segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

PORTUGAL DE BOSTA A BOSTA

Bom dia. A seguir o Curto do Expresso por Miguel Prado. Do Página Global saiba que hoje não nos atrevemos a escrevinhar uma seca longa como outras que anteriormente já expusemos à prova da paciência dos leitores. Uff!

Dito isso vimos respeitosamente alertar para a ordinarice do título que nos atrevemos a inscrever acima e a razão de assim acontecer. Simples: com tanta agitação social, com tantas reformas de miséria, com tantos ordenados igualmente de miséria, com tanto desprezo e desrespeito aplicado pelo governo de António Costa pelos portugueses, com tantas tendências esclavagistas e antidemocráticas que os mesmos têm cometido, com tanta miséria crescente provocada pelo atual governo falsamente autodenominado socialista, etc., etc., por isso legitimamente indignados, considerámos 'mexer' no título do Curto e adaptá-lo à realidade desta Lusitânia tão desesperada, tão miserabilizada, tão mal governada e onde os ricos estão a ficar muito mais ricos e os pobres mais pobres. O costume feito dos governos para ricos, para esclavagistas soberbos e saudosistas antidemocráticos... Por tudo isso o Costa passou a Bosta, um trocadilho sem intenção ofensiva mas antes um grito de alerta à realidade com que os portugueses vão descobrindo e suportado nefastamente o dia-a-dia. O falso socialismo do autodenominado PS não é mais nem menos senão um xuxialismo desbragado que governa à direita em tirocínio ditatorial... Importa saber que este terrível regime imposto desde há cerca de 5-6 anos quando fôr substituído, dará lugar a uma governação ainda muito mais à direita caso os eleitores portugueses continuem a eleger a direita ressabiada do costume ou a ainda mais extrema direita, dita nova no quadro parlamentar. 

Caminhamos para uma loucura pseudo democrática? Tudo indica que sim. De Bosta a Bosta, sem ventania mas sim com pezinhos de lã eis para onde Portugal e os portugueses cegamente estão a caminhar. Por favor, não atirem mais bosta para as ventoinhas. Apesar disso tenhamos cuidado com a ventania que só não derruba as elites já enraizadas e bem seguras, fixas no conforto proporcionado pelas falsidades, corrupções, conluios, nepotismos e atropelos aos justos direitos e respeito devidos a milhões de cidadãos portugueses explorados e cada vez mais oprimidos. De Bosta em Bosta a democracia, a justiça e a liberdade democrática estão a voar para outras paragens que não Portugal.

O Curto a seguir. Curta. Vá ler.

MM | PG

Uma ventania de Costa a Costa

Miguel Prado, jornalista | Expresso (curto)

Bom dia!

À hora a que este Expresso Curto lhe chega à caixa de correio os parques eólicos de Norte a Sul do país seguem a meio gás. Era pelo menos isso que indicava a previsão da REN para a manhã desta segunda-feira: menos de metade da capacidade eólica do país a injetar eletricidade na rede. Mas assim é a natureza do negócio: os aerogeradores só produzem quando há vento. Mas ao mesmo tempo que isso sucede, o país é discretamente assolado por uma outra ventania de Costa a Costa. O fenómeno é discreto e silencioso. Chama-se transição energética e pode ser um motor de desenvolvimento da década que aí vem.

Arranca esta segunda-feira a consulta pública das áreas marítimas que Portugal poderá vir a licitar para a exploração de 10 gigawatts (GW) de potência eólica offshore. Sim, 10 GW são muito, são quase o dobro de toda a capacidade eólica que Portugal tem hoje em terra. E poderão produzir um volume muito substancial da eletricidade consumida no país. Mas não produzirão hoje nem amanhã: esta é uma empreitada que levará (pelo menos) uma meia dúzia de anos. Diversas multinacionais estão de olho em Portugal. E esta segunda e terça-feira há uma comitiva norueguesa em Lisboa precisamente a analisar o assunto.

