domingo, 30 de abril de 2023

Angola | OS MESES QUE MUDARAM ÁFRICA E O MUNDO – Artur Queiroz

Em Abril as Tropas do Apartheid e da UNITA Saíram de Angola

(Hoje é um dia grande. Um marco na História de Angola Contemporânea. Há 35 anos, as tropas da África do Sul e da sua unidade especial UNITA, abandonaram Angola. Estava em marcha a Operação Displace e foi aberto o caminho para o Acordo de Nova Iorque. Esta reportagem foi construída com factos recolhidos de livros publicados por autores sul-africanos ligados ao regime de apartheid. Conta o fim dos nazis e a libertação da África Austral protagonizada pelo Povo Angolano em armas)

Artur Queiroz*, Luanda

A Operação Displace, que teve início no dia 28 de Abril de 1988 (há 35 anos), marca o fim da invasão de Pretória e o início de negociações directas entre os governos de Angola, da África do Sul e de Cuba, sob mediação dos Estados Unidos da América. O ponto final da Batalha do Cuito Cuanavale foi no Triângulo do Tumpo, ao longo do dia 23 de Março de 1988. 

A derrota das tropas invasoras obrigou PW Botha a tomar medidas de emergência. Responsabilizou pela derrota o seu ministro da Defesa, Magnus Mallan, e o comando das forças armadas. Numa reunião em Pretória mandou o seu chefe dos serviços secretos (Neil Barnard) tirar Nelson Mandela do cárcere.

No Sul e Sudeste de Angola as tropas invasoras retiravam penosamente, vergadas ao peso da derrota. Os soldados que chegaram à Namíbia escreveram nas paredes das casas onde pernoitaram: “Viemos do inferno”. O arco-íris começou de imediato a ser “pintado”. Era preciso garantir na África do Sul uma transição para a democracia, num clima de paz social. Neil Barnard, um radical do apartheid, revelou mais tarde que trocou confidências e deu todas as garantias a Mandela. 

O futuro Presidente da África do Sul (Nelson Mandela) contou mais tarde em livro que já no fim das conversações com Neil Barnard, telefonou a PW Botha no dia do seu aniversário (12 de Janeiro). O chefe do apartheid, para retribuir a amabilidade, convidou-o para tomar chá e serviu-o. “Saí com a impressão de que tinha falado com um chefe de estado criativo, caloroso, que me tratou com todo o respeito e dignidade”, escreveu Nelson Mandela.

“No dia 29 de Março de 1988, os invasores punham-se a salvo rapidamente, temendo uma contra ofensiva fulminante das FAPLA. Antes quase conseguiam desalojar a 25ª Brigada, mal posicionada no terreno. A vitória esteve ao seu alcance e estiveram a ponto de desalojar as FAPLA atacando por trás das posições”. (Coronel Jan Breytenbach  “The Buffalo Soldiers: The Story of South Africa’s 32-Battalion 1975-1993” página 268). “No entanto, o Brigadeiro Numa, que tinha estacionado a 20 quilómetros da parte traseira e afastada do campo de batalha, ordenou uma retirada imediata”. (Coronel Jan Breytenbach – “The Buffalo Soldiers: The Story of South Africa’s 32-Battalion 1975-1993” página 269).

“Eles esperaram inutilmente. O Brigadeiro Numa, em vez de avançar, decidiu que a fuga era a melhor parte da operação e retirou, apressadamente, a sua brigada para uma posição 20 quilómetros mais distante em relação à posição da noite anterior. (Coronel Jan Breytenbach  “The Buffalo Soldiers: The Story of South Africa’s 32-Battalion 1975-1993” página 269).

Abílio Numa e outros oficiais da UNITA, que no início dos combates derradeiros recuaram para 20 quilómetros do Tumpo, no dia 23 de Março já tinham recuado mais 20. Estavam a salvo e podiam chegar a Mavinga sem grandes sobressaltos.

Mas os militares da UNITA que não recuaram, pouco tempo se aguentaram nos combates. O coronel Jan Breytenbach, no seu livro “The Buffalo Soldiers  The Story of South Africa’s 32º Battalion 1975-1993” faz este relato impressionante: “Um cínico oficial americano, uma vez comentou que a missão de um soldado de infantaria é aproximar-se do inimigo e morrer com ele. Bem, muitos soldados da UNITA morreram, naquele dia 23 de Março, mesmo antes de entrarem em contacto com as FAPLA. Os canhões de 23mm eliminaram os ocupantes dos tanques como palha, enquanto os estilhaços da artilharia e os obuses dos morteiros faziam grandes estragos”.

