João Lourenço está contra o
embargo dos EUA a Cuba. Como tem por trás um Povo Heroico e Generoso (mais
força humana do que esta não existe) pode mostrar que a sua posição é mais do
que conversa para pacaça dormir. Chama o embaixador Tulinabo Mushingi e passa-lhe
guia de marcha para casa com este recado: Só volta quando o seu governo
levantar o embargo a Cuba. No Níger, Mali, Burkina Faso, Guiné Conacri e
República Centro Africana a quizomba já começou.
O Presidente Miguel Diáz-Canel ao
discursar no Palácio da Cidade Alta recordou o seu compatriota, general
Arguelles, que morreu na defesa da Pátria Angolana no Cuanza Sul. Foi um dos
Heróis do Ebo, a primeira Grande Batalha pela Soberania Nacional e Integridade
Territorial após o dia 11 de Novembro de 1975.
Recebi um som com declarações do
meu amigo e camarada Lopo do Nascimento sobre o 27 de Maio de 1977. Na época
cobri esse acontecimento até aos mais ínfimos pormenores. As minhas notícias e
reportagens estão publicadas nos jornais Página Um, Diário de Lisboa e Diário
Popular. Desde então assumi como missão de vida combater todas as mentiras e
falsificações. Não dou tréguas aos familiares e amigos dos golpistas que hoje
vendem aldrabices à linha e ao segundo com som e imagem. Não querem que as
feridas se fechem. Não me afectam. Porque ao perder os meus melhores amigos e
camaradas, jamais as feridas que me causaram serão fechadas.
Lopo do Nascimento diz,
insinuando assim-assim, que o 27 de Maio foi um golpe da DISA (segurança do
Estado) que visou eliminar os intelectuais do MPLA do interior. O embate foi
entre os guerrilheiros e os activistas na clandestinidade, mais os
sobreviventes das grandes operações militares das tropas portugueses no
território da I Região Politica e Militar do MPLA (Dembos).
O declarante comete dois
erros, provavelmente por falha da memória. Diz que o ministro das Finanças,
Saidy Mingas, foi assassinado no Eixo Viário. Está enganado. Foi lá emboscado,
preso e levado para o quintal do Kiferro no Zangado/Sambizanga. Baleado nas
pernas e torturado até à morte pelos intelectuais golpistas.
Outro erro. Lopo disse que foi
atraído para uma emboscada no Eixo Viário tal como Saidy Mingas. Ligaram-lhe
para casa: - Há maka no porto de Luanda. Vai lá resolver. Mas segue pelo Eixo
Viário!
O primeiro-ministro de Angola diz
que recebeu ordens para ir resolver um problema no porto de Luanda. Nesta nem
acredita os que acreditam no Pai Natal. Da casa do primeiro-ministro ao Porto
de Luanda, o caminho directo era precisamente descer o Eixo Viário até ao Bungo
e já está. Ir pela Estrada do Cacuaco, descer para a Boavista e daí ao porto,
só num filme cómico do General Foge a Tempo. Se no porto existia um problema
laboral, quem tinha de agir era o ministro Aires Machado (Minerva). Se era da
ordem pública, quem tinha de intervir era o Comandante Petrof, que liderava a
polícia.
Lopo do Nascimento era militante
do “interior” mas integrou a primeira delegação do MPLA que desembarcou em
Luanda vinda do exterior, corria o ano de 1974. A DISA queria
eliminá-lo por ser um intelectual? Mentira. Ele não é um intelectual.
Nito Alves era um intelectual?
Professor de posto, nem sequer concluiu o ensino secundário. Papagueava umas
larachas marxistas-leninistas um tanto aldrabadas. Se ele é um intelectual eu
sou a Madonna com 20 anos que engatou meia Luanda e vai dormir com a outra
metade.
Nito Alves era da DISA meu amigo
Lopo? Tu sabes tão bem como eu que ele fez esta declaração pelo seu punho e
assinou: “A decisão da eliminação física dos Responsáveis eliminados no dia
27/5/977 foi tomada conjuntamente por mim, Zé Van Dúnem e Sita Valles. Mas é de
reter que tal decisão visava apenas os responsáveis de que tínhamos
conhecimento concreto da sua prisão: o major Saidy Mingas e os comandantes
Bula, Dangereux e N’zaji. Os outros detidos eram desconhecidos por nós.”
Rui Coelho, professor do ensino
preparatório, foi preso em Luanda por envolvimento no golpe. Disse no seu
depoimento: “Defendemos que o MPLA deve estar ligado ao Partido Comunista da
União Soviética. Confesso que estou convencido da existência de anti-sovietismo
a nível do aparelho de Estado e do MPLA. Colaborei na elaboração das teses que
Nito Alves escreveu para apresentar em sua defesa ao comité central. Ele
considera que o partido está dominado por forças direitistas, por
social-democratas aliados aos maoistas”. O Rui era da DISA? Era intelectual?
