali, Burkina Faso e Níger…

É claro que guardou o Níger para o fim de sua “visita”: no Níger está a ser feito o enlace do Pentágono e da CIA com a “FrançAfrique” ciosa das minas de Urânio da Areva e é por causa desse enlace que o Níger se tornou na praça-forte da operação Barkane e dos drones do Africom!

Angola | MEMÓRIAS E ACTUALIDADES – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Primeiro a memória. Em 1977 o Presidente Agostinho Neto disse-me com ar grave e pesaroso: “Não podemos ter crianças sem escolas nem escolas sem professores. Acabar com esta tragédia é uma emergência”. E deu as suas instruções para resolvermos tão grave problema. Em Lisboa lançámos uma operação para recrutamento de professores, desde o ensino básico ao superior. Para isso tivemos o apoio do Sindicato dos Professores e da União da Esquerda Democrática e Socialista (UEDS) liderada pelo engenheiro Lopes Cardoso, que tinha acabado de romper com a liderança de Mário Soares, no Partido Socialista.

O recrutamento e selecção foram feitos em ritmo de mata cavalos mas ao fim de um mês tínhamos milhares de professores prontos a embarcar para Angola. Grande trabalho do Dr. Arménio Ferreira mas também de Leiria Pinto, Jofre Justino e Adriano Correia de Oliveira, o Trovador de Abril. Enviámos o primeiro grupo para Luanda e logo a seguir veio uma ordem: Não vem mais ninguém até novas ordens! Não existiam instalações para alojar mais professores. E mesmo os que chegaram a Angola ficaram alojados em más condições, na capital e em Benguela.

Antes da primeira Guerra do Golfo eu estava em Bagdade. No dia 22 de Dezembro fui à Palestina (Cisjordânia), cidade de Belém, para fazer uma reportagem de Natal. Passei também pelos campos de refugiados de Aida e Azza. Em Jerusalém comecei a sentir-me mal, a coisa piorou três dias depois e quando estava em Aida a febre subiu muito. Fui a um hospital de campanha, instalado numa tenda e aí recebi tratamento. Algumas horas depois tive alta e quis pagar o serviço. Uma médica disse-me que ali só entravam pessoas com necessidades de cuidados médicos: “Quando entrar aqui dinheiro nós vamos embora!”

Estas memórias fazem falta para falar agora da actualidade. Primeiro vamos às escolas e aos professores. 

Após a Independência Nacional, o Ministério da Educação, liderado por Ambrósio Lukoki e Artur Pestana (Pepetela), lançou a campanha nacional de alfabetização. O analfabetismo em Portugal era uma política de Estado, não apenas um castigo aos povos das colónias. Salazar dizia que aos portugueses bastava aprender a ler, escrever e contar. Assim fez um país de analfabetos totais e funcionais. Esses iam para as colónias espalhar o analfabetismo, a boçalidade, o espírito do ocupante acéfalo. Alguns angolanos e portugueses que ficaram, eram alfabetizados e aderiram à campanha. Eu comecei pela minha empregada doméstica. E ela encarregou-se de me arranjar mais seis clientes.

Brasil | Julgar Bolsonaro é uma obrigação inarredável da justiça na democracia

"Não se trata de vingança. Ele precisa ser responsabilizado pelos seus crimes. É desse modo que procedem sociedades civilizadas e democráticas", diz Miola

Jeferson Miola, para o 247

No exercício do mandato, Bolsonaro foi denunciado pela prática de inúmeros crimes – não só de responsabilidade, como também crimes comuns. Ele coleciona uma extensa ficha corrida de ilícitos tipificados em vários artigos do Código Penal brasileiro.

#Publicado em português do Brasil

Além dos crimes praticados no cargo, Bolsonaro ainda terá de enfrentar a retomada de investigações e processos relativos a outros ilícitos cometidos previamente ao mandato, como lavagem de dinheiro, corrupção ativa, enriquecimento ilícito, peculato [a chamada “rachadinha”], envolvimento com milícias.

Bolsonaro também foi denunciado em tribunais internacionais pelo cometimento de crimes contra a humanidade e de genocídio.

Devido, contudo, a decisões monocráticas dos presidentes da Câmara dos Deputados na atual legislatura, Bolsonaro se safou de responder por todas as graves denúncias; ficou protegido por uma impunidade ilegalmente concedida a ele.