Esses militares das forças regulares de Savimbi não tiveram a sorte dos que iam recuando de 20 em 20 quilómetros, à medida que se desenrolavam os combates no Triângulo do Tumpo. A potência de fogo das FAPLA era tal, que só se via fumo e poeira, ainda que o céu estivesse limpo de nuvens.

O “pai” das forças da UNITA, Jan Breytenbach, foi testemunha privilegiada porque assistiu, desde o início, à derrocada das tropas invasoras: “Toda a potência defensiva das FAPLA foi dirigida contra o comando do Regimento do Presidente Steyn e contra uma UNITA já em fanicos”. 

O comandante do célebre Batalhão Búfalo, do seu posto de observação, verificou que as forças de artilharia invasoras recuavam para áreas mais seguras. Os comandantes perceberam que face à barragem de fogo das FAPLA e à intervenção dos MIG da Força Aérea Nacional, a derrota estava garantida. Só faltava saber a sua dimensão. 

Jan Breytenbach dá uma indicação no seu livro. Se os artilheiros se puseram ao fresco, “o mesmo não se pode dizer dos pobres soldados de infantaria da UNITA, que entraram em acção encavalitados nos tanques Oliphant e nos Ratels. Os seus corpos ficaram espalhados em grande número pelo campo de batalha”. (The Buffalo Soldiers The Story of South Africa’s 32º Battalion 1975-1993. Página 309).

Angola | OS CAMPEÕES DO DIÁLOGO E DA RECONCILIAÇÃO – Artur Queiroz


Artur Queiroz*, Luanda

Justino Pinto de Andrade, deputado da UNITA (e pensa assim!), alinhou umas palavras por alturas no Novo Jornal onde revela “Um pouco da minha vida: Preso pela PIDE; Deportado; Preso pela FNLA; Preso pelo MPLA; Deportado novamente.” A bosta tem 19 capítulos e ele acha que isso é “crónica”. Porque na cabeça destes falsários, qualquer um que seja capaz de juntar meia dúzia de palavras já é jornalista. Se garatujar umas palavrinhas é cronista. 

O 20º capítulo é um suspiro de alívio. Só mesmo eu era capaz de chegar ao fim daquela porcaria. Quando decidi abraçar a profissão de jornalista estava louco varrido. Até há alguns dias pensava que o pior era ler os balbucios do Agualusa. Engano de alma. O deputado da UNITA é uma carga mil vezes mais pesada. O preço que tenho de pagar por ser pecador.

No mesmo espaço, um dia destes o engenheiro agrónomo Fernando Pacheco insinuava que se há problemas na sociedade o MPLA tem que dialogar mais. Luzia Moniz e a Alexandra Simeão dizem o mesmo. Quando se atrevem a escrevinhar ficam com os pés inchados e com dores insuportáveis nos calcantes. Por isso, mal dispostas, irascíveis, cospem no prato onde sempre comeram, arrotaram e até vomitaram quando enchiam demasiado a pança. Poucas angolanas sacaram tanto dos cofes públicos como elas. Vou dar um exemplo. 

O Estado, após o Acordo de Bicesse, atribuiu uma vivenda ao dirigente da UNITA Alicerces Mango. Quando o criminoso Jonas Savimbi perdeu as eleições e voltou à guerra, a casa foi atribuída à então deputada Anália Vitória Pereira, minha amiga desde a adolescência. Mais tarde, a posse da propriedade foi transferida do Estado, legalmente, para a mamã da Alexandra Simeão. A escriba desalmada herdou a vivenda. Sem saber ler nem escrever.

Vigarista quanto baste, ousou um dia escrever que o MPLA governa Angola sozinho desde a Independência Nacional. Ela fez parte do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN) que incluiu membros de todos os partidos com representação na Assembleia Nacional. Uma mentirosa descarada. Faz esta figura porque lhe estão a encher o prato. Para abocanhar uns trocos atira com a honra para o lixo. Nem sequer respeita a memória do Pai, o meu amigo Manolo Simeão, e da Mãe, Anália Vitória Pereira.

UE: BORREL “VENDIDO” AOS INTERESSES DE MARROCOS CONTRA LUTA SAHAURI

Resposta à carta enviada pelo PUSL ao Alto Representante da UE, Josep Borrell

Por un Sahara Libre 

No dia 24 de Março, o PUSL enviou uma carta ao Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e aPolítica de Segurança, Joseph Borrell, alertando para a situação do preso político saharauí, Houssein Amaadour.

