sábado, 3 de dezembro de 2022

O SUL GLOBAL CRIA UM NOVO SISTEMA DE PAGAMENTO REVOLUCIONÁRIO

Pepe Escobar | The Cradle | #Traduzido em português do Brasil

Desafiando o sistema monetário ocidental, a União Econômica da Eurásia está liderando o Sul Global em direção a um novo sistema de pagamento comum para contornar o dólar americano.

A União Econômica da Eurásia (EAEU) está acelerando o projeto de um sistema de pagamento comum, que foi discutido de perto por quase um ano com os chineses sob a administração de Sergey Glazyev , o ministro da EAEU responsável pela Integração e Macroeconomia.

Por meio de seu órgão regulador, a Comissão Econômica da Eurásia (CEE), a EAEU acaba de estender uma proposta muito séria às nações do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que, crucialmente, já caminham para se tornarem BRICS+ : uma espécie de G20 do Sul Global.

O sistema incluirá um único cartão de pagamento – em concorrência direta com Visa e Mastercard – fundindo as já existentes MIR da Rússia, UnionPay da China, RuPay da Índia, Elo do Brasil e outras.

Isso representará um desafio direto ao sistema monetário projetado (e aplicado) pelo Ocidente, de frente. E vem logo após os membros do BRICS já realizarem suas transações comerciais bilaterais em moedas locais, contornando o dólar americano.

Esta união EAEU-BRICS estava em construção há muito tempo - e agora também avançará para prefigurar uma nova fusão geoeconômica com os países membros da Organização de Cooperação de Xangai (SCO).

Não esquecer: A Ucrânia tentou enganar a OTAN para iniciar a Terceira Guerra Mundial...


A Ucrânia tentou enganar a OTAN para iniciar a Terceira Guerra Mundial depois de acidentalmente bombardear a Polónia

Andrew Korybko* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

A liderança ucraniana estava bem ciente do que aconteceu, mas decidiu propagar a teoria da conspiração mais perigosa da história na tentativa de desencadear a Terceira Guerra Mundial. O público ocidental faria bem em insistir nisso, pois significa que eles foram forçados por seus governos a subsidiar o que pode ser descrito objetivamente como um culto à morte apocalíptico literal que mentiu para seus líderes na tentativa de levá-los a bombardear a Rússia e assim provavelmente acabará com o mundo.

A OTAN e a Rússia estiveram brevemente à beira da Terceira Guerra Mundial na noite de terça-feira, depois que a Ucrânia acidentalmente bombardeou a Polônia. O incidente aconteceu enquanto suas forças tentavam interceptar mísseis russos durante o que foi descrito como o ataque mais feroz de Moscou em sua operação especial até agora, que alguns especularam ter coincidido com o fracasso das negociações de cessar-fogo. Em vez de derrubar o míssil russo, o S-300 de Kiev apresentou defeito e acabou caindo na Polônia, onde matou duas pessoas.

A liderança ucraniana estava bem ciente do que aconteceu, mas decidiu propagar a teoria da conspiração mais perigosa da história em uma tentativa de literalmente desencadear a Terceira Guerra Mundial. Zelensky mentiu para o mundo ao descrever o bombardeio acidental de suas forças na Polônia como “um ataque de míssil russo à segurança coletiva” e dizendo à OTAN que “precisamos agir”. Seu ministro das Relações Exteriores, por sua vez , acendeu o gás ao afirmar que todas as alegações de que seu lado foi o responsável por este incidente nada mais são do que “propaganda russa”.

Angola | ESTILO RUFIA E ONDA CANALHA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O senhor Procurador-Geral da República gosta de aparecer nos Media. Daí não vem mal ao mundo. O problema é que o general Pita Grós, antes as câmaras e os microfones, faz declarações que violam o segredo de Justiça, como se não fosse nada com ele. Assume um estilo de rufião e comportamento canalha, o que não diz bem com o alto cargo que ocupa. Segundo a senhora engenheira Isabel dos Santos, sua excelência recebe ordens do Presidente João Lourenço. O sector da Justiça fica muito agradecido se lhe derem ordens para estar calado até ir gozar os rendimentos por ter atingido o limite de idade.

A última declaração pública do Procurador-Geral da República foi sobre a cidadã angolana Isabel dos Santos. Usou termos ordinários, foi desrespeitoso e comportou-se como o cabo dos sipaios. Levou logo o troco. A visada, numa entrevista ontem difundida, acusa o general Pita Grós de falsificar documentos para confiscar bens e arranjar provas que sustentam acusações do Ministério Público.