No biênio 2019/2020 o deputado Rodrigo Maia engavetou dezenas de denúncias contra Bolsonaro. Maia estava mais interessado em “aproveitar a janela de oportunidades” para concretizar os desajustes ultraliberais anti-povo, como na previdência social, do que em preservar a democracia da devastação promovida por um criminoso.

No biênio 2021/2022 o notório colaboracionista do fascismo Arthur Lira, sucessor de Maia na presidência da Câmara, sentou em cima de outras dezenas de denúncias, uma mais grave que a outra.

Lutar Contra | RACISMO E ATAQUES DE ÓDIO SÃO COMUNS NO BRASIL

Ataques de ódio em escolas: estudante negro de colégio tradicional de SP denuncia postagens racistas. 'Luto pela justiça. Luto pelo amor', diz.

Assim que saiu o resultado das urnas, Antônio, de 15 anos, foi adicionado a um grupo de alunos que trocava mensagens de ódio e preconceito, com citações nazistas, mas ele reagiu e denunciou os ataques que sofreu na escola.

O discurso de ódio presente nos atos golpistas da semana também foi ouvido em escolas de alto padrão. Em São Paulo, o estudante Antônio, de 15 anos, reagiu ao ver colegas, insatisfeitos com o resultado da eleição, divulgando mensagens racistas e de apologia ao nazismo. Ele decidiu tomar uma atitude.

A indignação do garoto começou na noite do domingo (30). Assim que saiu o resultado da eleição presidencial, ele recebeu um alerta no celular. Tinha acabado de ser adicionado a um grupo: Fundação Antipetismo.

A escola é o colégio Visconde de Porto Seguro, um dos mais tradicionais de São Paulo. Antônio e os outros adolescentes do grupo estudam na unidade de Valinhos, a 90 quilômetros da capital. A mensalidade custa até R$ 4 mil.

A instituição, fundada por imigrantes alemães no final do século XIX, tem currículo internacional, com aulas em português, inglês, alemão e espanhol.

“Comecei a ver as mensagens do grupo e achei mensagens nazistas, mensagens racistas, machistas. Todo tipo de preconceito tinha lá”, denuncia Antônio.

Alguém no grupo se apresenta: "Neonazistas do Porto", com um emoji apaixonado. Outra pessoa responde: "antipetistas".

“Por eu ser preto, ao ler mensagens assim me sinto atingido diretamente. Quando eles fazem menções ao nazismo, isso também ataca a minha raça, porque o que aconteceu no nazismo foi um ataque não só a judeus, mas a diversos grupos sociais, tanto negros quanto mulheres”, relata o estudante.

No mesmo dia em que Antônio falou com a direção, os colegas organizaram um ato dentro da escola xingando o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

O comportamento dos colegas fez Antônio protestar no refeitório da escola.

“Só o fato de eu ser um dos poucos negros em uma escola repleta de brancos, eu precisava criar essa consciência para poder viver nesse ambiente. Um negro no meio de muitos brancos, um negro com dinheiro”, afirma.

O caso foi revelado pelo site “Ponte jornalismo”. Na sexta-feira (4), o colégio Visconde de Porto Seguro expulsou oito alunos responsáveis pela criação do grupo. O colégio afirma combater todas as intolerâncias e que o protesto contra Lula foi dissipado em três minutos. O advogado que representa os estudantes expulsos contesta a decisão da escola.

"Eu aceito as desculpas. Não sinto ódio nem raiva de ninguém. Luto pela justiça, não estou lutando pelo ódio. Eu luto pelo amor", diz Antônio.

Por Fantástico em g1 Globo.com

MUDANÇA DE RUMO DO BRASIL SOB LULA AGITA A COP27

Nádia Pontes | Deutsche Welle

Presença do futuro presidente na Conferência do Clima da ONU é vista como esperança de retomada do protagonismo ambiental perdido sob Bolsonaro. "O mundo está esperando pelo Brasil", diz ex-ministra do Meio Ambiente.

De saída da Presidência do Brasil, Jair Bolsonaro não é esperado no encontro de chefes de Estado programado para ocorrer no âmbito da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27), realizada no Egito deste domingo (06/11) até 18 de novembro. Com nomes confirmados como Joe Biden, líder dos Estados Unidos, uma das presenças mais aguardadas é a do próximo presidente brasileiro: Luiz Inácio Lula da Silva.

Ainda sem poder para decidir o rumo das negociações da delegação brasileira, o vencedor das eleições contra Bolsonaro deve comparecer à reunião organizada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), na segunda semana das negociações. 

"A presença do Lula é um sinal muito positivo, sinal de um país que se volta para o mundo depois de anos como pária", comenta Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente que será uma das conselheiras da Presidência na Conferência do Clima no Egito.

Em entrevista à DW, Teixeira afirmou que há uma grande demanda de delegações importantes para encontros com o governo de transição. A expectativa é que as discussões vão além de cooperações internacionais para a conservação da Amazônia.

"O Brasil chegará renovado, pautado pela sua democracia, por sua grande capacidade técnica na ciência, por sua juventude e povos indígenas. O mundo está esperando pelo Brasil", declara Teixeira.

Alta nas emissões e no desmatamento

Sob chefia do atual ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, a delegação oficial vê a COP27 como momento de reafirmação dos compromissos de todos os países com a mitigação da mudança do clima, em particular os maiores emissores, informou o Itamaraty por email à DW.

Depois de China, Estados Unidos, Índia, Indonésia e Rússia, o Brasil é o sexto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, aponta uma plataforma dedicada ao tema mantida pelo World Resources Institute (WRI), com informações coletadas até 2019.

Desde então, os números só pioraram, como destaca Stela Herschmann, especialista do Observatório do Clima que acompanha as negociações no Egito. "O ano de 2021 foi o quarto seguido de alta nas emissões nacionais, puxada principalmente pelo aumento do desmatamento, ano após ano, critica.

Discriminação de deputado franco-angolano "choca" comunidade lusófona

O parlamento francês foi suspenso, esta semana, devido a um "ataque racista" contra o deputado Carlos Martens Bilongo, proferido pelo deputado da extrema-direita Grégoire de Fournas, que foi entretanto sancionado.

O episódio na Assembleia Nacional onde um deputado da extrema-direita teve um comentário racista contra o deputado Carlos Martens Bilongo chocou a comunidade lusófona e mostra a "xenofobia e racismo" do partido de Marine Le Pen. Quem o diz é Fernanda Cabral Semedo, presidente da Federação das Associações Cabo-verdianas em França, em declarações à Agência Lusa.

"Quando vi o que se passou, fiquei chocada. Achei que não tinha percebido bem o que tinham dito ao Carlos. Isto passou-se na Assembleia Nacional, que deve representar todos os povos em França e foi um comentário ainda mais inapropriado porque este jovem nasceu em França, ele é francês e o deputado que o insultou mandou-o para o continente de origem dos seus pais só pela sua cor de pele. Isto é inadmissível", disse.

Na quinta-feira, durante um debate, o deputado Carlos Martens Bilongo, eleito da França Insubmissa pelo Val d'Oise, na região parisiense, questionava o Governo sobre a crise migratória, quando o deputado da extrema-direita Grégoire de Fournas disse: "volte para a África". 

PALOP querem clima reconhecido como Património Mundial da Humanidade

Os países africanos de língua portuguesa querem que o clima seja reconhecido como património comum da humanidade e vão, para isso, mobilizar o apoio de toda a sociedade civil. Ideia será apresentada na COP27, no Egito.

Os movimentos ambientalistas lusófonos, encabeçados por Portugal, pretendem lançar o tema do reconhecimento do clima como Património Mundial da Humanidade na conferência das Nações Unidas sobre as alterações climáticas (COP27), que começou este domingo (06.11) e que termina a 18 deste mês, no Egito.

Cabo Verde, país extremamente vulnerável às alterações climáticas, apoia a proposta. "Claro que ainda estamos a entender bem o que é isso implica. Porque isso vai mudar todo o paradigma e toda a forma como nós lidamos com as políticas na área do ambiente", diz à DW África Dirce Varela, diretora executiva da Plataforma das Organizações Não Governamentais (ONG).

