Artur Queiroz*, Luanda
Hoje, dia 28 de Novembro de2024, mais de 130.000 crianças em Gaza não têm comida nem medicamentos. O seu destino é a morte. Nos dias 26 e 27 de Novembro os nazis de Telavive executaram à bomba 50 crianças cujos corpos destroçados foram recuperados. Há pelo menos 12 corpos de crianças aprisionados nos escombros dos prédios de habitação que foram bombardeados e destruídos nos últimos dois dias.
Philippe Lazzarini, comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) declarou que morreram mais crianças na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023 do que em todas as guerras que eclodiram em todo o mundo nos últimos anos. Mais de 15.000 crianças foram mortas pelos nazis de Telavive na Faixa de Gaza, desde o início do genocídio na Palestina.
A directora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Catherine Russell, denunciou a mortandade na Faixa de Gaza nestes termos: “Milhares de pessoas ficaram feridas e milhares estão à beira da fome, a maioria é de mulheres e crianças”. A ONU Mulheres disse ao mundo: “Uma criança é ferida ou morre de dez em dez minutos na Faixa de Gaza. Mais de dez mil mulheres foram mortas em Gaza desde o início da guerra. Destas, seis mil deixaram 19 mil crianças órfãs”. Os médicos que ainda não foram mortos na Faixa de Gaza alertam para outra tragédia: Milhares de crianças foram amputadas de uma ou das duas pernas devido aos bombardeamentos de Israel”.
Este é o quadro na Faixa de Gaza. Mas EUA e França anunciaram orgulhosos um cessar-fogo por 60 dias no Líbano onde a agressão dos nazis de Telavive é igualmente grave mas não tem (ainda) a dimensão do genocídio. Venham daí as bombas atómicas. O mundo criado pelas potências do ocidente alargado não interessa a ninguém. Seres que convivem bem com o genocídio na Faixa de Gaza merecem tanto viver como as 15.000 crianças massacradas em Gaza pelos nazis de Telavive, no último ano.
Senhor Presidente João Lourenço, o responsável pelo genocídio na Palestina chama-se Joe Biden! Ele é o mandador, mentor, financiador, municiador e fornecedor das armas letais. Pela sua mão, esse monstro assassino vai pisar o solo sagrado da Pátria Angolana no dia 2 de Dezembro. Ao alinhar nessa agressão violentíssima ao Povo Angolano perdeu o estatuto de Presidente de todos os angolanos. É apenas o chefe de um bando bajulador.
Angola não merece as contas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da ONU Mulheres, da União Europeia, das instituições internacionais que se encarregam de coligir os números das guerras. Mas os angolanos que estiveram em todas as frentes de combate, desde 1961 até 2002, sabem quantas vidas foram ceifadas. Homens, mulheres e crianças. Civis e militares. Só na estrada entre o Lucala e Samba Caju, em 1975, contei 135 mortos e 60 eram crianças, algumas nas costas das Mamãs. Os matadores foram mercenários norte-americanos e britânicos. Contratados e pagos por Londres e a Casa dos Brancos.
Jovens pilotos angolanos altamente qualificados foram mortos pelos mísseis Stinger fornecidos pelo presidente Reagan ao criminoso de guerra Jonas Savimbi e aos racistas de Pretória. Milhares de jovens militares angolanos foram trucidados pelas armas oferecidas pelos EUA, França, Reino Unido ou Alemanha ao regime de apartheid da África do Sul, que a ONU baniu da comunidade internacional.
Senhor Presidente João Lourenço sabe quantos civis e militares angolanos morreram nas guerras impostas a Angola pela Casa dos Brancos? Um historiador tem o dever de saber. Sabe quantos angolanos foram empurrados para Luanda entre 1975 e 2002? Em 2015 fiz um levantamento e deu mais de quatro milhões! E os refugiados? Perguntem à ONU. Ao longo de uma década Angola recebeu da Zâmbia e dos Congos mais de um milhão de refugiados angolanos de papel passado. Um país sem infraestruturas e destroçado pela guerra viu a sua população aumentar às centenas de milhares! Ainda hoje não foram absorvidos. E Luanda ficou ingovernável.
Xavier Figueiredo diz que a UNITA perdeu as eleições devido a fraude eleitoral. João Melo também fala de fraude em Moçambique para derrotar um pastor evangélico e o partido PODEMOS que do zero passou a liderar a Oposição. Pelos vistos são pagos por cada vez que escrevem a palavra fraude quando falam do MPLA e da FFELIMO. Eu sou bom rapaz e vou ajudá-los a facturar mais um punhado de dólares, pago pelo “Africa Center for Strategic Studies”, uma prestimosa instituição do Pentágono e da CIA. Tomem nota.
Jonas Savimbi alugou a UNITA aos ocupantes colonialistas quando viu que na guerra contra a guerrilha do MPLA alinhava a força aérea da Rodésia (Zimbabwe) e África do Sul. Por trás dos portugueses estava a OTAN (ou NATO). A vitória só podia estar desse lado e o chefe do Galo Negro bandeou-se. O MPLA derrotou a mais agressiva e reaccionária coligação que alguma vez se formou no planeta e a UNITA perdeu. Foi fraude.
O MPLA, sozinho contra todos,
estava destinado a ser escorraçado do processo de descolonização, a seguir ao
25 de Abril de
EUA e as grandes potências europeias uniram-se contra a República Popular de Angola. Guerra total. A UNITA ficava com o território de Angola a sul do Cuanza. Ficou com a Jamba. Mais uma derrota em toda a linha. Foi fraude desses fraudulentos do MPLA. Os serviços secretos da Casa dos Brancos e da África do Sul criaram bases secretas no Cuando Cubango onde esconderam mais de 20.000 homens da UNITA e as melhores armas para tomarem o poder pela força caso o Galo Negro perdesse as eleições como perdeu. O General João de Matos deu uma tareia militar a Savimbi e seu bando de sicários. Foi fraude!
A Casa dos Brancos e as grandes potências ocidentais prometeram a Savimbi todo o apoio para culminar com sucesso a sua “longa marcha” e tomar o poder em Luanda, depois do Protocolo de Lusaka. Em 2002 os sicários levaram a tareia militar final. Foi fraude!
* Jornalista
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