quinta-feira, 23 de junho de 2011

Moçambique será o segundo grande parceiro depois de Angola -- secret. adj. do Fórum Macau




PNE - LUSA

Macau, China, 23 jun (Lusa) -- Moçambique deverá tornar-se no segundo parceiro económico da China em África nos próximos cinco ou dez anos com o desenvolvimento da cooperação em setores como a energia, disse à Agência Lusa o secretário-geral adjunto do Fórum Macau.

"O volume de negócios com Angola e o potencial que existe em Moçambique em termos da sua relação futura próxima com a China fazem com que esses dois países sejam as locomotivas da relação China-Países Africanos de Língua Portuguesa", observou Manuel Amante da Rosa à margem de uma palestra sobre as relações China-África no escritório de advogados de Macau C&C.

Para o também embaixador de carreira cabo-verdiano, Moçambique poderá "facilmente" tornar-se no segundo grande parceiro da China em África, depois de Angola, dentro de "cinco ou dez anos, dependente da forma como a exportação de carvão e gás se vier a fazer".

"Moçambique começa a exportar para a China carvão, exportará gás, tem grandes potencialidades eólicas, agropecuárias e de ter petróleo e já estão em fase de implementação projetos de barragens, o que permitirá ao país um desafogo enorme em termos de receitas cambiais e ter uma posição preponderante em tudo o que seja estratégico na área da produção energética", apontou.

Amante da Rosa referiu também o facto de o "canal de Moçambique ser estratégico para as relações da China com África" e de aquele país africano "vir a ter a maior capacidade hidroenergética da África Austral" como outros motores do incremento da cooperação bilateral.

As relações entre a China e Moçambique "remontam ao período antes da independência do país africano, diversificaram-se durante o período da luta armada e consolidaram-se após a independência, mas a guerra civil não permitiu o seu desenvolvimento e mesmo depois demorou um certo tempo a reagirem", recordou o responsável.

Mas para o diplomata, "dentro de dois ou três anos a cooperação atingirá níveis muito substanciais, assim que (Moçambique) começar a exportar (para a China) carvão em grande escala e quando se começarem a fazer as obras de infraestruturação".

Por outro lado, acrescentou, "Moçambique tem uma costa de mais de 3.000 quilómetros e precisa de vias de comunicação e quando se começar isso penso que haverá um campo muito mais vasto e aberto de cooperação".

Amante da Rosa considera que o investimento da China em África "continuará a ser maciço e estará voltado para o setor extrativo, dos hidrocarbonetos", mas observa que se "começam a delinear, principalmente na África Austral, alguns projetos na área agropecuária, nomeadamente em Moçambique, que tem potencialidades enormíssimas nesse setor".

"É normal que a China venha a diversificar os investimentos que tem feito até agora para o setor agropecuário, mas com 'backup' no setor hidroenergético", constatou.

Ao sublinhar que a China "tem a necessidade absoluta de importar matérias-primas", Manuel Amante da Rosa salienta que o local mais viável para responder a essa procura é "África e depois o continente sul-americano", sendo que aqui o Brasil continuará a ser o "maior parceiro" do gigante asiático.

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