A ativista cabo-verdiana precisa que não há qualquer tipo de divergência em relação à proposta de ONG portuguesas apresentada numa conferência, em Lisboa, nos dias 28 e 29 de outubro, com o objetivo de repensar e restaurar o clima como património comum. 

"Cabo Verde tem as suas especificidades como país altamente vulnerável; o que nós temos é aquilo que foi discutido aqui: rever as políticas nacionais de cada Estado e adaptá-las aos recursos e também a cultura de cada país [e ver] como é que nós podemos realmente fazer a diferença", acrescenta.

Dirce Varela reforça que "é preciso repensar a governança do clima". Por outro lado, espera que da cimeira sobre as alterações climáticas no Egito saia como resultado o reforço do comprometimento do que deve ser feito para salvar o ambiente e o planeta terra. 

CPLP VAI ENVIAR OBSERVADORES ÀS ELEIÇÕES NA GUINÉ EQUATORIAL

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai enviar uma Missão de Observação às eleições gerais na Guiné Equatorial, agendadas para o próximo dia 20, revelou, sexta-feira, o secretário-Executivo da organização, Zacarias da Costa, citado ontem pela Lusa.

"Sempre que somos solicitados a enviar Missões de Observação para eleições aos países respondemos positivamente”, pelo que "será enviada no próximo dia 20 uma Missão à Guiné Equatorial”, afirmou o diplomata timorense.

"Obviamente que temos também um orçamento limitado”, disse  Zacarias da Costa, explicando , desde que assumiu funções, houve "actos eleitorais em quase todos os países”.

"Neste momento”, explicou o secretário-executivo, "ouvidos os Estados-membros, a organização dispõe de orçamento para enviar à volta de 10 a 15 pessoas”, caso sejam incluídos na missão alguns membros da Assembleia Parlamentar da CPLP (AP-CPLP).

"Normalmente fazemos uma missão única, constituída por observadores dos Estados-membros e também parlamentares da AP-CPLP, que a integram”, explicou o diplomata.

COMBATE À CORRUPÇÃO EM ANGOLA DESTACADO NOS PAÍSES BAIXOS

Aposta do Executivo do Presidente João Lourenço no combate à corrupção é destacada num artigo na publicação dos Países Baixos, NRC, onde é revelado um novo processo sobre o qual Isabel dos Santos irá responder em tribunal, em Março de 2023, por desvio de 50 milhões de euros.

Empresária era persona non grata em bancos internacionais desde, pelo menos, 2013.

O artigo dá conta de uma investigação levada a cabo por um advogado holandês, a pedido da Sonangol, à Esperaza, a empresa holandesa por via da qual a companhia angolana entrou na Galp Energia e de que Sindika Dokolo, o falecido marido de Isabel dos Santos, viria a ser accionista – num negócio recentemente anulado por um tribunal arbitral holandês.

O advogado, oficialmente nomeado para levar a cabo a investigação, denuncia que, com a cooperação de vários ‘facilitadores’, cerca de 52 milhões de euros terão sido desviados da Esperaza, num esquema que envolveu a também holandesa Exem, por via da qual Sindika detinha 40% da sociedade que é dona de mais de 30% da empresa portuguesa.

Isabel dos Santos, o "maior escritório de advogados de Portugal e um parceiro, um advogado bem conhecido”, refere o artigo, assim como o ex-braço direito da empresária, Mário Leite Silva, foram notificados neste Verão para comparecer em Março de 2023 num tribunal holandês por conta deste processo cível. Também serão ouvidos elementos dos bancos detidos por Isabel dos Santos em Portugal e Cabo Verde, assim como de um escritório holandês (TCA) responsável pela gestão de sociedades da empresária e marido.

O artigo recorda as acções levadas a cabo pelo Governo de João Lourenço contra a filha do falecido presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, no quadro da prioridade dada desde 2017 ao combate à corrupção e impunidade, e os esquemas trazidos a público pelo Luanda Leaks de desvios de milhões de dólares da Sonangol para sociedades controladas pela ex-mais rica de África.

