quinta-feira, 16 de março de 2023

Portugal | GALAMBA, MARCELO E O ATIVISMO PATRONAL

José Soeiro | Expresso | opinião

Aos patrões não lhes basta que as margens de lucro aumentem, provocando a inflação. Não lhes basta a contração do salário real, que é a sua solução e também a resposta recessiva do Governo ao aumento dos preços e o maior fator de agravamento das desigualdades. Os patrões querem, ainda, que nada possa ser decidido no mundo do trabalho sem a sua outorga. Mobilizam-se contra algumas das regras que podem trazer mais exigência de respeito nas leis do trabalho, invocando uma espécie de direito de veto que a Constituição não lhes atribui

Se quisermos um pequeno retrato do mundo do trabalho em Portugal, olhemos para o que se passa com os bares dos comboios da CP. O Estado, que detém a empresa, externalizou o serviço para um privado. Este, por sua vez, não cumpre o contrato e não pagou aos trabalhadores os salários de fevereiro. Os clientes não têm acesso ao serviço e os trabalhadores, que desesperam há semanas sem trabalho e sem qualquer rendimento, continuam acampados frente às estações de Santa Apolónia e de Campanhã. O concessionário empata e o governo não resolve. Há enquadramento legal para encontrar uma solução, rescindindo o contrato com a empresa externa e incorporando os trabalhadores na CP, mas não há vontade política. Existem leis para proteger as pessoas, mas elas não bastam para que exista justiça. No Parlamento, o PS chumbou até a ida do ministro Galamba para esclarecer a situação, impedindo a responsabilização de quem tem poder e desprezando a aflição dos trabalhadores.

Enquanto isto acontece, as confederações patronais mobilizam-se contra algumas das regras que podem trazer mais exigência de respeito nas leis do trabalho. Invocando uma espécie de direito de veto que a Constituição não lhes atribui, rasgam as vestes porque o Parlamento aprovou algumas normas sem o acordo da “concertação social”. Não basta aos patrões terem celebrado com o governo e a UGT um “acordo de rendimentos” que fixa uma meta de aumentos salariais (5,1%) muito aquém do que já se perdeu para a inflação e que, mesmo assim, a maioria das empresas nem sequer cumpre (os últimos dados da DGERT revelam que os contratos coletivos negociados em janeiro, que em princípio preveriam aumentos, abrangem 46776 trabalhadores, uma percentagem ínfima de quem trabalha em Portugal). Não lhes basta que as margens de lucro aumentem, provocando a inflação. Não lhes basta a contração do salário real, que é a sua solução e também a resposta recessiva do governo ao aumento dos preços e o maior fator de agravamento das desigualdades. Os patrões querem, ainda, que nada possa ser decidido no mundo do trabalho sem a sua outorga.

Portugal | Na Marinha: Mondego impróprio para missões e o CEMA Melo a meter água

Gouveia Melo

"Obediência não é cega" e "o tempo do chicote" acabou. Sargentos e praças defendem militares do navio Mondego

No Fórum TSF, a Associação Nacional de Sargentos e a Associação de Praças da Armada defendem que há limites para a disciplina.

O presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS), Lima Coelho considera a polémica que envolve os militares do navio Mondego mostra que é tempo de discutir os limites da obediência dos militares.

"A obediência não é cega e uma ordem mal dada que possa pôr em risco a vida do militar pode, e vai ser contestada. E isto é a consciência que se tem que ter da condição militar", defendeu Lima Coelho em declarações no Fórum TSF, depois de o chefe do Estado-Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo, ter afirmado que a disciplina é a "cola essencial" das Forças Armadas.

"O tempo em que o chicote é que determinava e o 'quero, posso e mando' é que determinava, é um tempo diferente. Infelizmente, vivemos demasiado esse tempo e infelizmente esse tempo ainda prevalece em algumas mentalidades menos informadas".

