quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Angola | Sinais Exteriores da Derrocada – Artur Queiroz

 Generales de brigada Raúl Díaz-Argüelles García y Víctor Schueg Colás

Artur Queiroz*, Luanda

Raúl Díaz-Argüelles chegou a Angola em Outubro de 1975 comandando um pequeno destacamento de tropas cubanas. Veio a ajudar os angolanos a levarem o barco da Independência Nacional até bom porto. Pelo seu comportamento, alguns meses depois já era um Herói Nacional. Acabou morto pelos invasores sul-africanos. Deu a vida pela Pátria Angolana durante a Grande Batalha do Ebo. O seu corpo não foi repatriado. Ficou sepultado no Cemitério do Alto das Cruzes, em Luanda, por ser um Herói Angolano.

William Tonet, com a ética e o profissionalismo feitos num oito, chama-lhe mercenário. Mas quando Raúl Díaz-Argüelles combateu pela Pátria Angolana durante a Guerra da Transição, ele não pertencia à Comunicação Social Angolana. Não era combatente. Não era nada. Apenas filho de um antigo preso político e por isso mesmo protegido. A sua opinião hoje não vale nada. Mas é um exemplo da desintegração da Nação Angolana.  

O exemplo vem de cima. O Presidente João Lourenço faz o mesmo com Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos. Figuras que dedicaram toda a sua vida à causa pública, como Dino Matross, Fernando da Piedade Dias dos Santos (Nandó) ou Higino Carneiro são gravemente caluniados e insultados pelos serviços de propaganda do MPLA e da Presidência da República. Nada de novo do lado da infâmia. Angola está a ser arrasada pela Internacional Fascista. Há muito tempo. E não existe força humana que se oponha à derrocada.

Às portas dos 50 anos da Independência Nacional um jornalista chama mercenário a um Herói Nacional, justamente reconhecido pelo Presidente da República quando baptizou o Hospital Geral do Cuanza Sul com o nome de Raúl Díaz-Argüelles. Assim Angola não vai longe. Pelo contrário, entrou em desintegração acelerada. Tonet cometeu o crime de alta traição à pátria. Haja um Poder Judicial que trate do assunto nos termos da Lei. Não há. Andam todos atrás do dinheiro dos outros. Pita Grós dá o mau exemplo. 

Ramiro Aleixo em Dezembro de 1975, quando o General Raúl Díaz-Argüelles faleceu em combate no Cuanza Sul, não era nada. Nem estudante, porque as escolas de todos os graus de ensino estavam fechadas. Hoje é jornalista. Ousou afirmar que o Herói Nacional que deu o nome ao Hospital Geral do Cuanza Sul matou com um tiro à queima-roupa o Comandante Kassanje. Invoca fontes anónimas. E questiona se é legítimo baptizar a unidade hospitalar com o nome de alguém que executou um comandante militar angolano. O homem desceu pelo menos 100 degraus abaixo de asqueroso. Mas é jornalista certificado. Vive do sistema. Sempre viveu. Está em casa. Falou pelos donos.

Entre Julho de 1976 e Janeiro de 1977 fui jornalista do Jornal de Angola. Fazia o fecho das edições. Depois, entre 2004 e 2015 voltei a trabalhar na Empresa Edições Novembro, colaborei com todas as publicações e todas as Redacções. Era responsável do Gabinete de Formação Permanente e do Copidesk. Fiz centenas de horas na formação em exercício, nas Redacções Centrais e nas Direcções Provinciais. Um tal Pereira Santana, decano dos analfabetos acomodados, encomendou ao farrapo apodrecido André dos Anjos um arrazoado onde ele me chama mercenário. O agente regulador de trânsito fardado de jornalista Nhuca Júnior fez dele este insulto.  

Em 1974, 1975 e 1976 fiz parte de uma pequena equipa que disparou reportagens e notícias para todo o mundo, sobre a guerra de agressão a Angola, liderada ela coligação mais agressiva e reacccioária do planeta: EUA, África do Sul, França, Reino Unido e Alemanha Federal. Os senhores da guerra mobilizaram os aseus servos africanos, nomeadamente Zaire (hoje RDC), Costa do Marfim e outras colónias às ordens de Paris e Londres. Fizemos o que pudemos na Imprensa, Rádio e Audiovisual. Graças ao nosso trabalho o MPLA ganhou a batalha da Informação. 

No jornal onde trabalhei chamam-me mercenário e ninguém reagiu. Quem cala consente. Acontece que nesses meses nem salários recebíamos. Quando estava em Luanda comia à custa de Tarique Aparício, proprietário do Baleizão. Nunca me faltou o peixe frito contra arroz. Um luxo só ao alcance dos mercenários às ordens dos Comandantes Xyetu e Iko.

A UNITA condenou um duplo homicídio em Maputo e pede às instituições internacionais que punam os governos que praticam golpes constitucionais. Adalberto da Costa Júnior garante que os assassínios de Elvino Dias, assessor jurídico de Venâncio Mondlane, e de Paulo Guambe, mandatário do partido PODEMOS, tiveram uma “repugnante motivação política”. Como sabe? A Internacional Fascista já lhe disse.

O Jornal de Angola hoje pôs Faustino Henrique a propagar a versão da Internacional Fascista, comandada a partir da Casa doa Brancos. Diz ele que o clima pós-eleitoral tenso em Moçambique, “fragiliza o jogo democrático e põe em causa a justiça eleitoral”. Este já está a pôr fora de jogo as autoridades que dão corpo às eleições. Assim fica trudo nas mãos dos seus donos.

Leiam o que escreveu o editor de Opinião do Jornal de Angola: “Poucos em Moçambique acreditam que se está diante de um processo liso, transparente, democrático e credível, numa altura em que inclusive os militantes mais ferrenhos da FRELIMO deverão estar inquietos sobre a forma como o acto eleitoral foi administrado, com irregularidades denunciadas por instituições locais e missões eleitorais estrangeiras que, regra geral, alinham no diapasão habitual de ‘homologar’ o pleito”.

E quem são? A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia. Conferencia Episcopal de Moçambique. Ordem dos Advogados de Moçambique. Faustino Henrique remata assim: “Não é exagerado dizer que, com excepção dos militantes da FRELIMO e do próprio partido no poder, ninguém acredita que os resultados eleitorais a serem divulgados amanhã, como prevê a lei eleitoral moçambicana, vão reflectir a vontade popular”. Querem mais? Leiam o Jornal de Angola: “Infelizmente, mais uma vez, verificaram-se fraudes grosseiras. Repetiram-se enchimentos de urnas, editais forjados e tantas outras formas de encobrir a verdade”.

A Internacional Fascista já chegou ao Jornal de Angola. Eis a ordem: Em Moçambique houve fraude eleitoral. Digam isso antes de serem conhecidos os resultados oficiais! Está feito, pela mão de Faustino Henrique, empregado da embaixada dos EUA. E num órgão do sector empresarial do Estado. É muita libertinagem. Ainda que confundam isso com liberdade.

* Jornalista

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