PORTUGAL
A iniciativa de estudantes com André Ventura foi interrompida por jovens que agrediram e forçaram a saída de um jornalista do Expresso da sala onde se realizava a conferência
Um jornalista do Expresso foi agredido, esta terça-feira à tarde, num evento com o líder do Chega, organizado por associações de estudantes da Universidade Católica Portuguesa, no âmbito de um ciclo de debates com líderes partidários.
A conferência, onde André Ventura foi discursar e responder a perguntas dos estudantes, foi comunicada na segunda-feira a todos os meios de comunicação social pela assessoria de imprensa do Chega, anotando que, “segundo indicações da Universidade", "não seriam permitidas câmaras dentro do auditório”. Não havia qualquer indicação de que seria interdita a presença de jornalistas.
A entrada do jornalista do Expresso foi autorizada por duas jovens junto à porta principal do auditório. O jornalista conseguiu presenciar os primeiros 10 minutos da intervenção de André Ventura.
Foi nessa altura que foi abordado por um jovem que lhe transmitiu que não podia estar presente. O jornalista voltou a identificar-se, tal como tinha feito à porta do auditório. Poucos minutos depois, nova interpelação. E logo a seguir, o jornalista foi abordado por um terceiro jovem – pedindo aí esclarecimentos aos assessores do Chega que estavam presentes na iniciativa, e tentando interpelar André Ventura para esclarecer a situação.
Foi nesse momento que jornalista foi agredido: dois dos jovens prenderam os seus movimentos, agarrando-o pelos pés e pelos braços, forçando a sua saída do evento – deixando todo o equipamento de trabalho na sala, incluindo o computador profissional.
Uma vez fora da sala, a intimidação continuou. E só depois da intervenção de um dos assessores de André Ventura o equipamento foi devolvido. Luc Mombito, segurança pessoal de André Ventura, ainda se dirigiria ao jornalista, perguntando-lhe de forma agressiva se este precisava “de mais alguma coisa para se sentir melhor”. Foi travado pelo assessor de imprensa do Chega, e o jornalista abandonou o local, acompanhado pelo assessor do partido.
UNIVERSIDADE CATÓLICA REPUDIA "LIMITAÇÃO DO DIREITO À INFORMAÇÃO"
Através de um comunicado, a Universidade Católica (UCP) manifestou repúdio por “qualquer tentativa de limitação do direito à informação e intimidação de jornalistas” e acrescentou lamentar “profundamente” os acontecimentos ocorridos durante esta terça-feira no evento com André Ventura. Os responsáveis da Universidade disseram repudiar, também, “a manipulação deliberada das normas de acesso ao evento pelo partido convidado”, o Chega.
A UCP esclareceu que as ‘Conversas Parlamentares’ são organizadas por estudantes e visam promover esclarecimentos sobre as propostas dos vários partidos “sob a forma de um debate livre e não uma organização dos partidos”. O estabelecimento de ensino refere, ainda, “a importância do debate esclarecido para o reforço da democracia, da qual faz parte intrínseca a defesa de uma imprensa livre, bem formada e esclarecida”.
Nota da direção: O Expresso repudia qualquer forma de coação e constrangimento ao trabalho jornalístico e tomará as devidas ações, de forma a apurar responsabilidades e impedir que atos deste tipo voltem a acontecer. A direção do Expresso manifesta inequívoco apoio ao seu jornalista, que foi impedido de realizar o seu trabalho livremente.
Expresso
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