O NRP Mondego não cumpriu no sábado à noite uma missão de acompanhamento de um navio russo a norte da ilha do Porto Santo, na Madeira, depois de 13 elementos (quatro sargentos e nove praças do navio) recusaram embarcar alegando riscos de segurança.

OS BANCOS CENTRAIS BRINCAM COM O FOGO

Crise bancária iniciada nos EUA alastra-se pela Europa. Nouriel Roubini teme a repetição do colapso de 2008. Causa fica ainda mais clara: BCs insistem, até o limite, em manter políticas que transferem riqueza social para o 0,1%

Antonio Martins* | Outras Palavras | # Publicado em português do Brasil

“O Crédit Suisse é grande demais para ser salvo” e sua eventual quebra poderia significar um novo “momento Lehman Brothers”. O economista Nouriel Roubini, famoso por ter previsto a grande crise financeira de 2008, fez o alerta esta manhã, em entrevista à Agência Bloomberg. As ações do banco suíço – que tem vasta atuação global e é visto pelos mercados como uma das poucas “instituições financeiras sistematicamente importantes” do mundo – estavam despencando. Roubini referia-se ao colapso do banco norte-americano que desencadeou o travamento do mercado global de crédito, há 15 anos.

A onda de desconfiança atingia também dois grandes bancos franceses (Société Génerale e BNP Paribas) e um alemão (Deutsche Bank). O Brasil parecia suscetível à tempestade: o economista-chefe de Itaú, Mário Mesquita, admitia pela primeira vez que é preciso atentar para os riscos de um choque de crédito. O que desencadeou a tormenta, num céu até há pouco marcado pela continuidade das altas exuberantes das bolsas de valores e por uma onda de otimismo dos governos do Ocidente, animados com as chances de triunfar sobre a Rússia, na Ucrânia?

Agora, parece não restarem dúvidas de que as quebras estão relacionadas com a alta dos juros, nos EUA e na Europa. A partir de março de 2022, o Fed (BC dos EUA) elevou-as no ritmo mais rápido desde a grande escalada dos anos 1980. No centro do sistema, elas ainda são negativas, em termos reais (estão abaixo da inflação), mas um texto do economista Michael Hudson permite compreender as razões imediatas do choque.

Portugal | OS BISPOS VÃO DE COCHE

Afonso Camões* | Diário de Notícias | opinião

Andam mal dormidos os nossos bispos, tal o sobressalto de se sentirem na berlinda. Aqui chegado, hesito e vou ao dicionário de tira-teimas. Afinal, "berlinda" começou por ser o nome dado a uma série de carruagens antigas com origem em Berlim, e no nosso Museu dos Coches ainda podemos encontrar algumas. Modelo elegante e "desportivo" só acessível aos glúteos dos poderosos, as berlindas tinham apenas dois lugares e quatro rodas. Por essa Europa fora, foi tal o sucesso da carruagem que, popularizado o seu nome, "estar na berlinda" passou a ser sinónimo de ostentação e soberba, ou ser alvo da atenção geral e dar nas vistas, quase sempre pelos piores motivos, à mercê do escárnio público, um julgamento que não pode dar bom sono aos justos.

Assim vão os nossos bispos - e não os confundamos com o povo da Igreja. Se anda mal dormida e está na berlinda, tal a extensão e gravidade dos casos de abuso sexual agora conhecidos, a hierarquia católica portuguesa só se pode queixar de si própria. E não é só por má comunicação. É, sobretudo, pela resposta tardia e pela obstinada recusa de alguns dignitários da Igreja em admitir o pecado da ocultação e do encobrimento de crimes que arruinaram milhares de vidas, cometidos por quem tinha o ministério, ou seja, o dever de cuidar delas e defendê-las. A resposta tardia dos nossos bispos revela, por outro lado, que alguns deles ignoram ou resistem a assumir os preceitos que resultam de uma das grandes reformas introduzidas por Jorge Bergoglio, o Papa Francisco, que ontem mesmo concluiu 10 anos de pontificado, à frente do Vaticano e da Igreja Católica universal.