Angola | OCUPAÇÃO MILITAR DE CABINDA EM NOVEMBRO DE 1783

A História Desde o Primeiro Episódio

(Os dias antes da Independência Nacional)

Artur Queiroz*, Luanda

A Batalha do Ntó foi decisiva no caminho que conduziu Angola à Independência Nacional. Mas Cabinda foi palco de uma invasão armada, ainda em 1974. Mercenários franceses e tropas de Mobutu tomaram de assalto o posto fronteiriço de Massabi. Este ataque à integridade territorial aconteceu nos primeiros dias de mandato do presidente da Junta Governativa (o Governo-Geral tinha acabado), almirante Rosa Coutinho. Ele empenhou-se pessoalmente na libertação do território ocupado.

As tropas do Exército de Mobutu e mercenários de várias nacionalidades, sobretudo franceses, no dia 8 de Novembro de 1975 invadiram novamente o então distrito de Cabinda com o objectivo de tomar a capital e colocar no poder elementos da FLEC, que acompanhavam os invasores estrangeiros. Se as FAPLA não tivessem resistido heroicamente, hoje os “intelectuais cabindas” que reivindicam a independência, nada tinham para reivindicar. Não existiam, ou eram zairenses e súbditos de Mobutu. A ordem de operações era clara, o ditador de Kinshasa queria alargar o Baixo Congo anexando a província angolana.

No dia 8 de Novembro de 1975 a responsabilidade de garantir a integridade territorial era da potência colonial, Portugal. Mas o pequeno destacamento militar português, que ainda restava, acantonado na cidade de Cabinda, pouco ou nada podia fazer. As FAPLA assumiram as suas responsabilidades, com o apoio inestimável de um punhado de militares cubanos, entre os quais, o mítico general Moracén (Quita Fuzil).

Os portugueses, em 1783, ocuparam militarmente a província de Cabinda, na época muito maior e com continuidade geográfica com o Norte da então colónia de Angola. A força de ocupação era comandada pelo coronel Pedro Álvares de Andrade, um fanático da disciplina e organização militar, discípulo do marechal general conde de Lipe, fundador do moderno Exército português. 

Na cidade mandou erguer um forte e num tempo recorde nasceu a Praça Militar de Cabinda. No dia 7 de Novembro de 1783, 192 anos antes da Batalha do Ntó e da Independência Nacional, o coronel Álvares de Andrade assinava a primeira “ordem de serviço”, no Quartel de Santa Maria de Cabinda. No dia 21, novas instruções aos oficiais da guarnição. 

O oficial do Exército Português fazia parte de um Triunvirato que governava Angola, por morte do governador e capitão general, José Gonçalo da Câmara, falecido em Luanda a 19 de Dezembro de 1782. Os outros dois eram o bispo D. Frei Luís da Anunciação e Azevedo e o ouvidor Francisco Xavier Lobão Machado Pessanha.

O coronel Pedro Álvares de Andrade regressou ao palácio do Governo, em Luanda, no fim de Dezembro de 1783 e redigiu um manuscrito, assinado pelo seu punho e com a seguinte data: Quartel de São Paulo da Asumpção, 10 de Janeiro de 1974. No documento histórico, descreve todas as medidas que tomou e revela quem deixou a comandar as forças em Cabinda: o coronel engenheiro Luís Cândido Pinheiro Cordeiro Furtado.

O manuscrito fez parte, durante muitos anos, da biblioteca particular do Duque de Lafões. Mário António Fernandes de Oliveira, o grande poeta angolano Mário António, deu-o à estampa na obra monumental “Angolana”, publicada pelo Instituto de Investigação Científica de Angola, de Luanda, e pelo Centro de Estudos Históricos Ultramarinos, de Lisboa.

O general Pedro Sebastião, em Novembro de 1975 era comandante de esquadrão das FAPLA e nessa qualidade esteve na primeira linha na Batalha do Ntó. Os comandantes já faleceram. Zacarias Pinto “Bolingô”, era o chefe do estado-maior da II Região (Cabinda). Eurico Gonçalves “China”, o comissário político. O comandante Foguetão chefiava as operações e Delfim de Castro as informações. As comunicações estavam sob a responsabilidade de Evaristo Kimba, então membro do comité central do MPLA. O comandante dos comandantes era Pedro Maria Tonha “Pedalé”, na época membro do bureau político do MPLA. O comandante Margozo comandava uma unidade das FAPLA que defendia o aeroporto da cidade. À frente das tropas na primeira linha do Ntó esteve o comandante Max Merengue. 

GENOCÍDIO NA NAMÍBIA: “NOSSO AUSCHWITZ, NOSSO DACHAU”

Acerto de contas com o genocídio da Alemanha na Namíbia

Os abusos alemães dos Herero e Nama foram o primeiro genocídio do século 20, um prenúncio do Holocausto dos nazis na Segunda Guerra Mundial.

Hamilton Wende | Al Jazeera - 06 de novembro de 2022

Waterberg, Namíbia - As sombras rendilhadas das acácias repousam sobre a grama seca. Uma brisa fria de inverno suspira pelos galhos. Na escassa sombra, Jephta Nguherimo, um ativista vitalício pela justiça restaurativa para o povo Herero, segura os restos enferrujados de alguns equipamentos militares, é impossível dizer agora para que poderia ter sido usado.

#Traduzido em português do Brasil

O homem de 59 anos joga-o de volta no chão. “Estou pensando em todas as mulheres e crianças que morreram aqui”, diz ele.

Ele está no local da Batalha de Waterberg, onde, em 11 de agosto de 1904, o exército colonial alemão dizimou os rebeldes Herero que lutavam contra os colonos que haviam imposto seu domínio sobre o país e apreendido grande parte de suas terras. Os assassinatos fizeram parte de uma campanha alemã de punição coletiva entre 1904 e 1908 que hoje é reconhecida como o primeiro genocídio do século 20 .

Mas seus ancestrais não foram meras vítimas, ele diz à Al Jazeera: “Esta guerra foi a primeira resistência ao colonialismo”.

Jephta nasceu na aldeia de Ombuyovakura, na Namíbia, mas agora vive nos Estados Unidos. Ele tem uma barba raiada de cinza e fala suavemente e pensativamente. Poeta e pessoa profundamente espiritualizada, acredita apaixonadamente na justiça para o seu povo, mas também na reconciliação com os alemães que massacraram dezenas de milhares de Herero, Nama e San, comunidades étnicas indígenas do país então conhecido como Sudoeste Africano.

"Tenho grande respeito por meus avós e pais pelos esforços extraordinários que fizeram para nos proteger, crianças, do trauma transgeracional causado pelo genocídio", escreveu ele em 2020. nunca mencione o genocídio. Eles só falariam sobre a guerra de resistência."

Aquisição alemã

Em 1884, após a Conferência de Berlim, que atribuiu as terras africanas às potências europeias, a Namíbia foi tomada pelos alemães. No início de 1900, quase 5.000 colonos alemães chegaram e governaram cerca de 250.000 africanos indígenas. À medida que o controle alemão crescia, os direitos e liberdades dos povos africanos diminuíam rapidamente. Os Hereros e outros grupos foram sistematicamente expulsos de suas terras ancestrais e designados para as chamadas "reservas".

Africanos que foram considerados infratores da lei foram açoitados e às vezes enforcados, e até mesmo registros oficiais alemães mostram vários casos de colonos brancos que receberam sentenças leves por cometer estupro e assassinato. Essa brutalidade contínua, combinada com a questão da terra, criou raiva e ressentimento generalizados entre as populações locais.

Em 1904, os Herero, sob o comando de seu líder Samuel Maherero, levantaram-se contra os invasores coloniais alemães e, em 12 de janeiro, vários de seus soldados montados atacaram a cidade de Okahandja. Mais de 120 pessoas, a maioria alemãs, foram mortas.

Logo o conflito cresceu, com o Herero sendo inicialmente muito bem sucedido, varrendo os assentamentos coloniais mal defendidos enquanto os alemães lutavam para organizar sua defesa sob seu governador, Theodor von Leutwein. Em junho, o Kaiser o removeu do comando do campo de batalha e nomeou o general Lothar von Trotha em seu lugar. Ele imediatamente instituiu uma política militar, não de pacificação, mas de extermínio. Logo os Herero foram dominados.

Quando amanheceu naquela manhã de 11 de agosto no planalto de Waterberg, cerca de 50.000 ou mais homens, mulheres e crianças hereros acordaram com suas cabanas simples sendo atingidas por granadas. Os homens correram para lutar contra os alemães, deixando suas famílias para trás, onde foram mortos por uma brigada de cerca de 6.000 Schutztruppe (o nome oficial das tropas alemãs nos territórios africanos de seu império). Embora numericamente mais fracos, os alemães tinham armas superiores - incluindo metralhadoras Maxim e artilharia - e rapidamente destruíram a defesa Herero.