Para o caso do senhor general Pita Grós não saber ou estar esquecido, recordo-lhe que em Tribunal o Ministério Público é apenas uma parte. Vale tanto como a defesa dos acusados. Exactamente o mesmo. Na audiência, os magistrados judiciais avaliam as provas e condenam ou absolvem. Um Tribunal é lugar sagrado onde se faz Justiça em nome do Povo. Não queira o senhor Procurador-Geral da República transformá-lo em sala dos castigos do chefe de posto ou do administrador. Não reduza o papel dos juízes à condição dos sipaios das palmatoadas e outros castigos físicos. Isso acabou há 47 anos.

A palavra da senhora engenheira Isabel dos Satos vale tanto como a do Procurador-Geral da República. Nem mais, nem menos. As acusações dela valem tanto como as do Ministério Público. Em Tribunal nenhuma parte é mais do que a outra. Está acima da outra. Tem mais credibilidade do que a outra. É mais valorizada pelos magistrados judiciais do que a outra.

A entrevista de Isabel dos Santos foi muito conveniente. Se tudo o que ela disse é verdade, temos uma problema sério em Angola, que deve causar um tremendo sobressalto cívico em todas e todos que acreditam no Estado de Direito e defendem a democracia.

A CONSTITUIÇÃO ANGOLANA DEVE SER REVISTA?

O Presidente de Angola admite que a Constituição poderá voltar a ser revista. Segundo João Lourenço, os angolanos sinalizaram claramente essa "necessidade" nas eleições de agosto.

A última revisão da Constituição angolana ocorreu há cerca de um ano, quando o Parlamento aprovou a alteração de mais de 40 artigos. Uma das mudanças foi a eliminação do princípio do "gradualismo" para a implementação das autarquias.

Há alguns dias, o Presidente João Lourenço voltou a falar na possibilidade de uma reforma constitucional. Para a concretizar, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que deixou de ter uma maioria qualificada no Parlamento depois das eleições de agosto, teria de negociar com a oposição. O chefe de Estado disse estar aberto ao debate que considera desejado pelos eleitores, "o que, desde já, vamos respeitar".

A oposição política e a sociedade civil olham para os planos do Presidente com alguma trepidação.

As condições da UNITA

Reagindo às declarações do líder do MPLA, o deputado pela lista da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Américo Chivukuvuku, salienta que o país não precisa de mais uma revisão constitucional que dê "poderes absolutos" ao Presidente da República.

No entanto, Angola deve rever os problemas fundamentais da lei magna do país, disse Chivukuvuku, que deu como exemplo uma redução dos poderes do Presidente e a retoma da sua eleição direta.

"Estes e outros elementos de interesse nacional é que deviam ser objeto. Por isso, vamos esperar que haja sentido elevado de patriotismo", disse o político à DW África.

Angola | PAZ DE NOVEMBRO AMPUTADA DA DIGNIDADE – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Neste Novembro da Independência Nacional que hoje termina, a liberdade perdeu força e está em perigo. A dignidade bazou. Todos somos convocados a reflectir sobre o papel que cabe a cada um, neste presente cheio de ameaças e incertezas a nível planetário, mas também em Angola. O mundo é um imenso palco, onde estão a ser representadas tragédias, que põem em causa valores pelos quais nos batemos com heroísmo. Direitos que os povos tinham como adquiridos e resultaram de séculos de luta pela dignidade humana, esfumaram-se. Em Angola já fizemos o caminho inverso daquele que é percorrido no chamado mundo ocidental. Agora estamos na mesma rota.

Somos um país jovem e de jovens. Foi a juventude angolana que criou esta ditosa Pátria, que a libertou da ocupação e opressão estrangeira, que a manteve intacta face às investidas de forças poderosas, apostadas em submeter os angolanos ao servilismo. Os que têm a idade da Independência Nacional, ao mesmo tempo que repousavam no seio materno a sua inocência, aprenderam a verdade que nesses anos de brasa a todos guiava: Ao inimigo, nem um palmo de terra! Agora estamos a entregar tudo aos estrangeiros.

Enquanto as nossas crianças cresciam, nesse ambiente de agressão e violência contra o povo e o solo pátrio, os seus adultos, mulheres e homens, batiam-se até à última gota de sangue nas trincheiras da liberdade. Este foi o nosso passado e nesses anos de angústia e sofrimento traçámos o destino. Hoje a rota foi mudada sem mandato do Povo Angolano e, acredito, à revelia da maioria dos dirigentes e militantes do MPLA.

