Em Angola, muitos edifícios da era colonial, e até mesmo novos edifícios, encontram-se em estado de degradação. Arquiteto diz que o recente colapso de um prédio em Luanda é um alerta a não ignorar.
Não é a primeira vez que um edifício desmorona no centro da capital angolana, Luanda. O colapso do antigo edifício urbano da Direção Nacional de Investigação Criminal (DNIC), na madrugada de 29 de março de 2008, ainda hoje é recordado.
15 anos depois, o cenário voltou a verificar-se no sábado (25.03), com o desabamento do Edifício 41, um prédio de seis andares na Avenida dos Combatentes.
Os destroços do edifício continuam a ser retirados do local. Não houve registo de vítimas humanas, mas, para trás, ficaram os haveres, vivências e memórias das famílias que durante décadas viveram no local.
Edifícios sem manutenção e com sobrecarga
Segundo especialistas consultados pela DW África em Angola, um pouco por todo o país, há edifícios similares ao que desabou recentemente em Luanda.
O arquiteto João dos Santos refere que, na capital angolana, por exemplo, muitos edifícios antigos e novos estão nas mesmas condições. E há edifícios com mais de 100 anos de existência sem manutenção, alerta o arquiteto.
Ler/ver em Página Global: Angola | Vídeo capta momento em que prédio de seis andares desaba em Luanda
"Temos verificado muitos edifícios com um elevado nível de fissuras", acrescenta João dos Santos. Isso estaria relacionado com a sobrecarga de peso nestas construções. "
"Há uma elevada carga nas construções anárquicas que têm sido colocadas nos entrepisos dos edifícios", explica o arquiteto.
Vários fatores de risco
Para o também presidente da cooperativa Casa-Horta, há ainda outros fatores que explicam o colapso de edifícios em Angola e que merecem atenção.
"Também estamos com um nível elevado de lençol freático, e já se verifica o solo saturado", refere João dos Santos.
O solo saturado poderá ter sido
uma das causas da queda do Edifício
Alerta antigo
Quatro dias antes do desabamento do Edifício 41, o Laboratório de Engenharia de Angola – órgão afeto ao Ministério das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação – não tinha detetado qualquer "perigo eminente" no prédio.
Mas o alerta é antigo. O arquiteto João dos Santos aconselha o Executivo a tomar "medidas o mais urgente possível, no sentido de se evitar o pior".
"Nós temos, ainda hoje, muitos edifícios que já deviam ser demolidos. Mas nestes edifícios ainda há moradores a residirem e a levarem uma vida normal", conclui.
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche Welle
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