quinta-feira, 9 de junho de 2011

Necessidades de água e saneamento em África estão "claramente a ser subestimadas"




SK - LUSA

Lisboa, 08 jun (Lusa) - As necessidades de acesso à água potável e saneamento em África estão "claramente a ser subestimadas" pela comunidade internacional, alertou hoje em Lisboa um dos conselheiros do secretário-geral da ONU para os assuntos da água.

De acordo com Gérard Payen, membro do conselho consultivo para os assuntos da água e saneamento do secretário-geral da ONU, acreditar que 40 por cento das pessoas na África subsaariana não têm acesso à água potável é "estar clara e seriamente a subestimar a real dimensão do problema".

O especialista interveio hoje num painel dedicado à mobilização de recursos para a água e o saneamento em África, que decorreu no âmbito da reunião anual do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), em Lisboa.

Gérard Payen lembrou que as necessidades nesses dois setores continuam a ser "especialmente elevadas" nas zonas rurais de África, isto apesar de se terem alcançado "grandes progressos nos últimos anos".

"Lamentavelmente isso não se aplica às zonas urbanas em África, onde não se têm registado melhorias significativas", afirmou.

Payen precisou que atualmente a maioria das grandes zonas urbanas em África estão a "perder a corrida entre o aumento demográfico e a construção das infraestruturas".

Para contrariar essa tendência, é "urgente que mais recursos sejam alocados à área da água e saneamento a nível nacional, regional e internacional".

No entender de Michel Camdessus, antigo diretor do Fundo Monetário Internacional e governador honorário do Banco de França, que também participou no evento, para atingir os "compromissos assumidos" em África nesses domínios serão precisos "algo como 50 mil milhões de dólares" nos próximos anos.

"É preciso adotar as atuais políticas ao seguinte facto: o problema da falta de água no continente não tem a ver com a falta de recursos hídricos, mas sim com a escassez de infraestruturas que permitam utilizá-los", vincou Camdessus, que é também conselheiro para a reforma económica do chefe de Estado francês, Nicolas Sarkozy.

No encontro, em que também participaram responsáveis da UNICEF e do Banco Africano de Desenvolvimento, foi ainda discutido se a água, enquanto direito humano, deve ser paga ou não pelas populações pobres africanas.

*Foto em Lusa

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