Paula Teles
Estamos em campanha eleitoral e o léxico ainda não saiu da contabilidade: taxas e sobretaxas, impostos e IMIs, IMTs e IRCs, rendimentos mínimos e vencimentos base.
Ou num segundo plano, as questões da judicialização da política, com casos e casinhos que colocam dezenas de comentadores a discutirem previsões em forma de adivinhações. Estes temas são importantes, mas há mais vida para além do orçamento. Precisamos de discutir mais política!
Cresci a acompanhar os grandes políticos do pós 25 de Abril. Eram serões onde em todas as casas se ouviam os debates. Falavam-se de estratégias, ideais, sonhos e futuros. Havia ideologias diferentes, mas princípios, para esse Portugal que, definitivamente, queria rasgar a ditadura, onde a pobreza e as assimetrias no acesso à educação, à cultura e à cidade tinham moldado uma sociedade.
Hoje vivem-se momentos diferentes da história, mas a mesma sede de políticas firmes e disruptivas perante um planeta que sofre, face às alterações climáticas, à necessidade de humanização das cidades, a problemas de saúde pública e de migrações globais, a que acresce o consumismo global e os desafios das transições energéticas, sob guerras terríveis em pano de fundo.
Porém, não oiço uma palavra sobre mobilidade, ambiente, planeamento das cidades, envelhecimento demográfico, novas profissões e tecnologias. Como votar se não sabemos o que pensam os partidos políticos sobre aquilo que nos preocupa e nos afeta? Como planeiam as políticas para as futuras gerações?
Que as próximas semanas sejam clarificadoras em relação a todos estes assuntos tão importantes para o nosso futuro.
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