Em vigor desde 8 de dezembro de 2021, as novas normas do Código do Direito Canónico incluem um artigo que define a pedofilia como "um crime contra a dignidade humana", e condenam à expulsão do estado clerical todos quantos sejam, ou tenham sido, responsáveis por crimes de abuso sexual.

Portugal | A POMBINHA


Henrique Monteiro | Henricartoon

Portugal | O FOSSO CADA VEZ MAIS FUNDO

Paula Ferreira | Jornal de Notícias | opinião

Portugal é cada vez mais um país de contrastes, e não estamos a falar de Norte/Sul, litoral e interior, aí a diversidade paisagística e geográfica aparece como fator positivo. País de contrastes sem nada propiciar de positivo. Mais à frente, nas páginas deste jornal, vamos ler duas notícias que, numa sociedade justa, seriam contraditórias. E não deixam de o ser.

No setor automóvel, a venda de carros de luxo registou em 2022 um aumento de 22% em relação ao ano anterior. No topo das preferências dos portugueses, pelo menos dos que têm dinheiro para os comprar e manter, estão os Porsche. Mas os Bentley, Maserati, Aston Martin, Ferrari e Lamborghini não ficam nos stands a ganhar pó por falta de compradores. Enquanto isso, ficamos a saber que a ASAE fez mais um raide pelas grandes superfícies. Em causa a escalada de preços: está a transformar a vida dos portugueses (dos desprovidos de bens para comprar Porsches e Bentleys) num exercício difícil e diário. Chegar ao fim do mês, pagar as despesas obrigatórias e ainda pôr comida na mesa todos os dias, são cada vez mais os que não conseguem tal feito.

É esta a contradição. O luxo faraónico e a pobreza quotidiana. Nada de novo. Sempre assim acontece quando rebenta uma crise. Os pobres declinam mais pobres, os ricos prosperam mais ricos. Esta dualidade não surpreende, mas continua a indignar as pessoas de límpida consciência. A indignar e a preocupar. Trilhamos, parece, um caminho sem retorno, de crise em crise. Acaba uma, respiramos, desponta outra. Em paralelo, a sociedade revela-se mais desigual, o fosso cavado entre os que podem tudo e os que nada têm torna-se profundo, intransponível. Uma realidade, dir-se-ia, própria de países pouco desenvolvidos - não de uma democracia consolidada, num país da União Europeia.

*Editora executiva-adjunta

Guiné-Bissau | SOCIEDADE CIVIL PREOCUPADA COM PROCESSO ELEITORAL

Na Guiné-Bissau, a falta de meios financeiros para a realização das eleições legislativas preocupa as organizações da sociedade civil. Apelam ao Estado para assumir a sua responsabilidade, viabilizando a data do pleito.

A Comissão de Consolidação da Paz das Nações Unidas alertou para a lacuna orçamental que a Guiné-Bissau enfrenta para realizar as próximas eleições legislativas, marcadas para 04 de junho. O representante permanente do Brasil junto à ONU, Ronaldo Costa Filho, que preside a Configuração Especial para a Guiné-Bissau da Comissão, apelou ao apoio da comunidade internacional. 

Em entrevista à DW, Guerri Gomes, Coordenador Nacional do Fórum das Organizações da Sociedade Civil da África Ocidental, não esconde que o subfinanciamento das eleições preocupa a sociedade civil guineense. Para Gomes, o Estado da Guiné-Bissau deve "assumir as suas responsabilidades" e explicar o que está por detrás desta lacuna orçamental.

DW África: O alerta da Comissão de Consolidação da Paz das Nações Unidas sobre a lacuna orçamental que a Guiné-Bissau enfrenta para realizar as próximas eleições, preocupa a sociedade civil? 

Guerri Gomes (GG): A sociedade civil está preocupada, porque realizar eleições pressupõe ter meios logísticos e financeiros suficientes para suportar todas as movimentações, e criar as condições para que as eleições possam ser livres, justas, transparentes e inclusivas. 

