A situação
"Estamos longe da
estabilidade
"É difícil de prever o que vai acontecer, mas o que é claro é que se este conflito acabasse amanhã, as necessidades estariam lá” durante muito tempo, até porque já existiam antes, referiu.
"Nalgumas partes da província, como Palma, a situação está um pouco mais estável”, mas "noutras está a piorar”, detalhou Federica Nogarotto, representante dos MSF em Moçambique.
Palma é o distrito onde estão os projetos de gás e que passou a ser guarnecido por tropas do Ruanda.
Olhando para a província no seu todo, não se pode "dizer que o número de ataques diminuiu” - apesar de a representante admitir que é preciso perguntar pelos números -, "ou que a quantidade de população em necessidade seja menor que há dois anos, isso de certeza”.
Necessidades humanitárias e medo
Federica Nogarotto diz que há mais necessidades humanitárias, num cenário em que "o medo continua a movimentar as pessoas”.
Dirigentes dos MSF falaram hoje
num evento online para assinalar dois anos após o ataque a Palma, o mais
mediático da insurgência que dura desde 2017
No resto da província, as famílias ainda fogem de lugar para lugar, porque quando pensam ter chegado a um local seguro, têm de tornar a fugir por causa de novos ataques e assim ninguém consegue recomeçar uma vida, assinalam os MSF.
"Estão sempre a tentar recomeçar do zero”, sublinhou Helena Cardellach.
Há muitos milhares a regressar a alguns distritos, como Mocímboa da Praia, mas nestas zonas semidestruídas e reconquistadas aos insurgentes, faltam serviços básicos de saúde e outros.
Faltam tratamentos para a malária, HIV, tuberculose e há uma ausência de cuidados quanto à saúde mental, extremamente afetada, apontou Philip Aruna, dirigente regional dos MSF que acompanhou o regresso de famílias.
"Os desafios são muitos"
De uma forma geral, fora de Pemba (capital provincial) e Palma, a presença de serviços de saúde e de ajuda humanitária é reduzida e em muitos pontos do interior resume-se aos Médicos Sem Fronteiras.
A tarefa de atender à saúde da população dispersa e em fuga é "incomensurável”, referiu.
Para as organizações humanitárias "os desafios são muitos”.
Cabo Delgado "não é fácil”, disse a chefe de missão, por causa da insegurança, das dificuldades logísticas – há locais sem acesso, sobretudo durante a época das chuvas -, e da dispersão dos habitantes.
"Continuamos a ver o conflito, violência, pessoas sem acesso a água, a serem raptadas - com as consequências que isso tem -, a serem vítimas de violência sexual, sem serviços a saúde”, ilustrou aquela responsável com vários retratos do que se testemunha no terreno.
Além disso, há outras emergências em Moçambique em que os MSF também atuam: tempestades e inundações, como o recente ciclone Freddy, e um surto de cólera em várias províncias.
Deutsche Welle | Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário