“NINGUÉM FAZ PERGUNTAS”
João Biscaia* | Setenta e Quatro
Dezenas de afegãos hazara a viver em Portugal reuniram-se em Lisboa, no passado dia 21 de janeiro. Denunciaram os recorrentes ataques terroristas direcionados ao seu povo, por grupos ligados ao Daesh, e o apartheid de género imposto pelo governo talibã, que deixa as mulheres "prisioneiras" nas suas próprias casas.
Uma granada explodiu à porta de um centro comercial no bairro de Dasht-e-Barchi, em Cabul, capital do Afeganistão, na tarde do passado dia 11 de janeiro, quinta-feira. Duas pessoas morreram e 12 ficaram feridas naquele que foi o segundo ataque terrorista em menos de uma semana no bairro hazara. Não se sabe quem a lá pôs, mas quem vive naquela zona da cidade não tem grandes dúvidas.
Quatro dias antes, no dia 7 de janeiro, um ataque reivindicado pelo braço regional do Daesh, conhecido como IS-K, matou cinco pessoas e feriu 15. Os seus militantes fizeram rebentar um engenho explosivo dentro de um autocarro, segundo um comunicado emitido pela organização terrorista sunita.
Há relatos de um
terceiro ataque nessa semana, que terá matado quatro pessoas, e um ataque semelhante em
novembro de 2023 matou sete pessoas e deixou feridas outras
Os ataques perpetrados pelo IS-K contra os muçulmanos xiitas da zona oeste de Cabul, na sua maioria gente do povo hazara, intensificaram-se desde 2016. Os militantes sunitas consideram-nos infiéis, descrentes e apóstatas. No dia 30 de setembro de 2022, pelas 7h30 da manhã, um bombista-suicida fez-se explodir no centro educativo Kaaj, onde centenas de jovens hazara, sobretudo raparigas, faziam um exame de preparação para a universidade.