Havendo lacuna financeira tem que preocupar a sociedade civil, porque sem essas condições, faltando poucos meses para as eleições, deve haver uma reflexão profunda relativamente a data. A sociedade civil também deve participar para ver o que fazer para ultrapassar esta situação. 

Moçambique | Cabo Delgado: População relata mortes e raptos em Mitope

Um novo ataque perpetrado, esta terça-feira, por homens desconhecidos, na aldeia de Mitope, distrito de Mocímboa da Praia, deixou três mortos. Fontes locais dão conta ainda do rapto de oito mulheres e duas crianças.

Um grupo armado desconhecido matou na terça-feira três residentes de uma aldeia de Cabo Delgado, norte de Moçambique, de onde raptaram 10 mulheres e crianças, relataram, esta quarta-feira (15.03), fontes locais.

"Fomos surpreendidos ontem [terça-feira] por volta das 18:00. Surgiram 'terroristas' e decapitaram três pessoas, um meu vizinho e dois da força local", descreveu uma residente de 69 anos que vive em Mitope, distrito de Mocímboa da Praia.

"É uma tristeza porque estamos perto de [forças de] segurança aqui em Awasse", referiu na língua local 'kimwani', numa alusão ao posto mais próximo onde há tropas ruandesas estacionadas, na Estrada Nacional 380 (EN380), que cruza Cabo Delgado.

A residente contou que andou a pé durante a noite, de Mitope até Awasse, à procura de segurança.

Angola | MEMÓRIAS DA GRANDE INSSURREIÇÃO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Março dia 15. Ano de 1961. Os angolanos do Norte revoltaram-se contra o poder colonial. A revolta começou na fronteira de Sacandica e chegou aos Dembos, na época região do distrito de Luanda. Milhares de camponeses, armados com paus e catanas, um ou outro canhangulo, protagonizaram a Grande Insurreição contra o colonialismo português. Nunca tinha acontecido nada igual. No terreno, os comandantes da rebelião eram os comandantes Margoso e Pedro Afamado, entre outros.

O internato do meu colégio ficava num prédio de três andares, na saída sul da cidade do Uíge. Em frente existia um grande descampado que nesta altura tinha capim do tamanho de um homem. Nesse dia os aguaceiros e a ventania arrasaram o capinzal. Estávamos as férias da Páscoa mas a direcção da escola decidiu que os alunos internos que frequentavam os anos de exame (segundo e quinto ano do Liceu) iam continuar as aulas. Na primeira aula da manhã do dia 15 de Março de 1961, um colega entrou esbaforido na sala e berrou:  - Os pretos mataram toda a gente nas fazendas do Quitexe! 

Imediatamente recebemos ordens para voltarmos ao internato. A meio da manhã começaram a chegar mulheres e crianças das pequenas vilas e fazendas onde estoirou a Grande Insurreição. Refugiados. Como o internato estava quase vazio, foram ali acolhidos.

Pouco tempo depois começaram os tiroteios. Mulheres, crianças, jovens e velhos que habitavam nas sanzalas próximas da cidade foram atacados por hordas de colonos armados com caçadeiras, carabinas (armas de bala para matar pacaças) e pistolas. Como a cidade do Uíge tinha polícia e era a sede do governo distrital procuravam a protecção das autoridades. Eram recebidos a tiro.  Muitos tentavam esconder-se no capinzal em frente ao internato. Não adiantava. O tiroteio era intenso e ninguém sobreviveu.

À hora do almoço o responsável pelo internato informou-nos que terroristas vindos do Congo Belga (já era independente…) mataram milhares de pessoas nas pequenas vilas e nas fazendas. O centro da mortandade foi o Quitexe, Vista Alegre, Vale do Loge (sobretudo Bembe, Toto e Caipemba), Songo, Mucaba, Damba e por aí acima até à fronteira. A resposta foi o choro de quase todos nós. Meus pais estavam na fazenda do Bindo, entre Camabatela e o Quitexe. A maior parte das alunas e alunos internados tinham os pais nas fazendas.

