terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Portugal | Eleições, campanha, ação!

João Silvestre, editor de economia | Expresso (curto)

Bom dia,

(Começo por lhe fazer um convite: amanhã, às 14h00, "Junte-se à Conversa" com David Dinis e João Diogo Correia para falar sobre se "Esta AD já é alternativa?". Inscreva-se aqui.)
Continuamos em contagem decrescente para as legislativas e, como é natural, a política continua a dominar o noticiário. Vai ser assim até 10 de março. Sempre em crescendo. Não estamos ainda oficialmente em campanha mas os motores já estão a aquecer. O PS fechou ontem a lista de deputados e desfez a dúvida que pairava sobre o futuro de Fernando Medina: o ministro das Finanças vai estar em terceiro lugar na lista de Lisboa depois de Mariana Vieira da Silva e Marcos Perestrello.

No fim de semana tivémos a convenção da Aliança Democrática, onde Luis Montenegro tentou a reconciliação com os pensionistas e avançou mais algumas propostas. Uma delas é a ideia de o Estado garantir parte do financiamento dos empréstimos para compra de casa dos jovens. Uma ideia que não entusiasma a banca, numa altura em que também tem surgido propostas de vários partidos para taxar os lucros dos bancos. Algo que, para o presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Vítor Bento, “será não só contraproducente, mas também agressivo dos interesses das empresas e das famílias que dependem de uma banca sólida e rentável para as apoiar”. Luis Montenegro recuperou também a proposta de um 15º mês isento de impostos que, há uns meses, tinha sido apresentada pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP).

Ficámos também a conhecer as propostas do Bloco de Esquerda que, entre outras coisas, quer uma auditoria aos contratos da Defesa, redução dos juros cobrados pela Caixa Geral de Depósitos e também a intervenção pública na Global Media.

Na Iniciativa Liberal, o líder Rui Rocha perdeu mais de 40 militantes conhecidos e 'pesos-pesados' por “divergências ideológicas”, acusações de “nepotismo” e “falta de democracia” nos últimos 12 meses.

Hoje há uma nova sondagem, da Intercampus para o Correio da Manhã, que dá um reforço das intenções de voto no PS para 26,4%, seguido da AD com 20,8% (menos do que o PSD sozinho tinha em dezembro) e do Chega em terceiro com 16,6%.

Também a opinião tem seguido, a pari passu, a contenda. Henrique Raposo considera que “o Chega fala como a esquerda sempre falou”. Daniel Oliveira diz que a convenção da AD "chegou para Montenegro arrancar com a campanha”. Agostinho Lopes, do PCP, questiona a ideia de que a ascensão do Chega encontra culpas à esquerda. Já Pedro Gomes Sanches diz que a AD é T.I.N.A. (there is no alternative) da “esperança e da sensatez”.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego voltou a subir em dezembro. São já 317.659 pessoas.

A crise no Global Media Group continua e os salários continuam por pagar. O administrador executivo, José Paulo Fafe, negou ontem ter havido qualquer pagamento para administradores durante este período, num dia em que os trabalhadores do Dinheiro Vivo também pediram a suspensão do contrato de trabalho.

O deputado do PSD, Rui Cristina, deixou o partido e passa a deputado não inscrito até final da legislatura. Será que também vai para o Chega? André Ventura diz que seria uma mais-valia.

Vários membros da sucursal portuguesa de uma rede de trafico de droga espanhola foram ontem condenados e os mentores nunca foram apanhados. Conheça a sua história.

As imagens de choque não chegam ao tabaco aquecido mas os aromas foram proibidos. É o resultado da transposição de uma diretiva comunitária.

A canção “Rendas Altas”, do rapper Gandim com a participação de Ana Bacalhau (ex-Deolinda), é um dos mais recentes sucessos no Youtube. Soma dezenas de milhares de visualizações em poucos dias.