No passado, as dificuldades que pareciam intransponíveis, foram resolvidas pela coragem e generosidade dos jovens. Hoje a juventude é de novo convocada a participar nesta missão exaltante de curar todas as feridas que sobraram dos anos de guerra, remover os escombros das destruições de décadas, reconstruir um país que tem tudo para ser grande e onde todos, sem excepção, têm condições ímpares para ser felizes. 

Angola produz mais cereais do que a Noruega. Mas fomos a Oslo pedir apoio para aumentarmos a produção agrícola nessa área. Pedimos aos noruegueses para virem buscar as nossas riquezas minerais. Fomos buscar aos seus covis de ladrões a Anglo American, a The Beers e uma multinacional canadiana que é das mais poluidoras do mundo. Estão na exploração de diamantes. Vão comer outras riquezas minerais. A De Beeers moveu vários processos judiciais ao Estado Angolano e agora voltou como se nada tivesse acontecido. Ninguém explica porquê e ninguém exige explicações.

EUA | VIDEOGAMES E A PROPAGANDA DE GUERRA DO PENTÁGONO

Fidel, Chávez, Soleimani… Nas telas, missões miram líderes políticos e ajudam a máquina de guerra estadunidense a impor sua visão de mundo. Enquanto isso, nos corredores da Casa Branca, negociações enriquecem as indústrias de jogos e armas

Revista Opera* | em Outras Palavras | #Traduzido em português do Brasil

Em 2013, a franquia Call of Duty lançou um jogo que tinha como cenário a Venezuela, e cujo objetivo consistia em derrubar um líder que representava Hugo Chávez. O jogo foi lançado com o nome Call of Duty: Ghosts.

Este tipo de projeto se popularizou na indústria cultural estadunidense justamente quando Washington começava a classificar a Venezuela como uma “ameaça inusual e extraordinária”, tornando-se evidente que o objetivo era fabricar consentimento para legitimar a agressividade norte-americana contra o país latino-americano.

Talvez por isso, dizer que o jogo é claramente uma ferramenta de propaganda estadunidense possa não parecer a coisa mais surpreendente do mundo; no entanto, dar conta do óbvio não é suficiente. É importante ter as informações para sustentar tal afirmação.

Graças a uma investigação do jornalista Alan MacLeod no Mintpress News, baseada, por sua vez, em documentos obtidos pelo jornalista Tom Secker por meio da Lei de Liberdade de Informação, podemos conhecer os detalhes da conexão existente entre os criadores de Call of Duty e o governo estadunidense, bem como sobre a intenção de que esse tipo de jogo promova os interesses dos Estados Unidos em matéria de segurança nacional.

O QUE DIABOS OS EUA ESTÃO FAZENDO COM OS SEUS ALIADOS DA UE?

E o mais importante, a UE é corajosa o suficiente para ousar se opor aos EUA?

Natasha Wright* | Strategic Culture Foundation | #Traduzido em português do Brasil

Kim Dotcom , um Robin Hood metafórico finlandês-alemão da pirataria online baseado na Nova Zelândia publicou no Twitter um diagnóstico perfeitamente preciso do atual triste estado dos assuntos geopolíticos: 

Primeiro, o governo dos EUA envolveu a UE em uma guerra por procuração com a Rússia. Então vamos em frente, as sanções contra a Rússia destroem a economia da UEe então os EUA aprovam uma nova lei para que possam apoiar a indústria da UE por meio de (c) suborno aberto e atraí-los de uma forma ou de outra para transferir seus negócios para os EUA. Naquela ocasião, Kim fez uma pergunta retórica 'Quão estúpidos podem ser os políticos da UE? Eles foram 'usados' com más intenções o tempo todo e literalmente roubados bem diante de seus olhos. Esta análise mostra que o Ocidente Coletivo caiu em um estágio de morte terminal de devorar a si mesmo para sua própria morte possivelmente inevitável. Esta análise é certamente bastante desconfortável em seu potencial Wahrheit incomunizado freudiano , mas é verdadeira e certeira. Podemos ver que esta análise se presta aos detalhes sangrentos do roubo da UE pelos EUA.