No início da batalha, os caças Herero quase invadiram as posições de artilharia alemãs, mas Von Trotha ordenou que as metralhadoras fossem trazidas. Seu fogo rápido fez os Herero recuarem e milhares foram massacrados. Aqueles que sobreviveram fugiram para o leste através de uma brecha nas defesas alemãs para o deserto de Kalahari, inóspito e sem água, conhecido como Omaheke, onde dezenas de milhares morreram. Muitos morreram de sede, enquanto outros foram presos e levados para campos de concentração e usados ​​como trabalho escravo.

“Minha avó me contou sobre nosso povo e sua fuga para o leste e como nosso povo pereceu, sobre a desapropriação de suas terras e de seu gado e todas as coisas terríveis que vivenciaram nos campos de concentração”, diz Jephta, olhando ao redor pensativo. enquanto ele ajusta seus dreadlocks sobre o ombro de sua camisa cinza estilo safári no dia quente. O vento fica mais suave sobre a grama de inverno branca como osso que carrega suas palavras.

Assassinato de jornalistas: Qatar expressa 'profunda preocupação' com impunidade

Al Jazeera

A jornalista da Al Jazeera, Shireen Abu Akleh, foi morta a tiros por um atirador israelense em maio, mas ninguém foi responsabilizado.

#Traduzido em português do Brasil

O Catar exigiu responsabilização pelo assassinato da jornalista veterano da Al Jazeera, Shireen Abu Akleh, durante uma conferência sobre a segurança de jornalistas, dizendo "responsabilizar Israel".

A ministra adjunta das Relações Exteriores, Lolwah al-Khater, dirigiu-se aos participantes em Viena, na Áustria, na sexta-feira, expressando “profunda preocupação com a persistência da impunidade por violações e crimes cometidos contra jornalistas”.

“O assassinato da jornalista palestina Shireen Abu Akleh destaca o fato de que os métodos de proteção e prevenção só são eficazes quando combinados com mecanismos de acusação”, disse al-Khater.

Em 11 de maio, o correspondente de televisão palestino-americano da Al Jazeera Arabic chegou a Jenin, na Cisjordânia ocupada, para relatar um ataque das forças israelenses a um campo de refugiados usando um colete de proteção, claramente marcado com “PRESS”.

Abu Akleh, 51, estava com outros jornalistas quando foi baleada na cabeça por um atirador israelense.

“Shireen dedicou sua vida trabalhando para esclarecer as atrocidades cometidas contra o povo palestino, ela foi uma das mais de 45 jornalistas mortas pelas forças israelenses desde 2000”, disse al-Khater.

Ela ressaltou a necessidade de trabalhar na proteção de jornalistas, especialmente aqueles que reportam de zonas de conflito, e “não há exceções quando responsabilizamos os responsáveis”.

NETANYAHU RETORNA, MAS O CENÁRIO POLÍTICO E MILITAR MUDOU

Abdel Bari Atwan* | The Cradle

Bibi está de volta, liderando o governo mais direitista de Israel, mas também enfrentando resistência palestina sem precedentes e turbulência global.

#Traduzido em português do Brasil

Enquanto a Cúpula Árabe na Argélia afirmou sua adesão à chamada 'Iniciativa de Paz Árabe' como solução final para a questão palestina, a resposta de Israel veio rápida e resoluta com o retorno ao poder de Benjamin Netanyahu e do bloco religioso anti-árabe Likud .

Nas eleições legislativas de 1º de novembro, os israelenses votaram em grande número nos partidos anti-árabes, racistas e religiosos, que abraçam abertamente uma política de matar e expulsar palestinos de toda a Palestina ocupada e promover uma identidade exclusivamente judaico-sionista do país. .

O partido “Poder Judaico”, que conquistou 15 cadeiras e é liderado pelas duas figuras mais racistas da curta história do Estado judeu, Bezael H. Cherish e seu vice Itamar Ben Gvir, será a espinha dorsal do governo de coalizão de Netanyahu.

