(…) “os países de língua portuguesa, e que prefiro chamar povos participantes na maneira portuguesa de estar no mundo”
> esta é a grande idiossincrasia da CPLP: mais que uma organização neocolonial como as suas “equivalentes” francofona ou anglofona, a CPLP funda-se mais na comunhão de culturas e línguas no que na predominância neoimperial de uma dada nacao sobre as demais. É a este respeito absolutamente única. Desde logo porque o país mais poderoso (do ponto de vista demográfico e económico) não é a antiga potencia colonial, mas uma das suas antigas colónias.
“a globalização económica e financeira, que conduziu ao desastre em que nos encontramos, apenas multiplicou o consumismo, e dependência inerente, cobrindo a realidade de uma cortina de uniformização de costumes, afrontando as especificidades dos deveres, sobretudo das culturas politicamente minoritárias, que viram destruir as suas maneiras de viver sobre a terra e sobre o mar, dos recursos da sua terra e do seu mar.”
> O grande problema de Portugal é, com efeito, o Consumismo, ou melhor, o hiperconsumismo. Induzidos por torrentes esmagadoras de marketing e por produtos baratos produzidos em fábricas deslocalizadas na China e por décadas de crédito barato, Portugal deixou-se enredar – perante a passividade dos seus governantes bipartidários – numa espiral descendente de que só poderá sair renegando o consumismo. Portugal (Estado) e os portugueses só têm efetivamente uma saída realmente eficaz: a abdicacao das imposicoes de pagar uma dívida externa que a Banca estrangeira e nacional nos impôs, que as multinacionais nos venderam e que os nossos pífios políticos nos deixaram assumir. E objetivar as nossas vidas para padrões de consumo muito inferiores e concentrar as nossas vidas em todo o tipo de consumos e produções culturais, preenchendo assim com Cultura este vazio que julgámos poder esconder com “coisas” importadas do exterior e pagas a crédito.
Adriano Moreira - Nova Águia 7
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