Um barco com imigrantes clandestinos que tentava chegar à ilha italiana de Lampedusa foi deixado à deriva no Mediterrâneo, apesar do pedido de ajuda às autoridades.
A embarcação, que transportava um total de 72 passageiros entre os quais várias mulheres, crianças e refugiados políticos, foi deixada 16 dias à deriva, depois de as unidades europeias e da NATO terem aparentemente ignorado os pedidos de auxílio, revela o jornal britânico "The Guardian".
Os factos remontam ao final do mês de Março, altura em que o barco zarpou de Tripoli, na Líbia, com destino à ilha italiana de Lampedusa. Os pedidos de auxílio foram feitos à guarda costeira italiana, a um helicóptero militar e a um navio da NATO. Em vão, a ajuda nunca chegou.
Durante 16 dias, os 72 passageiros agonizaram à deriva no mediterrâneo, sem comida e sem água. 61 morreram.
"Acordávamos todas as manhãs e encontrávamos sempre mais corpos. Esperávamos 24 horas antes de atirar os corpos à água", contou ao "The Guardian" Abu Kurke, um dos nove sobreviventes da tragédia. "No final, já nem conseguíamos saber sequer de nós próprios... Estávamos todos a rezar ou a morrer".
A legislação marítima internacional obriga todas as autoridades, incluindo as militares, à resposta a todos os pedidos de auxílio e à prestação de ajuda sempre que possível.
As organizações de defesa dos direitos dos refugiados pediram já a investigação do caso, enquanto a agência das Nações Unidas para os Refugiados apelou à cooperação entre as embarcações comerciais e militares, num esforço para salvar vidas no Mediterrâneo.
"O Mediterrâneo não pode transformar-se no Oeste selvagem", disse a porta-voz da organização, Laura Boldrini. "Os que não resgatarem pessoas do mar, não poderão ficar impunes".
A tensão política e militar vivida este ano no Norte de África fez aumentar o número de pessoas que tentam chegar à Europa por mar. Nos últimos quatro meses, acredita-se que um total de 30 mil imigrantes tentaram a sorte, fazendo-se ao Mediterrâneo.
Em Abril, mais de 800 pessoas de diferentes nacionalidades deixaram a Líbia, com destino à Europa, nunca foram localizados. Presume-se que terão morrido.
**Foto em Jornal de Notícias, de THOMAS SAMSON / AFP
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