Angola | “JUIZ DE GARANTIA” VAI TRAZER MAIS JUSTIÇA AOS ANGOLANOS?

Jurista ouvido pela DW diz ter sérias dúvidas de que a nova figura - o juiz de garantia, que vai fiscalizar os magistrados do Ministério Público - seja sinónimo de uma Justiça mais equilibrada em Angola.

O Conselho Superior da Magistratura (CSM) anunciou, recentemente, a introdução de uma nova figura no ordenamento jurídico angolano, o juiz de garantia.

Com esta novidade, o CMS acredita estarem criadas as condições para que haja mais zelo no tratamento dos processos e na defesa nas garantias fundamentais dos cidadãos, funções até então desempenhadas pelo Ministério Público.

"As medidas que o Ministério Publico tomava não eram asseguradas com a devida fiscalização por um magistrado judicial, que tem uma função independente e imparcial", apontou o porta-voz do CSM, Correia Bartolomeu.

O juiz de garantia passará a desempenhar essa função.

Angola | O JORNALISMO DO CAOS E DA FALSIDADE – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Isto está mau. No final, entre mortos, feridos e avençados peritos na chantagem e extorsão alguém há-de escapar. Mas vai ser difícil. A guerra contra o Jornalismo na Comunicação Social não vai ter sobreviventes. Nem prisioneiros. Enquanto todos nos afundamos, a quizomba está cada vez mais animada e divertida. Quando o Titanic se afundou, nos salões sumptuosos do navio de luxo a orquestra tocava rumbas e os passageiros dançavam animadamente. Uma boa forma de morrer, diga-se de passagem.

A Comissão da Carteira e Ética, segundo um comunicado desta instituição imprescindível ao regime democrático “é um organismo de direito público, de âmbito nacional, encarregue da auto-regulação do exercício do Jornalismo em Angola, ao abrigo da Lei nº 5/17, de 23 de Janeiro, Lei sobre o Estatuto do Jornalista”. Para não ser acusado de ampliar o erro informo que a palavra “encarregue” está errada. 

No texto devia estar escrito “encarregado”. Um organismo encarregado da auto-regulação”. Encarregue é o conjuntivo do verbo encarregar. Que eu encarregue, que tu encarregues, que ele encarregue. Ou encarregue eu, encarregues tu, encarregue ele. Já fiz a minha boa acção de hoje, mereço o céu nem que seja nas bordas do inferno, em boa companhia e bebendo um tintol da minha idade enquanto leio o livro norte-americano do João Melo (nada na vida é perfeito).

O comunicado da Comissão da Carteira e Ética trata do “ambiente conturbado do Sistema Judicial do país, com realce para actos imputados a magistrados de tribunais superiores”. Esta parte precisa de um esclarecimento, coisa leve. Magistradas e magistrados judiciais não são meros funcionários públicos. Não são agentes do Ministério Público ainda que esses também devam ter larga autonomia no exercício das suas funções. Os Tribunais são órgãos de soberania onde se faz Justiça em nome do Povo Angolano. O presidente do Tribunal Supremo é titular de um órgão de soberania.

Jornalistas verdadeiros, falsos ou simples simpatizantes do Jornalismo andam entretidos na demolição do Poder Judicial às ordens sabe-se lá de quem. Porque olhando para o Poder Legislativo (Assembleia Nacional) Presidência da República (que acumula o Poder Executivo) e os operadores da Justiça não consigo perceber quem ganha com estes ataques mortais à democracia. Dizem-me que a UNITA está por trás de tudo. Se assim for, a sua direcção está fora do jogo democrático mas também longe deste mundo. Porque deve desfrutar dos resultados eleitorais de 2022. Nunca mais volta a eleger tantas deputadas e deputados. Nas próximas eleições vai tornar-se irrelevante. 