Lá fora

A líder da AfD, a extrema-direita alemã, admitiu um referendo à saída da Alemanha da União Europeia. É o caminho, defendeu Alice Weidel em entrevista ao Financial Times, caso não seja possível “reformar a União Europeia” e acabar com o seu “défice democrático”.

No Médio Oriente, os EUA lançaram novo ataque contra os hutis no Iémen num dia em que Israel propôs uma trégua de dois meses em Gaza em troca de reféns. Acompanhe todas os desenvolvimentos no direto do Expresso.

Ontem foi o 699º dia de guerra na Ucrânia: Moscovo e Kiev trocaram acusações sobre ataque a mercado em Donetsk que vitimou 27 pessoas enquanto, em Bruxelas, a Hungria esteve contra a criação de um fundo de €5000 milhões de apoio à paz.

Uma investigação jornalística em Espanha revelou que, entre 2012 e 2016, o governo de Mariano Rajoy do PP usou as forças de segurança para fabricar relatórios sobre os separatistas catalães.

O primeiro-ministro indiano inaugurou um polémico tempo hindu erguido em cima das ruinas de uma mesquita histórica em Ayodhya, no norte do pais,

Depois de dois anos de negociações, a Sony desistiu da fusão com a indiana Zee Entertainment, Em cima da mesa estava um negócio de 9,2 mil milhões de euros.

FRASES

“Num universo político radicalizado, só queremos perder tempo a defender aqueles que são notória e assumidamente da nossa equipa. Ora, o jornalista não é de nenhuma equipa, é o árbitro. E toda a gente sabe o que é que se diz dos árbitros e de suas mães”, Manuel Cardoso, em artigo de opinião no Expresso

“A ofensiva huti não só transtornou os planos dos Estados Unidos na zona como suscita novo dilema sobre a forma mais adequada de proteger uma rota marítima vital para o Ocidente. Houve um colapso da política de dissuasão dos Estados Unidos, o que implica uma mudança no equilíbrio de poder entre Washington e os seus aliados, mas também com os BRICS, seus concorrentes.”, Leila Ghanem, Analista libanesa em entrevista ao Expresso

O QUE ANDO A LER

Estamos a mês e meio das eleições legislativas. O resultado é incerto. Mas há uma certeza que quase todos parecem partilhar: a votação do Chega vai subir. É uma tendência já vimos noutros países e que agora parece estar a chegar em força a Portugal.

“Os Perigos da Direita Radical”, de Carlos Martins, chegou-me às mãos há algum tempo mas só recentemente me dediquei à sua leitura. E vale a pena. Mais ainda no atual contexto político. O livro percorre a história da ideologia de extrema-direita desde o final da 2ª guerra mundial. Parte dos conceitos, analisa em detalhe os casos clássicos de França e Itália e olha também para a Europa de Leste.

Dedica, naturalmente, espaço a Portugal e, em particular, a André Ventura. Faz também o levantamento da atual situação em vários países europeus onde, em muitos casos, o peso destes partidos é bem superior ao português e há até vários que estão no governo.

PODCASTS A NÃO PERDER

A convidada de “O CEO é o limite” é Maria da Glória Ribeiro, diretora da Amrop Portugal, que avisa que hoje em dia “um líder sem perfil humanista é triturado pelas suas equipas”.

No episódio desta semana de “O Mundo a seus Pés” fala-se de Taiwan e da comparação com Macau e Hong-Kong que vivem numa escuridão acrescida.

Aproxima-se a entrega da declaração de IRS e é sempre bom saber como aumentar o reembolso. Este episódio das Contas Poupança deixa-lhe alguns conselhos.

Este Expresso Curto termina aqui. Encontre-nos a qualquer hora no Expresso e na SIC. Tenha uma excelente terça-feira.

(Uma última mensagem antes de partirmos: o Expresso faz 51 anos este mês e a prenda é para si. Subscreva-nos com desconto e vá por aqui. Nós continuaremos por aqui também.)

LER O EXPRESSO

Sem comentários:

Mais lidas da semana