O que vem depois da (supostamente fraudulenta) vitória liberal-globalista na Roménia?

< Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil >

A batalha foi perdida, mas a guerra política não acabou.

A disputa entre liberais-globalistas e populistas-nacionalistas na Romênia terminou em favor dos primeiros após o segundo turno das eleições presidenciais de domingo, precedido pela controversa anulação do primeiro turno pelas autoridades no início de dezembro, sob o falso pretexto de que o favorito era apoiado pela Rússia. Calin Georgescu acabou sendo impedido de concorrer novamente e, em vez disso, nomeou seu aliado George Simion para substituí-lo, que venceu na repetição do primeiro turno no início de maio, mas perdeu o segundo turno.

Simion alegou que o governo moldavo estava mobilizando a diáspora local contra ele e também alegou que as seções eleitorais de outras diásporas mais amigáveis ​​não tinham cédulas suficientes. Alguns também suspeitavam de fraudes tradicionais, como o preenchimento de cédulas. Enquanto isso, o fundador do Telegram, Pavel Durov, revelou que rejeitou o pedido do chefe da inteligência francesa para banir contas romenas conservadoras, demonstrando assim o interesse internacional nesta eleição. Algumas palavras serão agora compartilhadas sobre o contexto geoestratégico.

Antes do primeiro turno, agora anulado, em dezembro, avaliou-se que " o resultado da eleição presidencial da Romênia poderia prejudicar os planos de escalada dos EUA " de usar a Romênia como plataforma de lançamento para qualquer intervenção europeia convencional na Ucrânia. A França, o país que mais defendeu o cenário mencionado, possui uma base militar na Romênia e assinou um pacto de defesa com a vizinha Moldávia no ano passado. Isso posiciona a França para avançar rapidamente para a vizinha Odessa, caso a decisão seja tomada.

A única maneira de evitar isso seria que os nacionalistas-populistas chegassem ao poder e expulsassem as tropas francesas ou garantissem a implementação de medidas para impedi-las de usar unilateralmente solo romeno para operações militares convencionais na Ucrânia. Da mesma forma, a única maneira de manter a viabilidade desse cenário é manter os nacionalistas-populistas fora do poder, daí a suposta fraude contra Simion. A importância da eleição de domingo foi, portanto, manter essa possibilidade em aberto, mesmo que nunca seja utilizada.

Se há algum lado positivo em sua derrota, os populistas-nacionalistas poderiam se consolar parcialmente com o fato de terem galvanizado seus apoiadores de forma sem precedentes durante a eleição, e essa mobilização da sociedade civil poderia continuar para expor a corrupção dos liberais-globalistas e organizar protestos pacíficos. Eles também poderiam tentar aumentar a conscientização sobre o cenário acima mencionado, da França usando a Romênia como plataforma de lançamento para uma intervenção convencional na Ucrânia, com todos os perigos que isso poderia acarretar.

Para tanto, mais jornalismo investigativo será fundamental, assim como a divulgação de suas descobertas pela rede global de amigos que construíram ao longo do último semestre. Nacionalistas populistas nos EUA e em toda a Europa estão indignados com a injustiça que os globalistas liberais cometeram contra Georgescu, com até mesmo Vance mencionando isso durante seu famoso discurso em fevereiro na Conferência de Segurança de Munique, para que possam contar com eles para informar o mundo caso a França tome alguma medida para usar a Romênia como plataforma de lançamento militar.

É isso que vem a seguir após a vitória (supostamente fraudulenta) dos liberais-globalistas na Romênia: o fortalecimento do movimento populista-nacionalista de forma a responsabilizar as novas autoridades por tudo o que fazem, incluindo a exposição de possíveis planos militares franceses em relação à Ucrânia. A batalha foi perdida, mas a guerra política não acabou, e o impressionante desempenho de Simion no segundo turno, apesar da suposta fraude, prova que o populismo-nacionalista finalmente se tornou popular na Romênia.

* © 2025 Andrew Korybko
548 Market Street PMB 72296, San Francisco, CA 94104

* Analista político americano especializado na transição sistémica global para a multipolaridade

* Andrew Korybko é regular colaborador em Página Global há alguns anos e também regular interveniente em outras e diversas publicações. Encontram-no também nas redes sociais. É ainda autor profícuo de vários livros