José Mário Branco, cheio de inquietação, não meteu o barco ao mar para ficar pelo caminho. E se o prometido leilão de eólicas no mar também não ficar pelo papel será um dos mais estruturantes projetos industriais do país das últimas décadas, atraindo milhares de milhões de euros em investimentos que não apenas colocarão umas centenas de torres ao largo da costa portuguesa como também implicarão obras nos principais portos do país, construção de estaleiros, formação de mão-de-obra especializada e tudo o que é preciso para pôr de pé, a flutuar em alto mar, colossos de aço de mais de uma centena de metros de altura.

Poder-se-á argumentar que uma parte do emprego durará apenas o tempo da construção dos parques eólicos no mar. Porém, ficarão outros postos de trabalho. E o que ficará também é um conjunto de infraestruturas que permitirão ao país um melhor aproveitamento dos seus próprios recursos para a produção de eletricidade. E um melhor uso das fontes endógenas traduzir-se-á, inevitavelmente, numa redução do recurso a centrais a gás natural ou a eletricidade importada. E, se a política energética for bem desenhada, em preços de energia competitivos.

A empreitada que por aí se anuncia é uma ventania. Corre o gabinete do primeiro-ministro, passa pelo ministro da Economia, apanha o do secretário de Estado do Mar. António Costa, António Costa Silva, José Maria Costa. De Costa a Costa (e de Viana do Castelo a Sines), o projeto não se fará sem o aval do chefe do Governo, precisa do empenho do ministro da Economia, não avança sem “luz verde” de quem tutela o espaço marítimo. Mas também exigirá a atenção de quem governa o Ambiente, e de quem gere a Energia, e de quem passou a tomar conta das Infraestruturas.

O desenvolvimento das eólicas no mar (que será o maior reforço de sempre de eletricidade renovável em Portugal) não se fará sem uma cuidada articulação política e técnica de diferentes áreas do Governo e esse é um dos desafios. A aposta nas fontes limpas é razoavelmente consensual entre as principais forças políticas do país. Mas passá-la dos programas para o terreno implica algo mais. A começar por um Governo. Foi há um ano que o PS ganhou as legislativas com maioria absoluta... Mas quanto tempo dura afinal uma maioria absoluta?

Luís Marques Mendes antecipa já “uma forte probabilidade de eleições antecipadas no segundo semestre de 2024”. Um cenário que se colocaria, na projeção do conselheiro de Estado, se, cumulativamente, o PS sofresse uma forte derrota nas eleições europeias, se o desgaste do Governo continuar e se persistir na opinião pública a ideia de que o país quer uma alternativa. Mas qual?

Este fim-de-semana, na convenção do Chega, André Ventura ambicionou fazer do seu partido o maior de Portugal, prometeu “conquistar as ruas” e reclamou lugares num futuro Governo de direita. O discurso incomodou. O PSD fez-se representar por Miguel Pinto Luz, mas Jorge Moreira da Silva não perdoou e classificou como “lamentável” a presença do seu partido na convenção do Chega. Pelo PS, Ana Catarina Mendes saiu da convenção indignada com o “incitamento ao ódio”. E a Iniciativa Liberal agitou o cordão sanitário em relação ao partido de Ventura. A rápida ascensão das forças populistas e de extrema-direita pela Europa fora tem marcado o Velho Continente. E é sempre bom não esquecer a história: passam hoje 90 anos da nomeação de Adolf Hitler como chanceler da Alemanha.

O populismo alimenta-se das massas, capitaliza os seus receios, aproveita-se da sua ira. Coloca-se, pois, a questão sobre como lidará António Costa com o desgaste dos protestos mais sonoros que chegam das ruas. Dos agricultores que reclamam em Castelo Branco aos profissionais da educação que marcham em Lisboa, passando pela paralisação dos oficiais de justiça e pelos professores que hoje fazem greve no distrito de Leiria, são vários os grupos sócio-profissionais que vão intensificando a pressão sobre um Governo que permanece interessado em garantir “contas certas”. A redução do défice do Estado em 2022, apresentada na passada sexta-feira, foi feita com uma folga de 1600 milhões de euros face ao previsto no Orçamento do Estado. Poderia afinal o Executivo ter canalizado ainda mais apoios para famílias e empresas?