Algumas dessas estimativas podem parecer sensacionalistas demais e mero escândalo para alguns, mas as consequências sombrias desse banquete selvagem em que a Europa será o prato principal de dar água na boca não serão meramente sensacionalistas por natureza. A indústria europeia está a ser transferida para os EUA – informa o Financial Times. Os políticos alertam-nos para o êxodo de investidores para o outro lado do Atlântico devido aos preços mais acessíveis do gás e também graças às novíssimas medidas de incentivo dos EUA. Ressoa o toque ensurdecedor dos sinos de alerta políticos na UE, inaugurando o novo pacote econômico e financeiro de medidas do governo Biden com alarde ou com 369 bilhões de dólares em subsídios para ser mais preciso e preços de energia muito altos na Europa, onde mesmo com as recentes quedas de preços, o gás continua cinco vezes mais caro do que nos EUA. O Financial Times refere-se às palavras de Emmanuel Macron de que precisamos desesperadamente de um alerta na Europa. Robert Habeck , vice-chanceler alemão e ministro da economia, também está sendo citado com seus alertas de pânico de que os EUA estão sugando todas as finanças da UE.

A Grã-Bretanha roubou suas terras para plantar chá, agora eles querem-nas de volta

Phil Miller* | Desclassified uk

Uma apropriação de terras da era colonial no Quênia levou a Grã-Bretanha a despejar meio milhão de pessoas. Agora, os sobreviventes estão enfrentando algumas das instituições mais poderosas do Reino Unido, da Unilever à King Charles, em uma tentativa de recuperar suas terras.

#Traduzido em português do Brasil

Após a independência, nossas propriedades não nos foram devolvidas. Portanto, não era uma independência real. Ainda estamos lutando por isso ”, disse um ativista ao Declassified 

“Eu era jovem quando os britânicos chegaram e começaram a tomar nossa terra ancestral à força. Eles queimaram nossas casas e nos expulsaram”, lembra um sobrevivente

As empresas britânicas de chá e o governo do Reino Unido ainda estão tentando impedir que os quenianos deslocados obtenham justiça

A mãe de Wilson Kiget, Lydia, tinha apenas 13 anos quando foi estuprada pela primeira vez por um fazendeiro branco no Quênia. O ataque ocorreu durante o domínio colonial britânico na década de 1930, depois que o colono se serviu das terras férteis da família. 

“Minha mãe trabalhou em sua plantação de chá por dez anos”, explica Wilson, nervoso. “Ela foi estuprada continuamente. Três de nós fomos concebidos por ele. Mas quando ele quis se casar com uma européia, fomos expulsos e tivemos que morar em uma cabana abandonada.

“O horrível é que sempre que ela saía com meus irmãos, que eram mais claros que eu, outras crianças fugiam porque tinham medo da aparência. Minha mãe teve uma morte miserável.

A família de Wilson definhou na pobreza por décadas, enquanto o chá plantado em suas terras rendeu uma fortuna para seus produtores britânicos, Brooke Bond. A empresa seria adquirida pela gigante alimentícia britânica Unilever em 1984, que comercializava o chá para milhões de clientes sob as marcas PG Tips e Lipton. 

Quando a Unilever vendeu seus investimentos em chá no Quênia para um grupo de private equity em Luxemburgo no início deste ano, o negócio valia € 4,5 bilhões. Mas agora, em uma reviravolta extraordinária, a comunidade de Wilson – o grupo tribal Kipsigis – acredita que pode estar prestes a recuperar cerca de 200.000 acres de terra perdida e um século de lucros.

A mudança na sorte se deve a uma decisão recente da Comissão Nacional de Terras do Quênia, que concluiu que as plantações de chá deveriam ter sido devolvidas a seus proprietários originais quando o país se tornou independente da Grã-Bretanha em 1963. Embora as empresas de chá contestem a decisão em Nairobi High Tribunal no próximo ano, por enquanto há esperança entre os desafiadores Kipsigis.

“Nossas terras foram roubadas durante o colonialismo”, conta-me James Biy, enquanto nos sentamos do lado de fora da cabana de seu pai nos arredores de Kericho, no oeste do Quênia. Atrás de nós estão milhares de hectares de colinas verdejantes, verdejantes com folhas de chá – em terras que deveriam pertencer à sua família. 

“Após a independência, nossa propriedade não nos foi devolvida”, comenta James. “Portanto, não era uma independência real. Ainda estamos lutando por isso.” 

Seu pai, Tito Arap Mitei, agora com mais de noventa anos, ainda se lembra vividamente da provação da comunidade. “Eu era jovem quando os britânicos chegaram e começaram a tomar nossa terra ancestral à força. Eles queimaram nossas casas e nos expulsaram várias vezes”, diz Tito com a voz rouca, segurando uma bengala de madeira. 

“Três das minhas irmãs morreram porque pegaram doenças estranhas quando nos mudamos para áreas inabitáveis. Por fim, estávamos com tanta fome que tentamos voltar para cá, mas as empresas de chá disseram que éramos invasores.

