Artur Queiroz*, Luanda
Tombuctu era a cidade dos livros numa época em que a Europa vivia no analfabetismo. Mais de 14 séculos antes de Cristo os fenícios criaram o primeiro alfabeto. Esse prodígio aconteceu nas terras da Palestina e Líbano. Ali mesmo onde os nazis de Telavive matam crianças em cada minuto que passa, às ordens da Casa dos Brancos.
Os reis e nobres das cortes europeias eram analfabetos quando Tombuctu, ali ao lado do Níger, império do Mali, preciosidade dos Mandingas, era a cidade dos livros. Que maldição se abateu sobre África e o Médio Oriente desde então? Respondam os deuses empedernidos, invadidos pela caspa que afoga a inteligência.
Sejamos realistas, a nobreza que tinha o exclusivo da personalidade e dos direitos humanos na Europa, não sabia ler e escrever porque tinha o Clero que lia e escrevia por ela. Criadagem de sotaina que dura e perdura. Um conluio fatal!
Hoje venho simplesmente dizer-vos que choveu. Pouco mais tenho para revelar. Talvez deixe uma ameaça. Estou cansado de viver no reiuno das cavalgaduras. Já não suporto os assassinos dos livros. Quero voltar para Tombuctu.
Quando o Burro era Homem e o Homem era Burro eu preferia ser solípede. Os homens quando brincam apontam logo a arma ao coração da Terra e matam a mãe.
Os burros zurram de alegria e espojam-se na erva húmida, quando o Sol lança brilhos de liberdade sobre os condenados à tristeza. Às vezes, os burros relincham de cinzento, mas nada de grave. Eu sou burro. Macaco, nem pensar. Homem, nunca!
Weza vai à fonte e vem sozinha, partiu a sanga. Descalça vai para a fonte, Leonor pela verdura. Vai formosa e não segura. Weza também é uma flor no bico de uma gaivota enjoada. Mas a polícia existe para proteger os contribuintes que lhe pagam. Nem eu nem Roma pagamos aos traidores da liberdade. Nem armas nem algemas. Deus, Estado e Família, jamais!
Os empresários angolanos estão desesperados Não conseguem pagar os impostos. Malé, malé, malé. Dona Vera Daves castiga-os com multas e eles fecham as portas. Quem recebe salários rastejantes deixa de receber. Já estamos no nada e ainda faltam quase três anos para o filho de enfermeiro arrumar as bicuatas e desamparar a loja. Nunca mais é sábado, esse dia mágico de Vinícius de Morais. Há um milionário que se mata porque hoje é sábado! Temos quizomba no Salão dos Anjos ou no Braguês. Ai minha Luanda.
O embaixador dos EUA em Kiev ontem mandou fechar a embaixada e ordenou a todo o pessoal que se metesse em refúgios porque a noite passada ia ser quente. Os russos despejaram fogo sobre a capital da Ucrânia. O troco dos mísseis de longo alcance disparados por ordem do demente senil Joe Biden. Os ucranianos é que pagam as malfeitorias do ocidente alargado.
O expirado morador da Casa dos Brancos vá lá. É idoso, está diminuído mentalmente, não é capaz de distinguir a paz da guerra. Mas os líderes europeus são mais jovens e comportam-se como senis dementes Querem a guerra custe o que custar. De preferência, mais mil dias. Para a Federação Russa sangrar até morrer. Mas são eles que estão a naufragar.
Hoje venho simplesmente dizer-vos
que choveu. E anunciar que me vou mudar para Tombuctu. Entre as bombas e os
livros, prefiro os livros. Quando mais não seja porque quem os escreveu teve a
coragem de enfrentar a folha
Hoje venho simplesmente dizer-vos que choveu nas terras sequiosas do Cunene e Namibe. As sementes escondidas nos areais vão brotar em força e fica tudo verde. Até as zebras que ao fim da tarde vão beber às mulolas estão verdes.
Hoje, só para recordar, mando-vos um texto que marca o início do descalabro. Os detentores do poder após 2017 encomendaram um trabalho para denegrir o Presidente José Eduardo dos Santos. Reagi como pude. Aviso já. Se voltar a acontecer mudo-me para Tombuctu. Vou cuidar dos livros.
* Jornalista
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