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Cidade da Praia, 03 jun (Lusa) -- O presidente da Câmara da Cidade da Praia avisou hoje que a penúria em que a população praiense vive após 13 dias sem água nas torneiras pode provocar uma situação de "calamidade pública".
Ulisses Correia e Silva, que falava aos jornalistas numa ronda aos chafarizes dos bairros de Achada Grande Frente e Trás, na capital cabo-verdiana, afirmou ser "gravíssimo" viver sem água durante uma semana numa cidade com 150 mil pessoas (20 mil delas "flutuantes"), mais de um quarto da população do país.
"Uma semana é grave. Imaginem quando prolongada e sem perspetiva de resolução do problema. Daí que, hoje, resolvemos questionar quem de direito, não só pela demora, mas também pela alternativa que não foi arranjada para que a população não sofresse essa penúria", afirmou o edil praiense.
Correia e Silva alertou para o facto de, se o problema não for resolvido rapidamente, a Cidade da Praia poder ser "penalizada" com uma situação de calamidade de saúde pública e de conflitos na busca de água".
A falta de água, que começou a 23 de maio último, estava prevista durar apenas seis dias, no quadro das obras de beneficiação das condutas de distribuição e armazenamento, que terminaram dia 31.
Nesse dia, e na sequência dos testes então efetuados, foi detetada uma avaria na maior unidade de produção, a central dessalinizadora do Palmarejo, que tem impedido desde essa altura a distribuição à capital de Cabo Verde, atingindo hoje o 13.º dia.
O facto de se tratar de um problema que abrange não só a população, "mas as empresas, as escolas, o turismo e muito mais", levou Correia e Silva a questionar: "num país com o título de rendimento médio, e numa cidade com mais de 150 mil pessoas, para se fazer uma obra é preciso parar o fornecimento da água?".
O presidente da Câmara praiense questionou-se também quanto à inexistência de informações sobre que tipo de avaria é que ocorreu e se já foi feito um inquérito para se apurar as responsabilidades.
Correia e Silva disse que aguarda respostas às questões formuladas e considerou "um abuso" a situação vigente, uma vez que uma cidade não pode ficar sem resolução do problema de abastecimento de água e ninguém ser responsabilizado, salientando que terá hoje uma reunião com o primeiro-ministro José Maria Neves.
Quanto à possibilidade de a Câmara fornecer água para atenuar o problema em alguns bairros da capital, Correia e Silva explicou que as possibilidades da autarquia são "limitadas", dado que quem a fornece à Agência de Distribuição da Água (ADA), empresa municipal, é a Electra.
Segundo a administradora da ADA, Luísa Oliveira, a autarquia, que possuía uma média de 5000 m3/mês de água para distribuir pelos bairros do concelho, conta, desde o início do corte no abastecimento, com apenas 622, e que a recolha do líquido feita noutras localidades da ilha só atinge 20 por cento das necessidades.
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