domingo, 29 de outubro de 2023

Visão sionista da guerra: “Vamos tomar Gaza e empurrar os palestinos para o Egipto”

Amir Weitman

Piero Messina | South Front | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Qual é o objectivo geopolítico e geoestratégico do governo israelita em relação ao que resta da Palestina? O que pretende Israel alcançar com este conflito, que o próprio Netaniayhu anuncia que será longo e doloroso? As FDI estão atacando Gaza pelo ar, pela terra e pelo mar. O abastecimento, a electricidade e as ligações foram quase totalmente comprometidos e para compreender o que realmente está a acontecer teremos de esperar que esta fase do conflito termine, uma fase que para o Ministro da Defesa israelita ainda não é uma invasão terrestre.

Para qualquer analista militar é agora claro que tal mobilização de forças não tem apenas o objectivo de eliminar o Hamas. Então, até onde quer ir o governo de Tel Aviv?

Segundo alguns analistas, uma das opções em cima da mesa é destruir a rede subterrânea de túneis, o verdadeiro esqueleto do sistema operacional do Hamas. A ideia seria inundar esses túneis. No final de tal operação, transformaria Gaza num gigantesco lago de morte e destruição.

Se esta operação parece anti-humana, há um documento publicado recentemente pelo think tank Misgav (Instituto de Segurança Nacional e Estratégia Sionista) que pinta um objectivo político que não tem nada a invejar da “solução final” da memória nazi.

O documento é assinado por Amir Weitman, um dos pensadores mais influentes do partido Likud. Weitaman é o que se chama de Falcão na geopolítica. Na sua última aparição televisiva no Russia Today, ameaçou o governo russo pelo “suposto” apoio fornecido por Moscovo ao Hamas. Além disso, Weitman acrescentou que, uma vez resolvido o dossiê do Hamas, o governo israelita terá de garantir que a Rússia seja derrotada na Ucrânia.

Mas o tom belicista de Weitman é diluído e parece ter pouca importância quando comparado com a sua estratégia pós-guerra na Palestina.

O documento assinado por Weitman para Misgav é intitulado “Plano para o reassentamento e reabilitação definitiva no Egito de toda a população de Gaza”. Em suma, Weitman levanta a hipótese de uma expulsão definitiva dos palestinianos daquela terra que acabaria por ficar inteiramente sob o controlo de Tel Aviv.

VOTO -- Israel, Palestina, ONU

Simon Régis, Tanzânia | Cartoon Movement

Que vergonha para você, Israel!

GRANDE MESTRE DO CRIME, O QUE ANDASTE E ANDAS A TRAMAR NETANIAHU?*

Netanyahu pede desculpas por culpar chefes de segurança israelenses pelo ataque do Hamas

O primeiro-ministro israelense exclui postagem que apontava o dedo culpado pelo ataque de 7 de outubro aos serviços de inteligência.

# Traduzido em português do Brasil

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu desculpas por uma postagem em que culpou os serviços de segurança do país por não terem antecipado o ataque do Hamas em 7 de outubro, dizendo que estava “errado” em fazer tais comentários num momento em que a unidade é fundamental.

Numa publicação nas redes sociais no final do sábado, Netanyahu criticou os seus próprios serviços de inteligência, dizendo que estes não o alertaram sobre um ataque iminente do Hamas e, em vez disso, garantiram-lhe que o grupo estava “dissuadido”.

“Em nenhum momento e em nenhum momento foi dado um aviso ao primeiro-ministro Netanyahu sobre as intenções de guerra do Hamas”, escreveu Netanyahu na postagem agora excluída no X, antigo Twitter. “Pelo contrário, todos os responsáveis ​​de segurança, incluindo o chefe da inteligência do exército e o chefe do Shin Bet, estimaram que o Hamas foi dissuadido e interessado num acordo.”

'Liderança mostra mais responsabilidade'

As observações rapidamente suscitaram fortes repreensões por parte de outros líderes israelitas, incluindo os aliados de Netanyahu, que disseram que era o momento de unidade e não de acusações.

“Quando estamos em guerra, a liderança deve mostrar responsabilidade, decidir fazer as coisas certas e fortalecer as forças”, disse Benny Gantz, antigo ministro da Defesa que se juntou ao gabinete de guerra de Netanyahu após o ataque.

“Qualquer outra ação ou declaração prejudica a capacidade de resistência e a força das pessoas. O primeiro-ministro deve retirar-se da sua declaração.”

Yair Lapid, líder da oposição e ex-primeiro-ministro, acusou Netanyahu de cruzar “uma linha vermelha” e minar o exército.