Na carta, solicitamos ao Alto Representante/Vice-Presidente, Josep Borrell, que actue de acordo com as declarações feitas a 18 de Janeiro deste ano, nas quais afirmou que “o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais está na base da parceria forte e estratégica que a União Europeia construiu com Marrocos ao longo do tempo, e que estamos empenhados em desenvolver ainda mais”, e, consequentemente, que recorde ao Reino de Marrocos que esta deve ser a base da relação entre este Estado e a UE. Neste caso, isso significa o respeito pelas normas Nelson Mandela da ONU e a transferência para uma prisão mais próxima da família do preso político sarauí Amaadour.

Recebemos hoje uma resposta a esta carta (anexa no final do texto).

Do PUSL agradecemos a resposta. Uma resposta cheia palavras bonitas mas que, infelizmente, não responde a nenhum dos pontos levantados na carta. A Delegação da UE em Rabat não tem que consultar o Conselho Nacional Marroquino dos Direitos do Homem (CNDH) que demonstrou desde o início não ser mais do que um mecanismo de propaganda e sem qualquer tipo de acção em defesa dos direitos humanos, como se pode ver no silêncio absoluto do CNDH em relação às decisões do CAT (Comité contra a Tortura das Nações Unidas).

PUSL gostaría de receber uma resposta com rigor e compromisso com os princípios anunciados pelo Sr. Borrell e não uma declaração de marketing vazia de conteúdo e iremos informá-lo disso.

Ver em Scribd: 

[Re] HR violation of political prisoner in hunger strike by porunsaharalibre.org on Scribd

Ver em Por un Sahara Libre:

Carta do Representante da POLISARIO F. à ONU para o Conselho de Segurança

A RASD pedirá, oficialmente, para ser membro observador da Cimeira Ibero-Americana

Eurodeputada espanhola denuncia a exclusão da Frente Polisario das negociações do acordo de pesca UE-Marrocos

A VERDADE POR TRÁS DOS “ATAQUES RUSSOS CONTRA CIVIS” NA UCRÂNIA

Os militares russos continuam com ataques maciços a instalações militares estratégicas no território da Ucrânia. Recentemente, os ataques russos visaram principalmente as regiões leste e sul controladas por Kiev, mas, em 28 de abril, mísseis e drones russos apareceram no céu sobre o centro da Ucrânia.

South Front | # Traduzido em português do Brasil

Antes do massivo ataque noturno, a mídia ucraniana informou que cinco porta-mísseis estratégicos russos Tu-95MS armados com mísseis de cruzeiro X-101 ou X-555 decolaram. Kiev poderia obter essas informações apenas dos Estados Unidos ou da inteligência da OTAN.

Pela manhã, os militares ucranianos informaram que suas defesas aéreas teriam derrubado 21 mísseis russos, sem especificar quantos deles atingiram seus alvos.

Apesar de Kiev ter proibido os ucranianos de filmar e postar as consequências dos ataques russos nas redes sociais, vídeos mostrando a derrota de alvos continuam sendo publicados online, confirmando os danos que Kiev está escondendo.

Explosões trovejaram nas cidades de Kiev, Kremenchuk, Dnepropetrovsk, bem como nas regiões de Kiev, Mykolaiv, Poltava e Cherkasy. Os ataques visaram instalações de infraestrutura militar: localizações de forças ucranianas, depósitos de munição e pontos de acúmulo de equipamentos e armas militares.

Segundo relatos ucranianos, sete mísseis russos foram derrubados sobre a cidade de Dnepropetrovsk. No entanto, dois depósitos de petróleo cheios de combustível para equipamentos militares ocidentais foram destruídos na cidade. As autoridades locais informaram que duas pessoas morreram e três ficaram feridas.

Ucrânia | IDOSA VAI A JULGAMENTO POR "EXPRESSAR OPINIÕES ANTI-PATRIOTAS"

Uma idosa de 65 anos, original de Energodar, região de Zaporizhzhia, e refugiada interna actualmente residente na região de Sumy, foi visitada no passado dia 7 de Fevereiro pelos serviços secretos ucranianos para ser notificada da abertura de um processo criminal por “negar a agressão da Federação Russa à Ucrânia”. O anúncio foi feito no site do procurador geral da região de Sumy.

Em causa está uma entrevista dada a uma jornalista dum canal de televisão da região de Sumy, em que a senhora expressou opiniões que não vão de encontro à narrativa oficial ucraniana – aparentemente, a única permitida hoje em dia. A entrevista não foi para o ar, mas foi depois publicada pela própria jornalista na sua conta de Instagram.