James termina de traduzir para o pai antes de acrescentar: “Entre mim e os britânicos, quem deveria ser um invasor?” Ele apresenta um documento para provar que foi processado – por coletar água potável em seus córregos ancestrais. 

A família agora vive em um pedaço de terra do outro lado do rio em relação às plantações de chá, com grama que mal dá para pastar uma única vaca. “Usamos lenha para aquecimento, mas não temos terra suficiente para coletar a madeira”, lamenta a mãe de James. “Se eu for para a plantação de chá, não posso nem pegar um galho.”

Greve geral em Itália por melhores salários e contra as despesas da guerra

A greve geral desta sexta-feira no país transalpino foi convocada por dezena e meia de sindicatos, que denunciam a falta de resposta à «grave situação económica em que se encontram as famílias italianas»

A paralisação, que está a ter impacto em sectores como os transportes, o ensino público e a saúde, contou com o apoio de partidos políticos e diversas organizações sociais, e culminará amanhã, às 14h, com uma manifestação nacional em Roma.

Num comunicado, a Unione Sindicale di Base (USB), umas das organizações convocantes, destaca a grave situação em que se encontram as famílias italianas, bem como o «forte ataque aos salários dos trabalhadores», que vêem como «o aumento das facturas do gás e da energia, fruto de uma especulação internacional que ninguém quer travar, está a comer uma grande parte do rendimento disponível das famílias».

O sindicato denuncia que as políticas económicas postas em prática pelo governo de Draghi estão a encontrar continuidade no de Meloni, e critica fortemente a proposta de redução fiscal – muito desejada pelo patronato e que não traz benefícios para os trabalhadores.

Em declarações ao canal Sky TG24, um representante sindical disse esta sexta-feira que a greve geral tem lugar, entre outros aspectos, para exigir a renovação dos contratos e a valorização dos salários, que devem ser aumentados de forma a fazer frente ao custo de vida «com recuperação da inflação real».

Outras exigências passam pela aprovação de legislação sobre o salário mínimo e por medidas governamentais eficazes para controlar o aumento dos preços da energia e dos bens de primeira necessidade.

Outro aspecto destacado pelos convocantes é o fim das despesas militares, do envio de armas para a Ucrânia e da «adesão à cruzada euro-atlântica de sanções contra a Rússia».

Criticando as receitas económicas liberais ditadas pela União Europeia e que foram aplicadas pelos sucessivos governos italianos, reclamam maior investimento na educação, na saúde pública, nos transportes, bem como rendimentos para os desempregados e subempregados.

AbrilAbril | Imagem: quifinanza.it

Ler em AbrilAbril:

Em Itália, reclama-se a paz e a saída da NATO

Greve geral nos «quatro cantos» da Bélgica

Grécia: milhares de trabalhadores nas ruas contra os «abutres modernos»

Galiza: milhares nas ruas por salários e pensões dignas

Trabalhadores dos correios continuam a lutar por melhores salários no Reino Unido

Aumentam os protestos na Europa por causa do custo de vida

Na Ucrânia a burguesia compradora aliou-se aos neofascistas e ao crime organizado

Na Ucrânia, após o golpe armado de Fevereiro 2014, a burguesia compradora aliou-se aos neofascistas e ao crime organizado

Piotr Simonenko*

O Partido Comunista Ucraniano foi o primeiro partido político banido pelo regime nazi instalado em Kiev. Desde o golpe de Estado de 2014 as suas instalações foram saqueadas, as estátuas de Lénine foram derrubadas, foram destruídos os monumentos comemorativos dos mortos do Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial. Depois foi a vez de destruir o que é russo, como monumentos ao escritor Pushkin. O testemunho do PCU, nesta intervenção do seu Primeiro Secretário na recente reunião de partidos comunistas e operários realizada em Havana, é contributo para entender os antecedentes e o que está em causa neste conflito.

Discurso do Primeiro Secretário do Partido Comunista da Ucrânia, Piotr Simonenko, na XXII Reunião dos Partidos Comunistas e Operários, Havana (Cuba), Outubro de 2022.

Caros amigos!

Em nome do Partido Comunista da Ucrânia, dou as cordiais boas-vindas aos participantes do 22º Encontro Internacional dos Partidos Comunistas e Operários. O partido foi ilegalmente proibido no meu país, onde os nossos camaradas e pessoas afins enfrentam perseguições políticas, prisões e abuso físico pelo regime neo-nazi-oligárquico no poder, um regime que é, em essência, reaccionário e fascista.