O líder deste partido, que será o parceiro mais proeminente dos monarcas árabes que assinaram acordos de paz com Israel, pediu a morte dos árabes, a sua expulsão e o envolvimento dos corpos dos mártires em pele de porco “em homenagem” a eles.

QUAIS SÃO AS PRIORIDADES MÁXIMAS DA COP27

Martin Kübler*

Anfitrião da conferência sobre mudanças climáticas, Egito visa colocar a África no foco das medidas para mitigar aquecimento global e viabilizar transição para energias renováveis. Países ricos são instados a contribuir.

#Publicado em português do Brasil

Com a guerra russa contra a Ucrânia e os protestos no Irã dominando as manchetes, os líderes mundiais estão perdendo de vista a "luta de vida ou morte" em torno do clima global, advertiu o secretário-geral da ONU, António Guterres, com vista à 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27), que transcorre de 6 a 18 de novembro de 2022 no Egito.

Falando à imprensa em Nova York em outubro, Guterres urgiu as nações industrializadas a cumprirem integralmente seus compromissos coletivos, inclusive o de investir, até 2025, 100 bilhões de dólares anuais em ações climáticas em países em desenvolvimento. Essa meta, estabelecida em 2020, ainda está longe de ser alcançada.

"As ações das mais ricas economias desenvolvidas e emergentes simplesmente não fecham a conta", criticou o diplomata português. "Somados, os atuais compromissos e políticas estão batendo a porta para a nossa chance de limitar o aumento da temperatura global a 2ºC [em relação à era pré-industrial], ainda mais de cumprir a meta de 1.5ºC."

Em seguida às recentes enchentes devastadoras no Paquistão e às ondas de calor e secas recordes por todo o planeta, o tema "perdas e danos" deverá ocupar papel central nas negociações na cidade-balneário Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho.

A ideia de fornecer reparações aos países vulneráveis por perdas, tanto econômicas quanto culturais, relacionadas a catástrofes climáticas foi abordada pela primeira vez na cúpula do clima de 2013, em Varsóvia. Contudo o progresso tem sido lento.

Nações ricas, como os Estados Unidos e na Europa, têm se mostrado relutantes em se comprometer com um fundo – que pode chegar a centenas de bilhões de dólares até 2030 – dedicado a cobrir o custo pesado de suas altas emissões de gases causadores do efeito estufa.

AS BOAS PESSOAS FAZEM COISAS BOAS

Ser bonzinho, aos olhos da avó, é suficiente para legitimar as opções políticas do social-democrata e do liberal que se preocupam sempre com «as pessoas».

Jorge C.* | opinião

É quase um lugar-comum dizer que os lugares-comuns são comuns por alguma coisa. Mas o valor que atribuímos a certas ideias consolidadas só funciona no limite da conveniência. É como se o nosso autoconceito vivesse e se validasse nos padrões consagrados pela tradição oral e moral, conforme a circunstância. É o chamado relativismo moral. Não é certo que o resultado do nosso autoconceito esteja, assim, muito perto da realidade. E é nessa eventual fantasia que vamos sobrevivendo, uns mais do que outros, sabe deus como!

A função dos lugares-comuns devia ser, no entanto, sintetizar a experiência civilizacional para evitarmos complicar mais as nossas relações. Ao mesmo tempo, superar os lugares-comuns com uma atitude transformadora, revolucionária, é uma necessidade que devemos sentir todos os dias, para que não fiquemos demasiado agrilhoados a essa tal fantasia que temos de nós e do que nos rodeia. Nem sempre é confortável, mas é importante.

Um dos grandes confortos que temos na vida é a certeza de que somos boas pessoas. Tudo o que fazemos é bem-intencionado. Mas a única circunstância em que repetimos esse velho aforismo de que «de boas intenções está o inferno cheio» é quando nos referimos aos outros. Curioso critério.

As vantagens de olhar para ele em forma de autocrítica eram imensas, mas isso implicaria assumir as consequências das nossas ações e omissões e o valor daquilo que consideramos serem boas intenções. A cobrir as boas intenções, como um manto especular, está sempre a ausência de envolvimento dos outros nos nossos planos. Contamos que o desencadear das consequências esteja protegido pelo sentimento generalizado e público de que somos boas pessoas e que não haja qualquer necessidade de discutir seja o que for.

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