O crime maior desta senhora terá sido afirmar publicamente que foi a Ucrânia que começou esta guerra, em 2014, contra o seu próprio povo.

Na Ucrânia, mas também no Ocidente mergulhado na narrativa única que romantiza a Ucrânia como uma terra de liberdade e democracia, esta senhora será automaticamente acusada de ser uma traidora pró-russa. E isto mesmo depois de a senhora ter dito que “Eu não me interesso por política” e, ao lhe ser perguntado “a política de que país”, ter respondido: “Todas. Nem pela americana, nem pela ucraniana, nem pela russa.” 

Os comentários mais numerosos nas redes sociais são apelos à sua deportação. Uma cidadã ucraniana, civil e idosa, que cometeu o sacrilégio de expressar a opinião errada.

Aparentemente, a glória da Ucrânia tem de ser protegida de idosas reformadas.

Eis a Ucrânia da liberdade e da democracia, em que o ensino em línguas minoritárias é proibido, a classe trabalhadora é sujeita a uma nova lei laboral que a atira de volta ao século XIX, partidos que não se vergam à orientação europeísta são ilegalizados [1] e opiniões discordantes – mesmo as de idosas inofensivas – são censuradas.

Guilhotina.info

Sigam o nosso trabalho via FacebookTwitterYoutubeInstagram ou Telegram; partilhem via os bonitos botões vermelhos abaixo

A TURQUIA CONTRA O IMPÉRIO DOS EUA

Thierry Meyssan*

A três semanas da eleição presidencial turca, o debate transforma-se. De a favor ou contra o islamismo de Recep Tayyip Erdoğan, ele torna-se a favor ou contra a aliança com os Estados Unidos. O Presidente cessante está em vias de voltar a ganhar pontos nas sondagens que o davam como perdedor. De islamista, ele tornou-se nacionalista. Ignora-se de momento se isso será suficiente para lhe permitir ganhar, mas, se ganhar, deve-se esperar que retire a Turquia da OTAN.

As sondagens (pesquisas-br) dão o Presidente Recep Tayyip Erdoğan como perdedor face ao líder da oposição unida, Kemal Kılıçdaroğlu, nas próximas eleições presidenciais turcas de 14 de Maio de 2023. Esta possível reviravolta interna leva o Presidente cessante a radicalizar a sua posição em matérias internacionais. Até agora, ele aparecia como situando-se a meio caminho entre os Estados Unidos, por um lado, e a Rússia e a China, por outro. A partir de agora, o seu partido político apresenta-o como o salvador da independência turca face às sombrias manobras de Washington. Em contraste, ele apresenta o seu concorrente como um servo dos Ianques, o que ele provavelmente de todo não é.

Os Estados Unidos pagam assim o preço das tentativas de assassinato do presidente turco, e particularmente aquela que levou ao Golpe de Estado falhado de 15 de Julho de 2016, depois de Ancara ter decidido construir um gasoduto com Moscovo (Moscou-br) e lhe ter mesmo comprado armas. Além disso, é reprovado a Washington, com ou sem razão ninguém sabe, ter provocado o recente sismo que custou a vida a dezenas de milhar de Turcos. A opinião pública partilha, pois, um forte sentimento anti-americano num país que muito deu aos Estados Unidos desde a Guerra da Coreia (o Exército turco travou e venceu lá uma batalha decisiva, salvando os Estados Unidos do desastre) e muito sofreu com eles com o drama curdo (a CIA assumiu o controle do PKK e incentivou as suas acções terroristas, apontando assim «uma pistola à tempôras» de Ancara).

O embaixador dos EUA, Jeffrey Flake, permitiu-se ostensivamente visitar o candidato Kemal Kılıçdaroğlu. Flake é um republicano da velha guarda, um amigo de John McCain, originário como ele do Arizona, do qual foram sendo um dos senadores. Ele chiou contra a penetração de Donald Trump nos republicanos e deixou o partido para se aproximar de Joe Biden que o nomeou embaixador. Ao mostrar-se com Kılıçdaroğlu, pensou que estava a agir bem e a fazer o Bem. Errado: deu trunfos a Erdoğan, o qual se apressou a declarar : «O embaixador de Joe Biden visita Kemal. Que vergonha, use a cabeça. Você é um embaixador. O seu interlocutor é o Presidente. Como pode aguentar-se depois ao pedir uma reunião com o Presidente? As nossas portas estão fechadas para ele, já não pode entrar mais. Porquê ? Porque ele precisa de aprender qual é o seu lugar».

Mais lidas da semana