Não e não.
O Betinho era um miúdo simpático.
Nem sequer concluiu o ensino secundário. Era intelectual? Então eu sou o
Zelensky. Contou por escrito tudo sobre a reunião do dia 21 de Maio de 1977,
para estudar as respostas a dar, no caso de se consumar a expulsão de Nito
Alves do Comité Central do MPLA, como aconteceu. Leiam:
“Nesta reunião tentámos esboçar um
plano para o caso de Nito Alves vir a ser expulso do Comité Central. Se viesse
a dar-se esta eventualidade, prevíamos desencadear uma insurreição, que é o tal
golpe de Estado, que deveria ter início em Malanje. Um
levantamento de massas populares em Malanje e que ia culminar aqui em Luanda. Vários
militares que nos apoiam, garantiram na reunião, que era possível desencadear o
golpe de estado a partir dos seus quartéis”. A reunião foi na DISA? O Betinho
era da DISA? Não e não.
A DISA (segurança do Estado) estava
completamente infiltrada pelos golpistas. Uma boa parte do pessoal estava do
lado do golpe. No dia 27 de Maio, foi necessária uma força especial para
arrancar as instalações das mãos dos golpistas. À entrada do edifício, na rua,
o comissário político Kambulukusse gritava de arma aperrada: – Cuidado! Esses
gajos não são dos nossos! E apontava para homens armados, no átrio do edifício.
Os amotinados ofereceram grande resistência. Toda a gente sabe disto e o
primeiro-ministro de então, por maioria de razão.
O Presidente Neto disse aos
microfones da Rádio Nacional no dia 27 de Maio de 1977, ainda existiam focos do
golpe: “Os divisionistas que dirigiram o fraccionismo fugiram da capital. Mas
nós vamos capturá-los. Haverá o veredicto do movimento. Haverá, portanto,
Justiça. Neste momento em que estamos a combater contra forças que nos atacam
do exterior, é muito estranho que os esquerdistas, os ultra-revolucionários,
venham combater-nos a nós também. É muito estranho”.
No dia 28 de Maio voltou a falar
para revelar nomes de dirigentes assassinados pelos golpistas: “Foram
assassinados os camaradas Paulo Silva Mungungo “Dangereux”, membro do Comité
Central do movimento, do Estado-Maior das FAPLA e do Conselho da Revolução. E o
comandante “Nzaji” (Eugénio Veríssimo da Costa) membro do Comité Central, do
Estado-Maior das FAPLA e do Conselho da Revolução. Saidy Vieira Dias Mingas,
membro do Comité Central do MPLA, do Conselho da Revolução e Ministro das
Finanças”. E garantiu: “não há perdão para os fraccionistas”
Do lado dos fraccionistas não
existia um só intelectual. Bakalof, Sianouk e restante pessoal da I Região,
nenhum era intelectual. Entre os antigos presos políticos mito menos. Zé
Van-Dúnem Sita Vales, Luís dos Passos, Minerva, Fortunato, Juca Valentim e outros
eram tão intelectuais como eu sou a Madre Teresa de Calcutá. Vou pedir a
transferência para o Inferno a fim de infernizar a vida aos sicários da
UNITA!
O 27 de Maio foi visto por Mário
Pinto de Andrade, um intelectual angolano e dos maiores do universo de Língua
Portuguesa, no jornal “Diário de Lisboa”, edição de 30 de Junho de 1977,
termos:
“Considero-me sempre um militante
do MPLA. Em primeiro lugar lamento profundamente a expressão criminosa e
facínora que tomou a intentona de 27 de Maio, devido ao oportunismo e ambições
políticas do grupo de Nito Alves e que levou à perda irreparável de comandantes
e camaradas tão determinantes na luta de libertação nacional. Estou de acordo
com as decisões tomadas pelo Bureau Político do MPLA e com as declarações do
camarada presidente Agostinho Neto. Todos nós esperamos que o MPLA saia
reforçado desta prova. Reconhecemos que o MPLA, temperado neste tipo de luta,
vai com certeza triunfar mais uma vez sobre todas as formas de oportunismo
político, mascaradas de verbalismo esquerdista”.
Caro Lopo, Mário Pinto de Andrade
entrou no golpe da DISA? Peço encarecidamente que tenhas mais respeito por ti.
Mereces. Quanto mais não seja porque foste dos primeiros militantes do MPLA
presos pela PIDE no âmbito do processo do imortal Hermínio Escórcio, líder do
MPLA do interior e que nem um segundo hesitou na defesa do movimento e da
liderança de Agostinho Neto. Não assassinem a História Contemporânea de Angola.
Chega de sangue e traição.
*Jornalista