ARTE AFRICANA EM PORTUGAL: " NÃO HÁ PEDIDO DE DEVOLUÇÃO"

Portugal não recebeu nenhum pedido para a devolução das obras de arte africanas espalhadas pelos museus portugueses desde o período colonial. Mas há quem defenda que esta é "uma responsabilidade histórica".

"Não há nenhum pedido de devolução". O ministro da Cultura de Portugal, Pedro Adão e Silva, foi taxativo, quando questionado pela DW se Lisboa vai restituir aos países de origem as obras de arte conservadas nos museus portugueses e trazidas de África no tempo colonial.

De acordo com o ministro português, o que há é "uma reflexão no quadro do Ministério da Cultura" e "é só isso".

"A questão não se coloca, não há nenhum processo [de devolução], no sentido que é uma reflexão. Todos os países têm feito reflexões nesta matéria", afirma.

Mas, nesta fase, ainda decorrem os trabalhos preliminares para a posterior listagem das peças, segundo Pedro Silva. "É isso que nós temos feito. Um trabalho sobre os contextos de proveniência das várias peças. Há um trabalho interno a fazer com os dirigentes dos vários ministérios, de debate e reflexão", explica.

Drone abatido | Rússia promete responder 'proporcionalmente' a 'provocações' dos EUA

Moscovo diz que a derrubada de drones americanos destaca o aumento da coleta de informações na península anexada da Crimeia.

Al Jazeera | # Traduzido em português do Brasil

A intensificação da espionagem por drones americanos perto da Ucrânia pode levar a uma escalada e a Rússia responderá proporcionalmente a futuras operações de coleta de informações, disse o chefe de defesa de Moscou a seu colega americano.

Os comentários foram feitos em uma conversa por telefone na quarta-feira entre Sergei Shoigu e o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, depois que os Estados Unidos acusaram um caça russo Su-27 de colidir com um de seus drones de vigilância Reaper, forçando-o a cair no Mar Negro.

A Rússia negou ter derrubado deliberadamente o veículo aéreo não tripulado.

“Foi observado que os voos de drones letais estratégicos americanos na costa da Crimeia eram de natureza provocativa e criaram pré-condições para uma escalada da situação na zona do Mar Negro”, disse Shoigu em um comunicado do Ministério da Defesa.

“[A Rússia] não tem interesse em tal desenvolvimento, mas continuará respondendo proporcionalmente a todas as provocações.”

Foi o primeiro incidente militar desse tipo entre Moscou e Washington desde que o presidente Vladimir Putin enviou tropas à Ucrânia em fevereiro de 2022.

KIEV ESPERA CONTRA-ATACAR EM BAKHMUT

As tropas russas mantêm a iniciativa militar em quase todos os setores da frente de Donbass. Enquanto isso, as batalhas posicionais continuam nas regiões de Kherson e Zaporozhie. Os combatentes russos estão empurrando as tropas ucranianas nos arredores de Ugledar, em Mariinka e Avdeevka, a oeste de Donetsk, bem como nas linhas de frente do norte na região de Svatovo-Kremennaya.

South Front | # Traduzido em português do Brasil | Ver Vídeo (em inglês)

Bakhmut continua sendo o campo de batalha mais difícil para os militares ucranianos.

Nos últimos dias, os principais esforços de Wagner se concentraram em avançar para o norte da cidade. A luta continua na periferia norte de Khromovo, onde as unidades ucranianas estão defendendo ferozmente a última estrada usada pelo agrupamento ucraniano em Bakhmut. O controle russo de Khromovo marcará o fechamento completo da armadilha.

Os combatentes de Wagner estão expandindo seu controle nas áreas a oeste da cidade, o que garantirá o cerco do agrupamento ucraniano em Bakhmut. As batalhas estão acontecendo nos arredores da cidade de Bogdanovka. As forças russas ainda não entraram no assentamento. Enquanto isso, a batalha pela cidade de Orekhovo-Vasilyevka estourou depois que as forças de Wagner romperam a defesa ucraniana na área. As alturas dominantes perto da cidade supostamente ficaram sob controle russo. Ao mesmo tempo, as forças russas estão lutando nos arredores de Zaliznyansky.