Estamos reunidos aqui na Ilha da Liberdade num momento difícil. As forças do imperialismo internacional, os tubarões da globalização, na sua luta para redesenhar o mapa político do mundo, para dominar mercados de recursos e commodities, recorrem a todos os métodos e, de facto, atuam como instigadores da Terceira Guerra Mundial. A tragédia é que as forças reaccionárias estão a usar activamente o neonazismo e o neofascismo para atingir os seus objectivos.

A análise da situação internacional mostra uma crescente agressividade do imperialismo e uma dramática exacerbação de contradições em duas áreas:

- a ideológica: a contradição entre o Ocidente imperialista liderado pelos Estados Unidos e a China comunista, que estes consideram, após o colapso da URSS, como “um império do mal”, tal como o Vietname e Cuba; os Estados Unidos buscam preservar a sua hegemonia e a ordem mundial em que desempenha um papel dominante.

- a militar: os Estados Unidos estão a criar novos blocos militares no Sudeste Asiático, a alimentar as tensões no Médio Oriente e Norte de África e a adoptar uma política agressiva usando a Ucrânia contra a Rússia e Taiwan contra a China. A provocatória visita de Pelosi a Yerevan e as suas promessas de apoio à Arménia levam inevitavelmente a uma expansão do conflito no Cáucaso entre a Arménia e o Azerbaijão. A situação na Ásia Central é preocupante (o recente conflito entre o Tajiquistão e o Quirguistão).

Após a dissolução da URSS, foram os Estados Unidos e a Grã-Bretanha que criaram um estado neofascista no território da antiga Ucrânia soviética, tornando-se seus principais patrocinadores e beneficiários.

As reformas que impuseram à Ucrânia deram ao capital o controlo de todas as esferas da vida social e garantiram o controlo total das empresas multinacionais sobre a vida socioeconómica do país, criando assim a base material do advento e afirmação, após o golpe armado de Fevereiro 2014, do poder das forças mais reaccionárias: a burguesia compradora aliou-se aos neofascistas e ao crime organizado.

São essas forças que destruíram na Ucrânia todas as conquistas sociais, a soberania económica e levaram a uma profunda lumpenização da sociedade.

Foi por meio dessas forças que os Estados Unidos formaram uma estrutura fantoche de poder vertical e introduziram o controlo externo do país.

Foi através dessas forças que os Estados Unidos desencadearam na Ucrânia uma guerra civil fratricida, uma guerra contra os cidadãos de Donbass defendendo seus direitos e liberdades constitucionais. Foram essas forças que, a pedido dos círculos dirigentes americanos, transformaram a guerra civil no Donbass numa guerra contra a Rússia.

Na verdade, a humanidade já foi arrastada para uma nova guerra mundial. Gostaria de traçar um dos muitos trágicos paralelos.

CRISE CAPITALISTA, PANDEMIA, MILITARIZAÇÃO E GUERRA

CNC [*]

– A imprescindível análise de totalidade da ofensiva capitalista contra a classe operária

I. Os planos da oligarquia capitalista para “sair” da crise e conservar o poder: destruição de capital e evitar a revolução. A experiência de controle social do Covid

Nos dois relatórios políticos da Coordenação de Núcleos Comunistas analisam-se os grandes acontecimentos recente – a gestão do Covid e a guerra da NATO contra a Rússia – de forma integral, ou seja, inscritos na crise geral do modo de produção capitalista e em especial do núcleo central do imperialismo, os EUA e a UE.

Esta crise, a maior da história do capitalismo, verifica-se quando se efetuou uma inédita centralização do capital em todas as suas formas, acelerada pelos avanços científico-técnicos da 4ª revolução industrial (informática, robótica, inteligência artificial, neuro-ciência).

A oligarquia, que através dos grandes fundos de investimento controla os centros chave do capital financeiro, industrial e comercial, tem hoje na sua mão os instrumentos para implementar, através dos governos ao seu serviço, as decisões políticas necessárias para cometer as transformações com que o capitalismo enfrentou todas as suas grandes crises: destruição em grande escala do capital menos competitivo, aceleração da concentração das grandes empresas em cada vez menos mãos e “saneamento” do mercado para começar de novo, mudando as regras do jogo.

Para entender melhor este processo é útil recordar a chamada “reconversão industrial” dirigida pelo PSOE nos anos 80 no Estado espanhol, com o engodo da entrada na Comunidade Europeia. Com esse cínico nome cometeu-se a destruição maciça da indústria pesada, da mineração, da agricultura e da pecuária, acompanhada da privatização de grandes empresas públicas. Então, esse processo que destruiu em grande escala nosso tecido produtivo e que foi acompanhado da precarização generalizada das relações laborais, contou com a cumplicidade subornada das direções da CC.OO e UGT que dividiram e debilitaram a resistência operária.

