terça-feira, 2 de maio de 2023

Sem mais e sem ses todos os portugueses sabem a rebaldaria que por aí vai...

Já não está fisicamente presente mas existe. Cândida Branca Flor era seu nome artístico. Era? Não. Ainda é e assim perdurará. Do seu enorme reportório salientamos “Trocas e Baldrocas” – que pode ativar AQUI numa viagem a 1982, festival da Eurovisão desse ano, RTP. Bem a propósito das trocas e baldrocas que os detentores e namorados dos poderes do Partido Socialista de Portugal, conhecidos por governo, geram, alimentam, baralham e distribuem o jogo. Jogo deles, viciado à vista e nas catacumbas da sede do Partido das Intrigalhadas no Largo do Rato, em Lisboa.

Sem mais e sem ses todos os portugueses sabem a rebaldaria que por aí vai. Assim como sabem que o PSD e a direita mais pseudoliberal e extremista berra por dissolução da Assembleia da República queda do governo PS e novas eleições legislativas. Marcelo, o presidente da República, dá tempo ao tempo. Bem. Ele sabe que entre a merda e o cagalhão a caca vai dar toda na mesma conspurcação e que quem acaba por ficar todo borrado são os portugueses, atolados na fossa pestilenta que teima em persistir. Ora PS, ora PSD, ora Bloco Central, ora todos esses sevandijas das políticas do terrível estado a que isto chegou… Já sabemos o que “a casa gasta”. Pior: o Chega vai-se chegando à frente levado ao colo exatamente pelo PS e pelo PSD, a Iniciativa Liberal segue na babuja. Por isso, aqui, cabia outra voz e canção desses tais ditos novos (velhos) partidos: Oh, Tempo Volta P’ra Trás, do António Mourão  de bafio salazarento. Outros tempos. Horríveis. Num Portugal negro e alegremente cinzento, todos os dias, a toda a hora. Pois.

O Curto do Expresso traz tim-tim por tim-tim a merecida cepalhada do tótó Galamba ministro que passa a vida a meter os pés e a cabeça nas armadilhas. De bestial, como pessoa, passou a besta. Por opção, até visto, enveredou pelo caminho errado. Manda-os bugiar, Galamba! Apesar de ser rosa na cor, o inferno das trocas e baldrocas assentou arraiais desde há muito no Palácio Maldito do Rato. Foge disso rapaz, o atoleiro está quase a transbordar com toda a trampa já à vista e a invadir os odores malignos, doentios e insuportáveis.

Pisga-te! Caramba!

Olhó Curto do Expresso! Limpinho, limpinho e a luzir… Bom dia para todo o chiqueiro deste país gerido por recos de profissão e de estatutos privilegiados.

MM | PG

Galamba no cepo

Rui Gustavo, jornalista | Expresso (curto)

Bom dia,

Antes de mais um convite: na próxima quarta-feira, dia 3 de maio, às 14h00, Junte-se à Conversa com David Dinis, Paulo Baldaia e Vítor Matos. Desta vez sobre "A crise do Governo e os limites do Chega". Inscreva-se aqui

Espero com ansiedade o episódio de hoje da palpitante série “TAP: Transportadora em Agitação Permanente” (título cunhado pelo camarada João Pedro Barros).

Na última cena do último capitulo, António Costa revelou que irá ter um encontro matinal esta terça feira com o ainda ministro João Galamba porque há “assuntos que não se tratam nem do estrangeiro nem por telefone”.

Irá Galamba continuar no executivo?

Os sinais são estes: Costa garantiu que nem ele “nem nenhum membro do Governo deu ordens ao SIS” para recuperar o computador de Frederico Pinheiro, ex-adjunto de Galamba, exonerado na sequência da trapalhada das reuniões com Christine Ourmières-Widenertine, ex-CEO da TAP. Ainda assim, o líder do Governo acha que o ainda ministro das Infraestruturas “fez bem” em avisar as secretas.

As declarações do primeiro-ministro à RTP deixaram o cheiro a gasolina no ar. Para o governante, o que aconteceu é “inadmissível” e o caso tem "uma dimensão relativamente à atitude do Governo perante a credibilidade que tem de manter perante as instituições. E isso, claramente, foi aqui afetado".

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que passou o 1º de maio tristonho e macambúzio, terá telefonado a Costa no sábado para lhe transmitir que, por ele, João Galamba sai de cena.

Depois, declarou publicamente que o beef entre Galamba e Pinheiro é um tema “sensível” que não pode ser tratado “em praça pública”. E acrescentou, não sem drama: “São assuntos que vão ser tratados até ao momento em que se vê que foram tratados (…) as coisas sucedem, vão sucedendo,e depois verifica-se que sucederam”.

Galamba, o homem com a cabeça no cepo, foi acusado pelo ex-adjunto de lhe ter dado instruções para esconder documentos da Comissão de Inquérito da TAP. Pinheiro, exonerado, supostamente, por não ter revelado que tinha tirado notas de uma reunião secreta preparatória que serviu para preparar uma reunião secreta preparatória do depoimento da ex-CEO da TAP à Comissão de Inquérito do Parlamento, é acusado de agredir uma assessora do ministro, de atirar uma bicicleta contra a porta do Ministério e de aterrorizar mulheres que tiveram de se esconder na casa de banho do Ministério.

Também terá levado para casa um computador com, alegadamente, matéria em segredo de Estado que foi recuperada numa inusitada operação do SIS: os agentes secretos foram a casa do ex-governante depois de um pedido do gabinete de Galamba que terá, segundo ele, passado pelo gabinete do primeiro-ministro. Nesta versão posta em crise pelas declarações de Costa, o PM não atendeu a chamada de Galamba porque estaria a conduzir.

Pinheiro nega as acusações, sugere que foi sequestrado e garante que entregou o portátil de livre vontade.

O número de cabeças que já rolou nesta série pede meças ao épico “Game of Thrones”: Pedro Nuno Santos, antecessor de Galamba, e Hugo Mendes, secretário de Estado, foram demitidos por causa da indemnização paga a Alexandra Reis, despedida da TAP na sequência de uma desavença com Christine Ourmières-Widenertine. A ex-CEO e o charmain Manuel Beja foram afastados por Galamba e pelo ministro Medina como resultado de um relatório das Finanças que considerou “ilegal” o pagamento de meio milhão de euros de indemnização a Reis. Seguir-se-á, provavelmente, Galamba e, talvez, uma remodelação.

Conseguirá o reino resistir?

OUTRAS NOTÍCIAS

O objetivo de qualquer greve é incomodar o maior número de pessoas possível com a adesão do maior número de trabalhadores que se conseguir mobilizar. Mas hoje, o Sindicato dos Funcionários Judiciais decidiu abrir uma exceção e pediu aos oficiais de justiça encarregados do caso BES que não adiram ao protesto que se arrasta desde o início do ano e já levou ao adiamento de mais de 21 mil diligências. “Está em causa o interesse nacional”, sentenciou solenemente o sindicato que não quer passar para a história como mais uma pedra na engrenagem deste processo.

Assim, se não houver uma falha, requerimento, manobra, pedido, impedimento ou crise de última hora, começa hoje o debate instrutório do Caso GES/BES, o processo judicial que resultou da derrocada de um dos maiores grupos económicos do país e que lesou, pelo menos, 1600 pessoas que já têm o estatuto de vítima atribuído.

Este estatuto – isto não é ironia – garante às vítimas “justiça em tempo justo” o que já não acontecerá. Ricardo Salgado, o principal arguido do processo, acusado de 65 crimes, foi preso há 3570 dias. Nove anos e sete meses, se preferir. E o julgamento ainda nem sequer começou. E, tal como na Operação Marquês, há crimes de falsificação e infidelidade que começam a prescrever em 2024.

Entra hoje em vigor a portaria que regulamenta a distribuição eletrónica dos juízes nos tribunais judiciais, administrativos e fiscais. Esta portaria vai regulamentar a lei que obriga ao sorteio de todos os juízes dos tribunais superiores e foi apressada pela estratégia de José Sócrates que apresentou pedidos de recusa de todos os coletivos que não foram sorteados integralmente.

Em França, o Dia do Trabalhador foi o pretexto para mais uma vaga de manifestações contra a alteração da idade da reforma para os 64 anos. Segundo os sindicatos, 700 mil pessoas protestaram contra o Governo e os confrontos com a polícia levaram à detenção de 291 pessoas e provocaram ferimentos em 108 agentes da autoridade.

Nos Estados Unidos, o First Republic tornou-se o terceiro banco a não resistir à tempestade financeira que rebentou em março. Os ativos do banco falido foram adquiridos pelo JP Morgan e o Presidente Joe Biden já garantiu que todos os depositantes terão acesso às suas poupanças.

O novo Código de Trabalho entrou em vigor no 1º de maio, Dia do Trabalhador. Para os patrões é “inconstitucional”, para os sindicatos “insuficiente”.

Prossegue a greve dos professores por distrito. Hoje é a vez de Faro.

Boas notícias para os apreciadores da Sardina pilchardus: A pesca da sardinha reabre hoje, mas com limites nas descargas e nas vendas.

FRASES

“O tempo é de mobilização e de luta"

Mário Mourão, secretário-geral da UGT, no 1º de maio, Dia do Trabalhador. A intersindical é normalmente vista como próxima do PS, o partido em maioria absoluta no Governo

“Não é com medidazinhas que Portugal vai sair do empobrecimento"

Isabel Camarinha, secretária-geral da CGTP, próxima do Partido Comunista, que se afastou do PS depois do fim da geringonça

“Mas, isto, acho que vale a pena. Quer dizer, a gente está aí. Se há problemas, é preciso enfrentá-los e pronto”

José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal, a justificar a disponibilidade para continuar no cargo depois de bater de frente no escândalo dos abusos sexuais de menores na Igreja

Especial Galambagate:

“Sem boa economia é difícil haver boa política. Mas haver alguma boa economia pode não ser suficiente para haver boa política”

Marcelo, num direto à cara de António Costa

“Nenhuma pessoa sensata imagina com tranquilidade um Governo com estar marca original a governar quatro anos"

Lobo Xavier, conselheiro do Estado, a tentar atirar o Governo para fora do ringue

"Todos os dias são dias de missão”

Ana Mendes Godinho, ministra da Segurança Social, a pedir uma contagem de proteção

“Que falta de discernimento e de sentido de equilíbrio levou a isto?”

Sérgio Sousa Pinto, deputado socialista, a desferir um oblíquo ao fígado do ministro Galamba

“Inadmissível”

António Costa

“Por ra da, por rada, por ra-da”

Ricardo Araújo Pereira, num resumo certeiro do último episódio de TAP

O que ando a ler

A Mais Secreta Memória dos Homens

Mohamed Mbougar Sarr

Quetzal - li-o como uma missão. Numa discussão literária em que fui mero observador, uma autora premiada considerava-o um daqueles livros em que ficamos simultaneamente tristes e excitados por estar a chegar ao fim; uma leitora e viajante experimentada assegurava ter lido livros que lhe tinham dado mais prazer e um intelectual com responsabilidades acusava o autor de querer ser um Bolaño. Vou empatar. Este livro de um jovem escritor senegalês sobre um jovem escritor senegalês obcecado pelo livro maldito de um jovem escritor senegalês é, para mim, excelente. É sobre livros e escritores, como já deve ter percebido, mas isso é bom. Até porque não é só isso. A escrita é barroca, mas sarcástica e auto depreciativa. A narrativa – com muitas narrativas dentro – é bem urdida e agora até tenho medo de ler outro livro deste autor que foi premiado em 2021 com o Goncourt, o mais prestigiado prémio literário francês que nunca tinha sido atribuído a um autor subsariano. Se servir para desempate: José Mário Silva, crítico do Expresso, deu-lhe cinco estrelas.

Por hoje é tudo. Despeço-me com as sempre interessantes sugestões da equipa Multimédia do Expresso.

"Quando o país foi dormir, Galamba ainda era ministro". A instabilidade política em que tem vivido o Executivo de António Costa conheceu este fim-de-semana um episódio considerado pelo Presidente da República como “muito sensível”.

https://expresso.pt/podcasts/expresso-da-manha/2023-05-02-Quando-o-pais-foi-dormir-Galamba-ainda-era-ministro-b9d64548

Finalmente Portugal tem o seu 11 de Setembro. A única cena de pancadaria da história em que uma pessoa é agarrada por uma Maria Eugénia marcou a semana e, como tal, também esta emissão de Isto é Gozar com Quem Trabalha em podcast

https://expresso.pt/podcasts/isto-e-gozar-com-quem-trabalha/2023-05-01-O-dossier-TAP-entrou-numa-fase-mais-facil-de-entender-POR-RA-DA-POR-RA-DA-POR-RA-DA-71f56862

Especial Dia do Trabalhador: Mortágua sai do armário, Ventura rei do infantário. Esta semana no podcast A Noite da Má Língua há trabalho, cera e armários

https://expresso.pt/podcasts/a-noite-da-ma-lingua/2023-05-01-Especial-Dia-do-Trabalhador-Mortagua-sai-do-armario-Ventura-rei-do-infantario-31e057f6

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