A UE ESTÁ A ESVAZIAR OS ARSENAIS… PARA ENCHER OS ARSENAIS

Manlio Dinucci*

A União Europeia está envolvida no plano de apoio dos Estados Unidos à Ucrânia. Desenvolve sua produção de armamento exclusivamente para esse fim. Na verdade, ele se envolve na guerra contra a Federação Russa. No entanto, ela nunca debateu esse objetivo.

Os ministros da Defesa dos 27 países europeus, reunidos em Estocolmo, aprovaram o plano - apresentado por Josep Borrell, Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança - para "a compra conjunta de munições de grande calibre". O Ministro da Defesa ucraniano (enquanto a Ucrânia não faz parte da UE), que participou da reunião. Ele “explicou os requisitos militares da Ucrânia”. Borrell disse: "Estamos em tempos de guerra e temos que ter, desculpe dizer (sic), uma mentalidade de guerra." Em seguida, ilustrou o Plano, que prevê três fases:

1) Sacar projéteis de artilharia, em particular de 155 mm, das reservas dos estados membros da UE e fornecê-los imediatamente à Ucrânia. O dinheiro provém do fundo “European Peace Facility” (EPF), que já destinou 3,6 mil milhões de euros para o efeito (pagos por cidadãos europeus).

2) Alcançar um Acordo entre os 27 Estados Membros da UE para a compra conjunta de projéteis de 155 mm (pela Agência de Defesa da UE, ndt), assinando os primeiros contratos por um período de sete anos. Esta é uma “ordem maciça” tanto para programar e aumentar as reservas nacionais quanto para garantir o abastecimento da Ucrânia.

3) Assegurar o aumento a longo prazo da produção de munições na Europa, apoiando a indústria de defesa para garantir o abastecimento à Ucrânia a longo prazo. (A UE planeja fornecer cerca de um milhão de projéteis de artilharia).

Borrell comunicou ainda que “até o final de março, nossa Missão de Assistência Militar terá treinado mais de 11.000 soldados ucranianos. Até o final do ano, esperamos ter formado 30 mil”. Para apoio à Ucrânia, a UE alocou 18 bilhões de euros (ainda pagos por cidadãos europeus).

Reino Unido | GOVERNO DE SUNACK ANTI-DEMOCRÁTICO, VIOLENTO E DESUMANO

Civicus Monitor cita hostilidade contra ativistas e instituições de caridade e reprime protestos públicos

Patrick Butler * | The Guardian

Civicus Monitor , que acompanha a saúde democrática e cívica de 197 países em todo o mundo, disse que o governo do Reino Unido estava criando um “ambiente hostil” para ativistas, instituições de caridade e outros órgãos da sociedade civil.

A disposição do Reino Unido de reprimir as liberdades cívicas, como o direito de reunião pacífica, significa que agora é classificado como “obstruído” – colocando-o ao lado de países como Polônia, África do Sul e Hungria.

“O rebaixamento reflete as tendências preocupantes que estamos vendo nas restrições da sociedade civil que ameaçam nossa democracia. O governo deveria dar um exemplo positivo para os países que restringiram o espaço cívico”, disse Stephanie Draper, diretora-executiva da instituição de caridade Bond, parceira da colaboração Civicus.

Ela acrescentou: “O Reino Unido está se tornando cada vez mais autoritário e está entre as empresas preocupantes nas classificações do Civicus Monitor, pois leis restritivas e retórica perigosa estão criando um ambiente hostil em relação à sociedade civil no Reino Unido”.

Civicus é uma colaboração entre mais de 20 organizações da sociedade civil em todo o mundo, fornecendo uma atualização anual da saúde relativa global da sociedade civil. Os países são classificados como: abertos; estreitado; obstruído; reprimido; ou fechado. O Reino Unido foi rebaixado de “estreito” para “obstruído”.

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