A coligação PAI - Terra Ranka vai propor que o sua cabeça de lista, Domingos Simões Pereira, lidera o novo Parlamento guineense. Os analistas aplaudem a decisão, mas referem que o Presidente da República não "sai bem".
Depois de se apresentar como cabeça de lista da coligação Plataforma da Aliança Inclusiva (PAI) -Terra Ranka, Domingos Simões Pereira foi agora indicado para presidir à Assembleia Nacional Popular (ANP). A nomeação foi autenticada pelo comité central do PAIGC, através dos votos de 396 dos 401 membros presentes na reunião do órgão partidário.
A figura de Simões Pereira foi proposta ao Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) pela conferência de líderes dos cinco partidos da coligação. Depois de ser aprovado no partido, falta agora que os deputados da PAI - Terra Ranka, que defendem a maioria absoluta no Parlamento, aprovem a proposta.
"Tenho de estar preparado para qualquer missão"
Simões Pereira disse estar preparado para um novo desafio na sua carreira política.
"É de facto uma grande responsabilidade, mas também é um privilégio, porque quem é militante e dirigente de um partido, sobretudo na condição de Presidente, tem de estar preparado para missões, e eu estou preparado para isso", disse.
"Espero ter capacidade e competência necessária para poder traduzir isso em sucesso", acrescentou.
Política de proteção
O sociólogo Diamantino Lopes diz que a nomeação de Simões Pereira para a mesa da Assembleia Nacional Popular "faz todo o sentido, à luz do passado".
"É uma tentativa de garantir a estabilidade governativa via Parlamento", afirma em declarações à DW. Uma figura como Domingos Simões Pereira, "que lidera uma coligação com 54 mandatários no Parlamento, pode fazer alguma diferença", destacou.
Mas o jornalista Armando Lona vê outros motivos por trás da decisão da Plataforma da Aliança Inclusiva. Com esta decisão, Simões Pereira acabará por se beneficiar de "mais uma proteção política", sustenta.
"Domingos Simões Pereira não conseguiu deslocar-se ao estrangeiro, era sistematicamente impedido. Portanto, enquanto presidente da Assembleia Nacional Popular, ele teria outro tipo de tratamento", disse.
Sissoco, o perseguidor absoluto |
Domingos Simões Pereira é popular entre os cidadãos. Muitos seriam votado na coligação PAI - Terra Ranka, para que ele fosse o primeiro-ministro.
Face à atual realidade política no país – e aos desentendimentos passados entre Simões Pereira e o Presidente da República, o sociólogo Diamantino Lopes não considera que a população tenha razões para ficar dececionada.
"Estando no Parlamento, Simões Pereira está a responder à expetativa do povo e aos seus anseios", comenta.
O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, que durante a campanha eleitoral disse que não nomearia Domingos Simões Pereira para o cargo de primeiro-ministro, voltou atrás na decisão e já disse em várias ocasiões que, caso o líder partidário fosse proposto para o cargo, dar-lhe-ia posse para trabalharem juntos .
Agora que Simões Pereira foi indicado para a presidência do Parlamento, o jornalista Armando Lona diz que Umaro Sissoco Embaló não sai bem do "episódio".
"Há uma desigualdade e, politicamente, o Presidente da República terá de pagar a fatura", sublinhou.
A investidura dos 102 novos deputados da nação está marcada para quinta-feira (27.07).
Iancuba Dansó (Bissau) | Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário