segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

“PRODUTOS” TÓXICOS NAS CAPELAS DA ONU

CRÓNICA DESDE OS ANOS 90 – PRIMEIRO ACABARAM COM OS SOVIÉTICOS…

… Primeiro acabaram com os soviéticos,

Mas, como qualquer devotado cristão,

O pessoal da NATO

Fez tudo e de tudo

Por esse eclipsar!...

Acabaram com esses comunistas

Mas não conseguiram

Apesar de tudo, ganhar todo o bolo

Então lembraram-se

Que com a Rússia,

“Há velhas contas a ajustar”!...

Martinho Júnior, Luanda

A “implosão” provocada desde dentro da União Soviética, não teve apenas Gorbatchev e Ieltsin como actores venais, ou figurantes liberais, de maior responsabilidade…

Na plataforma da Ucrânia Soviética a cultura integracionista nacionalista foi cultivada desde as entranhas fascistas e nazis, pelo que as sementes da discórdia foram rebuscadas desde as profundidades da crise da IIª Guerra Mundial, para-o-que-desse-e-viesse, à inteira disponibilidade, engenho e arte dos “vencedores” anglo-saxónicos, de sua arrogância, do seu exclusivismo e de sua impunidade!

A Rússia nem se pode valer dos artigos 106 e 107 da Carta da ONU!

Fizeram um trabalho de sapa como quem faz arqueologia, inteligente e perverso trabalho próprio da preservação da barbárie, por via de todas as redes “stay behind” cultivadas e, em alguns casos, com um “produto” tóxico como o do actual regime de Marcelos em Portugal, onde conseguiram conservar a frio o fascismo capaz até do cinismo catedrático das “conversas em família” e do “ressuscitar” dum tão “democrático” Chega, a cheirar a retornados que tresanda! 

É desse cadinho aliás que foi formada a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a NATO e sua inspiração não pode enganar ninguém, porque na sua fundação até houve membros fundadores que eram fascistas entre “democratas”, basta olhar para o “excepcionalismo” de Portugal, além do mais ultra cristão e ultra colonial!

Assim Ronald Reagan e Margareth Thatcher tiveram a sua quota-parte de responsabilidade, que aliás foi transmitida, via CIA e MI6, a todas as administrações que se lhes seguiram desde então, ainda que houvesse “nuances” de sucessivas doutrinas, cada uma delas a procurar esmerar nas práticas de conspiração que atestam a sua própria essência bárbara e feudal!

Dos escombros da IIª Guerra Mundial e do império colonial britânico, a cultura de laboratório banderista foi pouco a pouco projectada para um dia ressurgir, crescer, empolar e começar a dar os seus frutos tóxicos, começando logo por se mexer em Agosto de 1991 nos subterrâneos do poder instalado em Kiev, quando a Ucrânia proclamou a sua independência!

Algo similar se passou em muitos estados de orientação marxista-leninista vocacionados para o socialismo, mesmo que fossem Não-Alinhados!

Os casos dos alvos da barbárie foram desfilando, desde a implosão da Jugoslávia, aos contenciosos críticos da Moldávia, ao caos do Cáucaso, à “revolução rosa” da Geórgia…

Esses podem ser citados como exemplos, exemplos que viriam a ser engrossados com as agressões ao Afeganistão, ao Iraque, à Síria, à Líbia, pois o Médio Oriente Alargado, com um terreno tão fértil de contradições manipuladas pelos interesses e conveniências de domínio, (que aliás são aliás aproveitadas ao milímetro pelo sionismo), transbordavam de petróleo, do gás e dos minérios do Sul Global, que faltam às metrópoles misto de instrumentos coloniais e neocoloniais!

Os Antigos Combatentes angolanos que contribuíram para projectar a proclamação da República Popular, passaram também pelas brasas dessa experiência ingerencista e manipuladora de controvérsias, grande parte delas transversais, outras subterrâneas, mas todas elas passando pelo colonial-fascismo português a coberto da NATO, uma controvérsia prenhe de traições e de traidores cheirando ao enxofre dum “excremento do diabo” tomado de assalto pelos traficantes de diamantes capazes do choque da “guerra dos diamantes de sangue”, como os outros afinal capazes da terapia neoliberal que se lhe tornou subjacente sob a formalidade do Acordo de Bicesse de 31 de Maio de 1991!

Disseminar o caos, o terrorismo e a desagregação desde então, desde o início da década de 90 do século XX, passou para uma primeira linha com a doutrina Rumsfeld/Dobrowski (parideira do Africom), pois quanto mais fragilizados passassem a ser os estados, as nações e os povos do Sul Global, mais facilmente o hegemon e seus vassalos poderiam realizar o saque privatizado das riquezas em época de cada vez mais escassez (a terapia neoliberal tem seus segredos de polichinelo nos negócios correntes)… e a Federação Russa enquanto alvo maior não podia ser excepção!

Toda a responsabilidade cabe aos que esgotam em meio ano o que a Mãe Terra só consegue refazer em um ano e numa altura em que a humanidade atingiu mais de 7.000 seres humanos vivos!

A guerra na Ucrânia expõe o imperialismo dos EUA como a principal ameaça global

Ano histórico...

A maioria das pessoas percebe que os Estados Unidos e seu sistema capitalista de empobrecimento de guerra devem ser derrotados se o mundo quiser viver em paz.

Strategic Culture Foundation | editorial | # Traduzido em português do Brasil

A guerra na Ucrânia está agora entrando em seu segundo ano, tendo completado seu primeiro aniversário esta semana. Em 24 de fevereiro do ano passado, as forças russas entraram no território ucraniano. O conflito deu muitas reviravoltas nos últimos 12 meses. Mas parece haver um desenvolvimento primordial e inevitável. Os contornos da hostilidade surgiram para identificar a principal ameaça global – os Estados Unidos e sua obsessão de soma zero com a hegemonia imperialista.

A rigor, a guerra na Ucrânia está entrando em seu décimo ano porque as origens do conflito remontam ao golpe de estado em Kiev em fevereiro de 2014 patrocinado pela CIA americana e outros agentes da OTAN. O regime neonazista que foi instalado então e que continua no poder (encabeçado por um presidente judeu, no entanto) foi armado e secretamente apoiado pelos Estados Unidos e seus parceiros da OTAN para agredir o povo de língua russa do antigo sudeste da Ucrânia. O objetivo maior do regime era atrair a Federação Russa para um confronto existencial que está em andamento.

Os governos ocidentais e seus meios de comunicação de propaganda afirmam a narrativa absurda de que o presidente russo, Vladimir Putin, lançou uma agressão não provocada contra a Ucrânia. O sistema de propaganda ocidental – cujos nomes incluem marcas domésticas como New York Times, Washington Post, Guardian, Financial Times, BBC, CNN, DW e France 24, e assim por diante – encobre completamente os oito anos anteriores ao início da guerra.

Putin reiterou a afirmação esta semana em um discurso anual do tipo estado da união, quando disse que “o Ocidente começou a guerra”. O líder russo foi previsivelmente difamado no Ocidente por dizer isso. Mas os fatos da história estão do lado de Putin.

O estudioso americano Professor John Mearsheimer é uma das várias vozes eminentes que confirmam que a guerra na Ucrânia foi pressagiada pela OTAN e pela expansão implacável da OTAN em direção à Rússia ao longo de muitos anos. A Ucrânia era apenas a ponta da lança apontada para a Rússia.

Outras fontes no terreno na região de Donbass – anteriormente da Ucrânia – também confirmam que o regime de Kiev apoiado pela OTAN estava aumentando sua agressão em fevereiro do ano passado antes da intervenção militar da Rússia. Isso explicaria por que o presidente americano Joe Biden previu com confiança no início do ano passado que as forças russas “invadiriam” a Ucrânia. Os tesoureiros americanos do regime de Kiev sabiam que a Rússia seria compelida a intervir para impedir um incipiente ataque mortal à população de língua russa dentro da então fronteira ucraniana.

Desde então, a região de Donbass se separou da Ucrânia em referendos realizados no ano passado e se juntou à Federação Russa seguindo os passos da Península da Crimeia. Os meios de comunicação/propaganda ocidentais falam sobre a Rússia “anexar” o Donbass e a Crimeia, ignorando os referendos verificados por observadores internacionais. Mas então a mesma mídia ocidental se recusa a relatar como os EUA em um ato de terrorismo internacional explodiram os oleodutos Nord Stream cinco meses atrás. Assim, não diga mais nada sobre sua credulidade covarde.

Nunca na história houve uma necessidade maior de um grande movimento anti-guerra

As coisas estão se agravando cada vez mais rapidamente entre a estrutura de poder centralizada nos EUA e as poucas nações restantes com a vontade e os meios de resistir às suas exigências de obediência total, ou seja, China, Rússia e Irã. O mundo está se tornando cada vez mais dividido entre dois grupos de governos que estão se tornando cada vez mais hostis um ao outro, e você não precisa ser um historiador para saber que provavelmente é um mau sinal quando isso acontece. Especialmente na era das armas nucleares.

Caitlin Johnstone* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

Victoria Nuland, do Departamento de Estado dos EUA, está agora dizendo que os EUA estão apoiando os ataques ucranianos na Crimeia, atraindo fortes repreensões de Moscou com um lembrete severo de que a península é uma "linha vermelha" para o Kremlin, que resultará em escaladas no conflito se ultrapassada. Na sexta-feira, o presidente da Ucrânia, Zelensky, disse à imprensa que Kiev está preparando uma grande ofensiva para a "desocupação" da Crimeia, que Moscou considera parte da Federação Russa desde sua anexação em 2014.

Como Anatol Lieven explicou para a Jacobin no início deste mês, esse cenário exato é atualmente o mais provável de levar a uma sequência de escaladas que terminam em guerra nuclear. À luz das revelações recentes acima mencionadas, o parágrafo de abertura do artigo de Lieven é ainda mais arrepiante de ler agora do que quando saiu, algumas semanas atrás:

A maior ameaça de catástrofe nuclear que a humanidade já enfrentou está agora centrada na península da Criméia. Nos últimos meses, o governo e o exército ucraniano prometeram repetidamente reconquistar este território, que a Rússia tomou e anexou em 2014. O establishment russo e a maioria dos russos comuns, por sua vez, acreditam que manter a Crimeia é vital para a identidade russa e a posição da Rússia como um grande poder. Como um conhecido liberal russo (e nenhum admirador de Putin) me disse: “Em último recurso, a América usaria armas nucleares para salvar o Havaí e Pearl Harbor e, se for necessário, devemos usá-las para salvar a Crimeia”.

E isso é apenas a Rússia. A guerra na Ucrânia está sendo usada para escalar contra todas as potências não alinhadas com a aliança centralizada pelos EUA, com desenvolvimentos recentes incluindo ataques de drones a uma fábrica de armas iraniana que supostamente arma soldados russos na Ucrânia e empresas chinesas sendo sancionadas por “atividades de reabastecimento em apoio ao setor de defesa da Rússia” após acusações dos EUA de que o governo chinês está se preparando para armar a Rússia na guerra.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, teria mantido várias reuniões com altos oficiais militares sobre possíveis ataques futuros ao Irã para neutralizar a suposta ameaça de o Irã desenvolver um arsenal nuclear, uma "ameaça" sobre a qual Netanyahu mentiu pessoalmente por anos.

UMA FANTASIA DE OMNIPOTÊNCIA ANGELICAL DOS EUA

Bruce Fein diz que Robert Kagan está convencido de que os EUA ainda não metamorfosearam o mundo em um paraíso por causa da apreciação insuficiente de sua onipotência, onisciência e benevolência, conforme descrito no livro neocon de Kagan de 2006, Dangerous Nation.

Bruce Fein* | especial para Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

Se você ama contos de fadas com finais felizes, vai desmaiar com oretrato fictício de Dangerous Nation, de Robert Kagan, da política externa dos Estados Unidos desde seus primeiros dias até o início do século 20 como uma aspiração cavalheiresca ou busca para levar Camelot a todos os cantos do mundo. globo.

A narrativa se desvia da verdade como a teoria geocêntrica do universo se desvia do heliocêntrico.

De acordo com Kagan, a atração gravitacional da política externa dos Estados Unidos sempre foi uma doação altruísta e arriscar aquela última medida completa de devoção para trazer prosperidade e autogoverno esclarecidos aos estrangeiros. 

O autor postula que os americanos apreciam exclusivamente o DNA angelical. Eles choram como Niobe ao testemunhar estrangeiros gemendo sob a opressão e defendem avidamente a intervenção militar americana, ou seja, a legalização do assassinato em primeiro grau, para aliviar ou acabar com sua miséria.

O Dom Quixote de Cervantes é envergonhado. Os americanos, insinua Kagan, irão direto para o céu sem a necessidade de uma entrevista com Deus!

A natureza fabulista da história de Kagan é enfatizada pela crueldade que os americanos estavam exibindo em casa sobre linchamentos, supremacia masculina branca, subjugação de nativos americanos e racismo desenfreado enquanto supostamente agiam como fadas madrinhas no exterior até 1900. 

A história é tão implausível como se o anticristo da cabana do tio Tomás, Simon Legree, se oferecesse para lutar pela emancipação dos escravos em Cuba ou no Brasil.

Kagan está convencido de que os Estados Unidos ainda não metamorfosearam o mundo em paraíso por causa da apreciação insuficiente de sua onipotência, onisciência e benevolência em exibir todos os nobres instintos do coração humano. (Alguém estava dormindo na hora de compor o título do livro transmitindo a impressão oposta?)

Se Kagan soa como um megafone para o complexo militar-industrial de segurança de vários trilhões de dólares e a história alternativa da  América Uber Alles , é porque ele é. A verdade sobre os Estados Unidos e sua política externa é mais realista e mais promissora.

Ocidente diz ao Sul Global: “Você não pode ser neutro. Ou está connosco ou contra nós”

WEST DIZ AO SUL GLOBAL 'VOCÊ NÃO PODE SER NEUTRO' NA GUERRA DA UCRÂNIA: OU VOCÊ ESTÁ CONOSCO OU CONTRA NÓS

Os ministros das Relações Exteriores dos Estados Unidos, Alemanha e Ucrânia disseram ao mundo “você não pode ser neutro” na  guerra por procuração da OTAN com a Rússia , lembrando a infame declaração do presidente George W. Bush: “Ou você está conosco ou contra nós ”.

Ben Norton - Geopolitical Economy Report | em South Front | # Traduzido em português do Brasil

Ao fazer isso, essas autoridades ocidentais estão criticando implicitamente a grande maioria dos países da Terra, que estão no Sul Global e que mantiveram estrita neutralidade durante a guerra.

Em um  evento conjunto  na  Conferência de Segurança de Munique  em 18 de fevereiro, a  ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock  , declarou:

“A neutralidade não é uma opção, porque assim você fica do lado do agressor”.

Baerbock enfatizou que

“este é um apelo que também estamos fazendo na próxima semana para o mundo novamente: por favor, tome um lado, um lado pela paz, um lado pela Ucrânia, um lado pelo direito internacional humanitário, e agora isso significa também entregar munição para que a Ucrânia possa defender-se”.

Os comentários do ministro das Relações Exteriores da Alemanha foram repetidos pelo  secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken .

“Como disse a Annalena [Baerbock], não há posição neutra… Não há equilíbrio”, disse Blinken, sublinhando, “Não dá mesmo para ser neutro”.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia,  Dmytro Kuleba,  elogiou o Ocidente por “representar princípios e regras”, ao mesmo tempo em que insinuou que o Sul Global é bárbaro e sem lei.

“Vemos uma unidade sem precedentes de uma parte do mundo que defende os princípios e regras em que este mundo se baseia, mas também vemos outras partes do mundo, algumas são neutras, o que significa efetivamente o apoio da Rússia”, disse Kuleba com nojo.

Baerbock já havia deixado claro que o Ocidente está travando uma guerra contra a Rússia, declarando no Conselho da Europa em janeiro: “ Estamos travando uma guerra contra a Rússia ”.

O tom e o contexto dos comentários feitos por altos funcionários ocidentais na Conferência de Segurança de Munique em 18 de fevereiro deixaram claro que eles estão zangados com o Sul Global por se  recusar a participar de sua guerra por procuração .

A iminente distração transnístria de bandeira falsa de Kiev é extremamente perigosa

Andrew Korybko* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

A razão pela qual a iminente conspiração de bandeira falsa de Kiev é tão perigosa é porque poderia facilmente envolver a Romênia, membro da OTAN, que alguns suspeitam de abrigar intenções de incorporar a Moldávia com base em reivindicações históricas sobre aquela terra. O presidente da Moldávia, Maia Sandu, foi acusado por alguns de colaborar secretamente com Bucareste na busca desse cenário, que poderia arriscar um confronto direto entre a OTAN e a Rússia naquela ex-república soviética, caso isso acontecesse.

O alto escalão da Rússia acusou Kiev de planejar uma invasão de bandeira falsa na região separatista da Transnístria, na Moldávia, que afirma ser realizada por neonazistas Azov vestindo uniformes de soldados russos. Essa suposta provocação servirá então de pretexto para a Ucrânia invadir aquela entidade separatista na qual Moscou teve um pequeno número de forças militares por acordos anteriores firmados com as partes que estiveram envolvidas anteriormente na breve guerra civil desse país sem litoral.

O modus operandi que Moscou alertou que Kiev está planejando empregar é exatamente o mesmo que Hitler fez no período imediatamente anterior à invasão nazista da Polônia. Nessa altura, as suas forças vestiam-se de soldados polacos enquanto realizavam um ataque com bandeira falsa contra uma estação de rádio alemã que posteriormente serviu de pretexto para atacar aquele país vizinho. Como Kiev dificilmente pode ser descrito como um ator independente, o Kremlin também dirigiu alertas de acompanhamento aos EUA e à OTAN.

Informou-os de que as Forças Armadas Russas “irão reagir adequadamente” a tais provocações, acrescentando que “quaisquer ações que representem uma ameaça à sua segurança serão vistas, de acordo com o direito internacional, como um ataque contra a Federação Russa”. A razão pela qual a iminente conspiração de bandeira falsa de Kiev é tão perigosa é porque poderia facilmente envolver a Romênia, membro da OTAN, que alguns suspeitam de abrigar intenções de incorporar a Moldávia com base em reivindicações históricas sobre aquela terra.

O presidente da Moldávia, Maia Sandu, foi acusado por alguns de colaborar secretamente com Bucareste na busca desse cenário, que poderia arriscar um confronto direto entre a OTAN e a Rússia naquela ex-república soviética, caso isso acontecesse. Sobre as chances de Kiev prosseguir com a invasão de bandeira falsa sobre a qual Moscou acabou de alertar, isso infelizmente não pode ser descartado, pois há uma certa lógica inerente à liderança daquele país em ruínas, considerando seriamente esse curso de ação.

Como a rede de propagandistas nazis ajudou a lançar os alicerces da guerra na Ucrânia

Evan Reif *

Os antecedentes da guerra na Ucrânia não vêm de há um ano, como pretende a propaganda EUA/NATO. Nem sequer vêm do golpe nazi-fascista de 2014. Remontam historicamente à ofensiva do 3º Reich em 1940-41, preservam a herança dos seus ideólogos e executantes. Herança que os principais instigadores deste conflito de perigosíssimas repercussões – os EUA – se encarregaram de preservar, acolhendo e protegendo algumas das mais destacadas figuras do nazismo alemão e ucraniano. E trabalharam até aos dias de hoje para reinstalar no terreno a acção criminosa, racista, fascista e genocida iniciada nos anos 40.

“A história não é o que aconteceu, mas as histórias do que aconteceu e as lições que estas histórias incluem. A própria selecção das histórias a ensinar numa sociedade molda a nossa visão de como o que existe surgiu e, por sua vez, o que compreendemos como possível. Esta escolha de que história ensinar nunca pode ser ‘neutra’ ou ‘objectiva’. Aqueles que escolhem, ou segundo uma agenda definida ou guiados por preconceitos ocultos, servem os seus interesses. Os seus interesses poderiam ser a continuação deste mundo tal como ele se apresenta actualmente ou a construção de um novo mundo”. - Howard Zinn

No rescaldo da Segunda Guerra Mundial, muitos dos arquitectos das piores atrocidades da história foram resgatados e protegidos pelos serviços secretos dos EUA. O evidente papel de cientistas nazis como Wernher von Braun (que supervisionou pessoalmente a tortura e assassinato de trabalhadores escravos) no programa espacial dos Estados Unidos e na indústria da Alemanha Ocidental é há décadas do conhecimento comum.

Nos últimos anos, o fim da Guerra Fria trouxe revelações sobre “gladiadores” da CIA, tais como Yaroslav Stetsko e Licio Gelli, influenciando o desenvolvimento político do mundo por quaisquer meios necessários. Da Alemanha e Itália ao Japão e Coreia do Sul, existe agora uma vasta recolha de evidência que comprova a existência de grandes redes de terroristas fascistas, bem financiadas, que não hesitaram em usar a violência para assegurar a conformidade por parte das pessoas “livres” do mundo.

No entanto, o que é menos bem conhecido é que milhares de académicos fascistas e anticomunistas foram também resgatados e alimentados pelos EUA para travar uma guerra ideológica contra o comunismo. Estes historiadores revisionistas passaram décadas a trabalhar nas sombras da imprensa académica até que a queda da União Soviética lhes permitiu regressar a casa e finalmente reescrever a história ao seu gosto. Após décadas de esforço, podemos agora ver os resultados do seu trabalho, as sementes plantadas há 70 anos estão finalmente a dar o seu envenenado fruto.

Portugal | A ALTERNATIVA


Henrique Monteiro | Hnricartoon

Portugal | DESESPERADOS QUE NOS DÃO ESPERANÇA -- Vida Justa

Paula Ferreira* | Jornal de Notícias | opinião

"Há pessoas que têm de contar quantas batatas vão comprar, quantos medicamentos compram ou não. Pessoas que não tomam o pequeno-almoço para dar aos filhos e que, se almoçam, não jantam". O relato foi feito ao JN, durante o protesto denominado Vida Justa, por um dos participantes. A pobreza, tradicionalmente escondida e envergonhada, começa a sair à rua. Estes cidadãos não reclamam mais salário, menos horas de trabalho ou a diminuição da idade da reforma. Pedem o elementar: salários mais justos. O básico, o que muitos portugueses, apesar de não serem ricos, não conseguem alcançar. Querem poder comer e alimentar os filhos. Um direito, dir-se-ia, anacrónico, na abastada sociedade de consumo do século XXI.

Um paradoxo, este, o do nosso tempo. Todos os dias somos inundados com as virtudes da inteligência artificial, uma enorme evolução que deveria conduzir à libertação do ser humano, proporcionando-lhe tempo e desamarrando-o do trabalho. Infelizmente, não é a isso que assistimos. Em paralelo à evolução tecnológica, cresce a precariedade e um exército de pessoas sem acesso aos bens básicos para sobreviver. É este o "caráter contraditório da sociedade moderna", de que falava Herbert Marcuse.

No sábado, Portugal pode ter vivido um momento inicial, de rutura. Os que menos podem, os invisíveis da sociedade, os que vivem nos bairros periféricos das grandes cidades, onde falta quase tudo, menos a violência, deram a cara ao sair à rua exigindo condições para uma vida mais justa - que salários de 700 euros não permitem de maneira alguma. Será "exigir o impossível"?

Vivemos numa sociedade contraditória, as grandes empresas apresentam obscenos lucros de milhões e, ainda assim, aumentam os preços sem clemência; tecnocratas, muito bem pagos, saem de empresas após terem endireitado as contas usando sempre a mesma fórmula: à custa de cortes nos salários dos outros e despedimentos. O vulcão aparentemente adormecido começa, enfim, a despertar nos desesperados que nos dão esperança.

*Editora-executiva-adjunta

UMA DESGRAÇA NUNCA VEM SÓ, POR CÁ E POR LÁ…

Uma desgraça nunca vem só. Bom dia (não sabemos como), este vai ser o Expresso Curto com algumas desgraças reportadas e comentadas por Pedro Candeias, do Expresso do tio Balsemão de Bilderberg e doutros sindicatos do grande capital. Fiquem aqui e façam cruzes porque são muito mais que muitos os azares do povoléu global. Morrem que nem tordos. É insofismável que o sol quando nasce não é para todos. Não se iludam.

Esta abertura para o Curto basta. Sem mais delongas passemos à prosa anunciada e tristemente malvada, recheada de cadáveres…

Bom dia e uma torrada. Avante. (PG)

MORRER NA PRAIA

Pedro Candeias, editor de sociedade | Expresso (curto)

Antes de começarmos, deixamos-lhe um convite para o Clube Expresso e para o webinar “Junte-se à Conversa” onde poderá argumentar sobre a habitação com o diretor João Vieira Pereira e o diretor-adjunto David Dinis. Começa às 14h.

Bom dia,

Steccato di Cutro é uma comprida língua de oito quilómetros com areia da cor do sol virada para a água cristalina do Mediterrâneo. Tem algumas ofertas turísticas - resorts, passeios turísticos, restaurantes e pelo menos uma igreja - e fica em Cruto que fica em Crotone que fica na região de Calábria, precisamente no lugar onde o peito do pé da bota se apoia no mar.

Era lá que 200 paquistaneses, afegãos, turcos e somalis gostariam de ter posto os seus pés em segurança depois de terem zarpado quatro dias antes de um porto em Izmir numa embarcação de madeira de vinte metros que, em condições normais, leva entre vinte a quarenta passageiros.

Não aconteceu assim.

Morreram sessenta pessoas, salvaram-se oitenta e várias dezenas continuam desaparecidas. Entre os mortos, contam-se 14 crianças, a mais nova com poucos meses e a mais velha com 13. Também há um detido: um dos traficantes responsáveis pelo barco que não aguentou o embate contra as rochas quando o mar revolto decidiu despedaçá-lo já com a praia à vista.

Ao areal chegaram a madeira, as malas, as mochilas, os sapatos, os cosméticos, os medicamentos, uma bolsa de água quente e brinquedos, e depois vieram os socorristas e os sacos brancos para cobrir os corpos.

Este é o acidente com migrantes mais grave de 2023 na zona do Mediterrâneo, um mar que já tolheu 26 mil vidas nos últimos dez anos, mais do dobro dos habitantes de Cutro onde se deu esta tragédia; os números pecam certamente por defeito, pois é impossível contabilizar quem se afoga e nunca mais é encontrado. Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 15 mil migrantes chegaram à Europa por via marítima desde o início do ano e o ministério do Interior italiano garante que às suas costas vieram dar 14 mil em 2023.

A instabilidade política e social, as guerras, a pobreza e as alterações climáticas vão provocar mais fluxos migratórios para a Europa que anda há dois anos a tentar fechar um acordo entre os 27 sobre que políticas adotar perante o fenómeno.

Não será fácil.

De um lado, defende-se a criação de rotas seguras e legais para os migrantes que se arriscam pondo a suas vidas nas mãos de traficantes pouco escrupulosos, em embarcações frágeis ou furgões clandestinos. Do outro, pedem-se muros e mecanismos de pushback, inglês suave para “mandar as pessoas de volta”.

E entre os dois extremos, temos a política de Giorgia Meloni que os ativistas e a própria ONU classificam de ambígua. Desde que democraticamente eleita primeira-ministra de Itália, Meloni tem criado regras que, segundo as ONG, dificultam o socorro aos migrantes que chegam pelo Mediterrâneo.

São mais ou menos estas: de forma a descentralizar o problema, a PM decidiu que os barcos que recolhem as pessoas no mar têm de aportar longe do lugar onde o salvamento ocorreu, por exemplo, a mais de mil quilómetros de distância (já aconteceu); por outro lado, por cada exercício de salvamento, o barco deve imediatamente dirigir-se para terra, cessando então quaisquer outras buscas. Diz Meloni que as ONG são um incentivo à migração: havendo menos oportunidades de salvamento, menos pessoas se lançarão ao mar.

A Itália vai ter um museu dedicado ao fascismo em Salò, onde Benito Mussolini inventou um estado para ele próprio.

Mais lidas da semana