terça-feira, 14 de junho de 2011

Cabo Verde: ENTRADA DOS ANGOLANOS DO BAI NA ELECTRA ENVOLTO EM POLÉMICA




CLI – JSD - LUSA

Cidade da Praia, 13 jun (Lusa) -- A oposição cabo-verdiana acusou hoje o partido no poder em Cabo Verde de impedir o Governo de prestar esclarecimentos sobre a privatização da Electra, após a entrada de um banco angolano no capital da empresa.

A acusação veio de Miguel Monteiro, deputado do Movimento para a Democracia (MpD), que sustentou que o vice-presidente da Comissão Especializada de Finanças e Orçamento, Euclides Cunha, do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder), se recusou a assinar a convocatória da ministra das Finanças cabo-verdiana, Cristina Duarte, para prestar esclarecimentos.

Segundo Miguel Monteiro, a presidente da Comissão, Orlanda Ferreira, deputada do MpD, convocou atempadamente Cristina Duarte para prestar esclarecimentos sobre o assunto, tendo a governante cabo-verdiana aceitado o pedido.

Entretanto, devido à ausência, no estrangeiro, de Orlanda Ferreira, o vice-presidente da Comissão, Euclides Cunha, recusou assinar a convocatória, atitude que, segundo o MpD, visa "bloquear" a deslocação de Cristina Duarte ao Parlamento.

"Foi com estranheza que os deputados do MpD na Comissão viram os deputados do PAICV bloquear a vinda da ministra das Finanças para prestar informações relativas ao processo de privatização da Electra", disse, aludindo à prevista entrada do Banco Africano de Investimentos (BAI) no capital da Electra.

O MpD pretende questionar Cristina Duarte sobre o porquê da escolha do BAI, quando se sabe que a Electra tem outras empresas credoras com montantes superiores à dívida com o banco angolano, no valor de 700 mil contos (6,3 milhões de euros), disse, perguntando se o PAICV tem interesse em que se conheçam os "meandros do negócio".

O maior partido da oposição cabo-verdiana quer também saber qual a percentagem adquirida pelo BAI e qual o valor de cada ação na empresa pública de produção e distribuição de água e energia elétrica de Cabo Verde, que tem uma dívida acumulada de cerca de 100 milhões de contos (cerca de 90 milhões de euros).

Em resposta, Euclides da Cunha (PAICV) refutou as acusações, afirmando que o processo foi mal conduzido pela presidente, já que Comissão tem de se reunir para deliberar sobre o pedido de esclarecimentos e que Orlanda Ferreira "desrespeitou" os procedimentos, ao "ignorar" os restantes membros e o Regimento do Parlamento.

"Os deputados do PAICV lamentam o facto de a presidente da Comissão ter ignorado os membros e o Regimento, usurpando competências que não lhe pertencem. O Regimento diz que compete à Comissão deliberar. Mas ela não o fez", justificou.

Euclides Cunha afirmou que é também do interesse do PAICV ouvir os esclarecimentos sobre a Electra e garantiu que o partido "tudo fará" para viabilizar a ida da ministra ao Parlamento.

"Nunca vi a tal convocatória, para muito menos recusar a assiná-la. É uma falsa questão. Fiquei espantado quando soube que o pedido já estava na mão da ministra. A presidente nem sequer nos informou sobre o seu envio", concluiu.

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