Netanyahu apagou rapidamente a publicação controversa e pediu desculpas por minar os seus serviços de segurança numa declaração de acompanhamento, garantindo que eles têm o seu “total apoio”.

“As coisas que eu disse… não deveriam ter sido ditas e peço desculpas por isso”, escreveu Netanyahu no X. “Dou total apoio a todos os chefes dos ramos de segurança… Juntos venceremos”.

Da Palestina à África do Sul: Lutar pela Liberdade é uma Obrigação

Qualquer que seja a ideia que emana da unidade Hasbara (propaganda) do regime colonial de colonos para projectar o massacre impiedoso dos palestinianos em Gaza como uma “guerra ao Hamas”, deve ser rejeitada com desdém.

Iqbal Jassat* | The Palestine Chronicle | opinião | # Traduzido em português do Brasil

É uma deturpação total do genocídio em Gaza e uma distorção calculada da trágica realidade do massacre bárbaro de milhares de civis inocentes.

Denominá-la erradamente como uma guerra contra o Hamas e, ao mesmo tempo, destruir infra-estruturas civis, médicas e religiosas e, ao mesmo tempo, exterminar famílias inteiras, pretende ofuscar o objectivo principal de Israel: a limpeza étnica de todos os palestinianos em Gaza.

Um relatório das Nações Unidas relacionado com a Jugoslávia descreveu a limpeza étnica como “uma política intencional concebida por um grupo étnico ou religioso para remover, por meios violentos e inspiradores de terror, a população civil de outro grupo étnico ou religioso de certas áreas geográficas”.

É precisamente o que está a ser perpetrado por Israel em Gaza através de ataques militares deliberados, bombardeamentos, mísseis, assassinatos, execuções extrajudiciais e a deslocação e deportação planeada da população para o deserto do Sinai, no Egipto.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu grupo de belicistas racistas, que inclui líderes de governos ocidentais, criaram uma narrativa que não difere em nada da desacreditada “Guerra ao Terror” da era George W Bush.

Muitos dos que testemunham o banho de sangue em Gaza saberão que a ferocidade dos ataques aéreos na densamente povoada Faixa de Gaza se baseia na fúria desencadeada pelas bombas dos EUA no Afeganistão e no Iraque.

Alemanha quer tornar-se mais ativa em África

Martina Schwikowski | Deutsche Welle

Chanceler alemão Olaf Scholz e Presidente Frank-Walter Steinmeier deslocam-se a África nos próximos dias. As suas conversações na Nigéria, Gana, Tanzânia e Zâmbia vão ter como foco o reforço das relações económicas.

A Alemanha quer investir mais em África. E prova disso é que nos próximos dias, tanto o chanceler alemão Olaf Scholz, como o Presidente Frank-Walter Steinmeier, viajam para o continente. Naquela que será a sua terceira viagem a África desde que assumiu o cargo, Scholz viaja, este domingo (29.10), para a Nigéria, seguindo depois para o Gana. Já o Presidente Steinmeier visitará, a partir de segunda-feira (20.10), a Tanzânia e a Zâmbia.

As viagens dos dois políticos antecedem a reunião de 20 de novembro que, reunirá em Berlim, vários países africanos e do G20.

Perspetivas económicas

Na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia e com as crescentes tensões com a China, as empresas alemãs procuram cada vez mais novas oportunidades económicas nos países africanos.

Durante a sua última viagem a África, em maio deste ano, Scholz já havia dito em Adis Abeba, na Etiópia, que era chegado "o momento [da Alemanha] começar de novo as relações Norte-Sul”, o que, segundo ele, "tornaria possível desenvolver perspetivas conjuntas com os muitos países do Sul em pé de igualdade".

No ano passado, o Ministério do Desenvolvimento alemão prometeu 100 milhões de euros à Nigéria, durante um período de dois anos, para apoiar as pequenas e médias empresas, ajudar na agricultura, expandir o setor das energias renováveis e promover o emprego das mulheres.

Espera-se que Scholz dê seguimento a este compromisso durante as conversações com o Presidente Bola Tinubu.

Segurança regional em foco

Já em Acra, Olaf Scholz vai reunir-se com o Presidente Nana Akufo-Addo e também com o Presidente da Comissão da CEDEAO, Omar Touray, com quem deverá debater a atual situação no Níger.

Com uma "democracia estável há cerca de 30 anos", o Gana é considerado "o local de negócios mais seguro” nesta região da África Ocidental, explica à DW Burkhardt Hellemann, diretor da Câmara de Comércio Alemã no Gana.

"Muitas empresas alemãs escolheram o Gana porque também querem fazer negócios na região ou para a região, nomeadamente nos países vizinhos Togo, Benim, Costa do Marfim, Senegal, etc", explica.

