DSK deixa o aeroporto escoltado por agentes da polícia federal norte-americana |
CORREIO DO BRASIL, com agências internacionais - de Nova York e Paris
A prisão do diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, acusado de agressão sexual nos Estados Unidos, tumultuou o cenário político na França, que se prepara para eleições presidenciais em 2012.
As imagens do político socialista – apontado como um dos favoritos para bater o presidente Nicolas Sarkozy – deixando algemado uma delegacia de Nova York, enquanto seguia para fazer exames de DNA que atestassem as acusações, chocaram os franceses. E podem ter acabado com as chances de DSK, como Strauss-Kahn é popularmente conhecido, de chegar à Presidência do país.
Strauss-Kahn, 62 anos, é protagonista de um dos maiores escândalos sexuais da França. Ele foi detido neste sábado, em Nova York, pouco antes de tentar embarcar para Paris. Uma camareira de 32 anos, que trabalha no hotel onde o francês estava hospedado, o acusa de tê-la atacado e de ter tentado estuprá-la.
Segundo a imprensa, uma escritora francesa também deve registrar uma acusação formal de abuso sexual contra Strauss-Kahn. O fato teria ocorrido em 2002. Enquanto os advogados do executivo alegam a inocência do cliente, a imprensa francesa já dá como certa a saída de Strauss-Kahn da corrida presidencial.
“No espaço de apenas 15 dias o novo ídolo da esquerda francesa explodiu. Uma desintegração tão rápida foi raramente observada”, escreveu o conservador Le Figaro em seu editorial. “Uma coisa é certa: Dominique Strauss-Kahn não será o novo presidente da República Francesa”, afirmou o diário.
Cautelosos, políticos de vários partidos têm afirmado que, até que se prove o contrário, Strauss-Kahn deve ser considerado inocente. Inegável, no entanto, o forte abalo que o fato provocou na imagem do diretor-gerente do FMI.
Oposição desnorteada
A oposição agora terá que reavaliar as cartas que têm na mão e refazer o jogo, pensando na disputa de 2012. E precisa fazer isso rápido. As primárias do Partido Socialista acontecem em julho. Nesta terça-feira, líderes da legenda devem se reunir para discutir a crise interna.
Strauss-Kahn vinha crescendo nas pesquisas e surgia como uma real possibilidade de o partido chegar à Presidência após 24 anos na oposição. A presidente da legenda, Martine Aubry, afirmou que a notícia da prisão do correligionário caiu como um raio no partido.
Um possível nome para substituir DSK seria o do ex-presidente do partido François Hollande – até agora o único que tinha se apresentado como pré-candidato à Presidência. Nada impede, no entanto, que com a derrocada de Strauss-Kahn outros nomes comecem a surgir, como o do ex-primeiro-ministro e ex-ministro das Finanças Laurent Fabius. Para o comentarista Michael Darmon, afirmações de Fabius neste fim de semana, de que os socialistas estão perdendo contato com a classe trabalhadora, podem ser um ensaio para uma entrada na disputa pela indicação.
Alguns líderes da UMP, partido de Sarkozy, acreditam que a queda de Strauss-Kahn pode dar novo impulso à campanha do atual presidente, apesar da sua baixa popularidade. Alguns, no entanto, calculam que a imagem limpa de Hollande pode trazer uma ameaça ainda maior do que Strauss-Kahn representava.
– Strauss-Kahn era o adversário mais fácil, ele compensava as falhas de Sarkozy – disse um assessor próximo do presidente francês ao periódico Les Echos.
Comportamento controverso
Antes mesmo de sua prisão, Strauss-Kahn já era uma figura bastante criticada pela imprensa francesa por conta de seu estilo de vida. Críticos afirmavam que suas aventuras com mulheres, seu desapego ao dinheiro e seu estilo de vida luxuoso não condiziam com o comportamento de um socialista.
No fim de abril, o diretor do FMI chegou a declarar que as três principais questões que dificultariam sua candidatura à presidência seriam dinheiro, mulheres e a sua origem judaica.
– Sim, eu gosto de mulheres. E daí? Há anos se fala de supostas fotos minhas em grandes orgias, mas nada nunca veio à tona – afirmara DSK segundo o jornal da esquerda francesa Libération.
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