"Legitimidade"? A posição dos polícias e que consequências após Capitólio
A entidade que reúne os sindicatos da PSP e associações da GNR sublinhou que a manifestação "não foi considerada, muito menos organizada, pela plataforma", mas regozijou-se "com a elevada adesão de participantes na iniciativa, […] demonstrativa da união e coesão dos profissionais das forças de segurança".
Além de acusações mútuas, o frente a frente entre o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, e o líder da Aliança Democrática (AD), Luís Montenegro, ficou marcado por um cerco ao Cineteatro Capitólio, onde membros do movimento inorgânico das forças de segurança se reuniram num protesto que não teve autorização prévia.
Ainda assim, o porta-voz da plataforma que junta os sindicatos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e associações da Guarda Nacional Republicana (GNR), Bruno Pereira, elogiou o comportamento dos manifestantes, tendo considerado que a concentração espontânea não coloca em causa a "legitimidade" da luta.
"O que se passou a seguir [à concentração na Praça do Comércio] foi puramente espontâneo e mostra que os polícias estão bastante insatisfeitos, intranquilos e quiseram fazer-se ouvir de forma mais audível, simbolicamente, no sítio onde decorreu o debate entre os líderes do PS e do PSD. […] Não estou a ver onde é que isso possa macular a legitimidade do protesto, mas mostra o sentimento dos polícias aos dias de hoje", apontou o responsável, em declarações à agência Lusa.
Bruno Pereira reconheceu, contudo, que a manifestação "espelha alguma irregularidade do ponto de vista legal", mas sublinhou que "os polícias souberam comportar-se com maior elevação e respeito, sem ter, em momento algum, coagido", o que, na sua ótica, "merece destacar".
Mais tarde, a entidade que reúne os sindicatos da PSP e associações da GNR sublinhou, em comunicado, que a manifestação "não foi considerada, muito menos organizada, pela plataforma", ainda que se tenha regozijado "com a elevada adesão de participantes na iniciativa, […] demonstrativa da união e coesão dos profissionais das forças de segurança".
"Não podemos deixar de enaltecer a forma pacífica como decorreu a deslocação, sem qualquer registo de episódios que possam manchar a imagem e profissionalismo dos seus participantes, que, mais uma vez, fizeram-se ouvir com sobriedade e elevação", complementou.
Apesar de tudo, o PS na Câmara de Lisboa pediu que o presidente da autarquia, Carlos Moedas, apresentasse queixa ao Ministério Público (MP), afirmando que "o Estado democrático de direito se respeita fazendo cumprir a lei".
"Impõe-se que o presidente da Câmara Municipal confirme que não lhe foi comunicado o desfile que culminou, ao arrepio da lei, com o cerco ao Capitólio, e na tentativa de intimidação e condicionamento de decisores políticos", reclamaram os socialistas, que apontaram não ser "tolerável em democracia que um debate eleitoral seja cercado por uma manifestação, menos ainda por elementos de forças e serviços de segurança, incluindo com pressão - de um sindicato - sobre o regular desenrolar do ato eleitoral".
Os vereadores criticaram ainda o autarca por não ter agido, ao contrário da direção nacional da PSP, "que imediatamente declarou pretender comunicar ao MP toda a factualidade", através da abertura de um inquérito para "apurar a eventual responsabilidade disciplinar".
Recorde-se que elementos da PSP e da GNR estão em protesto há mais de um mês para exigir um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária.
Daniela Filipa | Notícias ao Minuto
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