Enquanto Scholz está na África Ocidental, o Presidente Frank-Walter Steinmeier dirige-se para o leste do continente para uma visita à Tanzânia. Algo que não é visto com surpresa por Maren Diale-Schellschmidt, diretora da Câmara de Comércio da Alemanha no Quénia.

"As condições de investimento para as empresas estrangeiras melhoraram significativamente desde que Samia Suluhu Hassan se tornou Presidente", diz.

Setores das infraestruturas, como os transportes e a energia, ou o setor da tecnologia ambiental são particularmente interessantes para a economia alemã, acrescenta Diale-Schellschmidt.

"As empresas alemãs começam a não estar ativas só no norte e no sul do continente africano. Estão também a abrir instalações na África Oriental e Ocidental, porque é importante estar no terreno e cuidar e observar estes mercados", nota.

Já X.N. Iraki, economista da Universidade de Nairobi, no Quénia, diz esperar que as conversações no âmbito da visita do Presidente alemão ao país incidam sobre mais investimento direto de Berlim nos setores dos minerais e agricultura, uma vez que, explica, estas "são áreas em que a Tanzânia precisa de muito investimento. Porque o país tem muitas terras agrícolas, muitos minerais, mas precisa de alguém que invista nesses setores".

São Tomé e Príncipe: Além do Beco… A saída …

Amaro Couto* | Téla Nón | opinião

A crise que aqui se instalou vai proliferando por ramificações e tentáculos sobre os diversos setores da sociedade sem que emerjam ações com força para a sua real remoção, o que vai agravando a situação social da coletividade e dos indivíduos. 

A ela se juntam as realidades do mundo atual anunciando mudanças radicais a velocidade vertiginosa.

Mudanças políticas pela emergência de novos atores, determinantes para as decisões que a todos interessam, perturbadoras da ordem, em transição, mas em que ainda vivemos, na sequência das precedentes transformações, também profundas, operadas ao longo da segunda metade do século anterior. Mudanças de comunicação pela criação de vias comerciais terrestres intercontinentais imprimindo regressões as forças de controlo sobre a circulação e o comércio pelos mares e oceanos na sequência dos descobrimentos. Mudanças tecnológicas para a emergência de um mundo descarbonizado, transformadoras das caraterísticas das sociedades atuais, reveladoras de um novo ciclo de inovações, como diria Schumpeter, requerendo de imediato a adaptação e o alinhamento das nações, condição para se ajustarem aos novos modos de vida que virão.  Em conjunto, mudanças que redefinem o mapa geopolítico mundial com que os poderes nacionais vão ter de lidar, ajustando as visões estratégicas com que cada um se conduz nas suas relações com o mundo. 

Sobrepõem-se ainda as dificuldades do mundo atual, marcado pelo fator dual, de desigualdades, onde as nações pobres enredadas na pobreza dificilmente se desfazem das carências.

No percurso para o futuro, que bate a porta, as possibilidades são também desiguais, o que vai confortando os países ricos nos poderes que se atribuem para a determinação das regras de estruturação e de funcionamento institucionais garantindo a segurança da ordem que mundialmente estabeleceram.

É patente e consequentemente notório que do que ao Sul é oferecido pelo Norte para o combate da pobreza e para a mundialização das realidades políticas, económicas e sociais, acentua ainda mais a profundidade do fosso que separa os dois polos.

A entrada no futuro projetado, precisa, e desde já, de um relacionamento pacífico fundado no respeito pela dignidade e a igualdade, totalmente liberto dos preconceitos de dominação e de submissão. São grandes os riscos para que se conservem as discriminações, importando, para as contornar, que de imediato, nos planos nacionais e globais, se desfaça da solução concentracionista e se projete a unidade de forças pela via de diálogos, concertações e fraternidades que valorizando as diferenças salvaguardam os interesses comuns.

A mecânica do sistema, de hoje e do futuro, assenta-se num pilar ideológico e o outro prático, este determinação da ideologia produto do neoliberalismo triunfante, justificando a atuação da mão invisível na sociedade, conceito dir-se-ia vindo do misticismo para impor o respeito de grau religioso a existência do mercado e as desigualdades que resultam do seu funcionamento.

Angola | O Dilema do Bacharel

Kuma | Tribuna de Angola | opinião

Com o pânico instalado no seu gabinete, com o vazio das autárquicas preenchido por João Lourenço, com evidência de separatismos e dependências, e com a responsabilização da maior fraude e traição às bases da UNITA com a FPU, o tirano psicopata ACJ “Bétinho”, está cada vez mais só e escondido do medo que ele mesmo semeou.