Algo parecido, só que a uma escala muito maior e, como dissemos, com os recursos técnicos da chamada quarta revolução industrial, é o que o Fórum Económico Mundial, estado maior do capitalismo “ocidental”, chama “a Grande Reinicialização”, uma paráfrase do que então se chamou “reconversão”.

Trata-se agora da liquidação maciça de empresas e de postos de trabalho; trabalho humano substituído pela digitalização, pela robótica, etc. Isto supõe, está a supor, o afundamento na paralisação, sem expectativa alguma de conseguir um emprego, de milhões e milhões de trabalhadoras e trabalhadores e a privação de futuro à juventude.

É evidente que esta situação, que se apresenta como irreversível, vai produzir revoltas sociais generalizadas que podem desembocar em processos revolucionários. Aqueles que estão a conceber o “Great Reset” sabem-no perfeitamente.

A preocupação maior das classes dominantes, ao longo da história do capitalismo e agora com mais razão, é impedir que o cumprimento do seu objetivo prioritário de maximizar lucros incrementando a exploração, possa conduzir a que a insurreição daqueles que não têm mais do que a sua força de trabalho para sobreviver lhes arrebate o poder.

É neste quadro que se inscreve a experiência maciça de controle social que implicou, à escala mundial, a gestão da pandemia Covid. A fabricação do micro-organismo “com ganho de função”, ou seja, com um aumento artificial da sua capacidade patogénica num laboratório de armas biológicas dos EUA, e a sua colocação em circulação à escala planetária, permitiram implantar medidas de militarização em grande parte dos países, sobretudo nos EUA e na UE.

A centralização do poder económico nos grandes fundos de investimento implica o controle das grandes multinacionais farmacêuticas e, através delas, da OMS, das agências de medicamentos, sobretudo a FDA (EUA) e a EMA (UE) e dos grandes meios de comunicação e redes sociais. Tudo isso tornou possível que de forma centralizada, coordenada e com disciplina militar se impusesse a censura, se gerasse o pânico e se dessem ordens que os governos subornados aplicaram.

A psicose de terror diante do Covid e as brutais medidas repressivas impostas, que incluíram a ocupação pelo exército e corpos repressivos de povoados e cidades, tornaram possível que se aceitassem sem grande resistência medidas que até agora só se tomavam em tempos de guerra, tais como o confinamento e a paralisação da economia ou a suspensão de direitos e liberdades fundamentais.

Estes factos conduziram à destruição de milhares de pequenas e médias empresas e permitiram às classes dominantes comprovar até que ponto podem reduzir as sociedades a uma massa informe de seres submissos, capazes inclusive de exercer as denúncia e a repressão contra aqueles que não aceitaram tornarem-se vassalos. Tal como nos melhores tempos do fascismo. A oligarquia reunida no Fórum Económico Mundial de Davos de 2021 não cabia em si de gozo ao comprovar a eficácia do disciplinamento social e, ao mesmo tempo, o rápido avanço da digitalização, do trabalho telemático, da implantação do passe Covid, do uso maciço do cartão bancário – precedentes de mecanismos de controle de populações – ou a generalização das compras pela Internet. Mas, sobretudo, o confinamento acelerou exponencialmente o uso de redes sociais, a visualização de séries e, especialmente nos mais jovens, dos jogos “on line”, cujas plataformas e conteúdos, produzidos pelas grandes empresas tecnológicas, permitem a evasão maciça de uma realidade cada vez mais hostil e conduzem ao isolamento destruindo as relações sociais.

O aumento espetacular dos suicídios, principalmente na juventude, inclusive em crianças cada vez mais pequenas, ou o incremento do consumo de ansiolíticos e anti-depressivos, são, provavelmente, as consequências mais dramáticas sobre a mente humana da implantação de formas de vida que convertem as pessoas numa espécie de zumbis solitários e são instrumentos fundamentais para implantar seu projeto de dominação sem resistência.

Todos estes mecanismos focam-se sobretudo na juventude, nos filhos e filhas da classe operária aos quais esta “reconfiguração” do capitalismo não oferece futura algum e que deveriam ser os principais protagonistas da resistência. Sua auto-exclusão da vida social e sua aniquilação como seres pensantes, incapazes de tomar decisões, que estão a ser alimentados pela introdução maciça de drogas nos bairros operários, é condição chave para a implantação deste projeto criminoso de destruição social.