Num quadro de inflação galopante, juros crescentes no crédito à habitação, rendas incomportáveis para uma grande parte das famílias, e aumento generalizado do custo de vida, a transição energética estará longe de ser uma preocupação prioritária para muitos cidadãos. Mas, ao contribuir para uma maior autonomia do país, e para um cenário de preços controlados do lado da produção de eletricidade, terá um impacto materialmente relevante nas nossas vidas futuras. E na discreta consulta pública que agora arranca (e de que lhe falei no início do texto) pode estar uma das chaves para acelerar essa transição.

Outras notícias

Eutanásia. Esta segunda-feira o Tribunal Constitucional anuncia se a lei da eutanásia cumpre ou não a Constitução. E se a resposta for negativa o Presidente da República devolverá o documento ao Parlamento.

Frio. A Câmara Municipal de Lisboa prolongou o plano de contingência para os sem-abrigo até quarta-feira, devido às previsões de baixas temperaturas para os próximos dias. E o IPMA colocou todos os distritos de Portugal continental sob aviso amarelo.

NATO. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, indicou este domingo que a Turquia poderá aprovar a candidatura da Finlândia à NATO, mas não a da Suécia.

Médio Oriente. O Papa Francisco exortou os governos da Palestina e de Israel a encontrarem “sem demora” o caminho da paz.

Contas públicas. O investimento estatal em 2022 ficou 2,4 mil milhões de euros abaixo do anunciado no Orçamento do Estado do ano passado.

Frases

“O PS está numa lógica perversa de normalizar o Chega”

Ana Gomes, ex-eurodeputada, no seu comentário este domingo na SIC Notícias

“As maiorias absolutas podem muito, mas podem muito pouco contra maiorias sociais”

Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, num encontro de jovens do partido

“É altura de, caso a caso, resolvermos os problemas com salários que estiveram congelados”

Carlos César, presidente do PS, em entrevista à Lusa

“Joe Biden pôs os EUA no caminho rápido para a ruína e para a destruição e vamos garantir que não consegue mais quatro anos”

Donald Trump, ex-presidente dos EUA, em Columbia

Podcasts a não perder

Assim, o Brasil não vai dar certo. A falta de ética na política portuguesa e o “abuso do dinheiro dos portugueses” nas Jornadas da Juventude. Miguel Sousa Tavares de Viva Voz sobre a tensão no Brasil, por força da instabilidade das Forças Armadas: "pessoas muito marcadas pela extrema-direita". No episódio que acompanha a crónica semanal, o autor não passa ao lado das polémicas recentes da política portuguesa e do caso "extremamente grave" de Pedro Nuno Santos, bem como do jogo de "malabarismo das palavras" de Gomes Cravinho

Em 2022 o punk não morreu: foi ao ginásio. Tal como o rock, o punk nunca morre. Em 2022 parece que foi ao ginásio (será que também faz a depilação?). Os Courting estrearam-se em discos no ano passado com "Guitar Music", disco de... guitarras. E muita distorção. Recuperamos também um dos primeiros EPs dos R.E.M com a pergunta: porque é que certas bandas levam muito tempo a alcançar o sucesso? Neste PBX há ainda tempo para Tim Bernardes

“Durante anos quis ser protagonista de novela. Sentia desvalorização. Agora quero ir para fora e representar em inglês”. Jessica Athayde é das atrizes com mais palco nas redes sociais, a superar um milhão de seguidores. E há muito que deixou de temer posicionar-se sobre temas que dividem opiniões. Já foi notícia pelo seu combate aos distúrbios alimentares, pelas agressões que sofreu por não corresponder ao “corpo perfeito”, por assumir uma depressão pós-parto, ou pela forma como educa o filho Oli. Também disso se faz a conversa em A Beleza das Pequenas Coisas, com Bernardo Mendonça

O que ando a ler

O livro “A teia do Banif”, do jornalista António José Vilela, traz-nos um conjunto de histórias fascinantes sobre como vários bancos em Portugal foram usados por parte da elite angolana para branquear capitais. O trabalho do diretor-adjunto da revista “Sábado”, publicado pela Casa das Letras, leva-nos também ao universo de alguns advogados portugueses que durante anos ajudaram a construir as relações que permitiram que largos milhões de euros passassem discretamente, e sem perguntas, pelo sistema financeiro nacional.

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