Restam-lhe alguns, muito poucos, indefetíveis e cúmplices das artimanhas ruidosas, e pendurado neles, sem vergonha, em busca de salvação, Liberty Chiyaca e Mihaela Webba, tentaram nas últimas horas, à moda dos feiticeiros e cazumbilis, ressuscitar o impeachment, o defunto sepultado que só teve vida nas cabecinhas dos lunáticos analfabetos políticos funcionais.

Parece estranho mas enche-nos de contentamento que a nossa ideia de uma Nova República já seja discutida em Conferências internacionais, muitos especialistas crêem mesmo ser a forma de trazer sangue novo para a governação de muitos países, já há estudiosos a discutir modelos, Federativos, Parlamentaristas, Presidencialistas, para que os Povos possam optar através de Referendo.

Angola é um palco privilegiado de acontecimentos internacionais, além da confiança há um mundo de oportunidades de parcerias privadas, os senhores deputados não podem ficar circunscritos ao conforto do Parlamento, devem ir ao terreno incentivar, participar, o Senhor Presidente da República não pode ser responsabilizado pela falta de um extintor no hospital, de uma carteira na escola, há uma cadeia de responsabilização e a Justiça, sobretudo a Justiça tem de estar atenta aos desvios e punir pública e severamente.

Angola está de parabéns, a isenção de Vistos de entrada, e agora a não exigência de Certificado Internacional de Vacinas, é um passo gigantesco de confiança e um pilar grandioso para o desenvolvimento.

Pela Nova República, com fraternidade e igualdade…!!!

Ler/Ver em Tribuna de Angola:

A Nossa Diáspora 

 Pura aldrabice

Angola | Manguxi e a Noiva do Vestido Azul – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

No dia 27 de Outubro de 1958 Jenny e António casaram em Lisboa, há 65 anos. Compareceram alguns familiares dos noivos e amigos, mas poucos. Couberam todos numa sala de apartamento. A capital portuguesa é uma cidade mediterrânica e tem colinas como Luanda. Nos dias de Outono há uma névoa envolvendo o casario e voam gaivotas do mar para terra, temendo tempestades. Um céu de pássaros é bom cenário para casar.

Na nossa Luanda é diferente. Cidade tropical, luminosamente vestida, tem no amanhecer o seu lado mágico. Sob essa luz coada pelas neblinas matinais que se levantam da baía, já me senti pássaro de fogo. Toda a cidade é minha. Infelizes os que dormem as últimas horas, antes de serem devorados pelas máquinas e pelos salários rastejantes. 

António, nesse 27 de Outubro de 1958 concluiu a licenciatura em Medicina. Jenny aproximava-se de África pela mão do amor de sua vida. Nem a morte os separou. Ainda hoje é a esposa de António, falecido em 1979, 21 anos depois do enlace matrimonial.

As venturas e desventuras do casal contei-as no livro “Memórias de Jenny a Noiva do Vestido Azul”. Naquele dia 27 de Outubro de 1958 ela vestia assim, de azul, como o céu sobre a serra do Pingano e as águas que desabam estrepitosamente no Kakakajungo, logo a seguir ao bico de pato e antes da aldeia de Katunda. Tudo azul como o vestido da noiva radiante. África azul da minha infância entre Camabatela e o Bindo, caminho da Kapopa ao Negage, com passagem pela oficina do senhor Gorila onde ficava à conversa com sua filha Aurora, menina de olhos risonhos.   

António e Jenny foram para Luanda. Havemos de voltar disse ele ao povo oprimido, no adeus à hora da largada. O navio afastava-se do cais e já se viam inteiras as barrocas vermelhas de Luanda. No regresso, o mesmo lugar da cidade. Barreira vermelha que deixa passar o cacimbo até aos campos de cajueiros entre Cacuaco e a Cuca. 

António trabalhava como médico. Jenny ajudava-o no consultório. Habitavam uma casinha no Kinaxixi. A luta. Sempre a luta no caminho do poeta que fez da Libertação Nacional o seu projecto de vida. Passaram os anos. Mais anos e o casal continuava a lutar. Foi nesses anos de luta, da guerra que não deixava brilhar o sol, que servimos Angola sob a sua liderança. 

O líder não dava ordens. Dizia “temos de fazer isto” ou “temos de realizar esta missão”. Fazíamos das tripas coração para cumprir. Ele ensinou-nos nos que, antes de tudo, o MPLA é uma grande família. A nossa família até à eternidade. Ele era nosso pai, nosso líder, nosso amigo, nosso camarada. O nosso Manguxi. O nosso Kilamba. Jenny sempre a seu lado. Cuidando dele, educando e criando os filhos. Foi sempre assim até o perdermos.

Jenny continua a Noiva do Vestido Azul.

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