terça-feira, 10 de maio de 2011

Instituto do Estado continua fechado por causa de divindade tradicional à porta




MB – LUSA

Bissau, 09 mai (Lusa) -- As portas do Instituto Nacional de Investigação e Tecnologia Aplicada (INITA) da Guiné-Bissau continuam fechadas desde que, na passada quarta-feira, uma funcionária decidiu colocar um `irã´ (divindade tradicional) à porta daquela entidade para exigir o pagamento do seu salário.

A agência Lusa esteve hoje no local do INITA, instituição tutelada pelo Ministério do Comércio, Indústria e Artesanato, e verificou que as portas continuam fechadas e que os poucos funcionários que compareceram no local de trabalho não se atreveram a entrar nas instalações.

A funcionária, Nene Cá, que reclama o pagamento de dois anos e sete meses de salários em atraso, colocou o 'irã´ (que consiste num pau amarrado com um laço vermelho, tendo ao lado uma garrafinha que as pessoas acreditam conter aguardente) mesmo à porta da instituição.

De acordo com as crenças, normalmente o 'irã' consome aguardente e sangue de um animal sacrificado em sua honra, já na hora de alguém lhe pagar a promessa que lhe for feita. Neste caso, Nene Cá prometeu ao 'irã' que só o tirará das portas do INITA quando receber o dinheiro a que diz ter direito.

O recurso ao 'irã' é uma prática usual (na sociedade animista) entre os guineenses. E a divindade tradicional acaba por ter uma espécie de juiz de um tribunal popular, tal é a crença que os povos animistas depositam nas suas capacidades para fazer o mal ou o bem.

Mamadu Djaló, um dos poucos funcionários do INITA que estava no local, contou à Lusa que até nem tem medo do 'irã', por ser de confissão muçulmana, mas respeita a crença de quem lá o pôs.

Geralmente os povos de crença muçulmana ou cristã não acreditam no 'irã' e cada vez mais procuram desencorajar aqueles que acreditam nos seus supostos poderes.

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