Esta é a materialização do lema macabro da Agenda 2030: “não terás nada e serás feliz”.

ESTRASBURGO, O FRACASSO DA EUROPA

Fabrizio Casari | Rebelión

Com 494 votos a favor, 58 contra e 44 abstenções, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que designa a Rússia como "Estado Patrocinador do Terrorismo pelas atrocidades cometidas pelo regime de Vladimir Putin contra o povo ucraniano".

#Traduzido em português do Brasil

Fez isso ao mesmo tempo em que Ancara bombardeava os curdos, Tel Aviv bombardeava os palestinos e Ryad bombardeava os iemenitas, isto é, os afetados pelas "bombas democráticas". A resolução, que celebra Zelensky, foi votada enquanto em Moscou, na companhia do presidente cubano Díaz Canel, Putin prestava homenagem à nova estátua de Fidel Castro, o gigante estadista do século XX. Cada um tem suas próprias referências.

A resolução é apenas um sinal político, não tem consequências, não é vinculativa para a UE enquanto instituição nem para nenhum dos Estados-Membros. Formalmente, de fato, “a UE não pode atualmente declarar oficialmente Estados como patrocinadores do terrorismo”, explica o próprio Parlamento Europeu em nota.

Atualmente, a definição de “Estado terrorista” não tem significado legal e, de fato, não está prevista em nenhum tratado internacional, seja legal ou político. Existe apenas uma lista que circula e é atualizada anualmente por Washington, composta por organizações e nações às quais se aplica a definição unilateral, ofensiva e ilegal de terrorista, que os Estados Unidos atribuem a todos os países que consideram um obstáculo político ao desenvolvimento de seus interesses nos quatro cantos do planeta.

Esta resolução confirma alguns elementos deste Parlamento Europeu, o mais direitista da história da instituição. Primeiro, a russofobia, um terreno fértil para o seu passado nazi-fascista que só a dependência energética da Rússia (que permitiu o crescimento económico europeu) mitigou. Em seguida, raiva pelas amargas consequências do golpe de 2014, dada a responsabilidade direta de Bruxelas. A frustração surge também com o fim do projeto de cerco de Moscou que começou em 2014 com o golpe de Kyiv e continuou com as tentativas de golpe na Bielo-Rússia e no Cazaquistão, que representam uma peça importante da dimensão do imperialismo regional da UE. os Bálcãs. Por fim, a frustração com a resistência econômica da Rússia às sanções europeias.

Portugal | A PRIVAÇÃO


Henrique Monteiro | Henricartoon

Portugal | LISBOA POLIDA, MAS A ESVAZIAR-SE

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Lisboa cidade, o seu concelho e a sua Área Metropolitana sofreram, em menos de duas décadas, transformações profundas que tolhem o seu processo de desenvolvimento. Os efeitos da crise da austeridade do início da década anterior foram aprofundados e ampliados pelos da "grande paragem" de 2020/2021, a nova crise que emergiu da pandemia. Os impactos cumulativos destas duas crises constituem-se como um ciclo recessivo que atingiu toda a estrutura socioeconómica da metrópole, já anteriormente marcada por desigualdades e fragilidades acumuladas num tempo longo.

As opções assumidas nesta metrópole são os mais determinantes para marcar o perfil da economia do país e do regime de acumulação que imbrica o setor financeiro e o setor imobiliário, para a definição dos papéis e funções do Estado em vários campos e, por consequência, das condições de emergência de novos mercados e modelos de negócios. Por outro lado, Lisboa, na tripla dimensão que comecei por enunciar, que está no centro da competição entre metrópoles na escala transnacional.

O impacto cruzado de políticas urbanas e de habitação favoráveis aos interesses imobiliários, do pacote sedutor de fluxos internacionais de capitais dormentes (acumulados à espera de destino) e do privilegiar de políticas industriais e de transportes expansivas de atividades ligadas ao turismo foram decisivos para que a metrópole se apresente agora como o espaço onde grandes problemas do país têm uma expressão mais cavada.

Estas constatações estão bem identificadas e analisadas, numa publicação recente do Observatório sobre Crises e Alternativas. (*) A Área Metropolitana de Lisboa foi, e continua a ser, o mais relevante palco da desqualificação económica do país ao longo da última década. Prosseguindo as atividades de baixo valor acrescentado, os baixos salários, as precariedades e desigualdades, irão sendo induzidas mais debilidades para o interior da metrópole, nomeadamente na sua configuração socioterritorial, e dela vão emanando impactos negativos para as políticas nacionais.

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